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História When We Collide - Capítulo Trinta e Quatro


Escrita por: ignitemylove

Capítulo 35 - Capítulo Trinta e Quatro


Alexy parecia desolado na manhã seguinte.

Eu permanecia deitada sem a menor vontade de me levantar algum dia. Havia sido forte por muito tempo, fingindo que aquela perspectiva triste de futuro não estava destinada a mim, mas estava, e a realização disso me deixou quebrada por dentro.

― Eu sinto muito pelo que aconteceu ontem ― declarou entrando na cela e fechando as barras atrás de si.

Dei de ombros, tombando a cabeça para encará-lo.

― Não foi sua culpa ― respondi querendo dizer isso. Não havia sido ele que desferiu os golpes contra mim.

Aquilo não o confortou, no entanto.

― Pode não ter sido eu a saltar em seus ossos, mas foi minha irmã bebê, Camren, a garota com quem eu cresci, a garota que eu praticamente criei, que te encantou ― ele estava furioso, isso era notório, mas o amor que ele sentia pela irmã era claro. ― Fui eu que bolei todo o plano para te trazer até aqui, fui eu que te carreguei para dentro quando chegou e fui eu que te guiei até aquela sala ― falou gesticulando loucamente.

Me encolhi internamente ao ouvir todo aquele discurso.

― Você é o General, era de se esperar que planejasse coisas ― sussurrei.

A apatia com a qual eu agi durante os últimos dias era insuportável, insustentável. Sempre fui daquele jeito. Uma menininha sem valor, sem brilho, que havia vivido como personagem secundária, rindo das diversões dos outros, vencendo e perdendo através das vitórias e derrotas alheias.

Eu estava cansada disso, cansada de esconder tudo o que sentia por medo, cansada da odiosa apatia, minha companheira fiel desde que me lembrava. Haviam me tirado de casa, de meus amigos, de meu marido e em breve, de minha filha. A raiva, a tristeza e a dor me consumiam e eu temia que em pouco tempo nada além disso restasse.

Quem era Luna Victoria Canberight?

Ou seria Sumnit? Eu e Nicholas não havíamos tido tempo de discutir sobre isso.

Alexy continuava falando e se desculpando, mas eu não era capaz de ouvi-lo.

Como estariam todos nesse ponto? Pelo que eu sabia, estava desaparecida por pouco mais de seis meses. O que eles teriam feito nesse meio tempo? Haviam tentado encontrar-me? Ou achado que eu fugi? Como Nicholas estaria? Estaria bem depois de todo esse tempo ou ainda estaria devastado pela perda?

Não tinha certeza se queria saber a resposta para as inúmeras perguntas que habitavam minha mente. Só queria continuar deitada ali. Queria parar de me preocupar com tudo. Queria morrer. Mas sabia que não podia, não quando minha filha ainda estava crescendo dentro de mim. Talvez mais tarde, quando ela já tivesse nascido e sido arrancada dos meus braços, eu pudesse...

― Luna ― Alexy praticamente berrou, o rosto a centímetros do meu. ― Você está malditamente me ouvindo? ― Questionou se afastando. Dei de ombros. Não estava ouvindo e no momento, não dava a mínima. ― Eu sou o maldito General, inferno. Eu posso te dar informações que mais ninguém estaria autorizado a dar, posso te contar coisas que mais ninguém pode.

Levantei o tronco com dificuldade em vista da minha barriga agora enorme. Ele se precipitou para me ajudar, mas o recusei com um aceno. Era extremamente difícil me acostumar com os efeitos da gravidez aumentados todas as manhãs. Hoje havia notado que a minha barriga estava tão grande que eu só conseguia ver os dedos dos pés. O bebê chutava com tanta força, que era preciso me curvar cada vez que acontecia, mas de certa maneira era reconfortante saber que se ela chutava daquele jeito era porque estava bem.

Alexy deve ter percebido que eu havia começado a divagar novamente, pois se pronunciou novamente:

― Teoricamente, você está grávida por causa de Sophia.

Levantei os olhos e esfreguei minha barriga sentindo o bebê chutar levemente.

