1. Spirit Fanfics >
  2. When We Collide >
  3. Capítulo Trinta e Cinco

História When We Collide - Capítulo Trinta e Cinco


Escrita por: ignitemylove

Notas do Autor


Narrado pelo Alexy. Boa leitura. Nos vemos nas notas finais.

Capítulo 36 - Capítulo Trinta e Cinco


Alexy estava muito ansioso.

Sua roupa, normalmente incólume, da qual ele se orgulhava tanto, estava amarrotada. Suas mãos se mexiam nervosamente e ele parecia preferir estar em qualquer outro lugar no mundo menos ali.

Sentei-me com dificuldade, subitamente preocupada.

― Você parece nervoso ― declarei quando consegui me firmar naquela nova posição.

― Pois eu estou ― devolveu puxando os cabelos e começando a mexer as mãos daquela maneira estranha de novo. Entregou-me um vestido dobrado cuidadosamente e sentou-se ao meu lado e notei que ele havia acabado de sentar-se na minha cama pela primeira vez.

― Você por acaso sabe o que causou toda essa guerra para qual foi arrastada? ― Perguntou me tirando do torpor, os olhos prateados ávidos em mim.

Percebi que essa pergunta nunca havia passado pela minha cabeça e me senti instantaneamente mais estúpida. Alexy tinha esse efeito sobre mim.

― Hmmm ― ressoei. ― Na verdade, não.

Ele suspirou e bagunçou os cabelos de novo. Se continuasse nesse ritmo, em breve ele não teria nenhum fio sobrando.

― Nós não temos tempo para toda a sua ingenuidade, mas sinto que você deve saber pelo que te fariam lutar e morrer ― declarou impactante da maneira ácida que já me era normal vinda dele.

Respirei fundo sabendo que de nenhuma maneira gostaria de uma história que começava daquele jeito.

Ele começou:

― Há muito tempo, muito antes dos Draacon existirem, havia dois irmãos. Eles eram completamente diferentes, como a luz e a escuridão ― olhou para mim. ― O Sol e a Lua ― pausou. ― Assim como os seus pais. O mais velho, era alto e forte, habilidoso e talentoso, o favorito do pai. Seu nome era Irrideccent. Já seu irmão era magricela, fraco, mas era muito, muito poderoso e era o preferido da mãe, seu nome era Crowned. Irrideccent não tinha poder, apenas um desejo insano de dominar a magia. E o fez. Matando seu irmão.

Minha boca se abriu e eu não fui capaz de esconder o horror estampado por todo o meu rosto.

― Eu não sei se quero continuar a ouvir essa história ― tentei, mas o platinado fingiu não me escutar e continuou.

― Crowned amava o irmão, nunca esperaria algo assim. Irrideccent achou que o poder estava no sangue e que se o matasse poderia tê-lo para si, ― esfregou os olhos. ― Mas não foi assim que aconteceu.

― Nunca é ― comentei suavemente.

Alexy me deu um olhar tranquilo antes de falar lentamente:

― Quando Irrideccent cortou a garganta do irmão, o sangue escorreu e cada ramificação criou um tipo diferente de vocês. Porém, antes de morrer, durante os espasmos finais, Crowned acertou acidentalmente seu assassino em um de seus poucos pontos fracos e esse também morreu.

Justo, pensei, uma vida por uma vida.

― Irrideccent estava certo, afinal. O poder estava no sangue, ele só não era ouro o suficiente para tê-lo. Dele escorreram apenas duas gotas e delas vieram as fadas, como eu, e os feiticeiros, como Sophia.

― Vejo a semelhança ― disse sem inflexão na voz. Seus olhos imediatamente endureceram. ― Mas como surgiram raças a partir de sangue derramado? Isso é apenas uma lenda, Alexy, fantasia.

