História What Makes You Smile? EM REVISÃO - Good Things End Up Suddenly

— O que você faz aqui? — Jimin falou. Sua voz era baixa, mansa. Tão triste e magoada. Meu coração se partiu em pedaços.

— Eu vim te ver, quero conversar contigo. Por favor eu quero falar com você. — O homem, que eu descobri se chamar Jeongguk, falou. Ele tentou se aproximou de Jimin, mas, como se fosse minha obrigação fazer isso, me coloquei na frente dele — Por favor, poupe-me disso. — Ele falou com desdém — Eu vim pra conversar com Jimin, não com você.

— Não seja grosseiro Jeongguk. — Jimin fala, sua voz era firme, porém ele parecia triste — E Yoongi, por favor, saia. Eu e Jeongguk temos que resolver nossas problemas como dois adultos.

— Mas, Jimin…

— Por favor, Yoongi. — Ele disse, com firmeza. Como se realmente não me quisesse ali — Eu estou te pedindo, falta só um pouco para eu mandar.

Uma mistura de sentimentos ruins tomou conta de mim por inteiro. Raiva, dor, angústia e nostalgia. É como se eu voltasse a época que meu irmão morrera. Eu não quero perder Jimin, é como se faltasse um pedaço de mim.

Mas esse pedaço foi instantâneamente preenchido pela fúria.

Olhei para Jeongguk por uma última vez e saí da frente de Jimin, pegando minhas mochila que estava no sofá e indo até a porta em passos fortes. Ouvi Jimin gritar um pedido de desculpa, só que no meio de sua frase eu fechei a porta e saí de sua casa.

Lágrimas de medo e raiva brotam em meus olhos, mas o meu orgulho fala mais alto e eu pisco repetidas vezes para afastá-las, e as que caíram eu enxuguei.

Ando em passos pesados pelas ruas não tão movimentadas, pelo menos por enquanto. Estou sozinho, solitário. Mas parando pra pensar, não estou tão sozinho.Tenho os meus devaneios comigo.

Eles me levam até Jimin. Seus cabelos, suas mãos, seus dedos, os olhos, o jeito de andar e de falar. E tem o seu sorriso. Por que sinto o meu coração se partir em pedaços quando penso nele. Por que me sinto mal ao ponto de doer? Por que tinha que ser ele? Ele, com seu sorriso bonito e seus olhinhos pequenos.

Mas assim que penso em Jimin, Jeongguk também me vem à mente. A sua pele amorenada, olhos negros que nem o carvão, cabelo sedoso e rosto perfeito. Ele realmente merece Jimin. Mas por que o mesmo se sentiu desconfortável ao ver Jeongguk?

A minha visão fica embaçada e uma lágrima quente está a escorrer do canto do meu olho até o meio da minha bochecha. Enxugo-a com um grande ressentimento.

Nessa parte da rua já é bastante movimentada. Ando olhando pra os meus próprios pés, evitando olhar no olhos de pessoas desconhecidas. Também não quero que elas me vejam com o rosto vermelho.

Enquanto caminho, saio esbarrando na multidão a minha volta. Ouço alguns xingamentos vindo das pessoas, porém não ligo muito, só quero ir pra casa.

— Não enche cara, por favor… — Digo. Já estou tão cansado de ouvir todos me xingando e insultando que tive de responder.

— Me desculp- Yoongi? — Como assim? Como o homem sabe que esse é o meu nome?

Quando me viro para ver quem era, vejo que ele era familiar. Eu sei quem ele é.

— Seokjin? — Eu falo, realmente surpreso — Ah, olá. — Digo desanimado — Me desculpe por ter sido, sei lá, irritante.

— Não faz mal! — Ele me dá um sorriso — Mas, bom, o que houve contigo?

— Eu só estou um pouco chateado…

— Bom, quer sair do meio dessa gente toda? Quem sabe conversar, espairecer um pouco. — A oferta é tentadora, então, eu assenti, queria muito tirar o peso da consciência e do coração.

Andamos lado a lado em silêncio. Tantas pessoas, tantas vidas. Vidas diferentes, propósitos que se coincidem.

— Yoongi? — Jin me chamou — Não vai se sentar?

Balancei a cabeça, tirando todos esses pensamentos ruins da minha mente. Me sentei ao seu lado num banquinho de madeira. Puxei todo ar que conseguia, e depois soltei pela boca, como um suspiro longo e pesado. Como se isso fosse ajudar a tirar todo peso do meu corpo.

E isso não adiantou.

— Eu estou frustrado. — Eu finalmente quebrei o silêncio, que já era desconfortável — Sabe, eu… Eu estou chateado com o Jimin.

— Com o Jimin? — Ele falou surpreso — Por quê?

— Sabe, ontem ele me convidou para dormir na casa dele. Bom, até aí tudo normal. Mas, hoje, ele me expulsou da casa dele porque chegou visita…

— Como assim? — Jin pareceu mais surpreso ainda — Jimin não é de fazer isso. Bom, depende de quem chegou lá. Quem era a visita? — Ele perguntou, receoso da resposta.

— O ex namorado dele, Jeon Jeongguk. — Enfatizei o nome dele com um desgosto que eu não sabia que estava em mim. Jin pareceu furioso.

— Eu não acredito que ele está lá, na casa de Jimin… — Ele se levantou — Eu vou ir até lá agora.

— Não Jin, eles disseram que precisam se resolver como dois adultos que são. — O puxei de volta pra o assento delicadamente.

— Merda… Um momento, ele nunca te contou o que houve com os dois? — Eu neguei — Bem… Se ele não quis contar, eu que não vou. Mas por que exatamente você está chateado?

— Eu não sei. Eu só me sinto mal por isso que aconteceu. Eu quero ver Jimin bem. Sabe ele é meu… Meu amigo, e, tudo mais. — Hesitei na última parte da frase. Merda. Jin sorri calorosamente.

— Bom, eu acho que você só deve descansar um pouco. — Ele se levanta, me puxando junto — Mas, caso queira ajuda ou queira alguém pra, sei lá, desabafar, eu estarei aqui por você. — Ele falou, e nós nos abraçamos por um tempo — Até qualquer dia, Yoongi! — Ele se despede.

— Até depois, Jinnie-hyung! — Eu respondo, indo em direção a minha casa.

O caminho parece se estender em milhas e mais milhas. Meus pensamentos rondam a minha cabeça sem parar, não me dando descanso nem por um segundo. Lembranças, tão dolorosas agora.

Chuto uma pedrinha, mas a perco de vista. Será assim a lei da vida? Quando você perde algo, ou já usou o suficiente, você as descarta e encontra outras, nesse ciclo vicioso?

Paro de chutar pedrinhas.

Chego na porta de minha casa. Pego as chaves na mochila e sinto o cheiro de casa.

Casa? Posso chamar assim? Eu sinto tudo tão vazio e sem cor, mesmo com todos os móveis e pigmentos.

Fecho a porta com meu pé e me jogo a mochila em qualquer canto da sala. Me deito no sofá e começo a entrar no meu mais profundo estágio de pensamentos.

Queria que ahjumma estivesse aqui. Pelo menos não me sentiria tão sozinho se ela estivesse aqui pra me fazer sorrir.

Sorrir. Que palavra engraçada e irônica, não acham?

Adormeço finalmente. Pelo menos, todas as vozes e pontas soltas param de rondar a minha mente e eu finalmente posso descansar.