História Wheres L0v? - Designer for Nothing

“A última coisa que me lembro era que estava entrando em um carro preto...”

         Depois que o efeito do clorofórmio estava passando, comecei a sentir mãos me tocando.

         O QUE ESTARIAM FAZENDO COMIGO?

         Eu precisava me acalmar, o que eu poderia fazer?

         Não estava conseguindo abrir os olhos de medo, mas não poderia deixar aquelas mãos continuar me apalpando.

         Meu único reflexo seria dar uma de doida, e sair estapeando quem estivesse na minha frente. Depois eu me virava com meus golpes de Kung Fu, se fosse necessário.

         Então do nada eu me levantei e comecei a estapear a pessoa que estivesse mais perto de mim.

         -Senhorita, o que está fazendo?- Diz uma voz feminina ao meu lado
OMO! ERA UMA MULHER COMO ASSIM?

                Aos poucos comecei abrir os olhos, e ao fazer isso percebi que em minha volta havia muitas mulheres me observando assustadas com minha reação.

            -O que está acontecendo aqui?- Perguntei ao sair do meu estado de choque.

            -Não podemos lhe informar isso no momento senhorita- Disse uma mulher que estava na minha direita.

            -Eu tenho o direito de saber o que está acontecendo comigo não é?

            -Não se preocupe, não irá acontecer nada de mal com você. Posso dizer que a senhorita está até com sorte.

            -Como assim sorte? Eu fui sequestrada  e agora meus supostos “sequestradores” não querem me dizer o que está acontecendo aqui?

            -Você tecnicamente não foi sequestrada senhorita. Apenas foi uma raptada básica. Agora precisamos que a senhorita fique quieta, para que possamos acabar de fazer nosso trabalho.

            Quando olhei para mim, eu estava de toalha, e com uma máscara de lama no rosto. O que elas estavam fazendo comigo?

            -Você poderia voltar para a maca? Vamos acabar de fazer a massagem. E depois você será encaminhada para outro setor.

            Pelo jeito naquele momento eu não poderia fazer nada, mas ai de quando eu soubesse quem foi o autor disso tudo.

            Agora que eu tinha parado para perceber, estava boquiaberta com o tamanho daquele lugar, provavelmente a pessoa mais rica da Coréia morava ali. A maioria das coisas era feitas a base de mármore, lustres de cristais, pratarias, quadros enormes e muitas vezes famosos, móveis de todos os tipos, e muitas estatuas (se for falar de tudo que tinha lá dentro não acabo hoje). Eu ficava pensando que quem havia me sequestrado era um agiota do mais alto escalão, e com isso eu estava ficando com cada vez mais medo do que poderia acontecer.

            Eu ficava andando de um lugar para o outro, fazendo cabelo, maquiagem, e escolhendo roupas, sapatos, e jóias. O que esse cara estava querendo comigo?

           Quando uma mulher estava acabando de passar um batom em mim, avistei o Sr. Ping na porta. Corri para ele como se fosse a ultima bolacha do pacote.

           -Sr. Ping! Você não sabe como eu estou feliz em te ver aqui- Disse para ele enquanto o abraçava.

           -Senhorita Cha Hun, quanto tempo- Respondeu com um pouco de susto, pelo abraço.

           - O que o senhor está fazendo aqui?

           - Eu trabalho aqui Senhorita Cha Hun

           - Como?

           -Já faz 30 anos que sirvo essa família

           - Então, o senhor pode me explicar onde eu estou, e o que estou fazendo aqui?

           - Não sei lhe informar. Mas eu gostaria que a senhorita me acompanhasse. Sra. Shin está tudo pronto?

           -Ela é toda sua, acabamos nosso serviço- Respondeu a mulher elegante que estava me maquiando.

           - Por favor, me acompanhe senhorita Cha Hun.

           - Eu te acompanho até os confins da terra. Pelo menos estou com uma pessoa que eu conheço- Respondi segurando em seu braço.

