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História Where Do Broken Hearts Go - Better Left Unsaid


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: Melhor não dizer.
OIOIOI MANAS!!! Hoje é meu aniversário e eu to falando isso pra todo mundo, lidem com isso.
Até o próximo.

Espero que gostem.

Capítulo 13 - Better Left Unsaid


Mutano nunca pensou que agradeceria pelos chapéus que ganhou de Estelar no Natal de 2013. Na época, ele não viu propósito para os acessórios e enfiou-os de qualquer jeito no fundo de seu guarda-roupa, deixando que eles se misturassem com uniformes velhos e roupas que ele não costumava usar. Agora, ele estava fitando cada um dos chapéus, analisando-os como opções de escolha separadas, tentando decidir qual ficaria melhor em sua cabeça e que esconderia o cabelo tingido de azul.

Olhou para Beatles e arqueou uma sobrancelha, apontando para os chapéus em cima de sua cama. O cachorro tombou a cabeça para o lado esquerdo e latiu alto, continuando deitado no canto do quarto, onde brincava com uma bolinha de borracha que fazia barulho toda vez que era esmagada por suas patas.

- Você acha que esse é o melhor? – Mutano perguntou, apontando para o boné preto com o símbolo dos Lakers de Jump City. Beatles latiu e sua língua ficou para fora da boca, encostando de leve na bolinha cor-de-rosa. – Eu também acho, cara. É o meu time de basquete favorito e não é tão chamativo quanto os que a Kori me deu naquele Natal. – deu de ombros, apontando para um chapéu que tinha antenas com estrelas na ponta.

O metamorfo andou até o espelho e colocou o boné, ajeitando-o de um jeito que até o cabelo que caía em sua testa ficasse escondido. Encarou seu reflexo e suspirou, ciente de que faria piadas se fosse outra pessoa em seu lugar, mas, desta vez, não tinha vontade de rir. A combinação de azul e verde não o agradava e ele ficava com raiva sempre que pensava nisso.

Respirou fundo e guardou os outros chapéus no guarda-roupa, fechando a porta com força. Deitou-se na cama e deixou sua mente vagar para os acontecimentos da noite anterior, quando ele teve certeza de que sentiu o cheiro do perfume de Ravena. Ele sabia que não existia pessoa no mundo com o mesmo cheiro de chá, maracujá, jasmim e incenso que ela. Era um cheiro único e pertencia exclusivamente à ela, tornando-se a combinação de aromas mais perfeita e inesquecível que ele já conheceu.

Como sempre, pensar em Ravena trouxe reações diretas ao seu corpo e um longo arrepio percorreu sua espinha, fazendo-o estremecer de leve. Passou as mãos pelos braços, tentando fazer com que o arrepio passasse, mas não adiantou muita coisa. Estava, tecnicamente, mais próximo de Ravena desde o jantar na pizzaria que Cyborg planejou. É claro que não voltaram a ser melhores amigos e também não compartilhavam segredos um com o outro, mas tinham deixado de discutir com frequência, o que fez com que suas brigas se tornassem superficiais e indiferentes, sendo que um dos dois sempre desistia de discutir por falta de paciência.

Além de tudo isso, ele não conseguia deixar de pensar em como ela o ajudou na festa de 16 anos de Lana, e não sabia como agradecer verdadeiramente. Sim, ele precisava de um agradecimento razoavelmente bom, já que Ravena apagou a memória de várias garotas apenas para salvá-lo de uma confusão que não traria coisas boas para sua imagem, como sempre.

Mutano riu baixinho e colocou a língua para fora quando se lembrou do momento em que Ravena vomitou em seus pés, torcendo o nariz como se estivesse sentindo o cheiro azedo do vômito. O nojo a parte, ele ficou muito preocupado ao vê-la naquele estado porque Ravena não ficava doente – ela sempre dava um jeito de se curar antes que os outros Titãs percebessem que alguma coisa estava errada, mas não o fez no dia da festa, e ele não sabia o que pensar. Era uma situação preocupante? Ela precisava de ajuda? Precisava da sua ajuda?

Pegou a almofada em forma de bola de basquete que estava em cima de sua cama e a jogou para o alto, esvaziando a mente. Fechou os olhos e concentrou-se no silêncio do quarto e tentou não pensar em Ravena por um tempo, só para variar. Ficou quieto por longos minutos, sentindo sua cabeça esquentar e suar por causa do boné, mas resolveu não ficar irritado com isso. Quando foi dormir na noite anterior pensou na pegadinha em que tinha caído e chegou à conclusão de que não tinha como ter sido armada por Cyborg, ele nunca pensaria em tinta de cabelo e cola.

