História What Makes You Smile? EM REVISÃO - Piano

Depois de uma longa e perturbada noite de sono, eu me levanto. Me sento na beirada da cama e coço os meus olhos, tentando afastar o sono que ainda faz parte de mim. Me espreguiço um pouco para ver se isso ajuda também. No fim de tudo, eu acabo me levantado, meio contragosto por causa do sono, mas eu acabo me levantado de qualquer jeito.

Pego a minha toalha e vou tomar o meu banho. Como ainda estou com sono, ajusto o chuveiro para a temperatura fria. Assim que entro no box e as as primeiras pequenas gotas geladas caem nas minhas costas, eu me arrepio. Apesar de não ser bom quando você vai de vez tomar banho com água fria, eu me acostumei com a temperatura e coloquei minha cabeça embaixo do chuveiro, fazendo com que a água passasse por todo o meu corpo, para depois escorrer pelo ralo.

Após acabar o banho, visto um casaco e uma calça cinza de moletom. Hoje não estou muito afim de revirar o armário procurando roupa.

Saio do meu quarto e vou até a sala, na intenção de procurar ahjumma, já que ela sempre acorda antes de mim. Afinal, é sempre bom dormir os "mais cinco minutinhos", né?

Só que a ahjumma não está na sala. Então resolvo procurar na cozinha, e então vejo que tem um pequeno pedaço de papel rasgado com um recado em cima da mesa. Resolvo pegar o mesmo. 

Pequeno sedentário Yoongi,

Provavelmente quando você acordar, eu não estrei em casa, porque eu fui visitar sua mãe no hospital. Eu espero voltar para casa dando boas notícias para você!

Ah, e tem um pequeno café da manhã na geladeira. É só você ir esquentar!

Fique bem! Com carinho, sua ahjumma! 

'Tá bom, 'tá bom. Quem aquela senhorinha atrevida pensa que é para me chamar de sedentário? Mas pensando bem, ela não 'tá errada... Relevemos. Meu coração pesou ao ler que ela foi visitar minha no hospital. Sinto bastante falta dela. Ela é uma mãe bastante carinhosa e prestativa, e ela foi bastante forte diante da morte de Woozi.

Guardo o bilhete no meu bolso e sento no sofá.

Não vou comer agora, não estou com fome. Pendo a minha cabeça para trás no sofá e fecho os olhos. Solto um longo suspiro.

Eu estou entediado. Que merda.

Mas uma ideia vem a minha mente. Por que não chamar Jimin para vir aqui?

Saio do sofá e vou correndo até o quarto para pegar o meu celular. Assim que pego o meu celular entre os lençóis, disco rapidamente o número de Jimin. Estou para falar com ele, mas não sei o porque disso. É como se meu estômago borbulhasse, não sei. Vai ver é só a fome que atacou agora.

Alô, Jimin?

Yoongi? É você?

Sim Jimin, sou eu.

Ah, sim... Por que me ligou?

Eu queria que viesse aqui em casa hoje. Poderia?

Ir até aí na sua casa?

Sim. Por que? Não quer vir?

Não! Não é isso! Mas é claro que eu quero!

Me desculpe. É que você parecia nervoso.

Hey, eu que me desculpo, não quis soar assim. E não estou nervoso.

Tudo bem então! Pode vir aqui que horas?

Não vai precisar esperar muito, daqui a pouco estarei na sua porta! Até!~

Até daqui a pouco, Jimin.

Desligo a chamada e deito na cama, suspirando novamente. Admito que estou um pouco nervoso por ele estar vindo para cá. Ele chegará a qualquer instante. Meu estômago continua a borbulhar, mas dessa vez, sei que não é de fome, mas sim de nervosismo.

Por que eu estou tão nervoso? Será que é por que Jimin está vindo? Não, não pode ser. Acho que estou errado, deve ser só fome mesmo, porque eu não comi nada ainda.

Fecho meus olhos, esperando que o tempo passe rápido, para que eu veja logo Jimin. Estou entediado, quero alguém para conversar.

Depois de um longo tempo, — lê-se eternidade, pelo menos para mim — a campainha toca. E por incrível que pareça, não fico irritado por ter que ouvir a campainha tocar. Mas fico feliz, porque eu sei o que isso significa. Significa que Jimin chegou.

E eu me sinto estranhamente feliz por isso.

