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História When we're together, it rains - Trancados


Escrita por: SaaEstrelinha

Notas do Autor


Então, se preparem psicologicamente e tentem ver o lado na Annabeth.

Capítulo 34 - Trancados


Voltei rápido para escola desejando que Lara tenha conseguido deixar o portão destrancado para mim.

Havia outra coisa que apressava além da vontade de voltar a escola: o medo que o ajudante de Luke pudesse estar atrás de mim. Eu, entretanto, não tinha coragem de olhar para trás.

Assim que cheguei na escola agradeci por Lara existir, o portão estava aberto.

O pátio da escola estava praticamente vazio, a única pessoa que estava lá era alguém que eu não queria encontrar de jeito algum: Percy Jackson.

Ele estava parado com a cabeça baixa falando ao telefone.

- É que assim... Eu não ligo. - ele ouviu alguma coisa por alguns segundos. - Não, eu não ligo mesmo... Você... Meses... Foram seis meses. Parece que ninguém se lembra disso... Sim,eu não ligo... O problema não é meu, o problema seria meu se fosse... Tá, olha eu não posso falar. Eu tô na escola... Sim. Sim, eu estudo... Não. Eu não vou ir atrás. Porque não é... Não é problema meu! Ah, quer saber? Tchau.

Ele desligou o telefone claramente irritado. Encarou para o céu suspirando e então olhou para frente. E eu estava na frente dele.

Foi muito constrangedor. Eu estava parada ouvindo a conversa dele.

Depois de uns segundos olhando para ele que nem uma idiota decidi continuar o meu caminho indo em direção a entrada da escola.

Não vi muito o que Percy estava mas ele murmurava algo como 'ai mas que droga' então suspirou alto e se virou para mim.

- O que você está fazendo?

- Entrando na escola. - respondi.

- Pela porta da frente?

- Sim.

- Depois de matar a primeira aula?

- Ahn... Sim.

Ele suspirou de novo.

- Será que você não aprendeu nada comigo? - murmurou enquanto caminhava em minha direção.

Percy pegou no meu pulso e me arrastou para a lateral da escola.

- O que você está fazendo? - perguntei quando paramos ao lado da janela de uma sala de aula, aparentemente vazia.

Percy me ignorou completamente. Apenas abriu a janela e pulou para dentro. Eu o observei dar as costas para janela e dar uns passos.

Assim que ele notou que eu não o seguia ele se virou irritado.

- Você não vem?

Suspirei, eu não tinha escolha. Apoiei as mãos no parapeito da janela e peguei um impulso então entrei.

Percy parecia estar entediado, como se estivesse fazendo algo que definitivamente não queria fazer.

- Espera aí enquanto eu abro a porta. - disse ele.

Na verdade não tive que esperar muito mas nesse meio tempo comecei a pensar. Se ele não queria me ajudar por quê estava fazendo isso? Para eu ter que ficar devendo algo para ele ou coisa assim? Por que ele estava tão irritado? Bem,a resposta dessa eu sabia mas ele não parecia se importar muito com o que eu disse para Lara. Essa indiferença toda está me incomodando.

- Pronto. - Percy abriu a porta e saímos para o corredor.

Nós saímos mas antes que eu pudesse entender Percy murmurou 'droga' e me puxou para o armário de vassouras ao lado da sala que tínhamos acabado de sair.

- O que foi? - perguntei irritada. Não estava gostando nada de se ser arrastada pra lá e pra cá.

- A coordenadora estava vindo na nossa direção.

- Eu não vi nada.

- É mas ela estava vindo.

Ouvimos então um 'click' do lado de fora.

- Não me diga que...- comecei a dizer enquanto Percy tentava abrir a porta.

- Estamos trancados. - anunciou ele.

Tentei abrir a porta por mais de Percy ter dito que estávamos trancados e é claro que não adiantou.

- Você não consegue abrir? - perguntei.

- Ahn... Não. Essa porta só abre por fora.

Bufei e peguei o celular.

- Aqui não tem sinal. - avisou Percy.

- Tá então o que a gente faz?

- A gente espera. Uma hora ou outra vão abrir a porta.

Me sentei em uma caixa fechada que tinha ali. Isso não estava nos meus planos. Nada disso sstava nos meus planos.

Percy ficou encostado na parede próxima a porta.