Então, se Cyborg estava automaticamente fora da lista de suspeitos, e Asa Noturna também sofreu as consequências de uma brincadeira de mau gosto, só restavam duas pessoas para culpar e ele tinha certeza de que elas estavam diretamente envolvidas. O cheiro de Ravena não era a única prova que ele tinha. Não. Olhou para o criado-mudo onde havia colocado o pequeno brinco de ouro que encontrou debaixo da cama durante a noite e abriu um sorriso maldoso, percebendo que sua suspeita estava mais que confirmada.

Por sorte, no exato momento em que começou a pensar em um jeito de arrancar a verdade de Ravena e Estelar, suas orelhas se contraíram e um forte perfume atingiu seu nariz. O mesmo perfume que estava em seu quarto. O perfume dela.

Ele correu para fora do quarto e abriu a porta bem a tempo de ver Ravena passando por ela, completamente concentrada no livro grosso que estava lendo. Seu nariz estava tão perto das páginas que Mutano pensou que ela fosse tropeçar nos próprios pés por falta de atenção.

- Oi, coração. – puxou-a para dentro do quarto e deu um beijo estalado em sua bochecha, fechando a porta logo em seguida. – Faz tanto tempo que você não entra aqui, não é?

Ravena franziu o cenho e balançou a cabeça, fechando o livro e voltando para a realidade. Olhou desconfiada para Mutano, vendo-o arquear uma sobrancelha, e mordeu a língua para não começar uma série de xingamentos que desencadeariam uma briga.

- Não entro aqui desde o ano passado.

- Pois é! Por isso resolvi te trazer aqui, ou melhor, te puxar até aqui. – a levou para perto da cama, segurando-se para não rir de sua expressão confusa. – Tenho algumas coisas para te mostrar. Pode sentar na cama.

- Que coisas?

- Respire fundo, Rae.

- O quê?

- Vamos, respire fundo!

- Eu não estou entendendo nada!

- Bom, você está sentindo esse perfume? – ele perguntou e ela negou com a cabeça. – Esse cheiro está aqui desde ontem à noite, mas enfraqueceu um pouco com o passar das horas.

- Eu não estou sentindo cheiro nenhum.

- Ah, o seu olfato não é tão aguçado quanto o meu.

- E nem a minha loucura.

- É o seu cheiro, coração. O seu perfume misturado com o cheiro do chá que você toma, do incenso que acende no seu quarto e do seu shampoo de maracujá. Delicioso, não?

- Não tem cheiro nenhum aqui, Garfield!

- Tudo bem, tudo bem – Mutano levantou as mãos, indo até o criado-mudo e pegando o pequeno brinco. – E o que você me diz disso? – abriu a mão, mostrando o brinco.

Ravena arregalou os olhos e levou as mãos involuntariamente às orelhas, percebendo que estava faltando um brinco em sua orelha direita. Sentiu a cor escorrendo de seu rosto e empalideceu na frente de Mutano, obrigando seu cérebro a trabalhar mais rápido para inventar uma desculpa.

- Onde você achou?

- Debaixo da minha cama. – Mutano sorriu, satisfeito. – O que é estranho, já que você não vem aqui desde o ano passado. Se eu não me engano você estava usando um brinco idêntico à esse na festa da Lana. Eu vi quando te trouxe para a enfermaria. – deu de ombros. – A pegadinha de ontem foi ótima, mas cheia de falhas. Se quiser me pegar sem ser descoberta depois vai precisar melhorar muito.

- É – Ravena pegou o brinco e o colocou na orelha. Pensou nas chances que tinha de convencê-lo de que não estava envolvida na pegadinha e concluiu que eram nulas. Faria papel de boba se tentasse inventar uma mentira. – Parece que você me pegou.

- A festa do pijama foi só uma desculpa, certo?

- Nós realmente tivemos uma festa do pijama – mostrou as unhas pintadas de preto. – Mas ficamos com vontade de fazer algo diferente... – acenou a mão esquerda e usou sua magia para jogar no chão o boné que ele usava. – À propósito, ótimo cabelo.

- Ei! – ele exclamou, colocando o boné outra vez.