           Ficamos andando por alguns minutos, o que para mim parecia uma eternidade. Andava por um milhão de cômodos, eu ficava cada vez mais impressionada com aquilo tudo. Quase tirei foto de tudo, como se fosse uma excursão. Fiquei assim, até o Sr. Ping me falou:
          - Alguém está te esperando por você.

          - Esperando? Quem?

        - Entre e você irá descobrir.

        Depois disso o Sr. Ping me deixou sozinha, e minha única opção para satisfazer minha curiosidade, era entrar e saber quem era o culpado disso tudo.

        Quando entrei no aposento, observei que tinha um homem de costas. Parecia ser alto e muito fino. Quem seria?

        Tentei me aproximar, mas pelo jeito o salto que estava usando fez barulho naquele piso de mármore. Aos poucos ele foi virando, e, e...
        O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?

        - Você?! Por que você está aqui?- Falei, quando vi que na verdade quem estava bem ali na minha frente, era o Kai

        - Qual o problema de ficar na minha própria casa?- Ele respondeu virando para me ver.

        - Minha casa? Você quer dizer que essa mansão é sua?- Perguntei estupefata.

        Acabando de falar isso, Kai veio em minha direção com um olhar malicioso.

        - O que você planeja fazer?- Falei, mostrando posição de luta.

        -Eu já fiz tudo- Respondeu me arrastando até um espelho que tinha naquela sala.

        Aquela no espelho era eu? Como aquilo era possível? Eu estava deslumbrante, como nunca estive na vida. Meus cabelos estavam cacheados, estava com jóias espalhados por varias partes do corpo, um vestido e um sapato maravilhosos (que sabe Deus quanto custa), e para completar uma maquiagem básica. Nunca imaginaria que com uma produção eu poderia ficar parecida com aquelas atrizes de doramas.

        -Olha isso! Você não ficou surpresa consigo mesma?- Disse ao me ver contemplando minha imagem no espelho.

        Estava em choque por aquela imagem do espelho que nem conseguia responder, apenas escutar.

        - O patinho feio se transformou em um lindo cisne, graças ao poder do dinheiro.

         Epa!!! Como assim poder do dinheiro?

          -O que você está fazendo? Eu não pedi nada disso- Retruquei com raiva.

          - Hey plebéia, apenas fale a verdade e diga para mim que você gostou.

         - Kai tem um limite para suas brincadeirinhas. Sequestro e confinamento são ilegais. Um crime sério, você sabia disso?

         - Mudando de assunto. Já que ninguém está aqui, você pode dizer que gosta de mim, eu percebi isso a partir do momento em que você me irrita para poder ficar mais perto de mim. E para te ajudar a falar eu vou te fazer uma oferta. De agora em diante, se for fora da escola, eu vou permitir que você me cumprimente.

         Aquilo só poderia ser uma piada, até iria abrir minha boca para começar a rir, quando ele completou sua “piada”:

        - O quê? Você só está surpresa com essa incrível oferta?

        Depois de reorganizar todos meus pensamentos, eu comecei a rir como uma histérica.

        - Kai eu acho que você está louco. Você precisa ir ao médico. Eu acho que você comeu muita porcaria, por isso seu cérebro pifou. Quem se tornou o que? Cisne é uma ova. Esqueça, eu quero ir embora, Chincha- Disse me virando para ir embora.

        - Não foi seu cérebro que pifou?- Disse Kai impedindo minha saída.

        - É melhor você sair da minha frente, seu cérebro fritado

        - Você sabe quanto foi gasto com você da cabeça aos pés?

        Fiquei sem entender muito bem o que ele quis dizer, então fiz minha típica cara de desentendimento.

        -100.000

        - O que?! 100.000?!

        -Mas isso não é nada. Se você estiver comigo, você irá aproveitar muito mais que isso todos os dias. E você não quer isso? Você está com a cabeça no lugar?

