História What If - Emison - Ninguém Pode Salvar Quem não Quer Mudar....

PDV EMILY

Assim que a Alison sai da sala, eu me detenho olhando pra aliança que ela colocou em cima da mesa e num impulso corro pra porta, a fim de impedi-la de ir embora.
Não, ela não podia ter feito isso comigo....
Ainda consigo ver a sua figura se dirigindo ao elevador de serviço e assim que a vejo partir sem olhar pra trás, decido que não serei eu quem vai dar o braço a torcer...
Minutos depois eu ouço alguém batendo na porta:
- Entra!
- A sua assistente me pediu pra que viesse até aqui...
- Porque você escondeu de mim que tem Esclerose Múltipla Spencer?
(Silêncio)
- Pensei que fôssemos amigas...
- Emily, a Alison não tinha o direito de te contar sobre a minha doença...
- Em primeiro lugar - eu começo sem mostrar qualquer sinal de arrependimento por a estar interrompendo - a Alison não me contou nada, e em segundo lugar, que espécie de amiga é você que a coloca numa situação tão delicada como essa?
- Pera aí Emily, eu não obriguei a Alison a nada. Esconder de você a minha doença foi uma escolha que partiu dela.
- Uma escolha que te beneficiou sem qualquer dúvida. Agora veja onde até onde essa escolha nos levou - eu atiro ao mesmo tempo que faço sinal com os olhos, pra que ela veja a aliança da Alison.
- Você terminou com a Ali por causa disso?
- Ela terminou comigo...
- Eu vou falar com ela, vocês não podem se separar por uma bobagem dessas...
- Spencer eu não chamei você aqui pra te pedir ajuda e sim pra te perguntar porque você me escondeu esse tempo todo que tem uma doença tão grave como EM?
- Eu sei que o que eu fiz não tem desculpa e eu peço perdão se de alguma forma causei um problema na sua relação com a Ali. Eu mesma ainda não consegui aceitar que dentro de algum tempo vou perder os meus movimentos e ficar numa cadeira de rodas. Eu queria aproveitar o máximo de tempo que me resta e viver uma vida normal...
- Você podia ter confiado em mim, eu sou sua amiga.
- Desculpa Emily mas a verdade é que aqui dentro você não é amiga de ninguém. Seja honesta comigo: você me deixaria continuar sendo Chefe da Unidade Pediátrica se eu te contasse a verdade?
- Claro que não! - respondo abrindo os olhos pra demonstrar a minha revolta.
- E porque raios eu tenho de ser ostracizada? Eu não tenho culpa de ter EM, não foi uma coisa que eu escolhi...
- Neste momento eu tenho todos os motivos pra acreditar que você não merece toda a confiança que eu depositei no seu profissionalismo.
- Autch! Nem parece que há cinco minutos atrás você tava dizendo o quanto é minha amiga.
- Aqui dentro eu não sou amiga de ninguém...
- Você tá me demitindo Emily? 
- Dentro de uma semana eu reunirei todos membros do conselho administrativo e você ficará sabendo qual a minha decisão. Fica tranquila que eu não vou expor o seu estado de saúde.
- Okei muito obrigada! - ela diz de cabeça baixa.
- Só mais uma coisa Spencer: o Toby merece saber...