Levanto rapidamente da cama e passo as minhas mãos no cabelo, para dar uma ajeitada. Desço as escadas correndo, ansioso para abrir a porta e ver Jimin.

Eu quero muito vê-lo.

Assim que chego na porta, hesito por um instante. Será que foi uma boa ideia ter o chamado para vir até aqui em casa? Será que ele não vai se sentir desconfortável?

Aish, eu 'tô pensando demais.

Giro a maçaneta e dou de cara com um Jimin olhando para os próprios pés, brincando com os dedos. Suas mãos são muito pequenas, o que eu acho fofo e engraçado.

— Olá, Jimin! Estava esperando você ansiosamente! — Eu falo.

Merda. Só depois de falar, percebo a merda que eu falei. Subitamente fico estático, esperando uma resposta. Não é possível que eu só faça merda nessa vida, não é possível.

— Oi, Yoongi. — Ele diz, levantado a cabeça timidamente — Estava me esperando? Eu demorei muito? Me desculpe, não foi por querer... — Quando termina a frase, ele volta a abaixar a cabeça, um tanto ruborizado.

— Hey, não é culpa sua! — Eu faço, colocando minha mão em seu ombro — Eu que sou muito ansioso.

— Ah, sim. Obrigado! — Ele levanta a cabeça novamente e sorri tímido.

Quando ele sorri, meu coração acelerou um pouco e eu fico o olhando por longo tempo, ainda com a minha mão em seu ombro. Então respiro fundo, tiro a mão de seu ombro e ele entra.

Assim que me viro para ver onde Jimin está, vejo que o mesmo está sentado no sofá, olhando para o nada. Ele parece estar bem distraído.

— Hey Yoongi! — Ele fala.

— Sim? — Eu lhe respondo, indo até o sofá e sentando ao lado dele.

— Aonde está a senhora Min? 

— Ah! Ela disse que iria visitar minha mãe no hospital.

— Ah sim. Obrigado.

Depois disso vem aquele silêncio constrangedor e desconfortável. Nós dois estamos tensos sem motivo aparente. Vou tentar resolver isso.

— Jimin? — Eu lhe chamo e ele assente — Quer comer algo?

— Ah, quero sim!

Nós dois nos levantamos e seguimos até a cozinha. Lembro que ahjumma deixou comida dentro da geladeira e abro a mesma. Vejo que lá ela deixou o meu café da manhã e lá também tem sobras das comidas de ontem. Resolvo esquentar algumas coisas para eu e Jimin comermos.

Assim que termino de esquentar as coisas, coloco os pratos e copos na mesa, para começarmos a comer. Nós comemos concentrados, não nos falamos. Parece que o clima está meio pesado. É muito, mas muito desconfortável.

— Yoongi, você toca algum instrumento musical? — Jimin me pergunta de repente.

— 'Hm? — Eu respondo, meio confuso com a pergunta repentina. E além do mais, eu estou de boca cheia, não poderia dar uma resposta melhor.

— Eu perguntei se você toca algum instrumento! 

— Ah, sim, eu toco sim. — Eu falo, me forçando a engolir o que tinha na minha boca.

— Que instrumento você toca? — Ele pergunta, parece repentinamente interessado.

— Piano.

— Piano?! Eu também toco! Quer dizer, um pouco... — Ele exclama, animado.

— Toca?! Isso é incrível! — Ao ouvir o que ele disse antes, me contagiei pela sua animação! — Quer tocar, 'hm? Eu tenho um piano aqui.

— Sério? Isso seria incrível! Vamos! Aonde ele fica? — Jimin fala, levantando da cadeira, determinado a tocar piano. Nisso, ele deixa metade da comida no prato.

— 'Hm, vamos. Mas não quer terminar a comida antes?

— Ah, eu não quero! Me leve até o piano! Eu quero vê-lo!

— Tudo bem, vamos.

Guio ele até um pequeno cômodo que tem aqui. Já faz bastante tempo que não toco piano, mas sempre que possível eu o limpo.

Assim que abro a porta do cômodo, vejo o meu piano. Um *Studio amarronzado, um clássico. Um pequeno compartimento guarda as teclas dele.

Realmente bem bonito.

Animadamente vou até ele e sento em seu banquinho de madeira. Jimin vem e se senta ao meu lado. Ele me ajuda a abrir o compartimento que guarda as teclas. 

Como amo esse piano.