― O que? ― Indaguei como uma boba.

Ele suspirou e se sentou no chão sujo parecendo derrotado. Olhando para ele de verdade notei que ele estava desalinhado, o que não era feitio dele.

― Diz a lenda poeticamente, que Sophia Chan Young escondeu alguns itens para que apenas sua filha os encontrasse ― eu acenei para que ele continuasse ― mas não foi bem assim que aconteceu, você sabe tão bem quanto eu que ela não te considera sua filha. Ela enfeitiçou alguns itens para que só o sangue dela fosse capaz de encontrar. A chave, que você só deveria encontrar quando fosse a hora, te levaria até a gata.

― Você quer que eu acredite que a gata passou todos aqueles anos encarcerada no porão? Mesmo com um feitiço de imortalidade, isso é ridículo. E como ela saberia que eu deveria esconder a chave em Maryland? Esse absurdo não faz nenhum sentido ― provoquei.

― Essa sabia sobre a chave porque conhecia Abigail, a Seita e seu pai muito bem. E a gata não estava exatamente presa, ela só precisava estar lá no momento certo para avisar, como uma torre de luz incandescente, a hora de te buscarmos. Já o colar escondido na Zone 3... O colar te guiaria pelo seu destino ― suspirou novamente. ― Ou o destino que Sophia queria que fosse o seu ― ele passou a mão pelos olhos prateados que continham manchas escuras ao seu redor. Não conseguia imaginar um Alexy com insônia, mas naquele momento, parado ali na minha frente, ele pareceu menor do que realmente era e... cansado. ― Você se lembra de agir diferente enquanto o usava? Como se não estivesse tomando suas próprias decisões?

Pisquei me lembrando vagamente da sensação que ele descrevia. O sentimento de distância do que estava acontecendo, a impressão de que eu estava apenas assistindo e não realmente vivendo, a percepção de não ser eu mesma, a forma como eu perdi a paciência com Adam, o jeito como eu tinha atacado Nicholas, a rapidez com que eu voltei ao normal após tirá-lo... Tudo se encaixou e eu não gostei da imagem que se formou.

― Sim ― falei com um fio de voz.

Ele acenou e olhou nos meus olhos:

― Você já percebeu que tem dificuldade de interagir com o mundo? Em se impor? Em se fazer ouvir? ― Inquiriu puxando os cabelos prateados.

― Sempre ― declarei.

― Isso é porque você foi enfeitiçada, Luna. Assim que nasceu. Sophia não queria que você a incomodasse, que você chorasse, nem gritasse. Ela te enfeitiçou para que você fosse apática ― ele pausou como se para dar efeito dramático. Minha pele se arrepiou e meus olhos foram atraídos para o portador daquela notícia bizarra.

O encarei incrédula. Não podia ser. Ela não poderia ter interferido na minha vida desde o momento em que eu nasci. Isso era irreal demais. Ela não poderia me tirado até meu direito de reagir. Exceto que ela o fez. Havia construído um castelo-fortaleza impenetrável para se ver livre de mim. Restava saber se era um castelo feito de cartas que poderia ser derrubado pelo vento.

Alexy deve ter encarado meu silêncio como choque, pois após um segundo quieto, disse:

― Creio, que tenha havido momentos em que você sentiu uma raiva tão grande que fez algo sobre isso, mas no grande esquema das coisas, a raiva não durou muito tempo, não é? ― Perguntou.

E de fato não havia. Quando me impus para Abigail, no que parecia ter sido tanto tempo atrás, mudei de ideia assim que ela me ofereceu outra opção. Quando briguei com Mabel por atacar Max, a raiva logo se dissipou. Sem contar o fato de que, quando me separei dos meus amigos, das pessoas com quem eu havia convivido minha vida toda, a dor do afastamento forçado durou muito pouco. A dor pela traição de Julian, nunca existiu.