                                         **********

Horas depois da Spencer sair da sala de reuniões, eu me dei conta que não estava em casa e sim na clinica. Olhei pro meu relógio de pulso e peguei no meu celular pra ligar pra minha mãe e perguntar se o Dylan tomou os remédios na hora certa, visto que sou eu quem se encarrega de medicá-lo corretamente todos os dias.
Após me tranquilizar, ela que me conhece melhor que ninguém, perguntou o que estava acontecendo e num desabafo desesperado, eu acabo por contar que a Alison e eu terminámos.
Mamãe nada disse, me pediu apenas que fosse pra casa, ao que eu obedeci prontamente, não sem antes passar pela sala de administração, somente pra ver se me cruzava com a Alison.
- Ela saiu e falou que só volta amanhã! - diz Spencer que me encontrou no corredor e se deu conta da minha intenção.
- Tá certo! Pedirei á minha assistente que a informe sobre a reunião da semana que vem.
Spencer assentiu com a cabeça positivamente, mas no fundo eu sei que ela nunca viu com bons olhos esse meu lado frio e prático.
Saí do hospital, peguei no meu carro e decidi dar umas voltas por aí. Pelo caminho eu vi alguns casais que estavam aproveitando a noite pra caminhar e fiquei lembrando dos passeios que eu dava com a Alison nas suas noites de folga. Infelizmente, as coisas que ela me disse esta manhã, estavam se sobrepondo ás boas lembranças que eu tenho de nós duas e por isso mesmo, quando dei por mim, estava sentada no banco de um bar:
- Boa noite! Que deseja tomar? - pergunta o empregado de balcão.
- Um gin tónico por favor!
- Emily, que surpresa te ver por aqui...
- Dr Rivers, quer dizer Caleb, eu não sabia que você frequentava este bar nem que ia encontrá-lo aqui a esta hora.
- Bom, amanhã é o meu dia de folga e eu e a Hanna combinámos de nos encontrar aqui mas tou desconfiado que ela me deu um bolo - ele responde com um meio sorriso.
- Porque não liga pra ela?
- Eu gosto de deixar as pessoas á vontade pra falharem seus compromissos. Com toda a certeza amanhã ela terá uma ótima explicação pra me dar e remarcaremos outro encontro.
- Nossa que otimismo! Eu deveria ter estudado psicologia - afirmo revirando os olhos.
- Meu lado profissional tá detetando que você está precisando desabafar...
Eu olho pro copo de gin que o empregado colocou na minha frente e enquanto decido se devo beber ou não, visto que em seguida vou dirigir até casa, respondo:
- Descobri que a Alison me escondeu algo importante. Sabe, ela passou a vida toda me escondendo coisas e por conta disso estivemos quatro anos separadas. Agora ela voltou prometendo mudar mas a verdade é que ela não mudou nem um pouco e eu não sei até que ponto posso confiar nela. No entanto ela também me pegou ocultando algo importante, pra ser sincera eu menti pra ela, contudo ela não me falou nada, guardou esse trunfo pra poder me atingir agora e terminar a relação de cabeça erguida. Sei lá, hoje quando ela me devolveu o anel de noivado, eu vi todos os nossos planos se esfumando no horizonte. A pergunta que prevalece é: será que vale a pena?

Apesar do Dr Rivers ter chegado á clinica pouco antes de eu ter me retirado, eu tive tempo de observar o seu jeito peculiar. Ele é uma pessoa calma e um ótimo ouvinte. A profissão que ele escolheu, combina perfeitamente com a sua personalidade, por isso eu não fiquei nem um pouco admirada, quando ele fez sinal ao empregado de balcão pra que retirasse a minha bebida, dizendo:
- A questão não é saber se vale a pena. A questão é tentar descobrir porque será que a mulher que diz que te ama, não se sente á vontade pra te contar essas coisas "importantes". Será que é pelo mesmo motivo que você ocultou algo dela também?
Eu fiquei em silêncio ponderando as suas palavras e após colocar a minha mão direita sobre o seu ombro, eu agradeço com o olhar e me despeço com um "até amanhã".
Caleb insiste em pagar a minha bebida e no instante em que eu estou saindo, esbarro com uma Hanna absolutamente "vestida pra matar".
- Emily que está fazendo aqui?
- Nada de nada Banana. Hey, aproveite a noite e não se preocupe em dar muitas explicações pra justificar o seu atraso... O seu vestido já diz tudo. Você está linda!
Hanna me dá um abraço e sem saber o bem que esse abraço me está fazendo, ela se despede com um beijo na minha testa.
- Amanhã levarei o Dylan até ao parque...