— Wow, Yoongi... Ele é lindo! — Jimin diz. Ele passa os seus dedinhos de leve nas teclas do piano, ele parece encantado com ele. E eu, estranhamente, gostei disso.

— Obrigado. Sabe "River Flows in You"?  — Eu falo

— Uma parte... — Ele fala, envergonhado.

— Toque o que você sabe. Eu quero ouvir.

Ele olha para mim por um momento, fecha os olhos e respira fundo. Logo depois ele olha para as teclas do piano, e então começa a tocar. Seus dedos passeiam levemente pelas teclas, fazendo com que uma doce e harmoniosa melodia fosse escutada. A delicadeza com que ele aperta as teclas é surpreendente, como se tivesse feito várias vezes antes.

É realmente deslumbrante.

Só que ele erra.

— Ah, me desculpa... — Jimin fala, tirando as suas pequenas mãos das teclas do piano, ele estava muito envergonhado por ter errado a melodia.

— Hey, não tem problema. — Eu falo, o consolando — Eu te ensino o resto. — Eu continuo, tomando suas mãos com as minhas, colocando-as nas teclas do piano novamente, juntamente com as minhas.

Ele me olha. Ele ainda está ruborizado por ter ficado envergonhado antes, e eu acho muito fofo, puta merda. Eu o encaro de volta. Minha respiração está mais rápida e meu coração está mais acelerado que o normal. Ele coloca suas mãos por cima das minhas para apertá-las minimamente, e quando ele faz isso, um arrepio sobe pela minha espinha. Eu não sei se é impressão minha, mas juro que vi o seu olhar baixar um pouco, para agora olhar os meus lábios.

Park Jimin está olhando para os meus lábios? Não isso não pode ser verdade, deve ser só impressão mesmo.

— Yoon! Eu cheguei, meu filho! — Escuto ahjumma gritar por mim de algum lugar da casa, ela deve ter acabado de chegar do hospital.

Rapidamente Jimin tira as mãos de cima das minhas e levanta do banquinho, envergonhado. Sinto minhas bochechas queimarem, ou seja, eu estou corado. 

Merda.

— Eu estou aqui, ahjumma! — Eu grito de volta para ela.

Eu praticamente saio correndo da salinha. Ai, puta merda, estou morrendo de vergonha. Acho que se eu olhar para o rosto de Jimin novamente, não conseguirei olhá-lo sem ficar com vergonha.

— Ah, oi Yoongi! — Ahjumma fala, entusiasmada — Eu tenho boas notícias!

— 'Ahn, oi senhora Min. — Jimin fala.

— Oi, Jimin! Yoongi lhe chamou para vir aqui, 'hm? — Ela pergunta.

— Sim... — Ele fala olhando rapidamente para mim.

— Ah, sim! Quer ficar para comer algo? 

— Não, obrigado. Eu já estava mesmo de saída.

— Ah, sim! Até então!

— Tchau, senhora Min! Tchau, Yoongi... — Jimin fala, olhando demoradamente para mim.

— Tchau... Jimin. — Eu falo. Nossa, é bom até falar o nome dele...

'Pera, o que eu 'tô pensando?

Mas eu não tive muito tempo para refletir no que eu pensei,, porque quando notei, Jimin já estava fechando a porta, ele estava indo embora.

E meu coração se aperta um pouco.

Merda.

— Yoon? Quer saber das notícias? — Minha ahjumma me pergunta.

— Ah, sim. Claro que quero. — Eu lhe respondo, meio distraído.

— 'Hm... Sua mãe está indo muito bem no tratamento e o médico disse que, talvez, daqui a dois meses ela terá alta se continuar assim! — Ela fala, animada.

— O quê? Isso é ótimo! — Eu exclamo.

— Não é? Tomara que esses dois meses passem rápido.

— Verdade... Eu vou ir para o meu quarto, okay ahjumma?

— Tudo bem, pode ir! Eu vou jogar um pouquinho no celular.

Novamente subo as escadas para ir até o meu quarto. Deito na cama novamente e penso.

Será que ele realmente estava olhando para os meus lábios? Por que meu coração estava acelerado? O que será que iria acontecer se ahjumma não tivesse chegado?

São muitas perguntas.

E de tanto pensar, acabo por dormir. Dormi pensando na doce melodia da canção e nas duas mãozinhas que faziam a melodia acontecer.