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História Where You Belong - That's because I'm jealous


Escrita por: sonnyssi

Notas do Autor


E lá vou eu com sugamon de novo. Não sei, mas estou com meio milhão de plots com esse couple na cabeça, hm. Espero que você goste e que não tenham muitos erros...

Capítulo 1 - That's because I'm jealous


Suga. Seu nome e todas aquelas piadinhas sobre "sugar". Piadas das quais eu também era adepto, principalmente pelo tom tão claro de sua pele. Na verdade, gostava mesmo era de sua reação, do torcer dos lábios rosados e rolar dos olhos pequenos. Ele era incrivelmente fofo. E ainda há quem diga que ele é frio... Coisas que leio muito na internet, também coisas sobre ele dificilmente se importar com as coisas e preferir dormir. São grandes mentiras, essas suposições. Menos a parte dele gostar de dormir, certo. Ele é tão doce quando açúcar, realmente. Já prestou atenção naquele sorriso de dentes pequenos? Não posso dizer que é a coisa mais linda que já vi na vida porque não sei se consigo ser assim tão cafona. Mas é realmente encantador e me faz pensar que eu sou capaz de fazer qualquer coisa que seja necessária para que ele nunca o perca.

-- Namjoon? -- A voz de Yoongi ecoou pela cozinha, me despertando do meu transe. Pisquei algumas vezes para voltar a realidade, só então percebi que estive o encarando por tempo demais enquanto ele estava distraído com alguma coisa em seu celular, rindo de algo que haviam enviado.

-- O quê? -- Perguntei, correndo os dedos pelos cabelos.

-- No que você estava pensando?

Yoongi sempre me pegava preso naqueles meus transes quase sempre incrivelmente aleatórios. E sempre queria saber o que eu estava pensando. Dificilmente eu poderia dizê-lo a verdade sobre as coisas que passavam por minha mente, por isso seguia em uma mentira segura, que ele nunca contestava:

-- Música. Tive uma ideia nova. -- Respondi enquanto voltava minha atenção para o pote de biscoitos sobre o armário. Eram recheados, Jungkook e Taehyung que comiam mais, contudo precisava me ocupar com algo só para não parecer que o segui até ali sem nenhum propósito. Ele não gostava daquilo, de ficar dando na cara dos outros sobre nós.

Era um segredo, os beijos que vínhamos trocando as escondidas durante a madrugada, quando os outros dormiam. Sequer podia me lembrar de quando exatamente havia começado a reparar nele com outros olhos além de um amigo e também colega de grupo. Como os irmãos que deveríamos ser, mas aconteceu. E durante uma madrugada de provocações iniciadas em brincadeiras depois de um filme cheio de beijos bobos, não consegui me conter e acabei beijando-o. Esperei que fosse ser empurrado, que gritos viessem e que ele nunca mais fosse falar comigo. Mas tudo o que ele fez foi trazer os dedos finos para meus cabelos enquanto ajeitava as pernas magras no sofá, vindo para mais perto de mim.

E de novo e de novo aquela situação vinha se repetindo, enquanto estávamos sozinhos. Confesso que a culpa era minha. Não consigo mais ficar sozinho com aquele hyung e passar sem acariciar seus cabelos ou aquela pele translúcida. Ou roçar meus lábios por seu pescoço. Estava pegando gosto por acarinhá-lo. Mas satisfatório mesmo era que Yoongi me deixava fazer. Dava espaço para meus carinhos e aqui e ali, ele retribuía. Por duas semanas agora. Ou eram três? Deveria consultar isso mais tarde. E estava ficando difícil controlar.

Jimin me pegou afagando os fios esverdeados do segundo mais velho enquanto ele terminava de comer a sobremesa. Não o vi fazendo nenhum alarde a isso, só seguiu concentrado na salada de frutas que pediu durante toda a semana. Mas Jimin me olhava com os olhos semicerrados e eu só me dei conta disso quando notei que estava quase totalmente inclinado contra Yoongi. Arrumei minha postura e me concentrei no celular de Yoongi largado ao lado de seu prato vazio na mesa.