                                 **********************

Chego em casa feliz por não ter cometido a besteira de ter bebido aquele gin. Já faz anos que eu nâo recorro á bebida pra desabafar as minhas frustrações, visto que da última vez que o fiz me arrependi amargamente.
Vou até o quarto do Dylan e o encontro dormindo e perfeitamente aconchegado nas suas cobertas.
- A Alison saiu daqui tem uns dez minutos - diz a minha mãe, que se deteve á porta do quarto com os braços cruzados.
- Eu sei, consigo sentir o perfume dela no ar...
- Porque não veio pra casa filha? Vocês poderiam ter conversado e resolvido seus problemas.
Eu faço sinal pra que a minha mãe diminua o tom de voz e a encaminho até ao meu quarto, ficando paralisada assim que olho pra moldura que tem a minha foto junto com a Ali e o Dylan.
- Eu não vim pra casa porque ia me doer muito se ela não aparecesse, eu juro que pensei que ela não ia aparecer...
- Emily, você e a Alison já sofreram demais e eu acho que estes anos ensinaram algumas coisas tanto pra ela, quanto pra você. Um filho é um compromisso pra vida toda e você sabia disso quando adotou o Dylan. Acho que ela sabe do mesmo, por isso se vocês não conseguirem se entender enquanto casal, vão ter de se entender enquanto mães e fazer o melhor pelo Dylan que já tá passando por muito com esse tratamento que o está enfraquecendo mais e mais a cada dia que passa.
- A Alison não mudou mãe, e eu não me sinto capaz de lutar por estar numa relação com uma pessoa em quem eu não confio. Sei lá, hoje teve um momento em que eu olhei pra ela e não entendi porque a amei e esperei tanto tempo.
- Você acha que é fácil amar o seu pai e ao mesmo tempo conviver com todos os seus defeitos? Você acha que eu não sei que ele me esconde coisas, que não tem o menor escrúpulo quando o assunto é conseguir o que quer, mesmo que pra isso seja necessário mentir? Você acha que esse jeito de ser do seu pai combina comigo? 
- Como você pode tar com ele mesmo sabendo de todos esses defeitos?
- Porque com o passar dos anos eu fui aprendendo que ninguém é perfeito e que existem muitos passados mas somente um futuro. O seu pai mudou muito desde que nos casámos e fui aprendendo a lidar com esses defeitos. O amor que eu sinto é mais forte que os defeitos que ele tem...
Pam Fields me dando uma das maiores lições que eu já tive na vida!
Quem diria que a mulher que eu considerava submissa, na verdade é uma guerreira que não se deixou vencer pelos obstáculos pra continuar vivendo a sua história de amor?
Eu a abraço com toda a força e depois que ela sai do meu quarto, eu deito na minha cama sem ter forças pra sequer pensar em tirar a minha roupa e pouco a pouco, vou deixando a solidão me abraçar, até que finalmente acabo por adormecer...