- Garfield Logan com vergonha? Eu não estava esperando por isso.

Mutano semicerrou os olhos e a encarou intensamente, deixando que um sorriso torto brincasse em seus lábios. Ravena arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, retribuindo o olhar com a mesma intensidade, enquanto sentia Bravura comemorando dentro de sua mente.

- Eu não tenho vergonha de nada – ele se aproximou dela, fazendo com que desse alguns passos para trás. – Só que ainda não entendi o motivo de você ter feito isso. Por que você e a Kori fizeram isso comigo e o Dick, mas não fizeram com o Vic?

- Você não se considera o “rei” das pegadinhas?

- Sim, mas...

- Essa é a sua resposta. Você já colou chiclete no meu uniforme e jogou óleo de carro no rosto da Kori... Só devolvemos as brincadeiras que você tem feito ao longo dos anos.

- Isso não me convenceu.

- E qual é a sua teoria?

- É óbvio, coração. A cola no gel de cabelo do Dick foi como uma vingança pessoal da Kori por todas as burradas que ele fez esse ano. – Mutano chegou mais perto de Ravena, encurralando-a na parede. – Agora o seu motivo eu quero ouvir de você.

- Você acha que eu quis me vingar? – ela arqueou uma sobrancelha, ignorando o fato de que ele colocou um braço de cada lado de sua cabeça, apenas para não deixá-la fugir. – Se eu quisesse me vingar de você, teria te mandado para uma dimensão infernal e não colocado tinta no seu shampoo. – jogou o boné longe outra vez.

Mutano abriu um sorriso sacana e travou os olhos nos dela, reparando no brilho que eles tinham.

- Você gostou do meu cabelo?

- O azul tá contrastando com a sua pele.

- Eu também acho – juntou suas testas. – Mas tenho a impressão de que esse tom de azul combina mais com você.

- O quê?

Ele não respondeu e Ravena ficou parada, esperando por uma resposta. Ela não viu quando ele transformou seu braço esquerdo no tentáculo de um polvo e pegou o vidro de shampoo que estava no canto do quarto. Só se deu conta do que estava acontecendo quando sentiu o líquido grosso escorrendo por sua cabeça, caindo em seu rosto e molhando sua blusa preta.

Mutano aproveitou o choque em que ela se encontrava e esfregou o shampoo por todo o seu cabelo, como se estivesse o lavando.

- Para! – ela tentou empurrá-lo, mas um pouco de shampoo caiu em seus olhos, obrigando-a a fechá-los.

- Uh, agora estamos quites, coração. – ele parou de esfregar, deixando os fios melados com a mistura de shampoo e tinta. – Você está linda com essa espuma na cabeça.

Ravena usou a blusa para limpar os olhos e lançou um olhar indignado a Mutano, que riu tranquilamente.

- As pessoas vão pensar que fizemos isso juntos! – falou, passando as mãos na cabeça para tentar tirar o shampoo. Infelizmente, quanto mais ela passava, mais a tinta se espalhava pelos fios.

- Que pensem! Isso não é problema meu. – ele passou a mão suja no rosto dela, manchando-o de azul. Esperou que ela respondesse alguma coisa e sentiu uma coisa estranha no estômago ao ver sua expressão passar de indignada para raivosa em questão de segundos. Engoliu em seco e deu alguns passos para trás, afastando-se aos poucos.

- Eu vou acabar com você!

Ele soltou um grunhido assustado quando ela pulou em seus ombros, tentando derrubá-lo no chão. Deu seu máximo para se manter equilibrado e fugir das investidas dos socos de Ravena.

- Qual é o seu problema? – Ravena o empurrou com força.

- Foi você quem começou!

- Você não tinha que passar no meu cabelo! – socou o peito dele antes de empurrá-lo com mais força.

- Nem você no meu! – Mutano tentou segurar as mãos dela, desequilibrando quando suas pernas bateram na cama. Ele caiu de costas no colchão e puxou os pulsos de Ravena, levando-a com ele. – Se você não aguenta a brincadeira nem devia pensar nela.

- IDIOTA! ISSO VAI DEMORAR A SAIR DO MEU CABELO!

- A CULPA É SUA! QUEM MANDOU USAR UMA TINTA QUE DURA POR DUAS SEMANAS? A KORI USOU ISSO NA SILKIE!