Diversas mensagens de "Junhwan-hyung". Havia muito tempo desde a última vez que havia me ocupado com o celular de qualquer um dos membros. Sei que é errado, mas abri as mensagens no aplicativo e li parte da conversa, logo notando que era animada e cheia de conteúdo, conversas longas, muito assunto e um convite para saírem para tomar uma cerveja na próxima vez que Yoongi tivesse uma folga. Algo me incomodou, fazendo meu estômago rodar. Saí do aplicativo e levantei-me depois de deixar o aparelho em seu lugar de origem. Sem dizer nada e sem olhar para o lado. Fui para a varanda enquanto vasculhava as memórias atrás daquele nome, não me era estranho. De todos os anos que vivi ao lado de Yoongi, aquele nome era familiar, mas tinha certeza que havia muito tempo desde que havia sido mencionado por último.

 Respirei fundo por diversas vezes, questionando-me sobre o que era aquele sentimento que estava tomando meu peito, quase como uma angústia incessável. Acabei decidindo que dormir era melhor do que ficar pensando naquilo. De todo jeito, estaria saindo cedo no dia seguinte, tinha muita coisa para organizar e havia treino marcado para a tarde.

 

 

Nos dias que se seguiram, Yoongi esteve ocupado com suas próprias coisas e me pediu para deixarmos nossos encontros para um outro momento. Não tinha como não concordar, dar-lhe o tempo que precisava, já que era visível que ele não estava com o melhor dos humores. Ao que me constava, estava preocupado com alguma coisa, mas sempre que eu perguntava, ele negava. Então preferi me abster de perguntas. Alguma hora ele diria.

Percebi que, conforme os dias passavam, mais longos eles ficavam. Os meus dias eram cheios, dentre shows e apresentações, práticas e composições, entrevistas, fotos... Mas quando eu deitava, cansado, sempre tinha aquele sentimento de estar faltando algo. E era ele, dormindo no quarto ao lado. Tão perto, mas tão longe. Meu coração apertava sempre que pensava no quanto eu queria estar com ele novamente, na nossa intimidade, entre seus braços magros e quentes. Não era exatamente questão física, apesar de sentir falta dos lábios rosados, de beijá-lo até arrancar-lhe gemidos. Eu só precisava abraçá-lo sem que isso fosse uma situação estranha na frente dos outros garotos.

Sem conseguir dormir, levantei e fui para cozinha, atrás de uma xícara daquele chá que Jin estava alegando que era tiro e queda para o sono. Distraí-me por um momento porque Taehyung estava falando durante o sono novamente, sorri ao notar que eram apenas palavras desconexas. Quando alcancei o corredor, notei alguém calçando os sapatos na soleira da porta, pronto para enfrentar a noite fria lá fora. Franzi o cenho e me aproximei, logo reconhecendo Yoongi como a figura encapuzada.

-- Vai sair? -- Perguntei curioso, eram três e alguma coisa da manhã, segundo o que o meu celular informara quando levantei.

Ele virou o rosto coberto por uma facemask preta, não estava surpreso por ter sido pego, aparentemente.

-- Sim. Vou tomar um café.

-- Ah. -- Fiz simplesmente. -- Se agasalhe bem, está frio.

-- Namjoon, quer vir comigo?

 

Ele me deu um tempo para que também me aprontasse. Me agasalhei bem, preferindo cobrir o rosto com um cachecol a uma máscara. Calcei os tênis e enfiei o celular no bolso, encontrando-o esperando por mim na calçada enquanto fitava alguma coisa do outro lado da rua ainda que ela estivesse vazia àquele horário. Tranquei a porta com cuidado para não fazer grandes ruídos e parei ao lado do mais velho, notando que ele apertava as mãos em punhos, por conta do frio. Por instinto, segurei sua mão, forçando seus dedos a se soltarem. Agora ele estava surpreso, mas me deixou entrelaçar nossos dedos. O que me fez sentir muito bem, ele ainda me queria por perto.

-- E se alguém nos ver? -- Ele perguntou quando comecei a andar, o levando comigo.

-- Ninguém vai nos ver. Não essa hora.

 

Em todo caso, Yoongi me chamou apenas para acompanhá-lo mesmo. Não queria conversar. Ocupou-se com seu café e não disse uma palavra sequer, me deixando infinitamente perplexo com a situação. Optei por permanecer em silêncio também. E o sono não aparecia, talvez porque eu estivesse ocupado demais tentando memorizar cada detalhe de seu rosto agora descoberto, mas sendo disfarçado pelo capuz do casaco.

