Youngjae não sabia onde estava.
Ele também não sabia como havia parado ali e não se lembrava de muito do que aconteceu depois do começo daquele tiroteio, nem mesmo como o alfa dos Jung havia lhe feito apagar por todo o caminho ate aquele lugar, só o que sabia era que seu corpo estava mole o suficiente para que ele não conseguisse se levantar do chão em que estava, o que o fazia perguntar que tipo de covarde os Jung eram para lhe manterem tão firmemente amarrado pelas mãos e pelos braços mesmo que ele não tivesse a mínima condição de se erguer, sua cabeça também não estava melhor que seu corpo, latejando tão fortemente que o fazia implorar por alguns comprimidos de seu maldito remédio, mas duvidava que iria os ter tão cedo.
Era claro que o Yoo estava ciente de que deveria estar mais preocupado com o que lhe aconteceria, ou melhor, com o que aconteceria aos seus negócios, sabia que agora sua situação estava mais delicada do que nunca, um paço em falso, ou uma ação de seu oponente, e finalmente os Jung teriam o seu cheque-mate.
O som de passos se aproximando ecoavam na cabeça do jovem beta o fazendo implorar por mais um pouco de seja lá que o fez dormir durante todo aquele tempo, mais quando a porta finalmente se abriu, revelando a presença do alfa, ele sentiu seu estomago revirar e uma fincada forte vinda de algum lugar entre suas partes baixas.
Youngjae não queria pensar sobre o significado daquelas reações.
- Voltou para terminar o serviço? – o seu tom era acido, mas ele ainda se sentia intrigado com aquilo, afinal, porque os Jung haviam se dado ao trabalho de o capturar? Principalmente quando ele poderiam simplesmente ter o matado e acabado com aquilo.
O alfa não lhe respondeu de primeira, ele apenas fechou a porta atrás de si em silencio, caminhando em sua direção em passos lentos, mesmo que aquele quarto ainda estivesse escuro, Youngjae podia perceber o brilho vermelho intensos dos olhos alheiros.
- Que serviço? - o alfa se agachou a sua frente, o encarando de modo curioso. – Você acha que queríamos matar você? – ele perguntou, arqueando suas sobrancelhas, quase em desafio para o beta, sorrindo levemente ao ver a expressão alheia, a expressão de confusão do outro lhe parecia divertida e aquilo apenas fez o beta pensar que talvez Daehyun fosse algum tipo de sádico sem noção. - Não queremos te matar. – o alfa completou de modo calmo, não deixando duvidas. – Se esse fosse nosso objetivo poderíamos ter feito sem trabalho algum naquele dia, mas um Yoo morto não nós serviria muito.
Naquele dia? A frase apenas fazia Jae pensar a quanto tempo estava desacordado.
- Eu sou o ultimo herdeiro da minha família, isso não significaria que vocês não teriam mais empecilhos? - Talvez Youngjae fosse considerado louco por dizer aquelas palavras e era exatamente isso que o alfa a sua frente pensava. Aquele beta queria ser morto?
- Não. – Daehyun balançou a cabeça negativamente. – Yoo são como baratas, embora você seja o líder direto da família, nós sabemos muito bem que existem outros Yoo prontos para assumirem seu lugar. – o Jung lhe encarou com seriedade. – Talvez fosse ate um alivio para eles se eu te matasse, os pouparia de sofrer com um líder omega inútil.
Youngjae não resistiu a rir, embora aquilo apenas tivesse feito seu corpo doer, sua mente encontrando naquelas palavras uma válvula de escape.
- Você acha que eu sou um omega? – o moreno perguntou, quase com raiva, talvez com ódio se ele já não estivesse tão cansado. – Talvez você apenas seja um beta com hormônios de alfa, já ouvi falar sobre drogas que fazem isso.
Daehyun apenas o encarou com quase curiosidade, estendendo uma de suas mãos ate tocar o rosto alheio, os olhos voltando a brilhar em um vermelho vivo, observando os do outro correspondendo naquele forte tom amarelado, sem que nem mesmo ele se desse conta disso.
