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História What You Gonna Do? - Medo


Escrita por: Sweetrange

Notas do Autor


Boa leitura ~

Capítulo 16 - Medo


- Mãe? – eu chamei. Já que era domingo, ela estava em casa, e eu escutei o barulho de panelas e frigideiras sendo remexidas na cozinha, sinal de que ela estava se preparando para fazer seu café da manhã e, se eu tivesse jeitinho o suficiente, o meu também.

- Bom dia, filha – ela sorriu, procurando a frigideira que ela sempre usava de manhã.

- Bom dia, mãe – sorri de volta - Quais as chances de você preparar meu café da manhã? – sorri, com uma tentativa provavelmente falha de ser fofa.

- Depende, quais as chances de você me contar sobre aquele garoto de ontem? – suspirei.

- Se o café da manhã for bem caprichado...

- Considere feito – ela piscou para mim e pegou o pote fechado de minha geléia favorita no armário – Vamos começar pelo nome.

- O nome dele é Jackson.

- Sobrenome?

- Mãe, você vai investigar o coitado?

- Não... – ela disse, sem olhar para mim – Mas ele tem algum histórico ou...?

- Mãe!

- Ok, tudo bem - ela disse, na defensiva - Eu só quero ter certeza de que ele é uma boa pessoa.

- Acredite, até demais – eu ri, lembrando de sua personalidade carinhosa e preocupada com o próximo.

- Mas ele não é seu namorado ainda, é isso?

- Ainda? – eu repeti, enfatizando o que ela havia dito.

- Por favor filha, vamos ser sinceras. Se você não ficar com ele, eu mesma fico.

- Ok, mas mãe...

- Você sabe que é brincadeira – ela riu – Mas você me entendeu.

- Tudo bem... Acho que você não precisa mais se preocupar com isso.

- Como assim? – ela perguntou, levemente confusa e esperançosa ao mesmo tempo, enquanto virava algo na frigideira.

- Ele meio que me pediu em namoro ontem.

- Deixe eu adivinhar. E você meio que aceitou?

- Sim – admiti, sem conseguir conter um sorriso.

- Fico feliz em ouvir isso – ela sorriu de orelha a orelha – Minha menina está crescendo...

- Mãe, não vai ficar toda emocionada a essa hora, vai?

- Eu? – ela disse, com a voz levemente embargada – Claro que não...

Eu ri e fui até ela dar um abraço apertado, ao que ela largou o pote em cima do balcão e também me abraçou e me deu um beijo na testa.

- Eu só fico feliz em ver como você está crescendo. Realmente se tornou uma boa menina, no fim das contas. Acho que isso só me fez perceber isso realmente agora – ela me deu um beijo e me soltou, pronta para enfim preparar nosso café da manhã – Chame-o para jantar aqui qualquer dia desses, gostaria de conhecer ele melhor, mas agora como namorado da minha filha – eu ri, lembrando dele dizendo a mesma coisa.

Depois de tomarmos um maravilhoso café da manhã, minha mãe falou um pouco mais comigo, sobre assuntos totalmente aleatórios, e passamos o dia inteiro juntas. Atualmente era um acontecimento relativamente raro, então fiz questão de aproveitar cada segundo daquele dia.

No dia seguinte ela saiu mais cedo que eu, mas ainda assim deixou um caprichado café da manha pronto em cima da mesa, ao que eu aproveitei também. Eu podia fazer exatamente a mesma coisa, mas o dela sempre acabava saindo diferente.

Fui trabalhar contente por vários motivos diferentes, e por isso nada abalara meu humor naquela manhã, nem mesmo a senhora que era sempre rude comigo de alguma forma. No início ela não olhava na minha cara, e depois de um tempo começou a comentar algumas coisas de vez em quando, como meu corte de cabelo ou até roupas, mesmo que eu estivesse sempre de calça jeans e uma blusa simples por debaixo do avental da loja. Hoje havia sido sobre minhas unhas estarem pintadas com uma cor chamativa demais, roxo. Apesar disso, sorri para ela a todo instante, e ela logo foi embora depois disso. Talvez tivesse ficado até mesmo um pouco decepcionada ao ver que eu não havia ligado para seus comentários. Assim que ela saiu, Hong suspirou alto o suficiente para que eu escutasse, e eu dei risada.