Ravena balançou a cabeça violentamente, respingando tinta no rosto de Mutano e no lençol branco. Ele fechou o olho direito quando uma gota o acertou e mordeu o lábio, sentindo o olho arder.

- Ravena! Para com isso!

- Idiota! Irresponsável! Infantil! – ela continuou dando socos e Mutano segurou seus punhos com força, fazendo-a parar. – Eu quero distância de você! Você não tinha que ter feito isso! Não tinha que ter jogad...

Ela deixou a frase morrer no ar e congelou ao sentir os lábios de Mutano nos seus. Arregalou os olhos quando ele levou a mão à sua nuca, puxando para mais perto. Os palavrões evaporaram de sua mente e ela não teve forças para fazer outra coisa que não fosse fechar os olhos e retribuir o beijo. Abriu um pouco a boca e os dedos de seus pés formigaram quando suas línguas se tocaram. Deitou-se um pouco sobre ele, sem se preocupar com o cabelo que estava sujando suas peles e o lençol.

Ele embrenhou os dedos nos fios embaraçados do cabelo de Ravena e levantou o pescoço para ficar mais perto dela. Sorriu contra sua boca e levou a mão livre até sua cintura, apertando-a de leve. Sentiu um forte gosto de chá de erva-doce e desejou provar mais do sabor, mesmo que o repudiasse normalmente. Se não se conhecesse diria que suas mãos estavam suando e, que depois de tanto tempo sem beijá-la, sentia como se fosse a primeira vez em que trocaram um beijo real.

Ravena tombou para o lado esquerdo e caiu no colchão, fazendo com que o corpo de Mutano ficasse em cima do seu. A troca de posição fez com que eles parassem de se beijar, e ambos se olharam nos olhos, sentindo coisas diferentes.

Na verdade, Mutano sentiu. Seu coração acelerou e ele teve a certeza de que suas mãos estavam suadas. Passou os dedos pelo rosto de Ravena e sorriu, deixando que seus olhos dançassem entre seus lábios e olhos ametistas, que prestavam atenção em tudo que estava acontecendo.

Em contrapartida, ela ficou parada, com o formigamento nos dedos do pé, mas nada mais que isso. Nada de mãos suando ou coração acelerado. Ele a beijou e ela retribuiu, mas isso não lhe causou nada além de cócegas, literalmente. Contudo, estava óbvio que esse resultado só aconteceu porque Afeição estava presa, caso contrário, Ravena sabia que teria se entregado ao beijo e que, talvez, alguns sentimentos voltariam à tona.

- Você quer distância de mim? – Mutano perguntou, ofegante. Ravena ficou em silêncio, olhando para os lábios dele que estavam vermelhos. – Parece que não perdemos o jeito, coração. – brincou com sua orelha direita.

Ela respirou fundo e o empurrou para o lado, voltando seu olhar para o teto. Mutano se ajeitou no colchão e fitou o perfil dela, jurando que ela estava mordendo o interior de sua bochecha.

- Eu vou pro meu quarto. – ela murmurou, levantando-se da cama.

- Ei! – ele apoiou o peso do corpo nos cotovelos. – Você não precisa ir embora.

- Obrigada por devolver o brinco e... – pela segunda vez no dia, ela parou de falar no meio da frase. Entretanto, o motivo foi completamente diferente dessa vez. Ela apertou os olhos e encarou a pilha de roupas que estava em cima de uma cadeira no canto do quarto, prestando atenção na peça que estava por cima. – Aquele moletom é meu? – foi até a cadeira e pegou o moletom preto com estampa do pôster do Episódio IV de Star Wars.

- É – Mutano coçou a parte de trás da cabeça, corando um pouco. – Você esqueceu em Seattle e eu trouxe para te devolver, mas também me esqueci. – guardou para si o fato de que cheirava o moletom sempre que se sentia sozinho, com medo de Ravena pensar que ele era um maníaco ou algo do tipo. – Acho que vou devolver agora.

- Pensei que tivesse perdido.

- Não perdeu. Ele é todo seu outra vez.

- Pode ficar. – Ravena soltou o moletom na cadeira, irritada com o pensamento de que ele poderia ter estado perto de Jillian, Mento e Rita.

- Por quê?

- Eu não quero. Pensei que tivesse perdido e vou continuar acreditando nisso.

- Mas é o seu moletom favorito.

- Pode ficar.

Mutano revirou os olhos e jogou a almofada em forma de bola de basquete no rosto dela, assustando-a.