Youngjae era um omega, e o alfa tinha certeza disso, tanta certeza quando a que respirava o cheiro de seus feromônios naquele momento, por mais que eles fossem fracos como um perfume, mas não tinha tanta certeza se o moreno percebia isso tão claramente quanto ele.
- Eu não estou usando meus feromônios. – o Jung argumentou, afastando sua mão do rosto alheio, mesmo que não tivesse desviado o olhar da expressão dolorida do outro, ele parecia estar sofrendo com algo. – Apenas omegas conseguem sentir feromonios de alfas quando eles não estão se impondo.
Os olhos do Yoo se reviraram, ele adoraria jogar na cara daquele maldito alfa todo o seu histórico medico e lhe provar que aquilo não passava de uma sensibilidade momentânea, ele sabia que não era um omega, nunca havia sentido feromonios antes do infeliz dia em que se encontrou com aquele alfa, nunca havia tido se quer indícios de um cio e além disso ele fazia consultas constantes, era impossível que seus médicos nunca tivessem percebido.
Ele definitivamente era um beta, nunca duvidou disso e não começaria a duvidar por causa daquelas palavras, ele não entendia o porque, mas sabia que Daehyun estava nitidamente empenhado em acabar com o que restava de sua sanidade e apenas por isso preferiu não responder as palavras do alfa, precisava se focar em entender o que aconteceria consigo, ou melhor, qual seria o seu papel como peça daquele jogo.
- Então porque me sequestraram? Se já sabiam que eu posso ser facilmente substituído? – ele não podia, mas não daria o gostinho do alfa de saber disso, queria entender o que estava acontecendo.
O alfa o analisou por mais um tempo, como se buscasse entender o que exatamente estava se passando pela cabeça do outro.
- Não é obvio? – ele deixou sua cabeça pender para um dos lados. – Eu quero me casar com você.
[...]
Os olhos de Zelo percorriam atentos pelas ruas, ele sabia que as ordens eram para que ficasse em casa e que provavelmente não apenas ele como seu avo também correriam perigo caso ele fosse pego por algum dos agentes de plantão pelas ruas.
Mas ele não podia simplesmente ficar ali esperando aquele alfa voltar, não quando estava tão ciente do que iria acontecer caso eles se encontrassem de novo.
Perguntava-se como podia ser tão azarado. Ele rezava dia após dia para nunca encontrar o seu alfa, ou ao menos para que fosse capaz de viver sua vida por muitos anos antes que isso acontecesse , quem sabe ate mesmo viajar ao redor do mundo após terminar sua universidade, mas era claro que o destino iria zoar com a sua cara.
Não bastava ele ser o omega mais desengonçado e estranho de sua escola, nem mesmo o primeiro a ter um cio de sua turma , ou aquele que sempre se envolvia em alguma confusão por não saber como controlar a sua língua, ele também tinha que encontrar o seu alfa logo quando havia acabado de entrar em sua faculdade e , para piorar, o bendito tinha que ser um membro da máfia. Da máfia. Provavelmente um daqueles machões e idiotas que pensavam que omegas e betas não passavam de propriedade, o modo como ele havia falado com o seu avo apenas comprovava aquilo.
Encolheu-se atrás de uma lixeira de metal quando os tiros começaram, novamente xingando sua sorte ao perceber que havia escolhido o pior momento de todos para tentar fugir, o barulho parecia cada vez mais próximo de si, então ele buscou um melhor lugar para se esconder, percebendo que a poucos metros de onde estavam havia o que parecia ser um carro forte, correu ate ele, se jogando contra o chão, exatamente entre ele e a parede, pensando que no momento aquele era o melhor esconderijo que tinha, mas não demorou a perceber que estava errado ao ver um alfa apontando uma arma para si.
- Quem é você? - ele percebeu que o alfa carregava um corpo em seu ombro e o omega engoliu em seco, sem saber dizer se aquele corpo era de alguém vivo ou morto.
- Choi Junhong. – ele ergueu ambas as suas mãos, mostrando que estava desarmado, em um claro sinal de rendição. – Eu...- sua voz se calou e ele levou uma de suas mãos ate a própria mascara, a tirando para mostrar seu rosto por completo, finalmente reconhencendo aquele homem. – Eu sou o neto do senhor Choi, você esta no nosso bar. – argumentou, vendo o outro arquear uma de suas sobrancelhas antes de abaixar a arma.