Decidimos por uma caminhada antes de retornar ao dormitório. Acabamos em uma pracinha, sentados na escada da ponte que dava acesso a uma outra área da praça. O lugar estava vazio e pouco iluminado, mas aquilo não intimidou. Acomodei-me primeiro, com os cotovelos apoiados no degrau superior e o rosto erguido, fitando o céu coberto de nuvens. Esperava que Yoongi fosse sentar-se ao meu lado, mas não. Preferiu ocupar as minhas pernas. Sentou-se de frente para mim, ajeitando os joelhos no degrau onde eu estava ao que os braços envolviam meu pescoço. Surpreso, ajeitei a postura e enlacei sua cintura, buscando seu olhar. Ele sustentou minha olhada, ciente que eu queria respostas, mas tudo o que ele fez foi beijar-me. Vagarosamente, daquele jeito provocativo, quase promíscuo que ele podia adotar quando tinha interesse. Gesto este que sempre me fazia pensar se ele queria mais. Porque eu queria. Mas guardava para mim, esperava que um dia houvesse espaço para pedi-lo isso.

Deixei que ele seguisse com o beijo a sua maneira, ocupando-me em acariciar seu corpo, passando as mãos para dentro de suas camadas de roupas, o fazendo suspirar por conta dos dedos gélidos. O gosto de macchiato de caramelo em sua boca quente era gostoso e tentador, contudo, optei por abandoná-lo. Rompi o beijo de vez para, sem hesitar, descer meus lábios para o pescoço de Yoongi. Escondi meu rosto na curva, o cheiro de seu perfume inundou meu nariz. Eu adorava aquela essência, por vezes até mesmo pedia emprestado, mas gostava mais quando podia senti-lo assim, diretamente da pele de Yoongi. Que, por sua vez, tombou a cabeça para o lado contrário quando comecei a beijá-lo ali. Arrastava meus lábios pela extensão de pele exposta, traçava um caminho aleatório com a ponta da língua e voltava, mordia-o suavemente desejando que pudesse afundar meus dentes ali, marcá-lo como meu. Mas sabia que não podia e acabei deixando minha frustração clara por conta dos ruídos insatisfeitos que escapavam do fundo de minha garganta.

Ele parecia gostar disso, escutei sua risada tão próxima e satisfeita. Contrariado, subi minha mão para seus cabelos, fechando os dedos com força nos fios, dando-me controle para mover a cabeça de Yoongi como eu queria, assim o fiz olhar para mim. De cima, por conta de nossas posições. Meu maxilar estava travado, mas Yoongi sustentava um sorriso enquanto tinha os dedos finos circundando meu pescoço. Para testar a situação, apliquei um pouco de força ao puxar seus cabelos para trás, logo seus dedos apertavam um pouco mais o meu pescoço, ao ponto de incomodar. Afrouxei o aperto, mas não larguei. Ele fez o mesmo.

-- O que é tão divertido, hyung? -- Perguntei por fim, olhando-o.

Yoongi tornou a rir. -- Você tem o dom de falar nas horas erradas, sabia?

Com isso, soltei seus cabelos e ele saiu do meu colo. Tentei segurá-lo, mas ele desviou do meu toque, me deixando frustrado.

-- Está frio, vamos para casa antes que alguns dos outros acorde.

-- Eu quero ficar com você um pouco mais. -- Protestei.

-- Mais tarde.

-- Mas nós estamos de folga, não temos de sair cedo nem nada.

-- É, mas eu tenho algo para fazer. Vamos, Namjoon.

 

 

 

 

Eu não sei para onde Yoongi foi naquela tarde, ele não disse nada além de "volto mais tarde" para todos nós. Aos poucos, cada um foi cuidar de suas coisas. Eu também, inclusive. Fui visitar minha mãe. Mas não conseguia deixar de pensar naquela mensagem que Yoongi recebera daquele Junhwan. Com certeza eles estavam se encontrando. Revirei minha memória novamente, em busca daquele nome até, por fim, me lembrar de uma conversa antiga. Precisamente da época onde Yoongi e eu costumávamos discutir bastante já que tínhamos opiniões diferentes sobre muitas coisas. Lembrei-me de um treino que ele faltou alegando que veria aquele cara, um amigo dos tempos de escola que estava na cidade. Suspirei exasperado, mal conseguindo tocar na comida que minha mãe preparara. Me sentia mal por isso, mas não conseguia comer quando estava sendo perturbado por aquelas ideias. Levantei-me, perguntando se podia descansar um pouco e minha mãe ofereceu seu quarto. Ótimo, nada que pudesse me lembrar daquele hyung idiota.