Eu, inconscientemente, já batia o pé. Eu não queria estar ali muito menos com ele, quer dizer, não depois do que tinha acontecido de manhã. Não eu estando com as coisas da Beth na mochila.

Sentia como se carregasse uma bomba, realmente carregava, mas me refiro a uma bomba metafórica.

- Pode parar de bater esse pé, por favor? - ele estava irritado.

Acabei de descobrir que irritação é contagiante. Percy estar irritado me deixou irritada.

- Por que você me ajudou? É claro que você não queria estar fazendo isso.

- Eu só ajudei você porque você ia ficar na detenção e ai o pessoal ia perceber que você não tava na aula de física. E iam te encher que perguntas e é óbvio que você não quer perguntas. Estou te fazendo um favor.

Ele não me conheceu muito.

- Como assim é óbvio que eu não quero perguntas?

Percy se fez de desentendido, bateu os dedos no queixo e olhou para cima.

- Hmm... Vamos ver, antes da aula você estava super tensa conversando com a Lara então saiu em disparada para o seu namorado não te ver, ai chega na segunda aula com a bolsa cheia e tremendo.- olhei para as minhas mãos e de fato estavam tremendo. - E aliás, por que você anda armada?

Percy podia ser um idiota quando queria e ele estava sendo um grande idiota agora.

- Talvez pelo mesmo motivo que você tem um taco de beisebol e uma espada no seu armário. - soltei sem pensar.

Depois disso tive vontade de dar um tapa na minha própria boca. Percy me encarou incrédulo.

- Você estava vasculhando as minhas coisas?

- Eu não estava vasculhando. Eu só estava no Aqua e seu armário estava aberto.

Percy riu ironicamente.

- Claro. A cada dia eu vejo que você é diferente do que eu achava.

Me levantei. Eu tinha cansado de todas essas mudanças de humor e tinha cansado de não falar nada.

- E você fica mais idiota a cada dia que passa. Sabe de uma coisa? Na verdade, acho que você é um idiota. Esse é o verdadeiro Percy Jackson, um cara frio e indiferente.

- Eu sou frio e indiferente? - ele estava muito irritado. - Por que será que eu estou assim, não é? Você conhece o motivo.

- Eu acho que eu não conheço não, não aparenta ser.

- Não aparenta ser. - ele repetiu. - É claro que você não percebe, o quanto me faz mal porque você está muito ocupada se escondendo em um relacionamento forçado.

- Forçado?! - eu estava pasma com o que ele tinha dito.

Meu sangue fervia.

- É forçado. Me diz uma coisa, Annabeth, você ama o seu namorado?

- Amo. - tentei falar com convicção mas com Percy me olhando nos olhos acabei gaguejando.

Percy deu uma risada.

- Você é uma covarde, Annabeth Chase. Se esconde em um relacionamento mais fácil porque tem medo. Você é muito diferente do que eu pensava mesmo.

- Eu sou covarde? Não sou eu que desisti do que eu quero facilmente.

- Não desisti facilmente mas não adianta.

- Se quisesse algo lutaria por ele. Você é um covarde. Tem medo do seu pai, tem medo de seguir o que realmente gosta, tem medo de ficar sozinho, tem medo de perder. - quando mais eu fala mais eu me aproximava. - E principalmente, tem medo dos seus sentimentos. Quem está fugindo agora?

O que Percy fez me surpreendeu, ele estava com tanta raiva mas tanta raiva que achei que ele fosse explodir mas ao invés disso ele passou a mão pela minha cintura e me puxou para mais perto e ele aproximou o rosto do meu. E meu cérebro congelou, minha respiração estava ofegante e eu estava hipnotizada pelos olhos verdes.

Nossos lábios estava a centímetros quando a porta do armário foi aberta. Isso foi o suficiente para me tirar do transe e me afastar de Percy com as pernas bambas.

Quem estava na porta era o zelador da escola que nos mandou sair dali.

- Sabe de uma coisa, Annabeth? Você disse que eu sou idiota mas agora você vai ver o que é ser idiota. - Percy então saiu caminhando pelo corredor.

Derrubou os livros do primeiro garoto que virou, tirou os óculos dele e colocou em cima de um armário.

Então Percy se virou para mim, fez uma reverência e falou sem mexer os lábios 'tudo para você'. O que me chamou a atenção mesmo foi seus olhos, estavam cheios de lágrimas. Observei Percy ir embora.

Eu não ia chorar agora. Trinquei o maxilar e respirei fundo.