- Você nunca me viu. – ele disse com tanta propriedade, que o Choi quase acreditou em suas palavras. – Va para atrás daquele carro. – ele apontou para o carro um pouco a frente do que estava. – E fique lá que não quiser morrer.
O loiro pensou em argumentar com aquele alfa que provavelmente levaria um tiro antes de chegar ao próximo carro, mas decidiu que irritar um alfa armado era uma péssima ideia e apenas por isso balançou a cabeça positivamente e suspirou profundamente antes de começar a correr, no exato momento em que o alfa atacou o corpo em seus ombros no bando do passageiro.
[...]
- Vocês já se decidiram? - o menino de cabelos loiros deslizava uma pequena moeda em suas mãos, encarando o modo como ela brilhava reluzente sob a luz amarelada do quarto em que estavam, os olhos buscando se focar em qualquer coisa que não fosse a figura do alfa ainda despido sobre a cama de lençóis negros.
- Me decidi? - a pergunta veio de modo sereno, quase preguiçoso da figura deitada na cama, como se ele estivesse sendo acordado naquele momento de algum tipo de transe. – Sobre o que? - o alfa se sentiu com a pergunta, os olhos encarando o corpo esguio do loiro sentado na cadeira a sua frente, satisfeito ao notar que nada além de uma fina toalha o cobria.
- Sobre os Yoo. – a resposta veio junto a um olhar atento do garoto, enquanto ele apertava a moeda em suas mãos com alguma força, como se aquela pergunta de algum modo tiesse lhe irritado. – Vocês vão continuar dando apoio a eles?
O alfa suspirou, o sorriso que havia nascido em seus lábios sumindo completamente e ele voltou a se deitar contra a cama, encarando a luz amarelada do teto.
- O que isso importa? – a pergunta veio mais seca do que ele desejava.
- O que isso importa? – suas palavras foram repetidas de modo sarcástico. – Você sabe que a qualquer momento nós podemos nós tornar inimigos, isso importa muito para mim. – o tom de voz do loiro soou quase ofendida e o alfa teve que suspirar.
- Isso não cabe a mim, Jongup. – ele não voltou a encarar o loiro. – Eu faço o que é melhor para a minha família e você sabe que eu não concordo com o lado que a sua esta escolhendo. – ele foi franco, tinha que ser, não queria dar falsas esperanças a aquele homem.
Ele amava Moon Jongup com todas as suas forças, mas decidir aquilo não era algo que podia fazer simplesmente por causa de seu amor.
- Não, claro que não. – o loiro finalmente se levantou da poltrona que se sentava, ocupando seu lugar sobre o corpo alheio na cama, obrigando o alfa a encara-lo. – Você é apenas o próximo herdeiro, obviamente você não pode fazer nada. – Himchan sabia que havia uma pontada de magoa na expressão alheia, mas não pode deixar de admira-la.
- E você? – o alfa questionou, erguendo suas sobrancelhas vermelhas, a expressão neutra enquanto encarava a alheia. – Porque não faz nada para manter o seu território neutro? Porque não aceita o meu pedido de uma vez por todas?
O loiro riu cheio de ironia, deixando-se cair ao lado do ruivo sobre a cama, se deixando encarar a luz que anteriormente o alfa encarava.
- Porque eu não sou nada.
O alfa percebeu a amargura explicita no tom de voz alheio e aquilo fez seu peito doer, ele se perguntava todas as vezes se Jongup fazia ideia do quanto era importante, o quanto ele significava muito para si.
- Você sabe que isso não é verdad...
- É. – o loiro se virou para encara-lo, encontrando os olhos escuros do alfa. – Eu sei que é. – ele suspirou, se permitindo fechar os próprios olhos. – E eu já aceitei isso, a muito tempo.
O ruivo prendeu a respiração por alguns segundos, incapaz de encontrar palavras que confortassem o menor e por fim suspirou, recolhendo o corpo do loiro em seus braços antes de também fechar seus olhos.
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