Mas eu não precisava de motivos para lembrar dele. Ocupei-me em dizer ao meu subconsciente perturbado que não era nada demais, que ele estava com um amigo apenas. Eu também tinha outros amigos fora do grupo. Estava tudo bem.

Tinha de estar.

 

Mais tarde, quando retornei ao dormitório, Yoongi ainda não havia chegado. Permaneci quieto sobre esse assunto e acabei me juntando a Jin na cozinha. Só observando enquanto ele preparava uma receita nova. Deixei-o falar sobre seus assuntos, tentando não me desligar da conversa. E estava me saindo muito bem até Jungkook adentrar o cômodo com Jimin em sua cola.

-- Yoongi-hyung ligou. Pediu para avisar que não vai dormir aqui, amanhã ele nos encontra para a gravação. -- Jungkook avisou.

Claro que a informação me incomodou, mas notei os olhos de Jimin em mim, por isso me ocupei em morder uma maçã da fruteira a minhas costas para disfarçar meus sentimentos. Ele me olhava como se quisesse dizer alguma coisa e aquilo também me incomodou. Preferi ir para o quarto, alegando uma dor de cabeça.

 

 

 

-- Onde você estava? -- Perguntei o mais displicente que consegui, na manhã seguinte, enquanto esperávamos nossos managers. Podia fazer aquela pergunta com todos os outros na sala, porque eles também queriam saber. Havia muito tempo desde que ele fizera algo assim.

-- Um amigo meu estava na cidade, acabamos passando a noite conversando. -- Ele deu de ombros, distraído com seu celular.

Aquele incômodo começou a tomar meu peito novamente. Não o queria se divertindo com outras pessoas, passando a noite com quem quer que fosse. Mas, claro, nada disse. Contudo notei o olhar de Yoongi sobre mim e virei o rosto.

Consumido por ciúmes, passei tanto tempo quanto podia afastado de Yoongi, pelos dias que seguiram. Simplesmente porque sentia que podia explodir, podia dizer coisas que não queria e nem mesmo devia, se nós começássemos uma conversa. Mas olhá-lo e não poder tocá-lo era uma espécie clara de tortura. Principalmente quando Yoongi não facilitava as coisas e seguia buscando me olhar, buscando minha atenção. Mas não dizia meu nome. Não me chamava, nem mesmo dava recados. Simplesmente agíamos como se nenhum de nós estivesse ali. Isso trouxe alguma desconfiança aos outros e muitas perguntas sussurradas e respostas evitadas.

-- Nada, oras. – Nós dois respondíamos de prontidão.

 

Mas aquilo não podia durar para sempre. Era um domingo de manhã, precisamente pouco antes das onze da manhã. Os garotos do dormitório ainda estavam sonolentos, porque dormiam demais nos dias de folga. A campainha tocou fazendo todos acharem que se tratava de algum dos managers que esquecera alguma coisa com eles. Mas não. Jungkook foi quem abriu a porta e eu o segui. Nossos olhos encontraram um rapaz alto, de feições bonitas e cabelos negros. Suas roupas podiam muito bem ter vindo do guarda-roupa de Yoongi, inclusive. Escutei Taehyung questionando se ele era modelo ou algo do tipo – até então não havia notado que ele também estava ali. E bem podia ser, parecia mesmo saído de uma capa de revista. O rapaz sorria um pouco nervoso, mas sua voz era firme quando falou:

-- Min Yoongi está? Sou Yook Junhwan, um amigo dele.

Meu cenho estava franzido e o estômago começou a rodar. Toda a – Pouca - segurança que tinha em minha aparência pareceu esvair repentinamente, como fumaça. Conseguia pensar que era fácil para Yoongi me trocar por aquele outro. Parecia óbvio que qualquer um iria preferir o tal Junhwan. Que, além de tudo, ainda tinha uma sacola em mãos onde os doces favoritos de Yoongi eram visíveis. Eu estava começando a sentir ódio. Até mesmo pensei em dizer que Yoongi não estava, mas no momento que abri a boca para colocar tal pensamento em pratica, Jungkook se mexeu.

-- Yoongi-hyung, visita para você!

Nenhum dos meninos saiu da sala. Mas Jin era um pouco mais discreto em sua aproximação e observava a cena do batente do corredor. Virei o rosto para o corredor a tempo de ver Yoongi surgir correndo. Sem nem mesmo olhar para nenhum dos outros, jogou-se nos braços de Junhwan, forçando-me a dar um passo para trás. Meus olhos logo notaram a forma como os dedos do amigo de Yoongi se fecharam na cintura dele. Em como as unhas enterraram-se na pele, por cima do fino tecido da camiseta que ele usava. Tranquei o maxilar. Aquilo não estava certo, amigos não se abraçavam daquela forma. Pensei em sair dali, principalmente quando Yoongi desviou-se do outro e o convidou para entrar. Restou-me a tarefa de encostar a porta.