Vi que o garoto que Percy tirou os óculos era o Bob, o mesmo garoto que ele havia ajudado no ano passado.

Ele estava ajoelhado no chão procurando seus livros.

Fui até o armário onde estava o óculos dele e depois de duas tentativas eu alcancei.

- Me desculpe, Bob, isso é culpa minha. - digo entregando-lhe os óculos.

Ele apenas suspirou e deu um sorriso fraco.

- Está tudo bem.

Ajudei a juntar tudo que Percy havia derrubado.

- Obrigada, Annabeth. Não precisava ter feito isso. Ahn... É, você mandou muito bem no show sábado.

- Obrigada.

- E, sabe a minha irmãzinha simplesmente adorou e ela quer ser cantora também. Ela ficou fascinada por você e disse que vocês duas são loiras e vai ser como você um dia... Onde eu quero chegar é: você podia dar um autógrafo para ela?

Pensei que tinha ouvido errado.

- Autógrafo?

- É... N-Não precisa se não quiser.

- Não. Não é isso. Eu só fiquei surpresa. Se ela vai ficar feliz, é claro que eu dou.

Ele sorriu e pegou um papel e uma caneta.

- O nome dela é Anna. Mais uma coisa para ela dizer que vocês são iguais.

Eu sorri. Apesar de tudo, momentos assim eu não deixaria de desfrutar por conta dos problemas.

Escrevi: 'para minha irmã gêmea, Anna. Com carinho Annabeth Chase.' Embaixo ainda escrevi 'demigods'.

Bob agradeceu e saiu falando no telefone com sua irmã.

Na minha vida, eu nunca achei que daria um autógrafo, as únicas assinaturas que eu pensava em fazer era em meus futuros projetos arquitetônicos. Mesmo assim, pensar em fazer uma criança feliz ou até mesmo inspira-lá era uma sensação incrível. Quase pude esquecer tudo que aconteceu e ficar feliz. Quase.

Eu tinha que ir para a aula de história agora. Essa era uma aula interesse porque eu tinha ela com o Leo, Percy, Marcus e Lara. Seria difícil. Eu simplesmente abandonei Leo no Olympus, tive uma conversa muito tensa com Lara, evitei Marcus o máximo que deu e Percy... não preciso nem dizer.

Ainda sim eu fui para a aula de cabeça erguida.

Marcus, assim como todo mundo, me encarou. É claro que algumas pessoas tinham visto nós saindo do armário de vassouras ou até ouvido a nossa discussão. Até mesmo Quíron parou de falar e me olhou.

- É... Desculpe o atraso, professor.

Pelo menos Quíron pareceu sair do transe que todo mundo estava.

- Pode se sentar, senhorita Chase.

Assenti e me sentei no fundo da sala, atrás de Lara. Imaginei que ela seria a pessoa que menos faria perguntas.

Tentei manter os olhos no professor e ignorar os inúmeros pares de olhos em mim, isso não era nada fácil. Lá pela metade da aula a porta é escancarada e Percy Jackson entra por ela.

- Você está atrasado. - indicou o professor.

- Eu não ligo. - Percy disse indo se sentar em seu lugar do outro lado da sala.

Não era tão óbvio mas eu percebi que ele havia bebido pelo leve tom enrolado em sua fala e como ele estava andando.

Arfei. Era minha culpa. De novo. Apenas baixei a cabeça e fechei os olhos por alguns segundos. O que estava acontecendo com Percy?

- Ele... Ele só está magoado. - Lara tentou me tranquilizar.

- Às vezes eu penso se ele não é assim de verdade.

- Não. É claro que não. O verdadeiro Percy Jackson é esse que vimos nesse último ano, esse Percy é apenas uma armadura que ele cria, é um jeito de disfarçar a dor.

Fechei os olhos de novo e uma lágrima escorreu que tratei logo de enxugar.

- É minha culpa. - falei.

- Ele vai ficar bem, é só uma questão de tempo. - Lara respirou fundo. - Tem certeza que não sente nada por...

- Tenho. Tenho certeza. Mas eu me importo com ele, ele era meu melhor amigo.

- Eu sei, eu só... Deixa para lá.

Eu não falei com ninguém até o almoço. Andar pelos corredores era horrível, todos olhavam e falavam. O pior de tudo era que Marcus não me dirigiu uma palavra. Andou ao meu lado até o refeitório mas não falou nada.