                 UMA SEMANA DEPOIS

Hoje é um dia de decisões e assim que eu coloco os pés na clinica, o meu coração começa a bater descompassadamente.
Tem uma semana que eu e a Alison estamos separadas e embora ela vá lá em casa todas as noites, eu sempre me tranco no escritório do meu pai de forma a evitar que a gente se cruze. 
Pra ser sincera, durante essas noites eu sempre esperei que ela fosse até mim pra tentar conversar, mas a espera foi em vão. A Alison nunca bateu na minha porta e isso me faz pensar que a nossa história está realmente terminada.
Hora de seguir em frente é o que eu penso em meio de um suspiro, assim que toco no botão do elevador, que me levará até ao último piso...
Quando chego á sala de reuniões, encontro uma Aria confusa, um Toby preocupado, uma Spencer nervosa, um Caleb calmo, um Elliott impassivo, uma Samara concentrada, um Jason altivo e uma Jenna curiosa.
- Bom dia - eu digo numa expressão séria, pois ao ver que a Alison não está, eu fico furiosa, pois ela sabe o quanto eu detesto atrasos.
- A Alison perdeu uma paciente e está falando com os familiares, inclusive eu até queria pedir dispensa dessa reunião, pois ela pediu pra que eu os apoiasse - diz Caleb, acabando por me deixar desconcertada.
- Pode ir - eu digo sem olhar pra ele de forma a que ninguém perceba a dor que estou sentido por pensar na dor que a Alison deve estar sentindo agora, pois perder um paciente não é nada fácil e nós enquanto médicos, muitas vezes acabamos por duvidar das nossas capacidades.
Caleb sai da sala e eu decido mesmo assim seguir com a reunião, onde todos me colocam a par do dia-a-dia laboral e dão a sua opinião sobre os melhoramentos que tem sido feitos pela administração. 
Uma hora depois eu olho pro relógio e decido que está na hora de revelar o verdadeiro motivo pelo qual estou ali:
- Por razões que não cabem a mim revelar, neste momento eu me sinto obrigada a destituir a Dra Hastings do seu cargo de Chefe da Unidade de Pediatria, cargo esse que dentro de duas semanas, será ocupado por uma Pediatra que virá de Los Angeles, a Dra St Germain.
- O quê? Você não pode fazer isso! - grita Alison que acaba de entrar na sala.
- Alison não se meta nisso! - respondo.
- Você é uma louca garota, a minha irmã tem razão você não pode fazer isso - diz Jason olhando pra Toby que estava sem saber o que dizer.
- O que a Spencer pode ter feito de tão grave pra você demiti-la? - pergunta Aria.
- Eu não estou demitindo, apenas despromovendo. Se ela quiser, continuará sendo Pediatra na clinica.
Spencer ouvia tudo de cabeça baixa sem nada dizer...
- Você tá sendo injusta Emily, eu também sou dona dessa clinica e me oponho a essa sua decisão descabida.
- Ok então vamos expor o caso a todos os membros da administração e faremos uma votação - ameaço.
- Não, eu não quero nada disso. Gente, eu só vou deixar de ser a chefe de Pediatria, mas continuarei aqui fazendo o que mais amo - Spencer diz, me lançando um olhar gelado em seguida.
- Você é cruel e sádica como o seu pai! - diz Jason que sem esperar leva um tapa no rosto, pois já tem muito tempo que eu tou querendo bater nele...
Somente a intervenção rápida do Toby, impede que o irmão da Alison avance pra cima de mim e quando eu me dou conta, todo mundo está tentando acalmá-lo mas ele está cego e movido pela raiva, agarra a Ali pelos braços e começa a abaná-la com força:
- Você tá vendo agora o que a mamãe sempre diz? Os Fields não prestam e só vão descansar quando conseguirem nos tirar daqui...
Eu uso toda a raiva que estou sentindo pra empurrá-lo pra longe:
- Nunca mais toque nela seu idiota - eu ordeno enquanto coloco a mão na cintura da Alison que diz:
- Não toca você em mim. Isso não vai ficar assim!
Alison e Jason saem da sala e aos poucos os demais também vão saindo me deixando sozinha e totalmente descontrolada. Um descontrole que me levou a chutar algumas cadeiras...
- Emily como você se atreve a despedir a minha irmã?
- Ai Hanna, você também? Sai daqui e pergunta pra Spencer o que ela fez..
- Mas...
- Sai daqui agora!
Eu só me apercebi do meu sério descontrole, quando vi o olhar aterrorizado da Hanna, que não demorou mais que dois segundos a sair da sala, me deixando sozinha novamente.
Eu fiquei ali trancada até anoitecer e depois fui pra casa, certa que a aquela hora, a Alison já não estaria lá.