No final do dia Hong disse que fecharia cerca de meia hora mais cedo, então acabei sendo liberada um pouco antes do habitual. Já que estava com tempo de sobra, talvez desse uma volta em algum lugar antes de ir para a academia. Coloquei o avental em cima do balcão e me despedi de Hong que ficaria por ali mesmo. Ele morava na parte de cima da loja, de onde não era possível ouvir absolutamente nada da parte de baixo, de acordo com ele, para que sua esposa não fosse incomodada enquanto realizava os afazeres de seu lar. Assim que sai da loja e dei apenas alguns passos para a frente e meu celular começou a vibrar, e assim que o tirei do bolso pude ver o rosto de Lin na tela, com a chamada aguardando minha resposta. Mas antes que eu pudesse sequer deslizar o dedo sobre a tela um braço segurou meu pulso com um movimento brusco, o que fez meu celular cair no chão.

Olhei para a pessoa que havia feito isso, e dei de cara com um cara usando boné e uma jaqueta folgada. O cara que andava me seguindo, logo identifiquei. Mas ao olhar mais atentamente por debaixo do boné, percebi que havia conhecido ele há muito mais tempo. Uma voz arrastada e enjoativa preencheu minha cabeça ao lembrar da última festa em que havia ido junto com Lin. Oi linda, o que acha de dançar conosco? Como se pudesse ler minha mente, ele sorriu, o mesmo sorriso irritante que ele havia dado para mim naquele dia.

- Oi, linda. Se lembra de mim? – ele apertou um pouco mais meu pulso. Meus olhos estavam arregalados, mas minha expressão se contorcia em raiva.

- Infelizmente – respondi – Poderia fazer a gentileza de me soltar? – Apesar de estar basicamente pedindo, meu tom de voz era ríspido.

- Por que? Acabamos de começar a conversar. Você saiu mais cedo hoje? – ele continuava a sorrir, um sorriso que chegava a parecer doentio. Parecer, não. Era doentio. Ele até mesmo havia decorado meus horários?

- Porque eu não tenho nada para falar com você – dei de ombros e tentei puxar meu braço - Estou indo embora.

- Não tem problema, eu te acompanho até sua casa. Aquela amarela, certo? – Ele disse, provavelmente para ver o efeito que isso teria em mim. O desgraçado provavelmente sabia tudo sobre minha rotina.

- Me. Solta. Agora. – eu fazia questão de deixar o mais claro possível, mesmo que eu soubesse que não adiantaria nada.

- Ora... Você é sempre assim... Da última vez nem quis me falar seu nome... – ele fez um biquinho, correndo os olhos da minha cabeça aos pés, o que me fez estremecer.

- ME SOLTA! – Pela primeira vez desde que ele havia chegado, meu tom de voz estava aumentando, assim como meu desespero.

A verdade era que, apesar de continuar tentando a parecer durona, sem medo algum, eu podia sentir minhas pernas bambas, e eu conseguia sentir que meus braços estavam tremendo. Minha voz ainda estava saindo normalmente, mas eu sabia que era uma questão de tempo até que ela falhasse também.

Eu sabia que ele estava me seguindo esse tempo todo. Não sabia que era ele, claro, mas sabia que alguém estava me seguindo esses tempos. Algumas vezes eu o via, em outras eu apenas sentia sua presença, mas era definitivamente ele todo esse tempo. Eu não fazia idéia do que ele queria, mas sabia que estava morrendo de medo de descobrir.

Nisso, ele segurou meu outro pulso, me prendendo e me arrastando até a parede, onde mesmo que eu conseguisse raciocinar direito, não iria conseguir escapar dele tão facilmente. Uma risada fraca, mas assustadora, podia ser ouvida enquanto ele se aproximava de mim. Ele, com uma mão só, prendeu meus pulsos enquanto usava sua outra mão, agora livre, para tocar minhas coxas por cima de minha calça jeans. Minha expressão ainda era a mesma, de puro ódio, enquanto o encarava. Tentei gritar mais uma vez, mas as lojas próximas dali já estavam todas fechadas, e nesse horário era raro que alguém aparecesse nessa rua, logo minhas chances de ser ouvida eram quase nulas, mas mesmo assim tentei.

- ME SOLTA. AGORA. ME AJUDEM – Eu disse o mais alto que minha voz, agora embargada, me permitiu. Ele apenas riu de mim e tampou gentilmente minha boca, mais como um gesto simbólico que qualquer coisa.

- Não se preocupe, eu estou aqui. Kang está aqui para ficar com você...

- Ei, você – ouvi uma voz mais do que conhecida dizer – O que está fazendo?

Kang olhou para a porta da loja, onde Hong estava parado para se certificar de que estava realmente entendendo certo a cena. Em seguida começou a se aproximar de nós com passos fortes, e Kang pareceu se assustar, me largando no mesmo instante e começando a correr para longe. Hong tentou correr atrás dele, mas desistiu quando viu a velocidade em que Kang conseguia correr. Hong tentou recuperar um pouco o fôlego e logo se virou para mim novamente, que estava no chão. Finalmente as lágrimas escorriam por meu rosto, enquanto eu sentia o meu corpo todo tremer, com a adrenalina a mil correndo por todo meu organismo, com certeza. Hong então se aproximou de mim aos poucos e me ajudou a levantar, me levando de volta para dentro da loja.