- Por que você fez isso? – ela perguntou com a voz monótona.

- Você mereceu. – ele bufou, apontando para o lençol manchado de azul. – Mais um lençol meu que vai pro lixo... Estou ficando sem opção.

- O quê?

- Ahn... Nada.

Ravena piscou algumas vezes e ficou parada, olhando para ele. Ainda estava em estado de choque por causa do beijo e até um pouco incomodada por não ter sentido as emoções que costumava sentir. Começou a ponderar a possibilidade de soltar Afeição, mas foi distraída por Mutano, que pigarreou alto.

- Se você não lavar o seu cabelo agora a tinta vai demorar mais tempo pra sair.

- Você tem razão.

- Eu sei. – ele sorriu e ela andou até a porta. – Isso foi legal, Rae. E eu não me importo de ter o meu lençol sujo mais vezes...  Você é bem-vinda.

Ela não conseguiu formular uma resposta, divertindo Mutano com isso. Ele juntou a roupa de cama suja e deu as costas para ela, que saiu do quarto dele rapidamente e entrou no seu, escorregando até o chão com as costas coladas na porta de aço. Suspirou e ficou com o olhar perdido no cômodo escuro, sentindo-se a pessoa mais impotente do mundo.

Dois andares acima, Estelar andava de um lado para o outro em frente à porta de Asa Noturna, tentando decidir se batia ou saía voando o mais rápido possível. Suas mãos estavam suando e ela sentia um frio na barriga que a não podia ser considerado como uma sensação boa. Respirou fundo e soltou o ar pela boca, tomando coragem para bater na porta de aço.

- Amigo Dick? – chamou baixinho. – Posso entrar?

- Pode. – Asa Noturna falou com a voz abafada pela porta.

A porta abriu e Estelar entrou no quarto de Asa Noturna, e o viu em pé em frente ao espelho, tentando soltar as mãos do cabelo. Seu rosto estava vermelho e era óbvio que ele estava com muita raiva, uma vez que ele rosnava a cada tentativa falha de livrar suas mãos da cola.

- Oi.

- Oi – ele bufou. – Que droga!

- Você quer ajuda? – Estelar abriu uma das gavetas da cômoda do quarto e pegou uma tesoura, aproximando-se de Asa Noturna.

- Não corta o meu cabelo!

- Eu não vou cortar, só vou descolar as suas mãos.

- Eu já tentei fazer isso com água quente, gelo e até puxei com força, mas nada funciona! Que tipo de cola é essa? – perguntou, bravo. – Dormi com as mãos na cabeça e estou com dor no pescoço. Não posso trabalhar porque estou preso!

- P-Pois é. – ela gaguejou, sentindo-se arrependida por ter feito aquela brincadeira.

- Argh! Não acredito que caí nessa brincadeira! Eu senti um cheiro esquisito no gel, mas não pensei que... Esquece.

- Não pensou o quê?

- Não pensei que tivessem trocado o conteúdo.

Estelar ficou em silêncio e cortou a menor quantidade de cabelo que conseguiu, soltando a mão esquerda de Asa Noturna. Ele mexeu os dedos e sentiu um formigamento rápido, livrando-se um pouco da câimbra.

- O amigo Victor foi comprar um creme para soltar o seu cabelo.

- Eu sei. Ele me disse que estava indo, só espero que não pare no meio do caminho para encontrar a Eveline. – Asa Noturna disse. – Parece que tem cimento no meu cabelo de tão duro que está.

- O amigo Vic está fazendo o namoro real com a quase amiga Eveline?

- Não. Quero dizer, sei lá! Eu não estou ligando para isso agora.

- Você não acha que está exagerando um pouco? Daqui a pouco o seu cabelo vai voltar ao normal... Pense no amigo Gar que vai ficar com o cabelo azul por duas semanas.

- O problema não é o cabelo, Kori. Eu sei que quando eu lavar e passar o creme ele vai voltar ao normal, mas o que está me incomodando é saber que alguém entrou aqui sem a minha permissão, e não foi o Vic ou o Gar.

- Como você sabe que não foram eles? – ela prendeu a respiração.

- Eu olhei nas câmeras.

- Ah. – engoliu em seco, desprendendo sua a mão direita. – Prontinho.

- Obrigado – ele esfregou as mãos. – Agora estou sentindo os meus braços.

- Não me agradeça. – Estelar encolheu os ombros e olhou para o chão.

- O que foi?