― Eu sei, ― começou ― que é muito para assimilar e eu sei que você provavelmente me odeia, mas Luna, eu não sou seu inimigo. Eu quero o seu bem e vou fazer de tudo para que você possa pelo menos tentar ser feliz ― levantou-se em um movimento ensaiado, parecendo ainda mais desconfortável que antes. ― E vou começar a provar isso não deixando que Sophia te faça mal. A médica virá para vê-la hoje e amanhã eu vou te levar para um pequeno passeio ― franziu as sobrancelhas ― não acho que seja saudável você ficar deitada o dia todo ― completou antes de sair e eu notar que não havia perguntado se existia uma maneira de desfazer o feitiço.

***

Juliet arrastou todo o seu equipamento sem ajuda e parecia extremamente triste.

― Se sente bem? ― Como sabia que ela se referia em relação ao bebê, acenei. ― E os ferimentos? Doem? ― Tinha um arranhão particularmente dolorido na minha bochecha esquerda, mas não queria dar o braço a torcer, então dei de ombros. ― Depois que dermos uma olhada no bebê, eu checo seus machucados, tudo bem?

Olhei para ela, que já espalhava aquele gel gelado na minha barriga inchada.

― Obrigada ― falei antes que pudesse evitar. Por qualquer que fosse o motivo, ordenada por Alexy ou não, ela havia sido gentil comigo. Ela acenou, mas não respondeu.

― Você quer ouvir as batidas do coração dela? ― Sorriu.

― Sim ― respondi sem pensar, aquilo era o que eu mais queria no mundo.

O som forte e rápido começou a sair da máquina e minha criança chutou com força como se reconhecesse as batidas do próprio coração, como se quisesse dizer que estava ali, comigo.

― Ela parece bem saudável. Anda se alimentando bem?

Eu quis rir da pergunta estúpida, mas não o fiz.

― Como tudo que me trazem.

― E água? Você não pode desidratar ― ordenou.

― Eu bebo tudo o que consigo, mas não me trazem muita água ― devolvi ainda me focando em olhar para minha filha na tela.

― Vou resolver isso. Você faz algum exercício?

― Al... O general ― Me corrijo rapidamente ― me levou para caminhar uma vez, mas fora isso, só andei quando ia checar o bebê.

Ela acenou.

― Não acho que consiga que você vá lá fora e passear aqui dentro é muito perigoso, então, eu te peço que caminhe ao redor do quarto, faça alguns alongamentos pela sua saúde e pela do bebê. Não fique tanto tempo deitada, isso vai prejudicar os seus pulmões e você pode acabar com pneumonia ― ela suspirou. ― Acho que serão apenas mais dois dias antes de trazermos esse bebê para o mundo ― declarou.

Fiquei chocada, ferida, quebrada, mas apenas engoli o bolo que se formava na minha garganta e respirei fundo para me impedir de chorar e parecer ainda mais fraca do que eu já parecia naquela situação.

― Só isso? ― Questionei com a voz instável, apesar dos meus esforços para mantê-la normal.

Ela apertou os lábios, mas não me olhou nos olhos.

― Seja forte, Luna. Vocês dois vão precisar disso.

Acenei, mas minha mente já estava longe dali.

Ela saiu, levando consigo o equipamento e eu fui deixada sozinha novamente.

Tomei banho para me livrar daquele gel incomodo e me vesti rapidamente com medo de que Alexy aparecesse.

Comecei a fazer o que Juliet havia me pedido, caminhando de um lado para o outro como uma maluca e esticando minhas articulações, quando acabei estava faminta e cansada. Sentei-me na cama por um segundo para tomar fôlego, pensei sobre como eu adoraria um copo d’água e como um passe de mágica a mesa no meio do quarto subitamente se encheu de comida, no entanto, o que realmente me chamou atenção foi uma enorme jarra de água gelada que eu bebi avidamente. Me questionei por um segundo como aquilo era possível. Não que alguém além de Alexy ― e agora Juliet ― houvessem entrado na minha cela antes, mas eu nunca havia pensado sobre quem colocava e tirava minha comida, nunca havia visto isso acontecendo, mas cercada de todos aqueles fatos bizarros que aconteciam seguidamente, logo aquilo deveria chamar minha atenção?


Notas Finais


Esse é o ultimo, as semana que vem sai o epilogo, vejo vocês lá


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