-- Que faz aqui? – Yoongi perguntou evidentemente surpreso depois de apresentar seu amigo a todos os presentes.

-- Estou indo embora hoje, queria me despedir.

-- Vá com Deus. – Rebati sem pensar.

Jimin e Taehyung riram, mas Yoongi mandou-me um olhar frio.

Uma conversa começou entre os garotos, mas eu não participava. Teria me retirado do recinto se não estivesse veemente interessado na forma como o tal parecia não ser capaz de tirar suas mãos de Yoongi, que estava sentado ao seu lado no sofá. Seus olhos podiam estar em qualquer um que estivesse falando, mas os dedos inquietos oscilavam da coxa para as costas de Yoongi, iam até seus cabelos e desciam por seus braços. Em certo momento até mesmo circundou os ombros dele com seu braço. Eu sentia falta de ar.

Em certo momento, Jin recrutou boa parte dos garotos para ajudar a preparar o almoço. Restaram Jimin, Yoongi, Junhwan e eu na sala. Mas os dois de Daegu estavam absortos em uma conversa sobre alguma garota da antiga escola e algumas outras memórias, sequer pareciam se preocupar com os outros ali. Só quando aquilo me irritou de verdade e desviei os olhos de Yoongi, que notei Jimin me olhando fixamente. Ignorei-o e juntei-me aos outros na cozinha. Mas apenas fiquei quieto em um canto.

 

De certa forma, o almoço foi o melhor desde a chegada da visita. Estando com as mãos ocupadas com os talheres, Junhwan não tinha tempo para continuar alisando Yoongi. Ainda que o mais velho tivesse insistido que ele ficasse um pouco mais, o outro negou. E negou quando Hobi e Tae o convidaram para uma partida de video-game. Confesso que estava pronto para sair distribuindo alguns cascudos, mas apenas mordi o interior das bochechas. Felizmente ele negou e insistiu que acabaria perdendo o ônibus.

Yoongi, por sua vez, insistiu em acompanhá-lo até a rodoviária. Restou-me esperar que ele chegasse. E enquanto isso, Jimin me fez companhia.

Os garotos ocuparam a sala por conta do video-game, nós dois seguimos para o quarto e ele trancou a porta antes de largar-se ao meu lado na cama.

-- Esconda o rosto no travesseiro e grite um pouco. – Ele sugeriu com um meio sorriso nos lábios cheios. – Você parece estar precisando extravasar.

Ri um pouco, percebendo que ele tinha razão.

-- Posso só te dar uns cascudos, vai ser mais eficaz.

-- Vocês estão tendo alguma coisa, não é? – Ele disse de repente.

Congelei. Fitava-o com a mais pura incredulidade estampada em meu rosto. Percebi que não era mesmo coisa da minha cabeça a forma como aquele garoto me olhava nas últimas semanas.

-- Quê? – Tentei contornar a situação, mas Jimin me olhou com as sobrancelhas arqueadas.

-- Não minta para mim. Eu já vi vocês dois.

-- Viu coisa nenhuma.

Jimin suspirou exasperado. Nós dois sabíamos que não era mentira dele, contudo, eu deveria contar com a possibilidade de ele estar se baseando em conclusões próprias e não em uma cena que ele deva ter visto por acaso. Eu prometi a Yoongi que seria segredo.

-- Você pode ficar nesse joguinho, mas a verdade é que eu sei o que está acontecendo e sei que você está mordido de ciúmes por causa desse cara.

Com a menção de Junhwan, virei para o lado contrário, evitando fitar Jimin. Ele tinha toda a razão.

-- Só porque ele é bonito pra caramba? De jeito nenhum. – Resmunguei.

-- Eles são só amigos. – Jimin me assegurou.

-- Aquele cara não quer ser amigo dele.

Jimin riu. Aquilo me fez olhá-lo.

-- Você está apaixonado pelo Yoongi-hyung?

Eu estava começando a odiar Jimin e sua falta de discrição. Ele não estava percebendo o quanto eu estava queimando de vergonha?

-- N-Não.

-- Está sim.

