História What You Gonna Do? - Bolhas de sabão

Eu e Jackson andamos pelo festival, observando as crianças e senhoras que andavam por ali, e claro, muitos casais. Andávamos rindo enquanto olhávamos as barracas. Mesmo nada por ali sendo orgânico, Jackson e eu paramos em uma barraca para comer algo, e quando chegamos a uma parte mais aberta onde tinham mais barracas, mas em um círculo grande ao invés de fileiras estreitas, Jackson tirou dois tubos de bolhas de sabão do bolso e estendeu um para mim, o que me deixou um tanto confusa, mas ele apenas disse:

- Eu lembrei disso agora. O dono da barraca de acertar a latinha me deu isso. Ele disse que eu e minha namorada merecíamos por eu ter tentado tantas vezes – corei furiosamente na mesma hora, enquanto ele pareceu simplesmente não perceber. Eu tinha a forte impressão de que ele não havia desmentido o dono da barraca quando este disse que eu era namorada dele.

Aceitei o tubo de bolhas de sabão e Jackson imediatamente começou a brincar com o dele, soprando bolinhas na minha direção. Então comecei a soprar também, como vingança, na direção dele. Em instantes, ambos estávamos rindo e soprando cada vez mais bolinhas na direção um do outro. Uma até mesmo chegou a estourar na ponta do meu nariz, o que era uma sensação estranha, mas gostosa e delicada. Brincávamos como se tivéssemos sete anos de idade, mas era divertido. Jackson por vezes desviava das bolinhas, e em outros momentos apenas tentava estourar o máximo de bolhas que eu fazia. Só paramos quando ambos ficaram sem ar. Eu não me lembrava de ficar meio tonta ao soprar bolhas de sabão quando era criança, mas agora eu estava, de forma que parei. Jackson pareceu sentir o mesmo, embora não tenha dito nada. Apenas ficamos em pé conversando um pouco sobre o movimento, com Jackson virado na direção da multidão, enquanto eu só conseguia olhar para ele e uma ou duas barracas que estavam atrás dele, mas que não tinham quase ninguém. Ele desviava seu olhar de mim vez ou outra, e então trocou de lugar comigo, de forma que eu conseguia ver as pessoas andando pela rua, e ele não.

- Porque trocamos de lugar? – Perguntei. Não que eu estivesse triste por isso, mas apenas fiquei confusa. Ele ficou um instante em silêncio antes de responder.

- Aquele cara ali atrás estava olhando muito pro seu pé – Na mesma hora, ri. Olhei disfarçadamente na direção onde Jackson apontara, e consegui ver um homem parecendo um tanto desconcertado quando me pegou olhando para ele, e virou rapidamente o rosto. No entanto não prestei muita atenção ao seu rosto realmente, sendo que nem mesmo o reconheceria se o visse novamente. – Alguns caras tem uns gostos estranhos, sabia? – Jackson disse, tentando me convencer, o que só me fez rir ainda mais. Ele mesmo deixou escapar uma pequena risada – Por isso, você deve ter cuidado.

- Ah, então você vai me proteger, é isso? – brinquei, mesmo que estivesse corando um pouco ao falar aquilo. O que nunca havia acontecido antes. Eu sempre brincava com todos, e nunca fiquei envergonhada de dizer algo do tipo, e me perguntei mentalmente porque dessa vez era diferente.

- Se deixar, irei te proteger do que você precisar – E graças à isso, corei mais ainda, rezando para que ele não percebesse, e com um sorriso bobo em meu rosto.

Depois de olhar para os lados e finalmente sentir que minhas orelhas não estavam mais pegando fogo, resolvemos andar até onde as barracas começavam.

No caminho, meu celular vibrou. Minha mãe também estava de folga hoje, então imediatamente alcancei o celular, pensando que era ela. Afinal, se eu não atendesse o celular, ela provavelmente ia me proibir de sair para qualquer lugar, para sempre. Jackson percebeu, e parou ao meu lado, esperando que eu respondesse. Mas assim que desbloqueei o celular e visualizei a mensagem, percebi que era Lin.