- Eu sei quem fez isso com você.

- É mesmo? Quem?

- Fui eu.

Asa Noturna arqueou uma sobrancelha e deixou que a sombra de um sorriso brincasse em seu rosto, enquanto olhava para Estelar. Ela abaixou a cabeça e corou furiosamente, evitando qualquer tipo de contato visual com ele.

- Você? Como assim? Você não estava no seu quarto com a Ravena?

- Me desculpe, amigo Dick. – ela disse com voz de choro. – Eu estou muito arrependida. Não pensei que as suas mãos ficariam presas.

- Você está arrependida? – ele sufocou uma risada, vendo que ela estava muito triste.

- Muito. – confessou. – Você está bravo comigo? Não quer mais ser meu amigo?

- Você fez algo muito sério, Kori. – Asa Noturna cruzou os braços, e Estelar piscou várias vezes para disfarçar os olhos marejados. – Eu não sei o que pensar. – mentiu. – Confiei a senha do meu quarto a você, e você a usou desnecessariamente.

- Foi só uma brincadeira. – Estelar fechou os olhos com força para não chorar. – Eu sinto muito mesmo.

- Eu estou muito decepcionado com você.

- Tudo bem, já entendi... – começou a sair do quarto.

- Espera!

Estelar parou de andar e se virou para Asa Noturna, arqueando uma sobrancelha ao ver com a boca tampada. Ele mexeu os ombros e soltou uma risada nasalada, fazendo com que ela fechasse as mãos com força.

- O que foi? Qual é a graça?

- O que você fez foi horrível e os meus braços estão doendo, mas... – ele foi até ela. – Pelo menos você está aqui. – fez cócegas em sua barriga, rindo ao ver uma expressão confusa em seu rosto.

- Você não está zangado?

- Pode apostar que eu estou. Você e a Ravena irão ganhar uma semana de treino extra, mas estou feliz por você estar aqui.

- Espera – ela o abraçou com força. – Como você sabe que a Ravena participou? Você já sabia que nós...

- Eu vi nas câmeras. – deu de ombros. – E não quero nem pensar no que vocês viram enquanto estavam aqui no meu quarto.

- Nada de ruim, eu juro. E o seu cabelo ficou muito legal desse jeito... Em vez de dar um soco agora você pode dar uma cabeçada.

- Você não existe, sabia?

- Mas eu estou aqui – Estelar franziu o cenho, colocando as mãos de Asa Noturna em seu rosto. – Viu? Eu existo.

- Eu adoro você por existir. – Asa Noturna beijou sua bochecha. – Pode me ajudar com o creme quando o Cyb chegar?

- Claro! Enquanto isso posso tentar fazer um penteado no seu cabelo?

- Não mesmo.

Ela riu baixinho e se sentou na cama, repousando as mãos no colo e encarando-as.

- Nós estragamos a sua noite, não foi?

- Seria uma noite como todas as outras, Kori.

- Bom... Você tem planos para hoje à noite?

- Não... Por quê?

- O que acha de assistirmos a um filme como fazíamos antigamente?

- Eu vou adorar, mas você não vai sair com o seu... Namorado?

- Ele viajou hoje de manhã para uma reunião.

- Ah, tudo bem então – ele sorriu. – Pode me ajudar a tirar a máscara? Meus dedos ainda estão um pouco grudentos e não quero que fiquem presos nela.

- Claro – Estelar foi até ele e tirou a máscara devagar.

- Obrigado. – Asa Noturna abriu os olhos, mostrando sua maravilhosa cor azul. Estelar sorriu e sentiu um frio bom na barriga, sustentando o olhar dele.

- Eu adoro ver os seus olhos.

- Por quê?

- São lindos, e esse tom de azul me faz lembrar de Tamaran.

- Isso é bom? Te traz boas memórias?

- Sim, porque me faz perceber que eu também estou em casa quando estou aqui.

- Que bom – ele beijou sua testa. – Eu espero sempre poder ser a sua família, Kori.

- E eu a sua, amigo Dick. – ela sorriu, fechando os olhos e encontrando um pouco de paz por ter confessado sua culpa na pegadinha. Algumas coisas eram melhores quando não eram faladas, mas aquele não era o caso. Estava muito feliz por ter contado a verdade e mais ainda por estar tão perto de Asa Noturna.


Notas Finais


Chora nããããããão coleguinha!!!!!
Comentem :)


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