― Você não compreende ― exasperou-se. ― Os criados pelo sangue dos dois não se suportavam, rivalidade natural vinda dos deuses, mas os próprios filhos de Irrideccent não sentiam lealdade uns pelos outros e quando lhes foi dada a chance, os feiticeiros escolheram o lado de Crown e grande parte se mantem nesse caminho até hoje ― ele sorriu daquela maneira diabólica a qual se assemelhava muito a um tubarão. ― Mas nós fadas, assim como nosso criador, somos inteligentes e eternos e sabemos reconhecer que lado vai vencer essa guerra e será o do nosso pai ― concluiu.

Florence era a pessoa mais doce que eu já conheci e uma ninfa. Ninfas são fadas da natureza, não são?

― Mas e os que não tem descendência Highter? ― Como Nicholas, pensei, mas não falei. ― E os Draacon? Viemos após todo essa gênesis bíblica, como acabamos no meio disso tudo? ― Desafiei.

Ele deu de ombros despreocupadamente:

― Todos têm alguma descendência, querida, pode estar perdida em sua linhagem, mas ainda está lá e sobre os Draacon, creio que tiveram mais sorte que o resto de nós em certos aspectos. Puderam escolher sem ser comandados por sangue ou divindade e é por isso que são tão fortes, mas não são invencíveis e você é a prova disso ― estremeci e ele sorriu feliz por ter me machucado. Praguejei internamente o fato da minha boca atrevida ter desaparecido. ― As sereias, como a sua amiga Alicia, são muito mais antigas que tudo isso também, mas não importa, não realmente. O ponto de tudo isso é o motivo. Eles ainda estão em guerra, lutando pela honra, jogando um eterno jogo de xadrez no qual as peças somos nós ― ele sorriu.

― Um jogo no qual a morte dos piões não importa ― sussurrei subitamente mais quebrada. Ele deu de ombros e seu discurso se inflamou novamente:

― A Seita que você tanto defende te deixaria morrer em um campo de batalha sem ao menos saber o porquê. Eu estou te oferecendo muito mais que isso. Estou te dando uma chance de sobreviver, de ter uma vida longa e feliz ao meu lado, de ficar do lado vencedor sem levantar um dedo e tudo o que você precisa fazer é dizer sim ― concluiu.

Levantei-me, o vestido, agora amarrotado, ainda em minhas mãos e caminhei até a pia. Molhei meu pescoço e meus olhos com a água fria. Tentei assimilar tudo aquilo e senti a presença pesada dele próxima a mim. Me virei e caminhei até ele não deixando meus olhos relancearem a nenhum lugar que não suas redomas prateadas.

Ele sorriu e um pouco da tensão pareceu deixar seu corpo. Ele acreditava que eu aceitaria. A bola, que o vestido havia se tornado em minhas mãos ansiosas, caiu e ele se abaixou para pegá-lo em reflexo, como o cavalheiro que dizia ser.

Então, eu tomei a chance e peguei a faca de manteiga em cima da mesa.

― Eu não faria isso se fosse você ― raciocinou ao se levantar com o vestido nos braços, bem devagar, como se não tivesse uma lâmina apontada para si. ― Uma faca apontada para mim é igual uma arma apontada para a sua cabeça ― declarou calmamente.

― Vocês não podem me matar, precisam de mim ― bradei convicta das minhas palavras.

Em troca, ele levantou as sobrancelhas com uma expressão de puro escárnio.

― Isso não significa que eu não possa te machucar, querida ― sorriu sádico.

― A mim sim, mas ao bebê não ― eu não precisava nem olhar para as minhas mãos para saber que elas estavam tremendo, mas eu não voltaria atrás.

― Eu só preciso te nocautear, querida e quando você acordar vai estar amarrada ― bufou contendo um riso falso. ― Além do mais, duvido que você tenha estomago para me matar ou até mesmo para me machucar e mesmo que consiga e daí? Qual é o resto do seu plano?

― Eu vou me libertar dessa gaiola! ― gritei.

― E como pretende sair daqui, canário? Vai pegar minha chave e ser presa pelos guardas no fim do corredor? Saiba que então Sophia consideraria que eu não sou capaz de te manter na baia e então te mataria.

