História What is Love? - MLIOF - Like a little girl.

Cada dia que se passava naquele treinamento de bombeiros era uma tortura, mas ao mesmo tempo era libertador. Isso era impossível certo? Tudo parecia ser impossível para Byun Baekhyun. Ser feliz era um sonho tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. Assim que terminasse o treinamento, se mudaria para Seul e seria independente, talvez pudesse até correr atrás de outros sonhos. Mas por enquanto sua maior prioridade era ser livre. Livre do julgamento dos outros, principalmente do de sua família.

E foi isso que fez. No dia do seu aniversário de 20 anos, disse adeus ao lixo de vida que tinha e foi para Seul recomeçar do zero, conhecer pessoas novas e poder ser quem era. Foi muito bem acolhido por Xiumin e Chen, se tornaram seus primeiros amigos, que lhe mostraram seu quarto. Aquilo tudo era novo para o garoto de cabelos castanhos, era tudo maravilhoso.

Arrumou suas roupas no guarda-roupa e se sentou na cama, retirando os poucos objetos pessoais que possuía da mala e os colocando em cima do criado mudo. Um despertador. Cinco livros. Nenhuma foto. Era doloroso demais lembrar de sua família, do que disseram e fizeram á ele, por isso nada de fotos. Estava lá para ser feliz. Colocou uma música no celular e o deixou na escrivaninha, precisava de um banho, a água quente entrou em contato com sua pele e o relaxou. Percebeu que a música estava mais alta, seu celular devia estar com algum problema. Escutou batidas na porta, se apressou para desligar o chuveiro e colocar um roupão azul marinho, saiu do banho enxugando os cabelos molhados com uma toalha e correu para a porta. Mais batidas.

- Já vou. - Disse calmo e abriu a porta rapidamente, dando de cara com um garoto alto e igualmente castanho.Que orelhas são essas? Pensou segurando o riso, eram salientes e...fofas. - Pois não?

-... - O garoto não desviava os grandes olhos do rosto de Baekhyun, estava sem palavras. Xiumin havia lhe dito que o novato era bonito, mas não imaginava que seria tanto.

-Pois não? - Repetiu e inclinou a cabeça para o lado. Que cara estranho.

-Ah oi! - O mais alto saiu do transe e desviou seus olhos, completamente sem graça. Que merda eu estou fazendo? - Eu sou o Chanyeol, Park Chanyeol. 

- Oi Chanyeol, eu sou Baekhyun, Byun Baekhyun. - Imitou a fala do outro e sorriu.

- Bem, eu vim dizer que temos uma regra, eu sei que você é novo por aqui, mas a regra de silêncio depois das 21:00 se aplica aos novatos também. - Passou a mão na nuca e sorriu brincalhão. - Eu não me importo, gosto de Imagine Dragons também, mas não acho que seria uma boa tomar uma advertência logo no começo.

- Claro, me desculpe eu não queria quebrar nenhuma regra. - Estava envergonhado, não conhecia essa regra, mas sentia-se aliviado por seu vizinho de porta ser alguém aparentemente legal. - Obrigado por me avisar, fico te devendo uma.

- Imagina, chame se precisar de alguma coisa. - Disse e se curvou um pouco, ficando na altura do menor, cara a cara. Se aproximou do ouvido do mesmo, surpreendendo-o. - Qualquer coisa, mesmo.

-Ok. - Sua voz saiu um pouco falha devido ao tom rouco usado pelo outro, como o mais alto mudara de personalidade tão rápido?Parecia tímido no começo, agora estava...sedutor. Chanyeol endireitou a postura e seguiu para a porta ao lado, sem olhar mais para Baek. O que havia acabado de acontecer? Aquilo foi uma cantada? Se indignou ao pensar nisso, que audácia, tiraria isso a limpo na próxima vez que o visse.

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Mas que barulho dos infernos é esse?!  Baekhyun acordara com o barulho das sirenes e assim que abrira os olhos, teve vontade de se enfiar em um buraco só para acabar com o som. Batidas na porta apenas pioraram o mau humor do menor, que sussurrou um “já vai” e colocou uma calça moletom  e vestiu uma camisa branca simples. As batidas continuaram.

- Já vai caramba! - Bradou e logo se arrependeu, e se fosse um Xiumin ou Chen? Correu para a porta e a abriu pronto para pedir desculpas á pessoa, mas ao ver quem era, bufou. - Chanyeol?

- Oi Bela Adormecida, bom dia. - Entrou sem avisos no dormitórios e sorriu internamente, sabia que havia irritado o menor. - Eu sou encarregado de acompanhar todos os novatos no primeiro dia de trabalho, vamos, tem dois minutos pra se arrumar.

- O que? - Foi pego de surpresa, dois minutos? Olhou incrédulo para o mais alto esperando que o mesmo dissesse mais alguma coisa.

- Isso mesmo, agora você tem um minuto e meio. - Sorriu e se sentou na cama, a imagem do rosto inchadinho do outro não sairia de sua mente por um bom tempo, ele era bonito até depois de acordar. Ficou vendo-o correr pelo quarto para se arrumar, e olhou para o relógio. - Vinte segundos, vamos apagar um incêndio, não desfilar. Parece uma garota.