                                        **************

Dias depois e após falar com a minha mãe, eu decidi me desculpar com a Hanna, que nunca mais apareceu lá em casa, o que fazia com o Dylan perguntasse por ela inúmeras vezes.
- Posso entrar? - eu pergunto assim que ela abre a porta da sua casa.
- Claro que sim, acabei de fazer um café.
Nós vamos até á cozinha e eu acredito que estejamos a sós e por isso, enquanto ela me serve o café, eu começo a explicar:
- Hanna, naquele dia, aqueles meus gritos foram o resultado dos tempos dificeis que estou passando. Eu não sei o que fazer pra que você possa me desculpar.
- Eu já sei que a Spencer tem EM....
- Eu sinto muito amiga...
- Sente? Desculpa Emily mas pelo que ouvi tudo que você não falou pra minha irmã, foi que sente muito...
Eu baixei a cabeça e me senti como se tivesse levado um tiro no peito.
- Eu...
- Emily eu entendo que você esteja triste com a Spencer por ela ter escondido algo tão sério, mas por acaso você já parou pra pensar, que ela já está sendo castigada e que tudo que ela mais precisa agora é da Emily amiga e não da Dra Fields?
- Meu Deus eu não pensei nisso. Eu tava tão chateada com ela e com a Alison...
- Que Alison? A Alison que eu tenho visto todos os dias, cada vez mais triste, que quase nem fala, e que só sai da clinica pra ver o Dylan?
- Ela sabe que não foi correta comigo.
- Emily quando é que você vai aprender a deixar o sofrimento entrar? Você se fechou tanto que não dá espaço pra resolver os problemas e faz desses mesmos problemas, uma tempestade, sendo que tudo poderia ficar resolvido com uma boa conversa.
- Eu não consigo confiar na Alison! Você tá dizendo que eu devo deixar o sofrimento entrar, mas será que eu já não sofri o suficiente?
- São sofrimentos bem diferentes: a primeira vez você sofreu por culpa dela, agora você só está sofrendo porque quer!
Depois de passar mais algum tempo falando com a Hanna, eu vou embora, não sem antes pedir novamente que ela me desculpe pelas minhas atitudes...
Enquanto estou fazendo o caminho até casa, eu começo a pensar nas suas palavras e num impulso decido ir até casa da Alison, pois sei que hoje é dia de plantão da Spencer e da Aria e que ela deve estar se preparando pra ir até lá em casa pra estar com o nosso filho.
Aperto a campainha e como se de um deja vú se tratasse, vejo a mãe dela abrindo a porta e olhando pra mim dos pés a cabeça:
- Olá tia Jéssica! A Alison está?
- A minha filha saiu mas ela pediu que eu te entregasse este bilhete...
Umas mãos trémulas e suadas, pegaram no papel e assim que a tia Jéssica fechou a porta eu deixei que os meus joelhos caíssem sobre o chão:
- Eu não acredito! Você foi embora de novo!
Por mais alguns minutos eu fico ali chorando e me lamentando, pra minutos depois, uma coragem que eu não imaginava ter, se apoderar de mim decidindo que desta vez não vou permitir que outra pessoa escreva o meu conto de fadas.
Entrei no carro e fui pra rodoviária, decidida a impedir a Alison de ir embora.
Quando cheguei, procurei por ela em todos os terminais mas pela informação que me deram, áquela hora já todos os ônibus tinham partido e só no dia seguinte as seis da manhã, dariam inicio a novas viagens.
Eu vou pro meu carro e fico chorando sem saber o que fazer, até que por fim eu decido ler o seu bilhete de despedida:

Você não imagina quanta coisa eu faria
                      além do que eu já fiz
                  pra ter você de volta
e ainda que a realidade me impeça
eu continuarei abraçando a fantasia dos meus sonhos
 e é por isso que estarei esperando no nosso cantinho
                         não demora amor
já nos resta pouco tempo
pra sermos felizes pra sempre....