Arfei sentindo parte da minha coragem se esvair. Ele tinha razão. Eu não tinha escapatória, estávamos em um labirinto no subsolo. Notei, que apesar da sua testa suar, ele continuava falando com a voz tranquila:

― Eu sou a única coisa que vai te manter viva depois do nascimento do bebê, porque eu te escolhi como moeda de troca. Entrei em toda essa empreitada com a garantia de que receberia você como pagamento final ― ele riu. ― Por essa você não esperava, não é, querida? Saber que eu possuo a sua vida deve ser um golpe duro para quem está tentando fazer algo significativo pela primeira vez ― completou. ― Desista, Luna. Apenas mais dois dias e você será minha esposa, quer você queira, quer não.

― Eu já sou casada ― grunhi frustrada.

Desta vez, ele riu abertamente.

― Aquele ato ridículo não pode sequer ser chamado de casamento, assim como você não pode chamar aquela criança de ‘marido’ ― sibilou.

E foi aquilo. Aquela informação que ruiu todo meu autocontrole. A saudade que eu senti de Nicholas durante todos aqueles dias me bateu com força e eu abaixei a guarda por tempo suficiente para que Alexy tomasse a faca das minhas mãos e jogasse o vestido no meu rosto.

― Toda essa cena ridícula nos fez perder um tempo que não podíamos desperdiçar e o foco do que é realmente importante ― afastou-se em direção as grades, frio como gelo ártico. ― Vista-se rápido. Nós estamos indo embora daqui.

― Embora? ― Indaguei ainda parada com o vestido nas mãos. ― Para onde?

Ele riu secamente enquanto abria a porta da cela.

― Você perdeu o direito a qualquer condescendência da minha parte quando apontou uma faca para mim ― discorreu parecendo minimamente magoado antes de seu tom se tornar cortante novamente conforme me trancava ali dentro.

― Esse vestido não vai caber em mim, Alexy ― choraminguei me sentindo cansada e desistente.

― Já disse para me chamar de General ― pronunciou com a voz mais grossa, tremendo de raiva. ― A saia é grande o suficiente para passar pelos quadris.

― Mas a saia fica nos quadris, a parte de cima é muito justa para caber a barriga ― discuti como uma criança.

― Isso não é problema meu ― garantiu se afastando das grades antes de me dar um último olhar raivoso. ― Eu volto em cinco minutos e é bom você estar pronta.

Sentei-me na cama frustrada, o vestido vermelho no colo e respirei fundo.

Acalme-se disse a voz em minha cabeça.

Certo, agora estou ouvindo vozes, pensei, finalmente enlouqueci.

Isso foi quando tudo aconteceu.

Houve um clarão e um estrondo, como um raio. Com a força daquilo eu voei de encontro a parede e rolei de lado.

Ouvi a voz de Alexy, ao longe, gritando ordens, ouvi a porta de ferro se abrindo com força suficiente para ranger. Ouvi o mundo todo morrendo e nascendo novamente enquanto meus olhos se tornavam embaçados.

― É isso aí, Cameron! Acaba com ele! ― Gritou uma voz feminina com uma cadência estranha. ― Nicholas, nós já acabamos por aqui, o portal vai aguentar apenas por mais um minuto. Está tudo bem por aí?

― Silêncio, Avery ― retrucou uma voz mal-humorada que parecia vir de muito perto.

A pessoa a quem a voz pertencia me pegou no colo e começou a andar.

Lutando contra a sonolência que parecia se apossar dos meus membros flácidos, em um último esforço desesperado, abri os olhos que pareciam tão pesados naquele momento e o que eu vi me fez suspirar de tristeza.

Alguém muito parecido com o meu Nicholas me segurava com a expressão ilegível. O rosto duro e o queixo retesado. Mas não poderia ser ele, pois o homem que eu amava e havia sido obrigada a abandonar, ainda era um garoto, quase uma criança e quem me levava ali era um homem.

Por favor, Crown, implorei, não me deixe ser levada para um novo inferno.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...