Parece uma garota. Baekhyun se lembrou da voz enojada de seu pai dizendo tais palavras, acompanhada do olhar decepcionado de sua mãe. Seu irmão mais velho, Heechul, havia se mudado para o Estados Unidos um ano antes de todos os conflitos começarem, sempre que podiam se falavam por telefone, mas nunca o contara seus problemas com a família, não queria preocupa-lo. Quando demorava muito para se arrumar, seu pai o xingava e dizia coisas horríveis para o mesmo. Parece uma menina. Tive um filho defeituoso. Ah como era doloroso lembrar de tudo aquilo, lembrar das vezes que seu pai o batera para tentar o “por nos eixos”. Não sabia oque doía mais, os atos ou as palavras. Quando se deu conta, estava debruçado sobre a pia, seu rosto antes inchado pelo sono, agora tinham as lágrimas como causa.

- Seu tempo já acabou, vai do jeito que está. - Sua determinação em retirar o menor do banheiro sumiu assim que viu o estado do mesmo. O que aconteceu? Seu olhar preocupado procurava pelo do menor, mas sua cabeça estava abaixada. - Baekhyun?

- Sai daqui. - O pedido fraco atingiu Chanyeol em cheio, deixando-o preocupado e confuso. - Por favor. - Pediu com a voz trêmula, deixando mais uma lágrima escorrer. Tentou fechar a porta do banheiro para que o outro não o visse mais naquele estado, mas o mais alto usou o pé para impedir.

- Hey Suho. - Disse no rádio e reabriu a porta com a mão, atraindo a atenção do menor que direcionou seus olhos marejados ao outro, temia que ele fizesse uma reclamação. - O novato não vai hoje, não está pronto. Eu sei. Deixa que eu falo com ele. Não tenho medo da cara de bravo dele. Ok, tchau.

Desligou o aparelho e passou a mão pelos cabelos, Suho estava certo, Sehun o mataria, mas no momento esse não era o maior problema. Não fazia a menor idéia do que fazer, nunca havia passado por isso. Afinal, por que ele estava chorando?

- Você está bem? - Tentou se aproximar, mas o menor se afastou. Eu fiz isso? Temeu a simples hipótese de ser o culpado das lágrimas dele.

- Diga a eles que eu já vou. - Molhou o rosto e a nuca, pegou a toalha e se secou. Logo passaria. Era oque esperava. Olhou para o lado e viu o mais alto parado na porta, o encarando. - O que foi?

- O que foi? - Riu sarcástico. - Você que começou a chorar do nada. Me diga você, o que foi?

- Não foi nada. 

- Então quer dizer que é normal você, do nada, começar a chorar como uma ga- Foi interrompido pelo soluço do menor, que voltara a chorar. Então é isso. Se sentia um babaca, mas queria saber oque tinha de errado, era só uma brincadeira. - Você não gosta de ser comparado a uma garota, é isso?

- Não é tão simples assim, mas você não tinha como saber, então vai embora por favor. - Fungou e fechou os olhos, lembrando novamente de seus pais. Mais um lágrima escorreu e antes que outra viesse, sentiu braços o embalando em um abraço, estava sensível demais para recusar algo assim. Suas lágrimas apenas aumentaram. Eu sou estranho por estar abraçando um cara que conheci ontem?  
Chanyeol foi o conduzindo até a cama e se sentaram, fazia carinho nos cabelos alheios, de modo desajeitado, sentia que aquilo ajudaria. Arrumou a cabeça do mais novo em seu peito, sentindo o cheiro do seu cabelo, era tão bom, desde que o vira pela primeira vez, de roupão e cabelos molhados, já havia sentido algo diferente. Gostava dele.

- Hey. - Chamou baixinho, recebendo um murmúrio do menor. - Me desculpa por ter dito aquilo, eu não queria ter te magoado.

- Eu sei que não disse por mal, eu que sou estranho.

- Baekhyun. - Levantou o rosto do menor com a mão e encarou seus olhos, de modo terno. - Você não é estranho, é especial.

- Especial? Do que está falando? - Estreitou os olhos e inclinou a cabeça, que tipo de conversa era aquela?

- Você é especial pra mim. - Disse sem rodeios, sempre foi muito direto com os garotos por quem se interessava, deixando Baek chocado. Era muita informação, como alguém poderia se interessar por outro em menos de dois dias? Aquilo não tinha coerência. Nem futuro.

- Você tá louco, acho melhor sair do meu quarto. - Se afastou do maior e foi até a porta, abrindo a mesma. - Obrigado por ter vindo aqui e desculpe pelo que aconteceu.

- Vamos conversar, talvez- A frase morreu pela metade, não estava acostumado a ser rejeitado, sabia que não era normal, mas foi paixão a primeira vista.

- Tchau. - Disse olhando para o chão, se sentia mal por dispensar o outro, mas não sabia o motivo, ou talvez soubesse. Chanyeol saiu devagar do quarto, parando em frente a porta, oque estava sentindo era apenas frustração, esperava que fosse. Baek segurava a maçaneta, encarando as costas largas no maior, desviou o olhar quando o outro passou a se mover em direção ao final do corredor.

Me desculpa. Disse a sí mesmo, não estava pronto para se arriscar tanto, tinha medo de sair mais machucado do que já estava.