Quando chegamos ao refeitório, Marcus foi direto pegar seu almoço e depois sumiu. Eu não sentia fome então fui para a mesa.

Leo se sentou ao meu lado e passou o braço nos meus ombros.

- Você não vai comer?

- Não tô com fome.

- Você precisa comer, Annie. - interveio Hazel.

- Eu não estou com fome. - insisti.

- Não fica assim, tá? - disse Leo.

Eu amava meus amigos mas eles me tratando assim só me fazia sentir mais vontade de chorar.

Jason se sentou do meu outro lado e colocou uma bandeja na minha frente.

- Come só um pouquinho. - disse ele.

Enquanto ele falava, Nico passou por trás da gente, deu um beijo no topo da minha cabeça e se sentou ao lado de Hazel.

Decidi que era melhor eu comer ou senão eles iam tentar mais maneiras de me persuadir.

Até a Drew me olhava de um jeito estranho.

- Gente, eu tô bem, é sério. Não é a primeira briga e provavelmente não vai ser a única. Essa só foi mais... pesada.

- O que ele te falou? - Piper perguntou.

Apenas balancei a cabeça. Não queria mesmo falar sobre isso.

- Mas foi sobre o que? - Thalia pergunta.

- Podemos falar de outra coisa, por favor?

- Tá bom. Olha só Annie, você sabia que minha vó vai me levar para conhecer a China? Bem legal, não é? Ver uns pandas e toda a arquitetura.- Frank disse animado.

Ver uns pandas... Não. Não podia ser ele.

- Frank, para que você quer ver um panda, você já é quase um. - brincou Leo.

Aquela conversa não estava me acalmando. Me levantei e fui para o pátio apesar de ventar muito.

Marcus estava lá, sentando sozinho. Os cotovelos apoiados nas pernas e ele olhava para baixo pensativo.

É. Parabéns Annabeth, você vai bater o recorde de maior número de pessoas que você faz sofrer.

Marcus levantou a cabeça e seus olhos encontraram os meus. Caminhei até ele e me sentei ao seu lado.

Eu não fazia ideia do que falar. Metade do que eu queria dizer eu não podia falar.

- Não aconteceu o que você acha que aconteceu.

Ele não falou nada, apenas ficou olhando para frente.

- A gente devia terminar. - Marcus disse depois de um tempo.

Meu coração parou e o desespero me invadiu. Eu precisava dele, era meu ponto seguro. Eu não podia muito menos queria ficar sozinha.

- Não! Não faz isso, não agora.

- Annabeth, você gosta dele, eu ouvi a discussão, estava na sala da frente. Ouvi cada palavra. - ele ainda não me olhava, mas eu supunha que ele tinha lágrimas nos olhos pela sua voz embargada.

- Eu não sinto mais nada por ele. Eu quero ficar com você.

- Não, você não quer. Só quer um motivo para não estar com ele, um motivo para não correr atrás dele, e sinceramente você devia fazer isso.

- Você não quer mais ficar comigo?

- Essa não é a questão. - antes que eu pudesse dizer algo o sinal bate. - Vou deixar você pensar.

Ele se levanta me deixando ali.

Enterrei meu rosto em minhas mãos. Tudo estava dando errado. Em um dia tudo havia piorado cada vez mais.

Fiquei totalmente distraída a aula toda. Não falei nada a mais que o necessário. Eu pensava em tanta coisa junta.

Quando cheguei o Studio fui guardar as coisas que eu tinha pego no Aqua o único lugar que consegui pensar. Atrás do palco tinha uma madeira solta, guardei tudo lá e sai rapidamente.

Quando eu estava voltando esbarrei com Frank.

- O que estava fazendo?

- Olhando... Eu tenho que ir.

Frank me causava arrepios agora, algo que nunca achei que ele fosse capaz de me fazer sentir isso.

Entrei na sala de Amy rapidamente e ela se assustou ao me ver. Eu teria aula de dança agora mas não estava com a mínima disposição para isso. Eu só achei que a sala estaria vazia.

- Annabeth, você está bem?

Eu já tinha ouvido tantas vezes essa pergunta hoje. Eu já não aguentava mais.

- É... Eu só... - senti minha garganta se fechar. - Bem, eu...

Eu não aguentei. Depois de segurar tanto tempo, eu não consegui. E foi ali que eu desabei.



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