Eu sequei as minhas lágrimas e reli aquele bilhete umas dez vezes, até que por fim compreendi que a Alison não foi embora e tava me esperando na cabana, por isso sem mais demoras fui até lá e quando abri a porta, a encontrei deitada, olhando pra um retrato:
- Como você sabia que eu ia na sua casa hoje?
- Eu não sabia...
- Mas a sua mãe me entregou um bilhete...
- Ela já tem esse bilhete faz uns dias e também já tem uns dias que depois que eu saio da sua casa, eu venho dormir aqui e fico sonhando que você aparece...
- Bem, eu acho que se te beijar você poderá constatar que eu não sou um sonho...
Alison fecha os olhos e eu me ajoelho em frente a ela, tocando com a minha mão fria em seu braço, provocando um forte arrepio na sua pele...
- Me perdoa por ter te escondido que a Spencer está doente...
- Me perdoa por ter sido uma idiota e não ter percebido que o mais importante é apoiá-la como você fez, mesmo ela te tratando com toda aquela indiferença quando você voltou.
- Amor, tudo que eu mais quero é ficar bem com você e resolver os nossos problemas. Saiba que a maioria das coisas que eu te disse naquele dia foram faladas na hora da raiva e....
- Shiuuuu - eu digo tentando tranquilizá-la - vamos por partes: eu também falei muita bobagem e depois de uns segundos eu já tinha me arrependido mas fui orgulhosa demais pra voltar atrás.
- Quantas vezes eu fiquei na porta do escritório do seu pai, pensando se deveria te chamar pra gente conversar. Emily o nosso maior defeito é o orgulho. Você me perdoa?
- Eu só te perdoo se você me perdoar por ter sido tão arrogante e se você prometer que nunca mais vai tirar essa aliança do dedo - eu determino enquanto coloco o pequeno objeto de volta em seu dedo.
- Emily você guardou a aliança? 
- Claro que guardei! A principio eu pensei que fosse só uma briga boba da gente mas conforme os dias foram passando, eu comecei a acreditar que era mesmo o fim. No entanto, no fundo eu acho que nunca perdi a esperança.
- No dia da reunião, quando eu vi o seu olhar no momento em que eu falei pra você não me tocar, eu tive certeza que a nossa história não tinha terminado. Aí eu fui pra casa e escrevi esse bilhete.
- Eu pensei que era um bilhete de despedida. Corri até á rodoviária, eu queria te encontrar e pedir pra você não ir embora. Só depois de ter feito um papelão é que eu tive coragem de ler o bilhete e quando eu vi que você não tinha desistido de nós, vim voando pra cá...
- Você pensou que eu tinha ido embora? Eu jamais ia deixar o Dylan...
- É o passado e as coisas que passámos que me faz agir que nem uma louca insegura. Sabe o que a minha mãe me falou? "Existem muitos passados e apenas um futuro". A partir de hoje eu só quero lembrar daquela parte do passado, em que nós fomos muito felizes e começar a construir um futuro onde seremos mais felizes ainda.

Alison baixa a cabeça passando as mãos pelo seu cabelo e aí eu consigo ver que ela estava olhando pra um retrato onde estamos eu e o Dylan:
- Emily tem algo que eu preciso te contar, algo do passado. Algo que pode mudar a opinião que você tem sobre mim, porém faz uns dias que eu prometi a mim mesma, que se a gente se entendesse, eu iria contar isso pra você.
- É assim tão grave? Eu cheguei á conclusão que há coisas que eu não preciso saber...
Em meio de um forte suspiro, Alison pega na minha mão, colocando um dos seus dedos sobre os meus lábios, a fim de me silenciar:
- Há uns anos atrás, eu fui numa festa da virada. Eu tava feliz por estar estagiando no Hospital de Charlotte e só pensava no orgulho que o meu pai devia estar sentindo. A festa era na casa do Elliott, o Dr Rollins e é por esse motivo que eu não suporto aquele cara. Eu não sei te explicar como, até porque eu não lembro de nada, mas eu acabei transando com ele nessa noite. Como consequência, poucas semanas depois eu descobri que tava grávida e essa foi a segunda vez que eu vi o céu caindo sobre a minha cabeça. A primeira foi quando te deixei aqui dormindo e fui embora...

- Grávida? Do Dr Rollins? Meu Deus eu não acredito nisso! Cadê essa criança. Onde está o seu filho Alison?