Quando entramos, ele trouxe um copo de água para mim, e trouxe também uma cadeira para que eu pudesse sentar e me acalmar. Ele apenas me observou, por cerca de cinco minutos, até que eu me acalmei. Respirei fundo e devolvi o copo para ele, que continuava a me encarar, enquanto sentava de frente para mim.

- Você está bem? – ele perguntou, e eu podia sentir o cuidado em sua voz.

- Estou melhor agora – respirei fundo e tentei sorrir, apenas não conseguia garantir que o sorriso havia realmente saído.

- Pode me contar o que aconteceu?

- Eu saí da loja, e ai meu celular... – mas parei de falar e arregalei os olhos – Meu celular.

Tateei o bolso de minha calça, mas ele não estava lá. Hong então, sem dizer nada, saiu da loja e voltou em alguns instantes, com meu celular na mão. Havia um risco ou outro na tela agora devido à queda, mas ele ainda funcionava. Antes mesmo que Hong acabasse de me entregar, o celular voltou a vibrar. Ele então atendeu em meu lugar.

- Oi? Sim, ela está aqui. Ela não está muito bem. Estamos na loja... Certo. Ok - Ele então desligou e me entregou o celular de vez – Lin está vindo para cá.

Depois disso, finalmente contei para Hong o que havia acontecido, sem mais interrupções.

- Basicamente, eu havia saído da loja, e quando fui atender o celular, aquele cara me segurou e me prendeu contra a parede. Antes que ele pudesse fazer algo, você apareceu... Obrigada - sorri, aliviada.

- Ainda bem que eu esqueci isso na loja, então – ele chacoalhou o celular dele na mão – Eu já estava lá em cima, mas tive que descer novamente e ouvi você chamando alguém.

- Eu achei que você estava lá em cima mesmo.

- Eu devia esquecer o celular mais vezes – ele riu – Que bom.

Após alguns instantes, ouvimos o sino da porta tocar e Lin chegou tentando tomar fôlego.

- Você está bem? Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou.

- Eu quem devia perguntar. Veio correndo?

- Claro! – ela disse, como se fosse óbvio - Porque ainda está aqui?

- Um cara tentou atacar ela – Hong explicou em meu lugar.

- QUE? Como assim? – Ela parecia assustada também, e então se virou para Hong - Ah, oi... Hong, certo? – Lin o cumprimentou, mas parecendo ligeiramente confusa.

- Oi, Lin – ele respondeu, tentando segurar o riso.

- Lin, você é uma péssima atriz – eu disse, rindo.

- Ah, então você já sabe? – ela bufou – Desde quando?

- Descobri esses dias. Porque não me contou que Hong era seu tio?

- Porque você ia achar que estava sendo favorecida. Me desculpe a sinceridade, mas você é muito chata.

-Ei! – Protestei - Como assim, chata?

- Você ia ficar toda “ele só deixou eu trabalhar aqui porque sou amiga da sobrinha dele, blablabla” – Enquanto Lin falava isso, fazia uma voz fina para me imitar, talvez, o que não fazia sentido nenhum já que sua voz era mais fina que a minha natutalmente  - Para ser justa, também não falei nada pro meu tio.

- Ah, sim, isso faz todo o sentido – revirei os olhos.

- Sim, faz sim – ela sorriu e arranjou uma cadeira para ela também, sentando ao lado de Hong – Agora, vai me contar o que aconteceu?

Depois de contar o que havia acontecido, novamente, Lin pareceu furiosa, querendo ir atrás dele.

- Que absurdo! Porque ele faria isso? Ele nem te conhece. Esse mundo está ficando cada vez mais desse jeito...

- Lin, se acalme, ou vai fazer um buraco no chão – adverti, já que agora ela estava inquieta, andando de um lado para o outro.

- Bom, meninas – Hong disse, se levantando – Daqui a pouco ficará tarde. Melhor vocês irem para casa, assim correm menos risco.

- Certo, senhor – Lin disse, fazendo uma continência e me ajudando a levantar – Vamos, senhorita? – ela ofereceu o braço para mim, que aceitei prontamente. Eu já estava me sentindo bem melhor. A única coisa que eu ainda sentia era ódio. Simplesmente um ódio profundo por esse cara. Ele provavelmente não me deixaria em paz tão cedo, e isso me apavorava. 


Notas Finais


Espero que estejam gostando :3
Até o próximo capítulo ~


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