-- Se você sabe das coisas, por que pergunta? – Resmunguei, tornando a fitar a parede, visivelmente irritado.

Jimin riu alto agora, claramente satisfeito com o que escutara.

-- Mantenho isso para si mesmo.

-- Por que não se confessa?

Tornei a olhá-lo, incrédulo com o que havia acabado de escutar. Cheguei até mesmo a pensar questionar Jimin se vivíamos mesmo sob o mesmo teto. Ele não escutava todas as vezes que Yoongi dizia que não queria relacionamentos naquele momento da carreira deles? Eu escutava bem demais.

-- Não daria em nada.

-- Então vocês vão ficar nesse chove-não-molha mesmo?

Dei de ombros. Não podia negar que estava bom como estava.

Jimin suspirou novamente e colocou-se de pé. Disse que iria tomar banho e saiu do quarto. Me deixou sozinho com um monte de pensamentos que não me deixaram ter nem mesmo um segundo de paz.

 

Quando Yoongi chegou, já era tarde da noite. E eu só conseguia pensar – por mais errado e precipitado que fosse – que ele estivera em um motel antes de ir para a rodoviária, por causa de toda aquela demora.

Todos os outros já tinham ido dormir, eu fiquei na sala fingindo assistir televisão enquanto esperava Yoongi dar as caras.

-- Ei. – Ele disse enquanto tirava os sapatos.

Coloquei-me de pé imediatamente.

-- Onde você estava? Quase saí para te procurar achando que algo tinha acontecido! Por que não atendeu ao telefone? – Eu não queria, mas foi impossível esconder que estive preocupado, além de paranoico.

Yoongi riu.

-- Junhwan perdeu o ônibus, tivemos que esperar o próximo.

Tornei a sentar, decidido a não o olhar.

-- Vai ficar sem falar comigo de novo? – Yoongi rebateu. Entretanto, seu tom era comedido. Quando virei o rosto, ele estava parado na minha frente. – O que deu em você? O que foi?

Dei-me um segundo para me assegurar que estávamos mesmo sozinhos, então coloquei-me de pé, reforçando a diferença de altura entre nós. Mas ele estava impassível, sustentando meu olhar enquanto esperava que eu escolhesse as palavras. E elas saíram de uma vez:

-- Junhwan é o que foi. Eu não aguento suas conversas com ele, não aguento saber que você estava com ele, não aguento saber que se divertiram juntos! Eu não aguento o jeito como ele tem que ficar te tocando o tempo todo quando nem eu posso fazer isso! Eu fico pensando e pensando se você estava se divertindo com se diverte comigo. Ou diz que se diverte. E isso está me deixando maluco, se você quer saber! Porque eu não sei o que acontece entre nós, não sei mais o que eu sou para você. E como se isso não fosse o suficiente, você precisa empurrar esse cara de volta para a sua vida e me deixar ainda mais na sombra. Era comigo que você desabafava, comigo que você afogava suas mágoas, porra. E de repente eu tenho que aceitar que você quer deixar nossos encontros para depois? Eu não sou seu “peguete”, não sou seu caso de vez em quando, Yoongi. Posso ter menos tempo na sua vida que ele, mas você não pode fazer isso comigo!

-- Fazer o quê? – Yoongi rebateu com uma calmaria irritante. – Você que está aí supondo, imaginando que eu estava me agarrando com o June.

-- Você estava, não estava?

-- Para com isso, esse ciúme infundado... – Ele disse, dando as costas.

-- É! Eu estou com ciúmes sim e...

Yoongi me cortou nesse ponto. Voltou a fitar-me, segurando meu rosto entre suas mãos, me fazendo engolir as palavras.

-- Junhwan é um amigo de infância que eu não via há muito tempo. E só isso. Eu não estava fazendo nada demais com ele, porque é de você que eu gosto, Namjoon. – Yoongi disse, alto o bastante para que só eu ouvisse. Calmo o bastante para que eu entendesse suas palavras logo de cara. E que sentisse o choque tomando meu corpo, incapaz de absorver o que eu estava escutando naquele momento. – Todo esse tempo. Todos esses anos. É de você que eu gosto. Gosto de todas as formas que eu poderia gostar de você, homem. – Ele encostou a testa na minha. Sorri ao pensar que ele deveria estar na ponta dos pés naquele momento. Passei a fitar os lábios rosados, bebendo as palavras finais de seu discurso: -- Agora para com esses escândalos, nós não moramos sozinhos. 



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