(Lin): Ei, e aí?

(Lin): Não sei se vejo um filme ou começo a assistir um drama novo D:

Lin sempre fazia isso. Quando estava em dúvida sobre o que fazer, me mandava alguma mensagem para que eu a ajudasse, mesmo que muitas vezes ela não seguisse o que eu sugeria. Respondi rapidamente, mas de forma breve.

(Eu): Filme, definitivamente.

(Lin): E você? Fazendo o que?

(Eu): Estou na rua. Depois mando mensagem.

(Lin): Aaaah :3 dia dos namorados, eu havia esquecido.

(Lin): Então, aproveite ;)

(Lin): E diga ao Jackson que eu mandei oi.

Comecei a digitar uma coisa. “Quem me dera ele fosse meu na...” Mas antes mesmo de acabar de digitar e, o pior de tudo, enviar, percebi o que havia escrito. Não só isso iria resultar em provocações eternas por parte de Lin, mas também me pegou totalmente desprevenida. Eu sempre escrevia o que estava pensando, então aquilo saíra automaticamente. Havia sido um reflexo mais natural do que eu gostaria. Logo, apaguei a mensagem inteira e apenas respondi:

(Eu): Hahaha, engraçadinha.

Depois disso, guardei o celular no bolso. Era assim tão óbvio? Eu me lembrava claramente de não ter dito à Lin que iria sair, muito menos com Jackson. Mas como ela adorava me provocar, com certeza havia apenas arriscado. 

Quando olhei para Jackson novamente, ele olhava uma barraca na direção oposta, parecendo entretido com algo. Então ele olhou para mim, me pegando no flagra enquanto observava ele, ao que ele sorriu de forma simpática para mim, e continuamos a andar, enfim.

 Já havíamos andado bastante, e visto todas as barracas, afinal. Mas ao andar, percebi algumas barracas nas quais eu não havia reparado antes, e uma me fez rir. Pedi que Jackson esperasse um pouco, e ele assim o fez, enquanto eu fui até uma barraca e voltei com pipoca. Assim que me aproximei dele, sorrindo, tirei os dedos da frente do logotipo do saquinho que dizia “Alimentos orgânicos: guloseimas mais saudáveis”, o que o fez rir também.

- Você até mesmo achou pipoca orgânica no meio de tantas barracas?

- Claro que sim. Sei que você é apaixonado por esse tipo de coisa, e prestei atenção nisso.

- Você prestou atenção em comidas orgânicas pra mim? – Ele sorriu, um sorriso largo – Você é tão fofa que eu poderia te beijar.

- Só se não se importar com pelo menos uma dúzia de pessoas nos encarando – revirei os olhos, brincando, para disfarçar o fato de eu ter ficado levemente sem graça com sua observação.

- Então, tudo bem – Ele disse, e colocou a mão na minha bochecha – Se é assim...

Antes que eu pudesse pensar no que estava acontecendo, Jackson veio em minha direção, selando seus lábios contra os meus. Eu ainda segurava o urso de pelúcia, então continuei parada no meu lugar, abraçando ele com a mesma intensidade que gostaria de abraçar Jackson naquele momento. Estava com meus olhos fechados, aproveitando cada segundo. Não havia sido um beijo demorado, mas foi o suficiente para me deixar sem fala mesmo depois que ele se afastou, sorrindo, parecendo satisfeito com ele mesmo. Quando tirou a mão de minha bochecha, automaticamente segurou em minha mão, pegou um pouco de pipoca com a outra e continuou andando, me guiando. Ao que eu agradeci mentalmente, porque eu duvidava que fosse capaz de pensar direito depois daquilo, que dirá sair dali sozinha. Um dia qualquer eu realmente acabaria surtando por causa de Jackson Wang.