        - Está aqui por ter sido arrastado por um psicopata... Você acha que posso estar com a cabeça no lugar? Eu sabia desde a primeira que te vi que você não era boa coisa- Disse começando a tirar os brincos e o colar
        Eu ia começar a tirar o vestido, mas aí pensei melhor e disse:

       - TRAGA MEU UNIFORME AGORA!

       Depois do meu berro, o Sr. Ping chegou e me encaminhou para um quarto onde pudesse me trocar. O que teria sido tudo aquilo?
  ----
Kai pov.

         Como assim ela tinha recusado tudo aquilo?

          Aqueles eram os melhores profissionais. Como ela ousou não gostar de tudo aquilo. Na verdade, aquilo poderia não ter sido o bastante.

         Naquele momento vejo as empregadas trazerem as roupas usadas por ela. O que eram aquelas porcarias? Não serviram nem para alcançar meu objetivo.

         - Pegue todas essas coisas e queime nas. O que foi aquilo? Aquele cabelo, aquela roupa, e aquela maquiagem? Aquilo foi um desgaste do meu tempo. Aquele não era o melhor profissional? Demita todos, e encontre os mais caros.  Escutou Sr. Ping?

         -Sim senhor

        Se essa garota pensa que me venceu ela está muito enganada.

       Ainda tenho minha carta na manga.

Kai off.
----
         Até agora estava boquiaberta por tudo que tinha acontecido. Aquilo era real?

        Depois de colocar meu uniforme, resolvi dar mais uma bisbilhotada na casa.

        Andando um pouco, eu me deparo com um banheiro (provavelmente um dos vários). Só ele era maior que a casa da minha tia. Tinha um espelho gigante, uma banheira, pia todo entalhada em granito.

        PÁ NA CARA. Aquilo era humilhação demais.

        Eu vou até ir embora depois dessa.

        Estava sem noção do horário, e ficava me perguntando como eu iria voltar para casa, se eu nem sabia onde estava. Eu iria ligar para alguém. Já sei: Ui- Sik.

        Ele devia conhecer Seul mais que eu, então ele poderia me dar as coordenadas para um ponto de ônibus, ou de taxi.

        - Onde você está Cha Hun? Eu tentei ligar para sua casa, mas ninguém atendia- Disse Ui-Sik quando atendeu o telefone, e percebeu que era minha voz.

       - Muitas coisas aconteceram, mas depois eu te conto. Eu queria que você me ajudasse a achar um ponto de táxi, ou ônibus.

      - Onde você está?

      Passei as informações que consegui ler na placa para Ui- Sik.

      - O que você está fazendo ai?- Ele gritou do outro lado da linha.

      - Longa história. Você sabe onde eu estou?

      - Você está na rua que minha mãe trabalha. Você está vendo um prédio todo ornamentado com vidro, com uma grande placa lá em cima?

      - Sim, estou. Por quê?

      - Entre ai, e fala com o porteiro que você me conhece. Fica esperando aí que eu vou te buscar.

      - Sério? Tá bom eu vou te esperar aqui.

      - Não se mova um centímetro.

      Desliguei o telefone e pensei que mais uma vez Ui-Sik tinha sido meu herói.
***

      Havia acordado no outro dia como um panda. A maquiagem tinha borrado meu travesseiro (no final estava eu, parecendo que levei um soco no olho).

      No dia anterior, Ui-Sik tinha me buscado, e levado para tomar um café. Contei tudo o que tinha acontecido para ele, e ele começou a rir como eu. Aquilo tudo não havia passado de uma piada, que fez com que Kai ficasse ainda mais mal na fita. Mas fazer o que?
      Peguei minhas coisas e fui para o colégio, com o coração na mão.
 
      Não posso esquecer que sou Cha Hun, uma mulher de fibra. Mas por garantia eu vou esperar Ui-Sik na entrada.
      ---

       Fiquei tentando conversar com Ui-Sik para ver se me acalmava. Quando estávamos sentados no banco do pátio, escutamos uma campainha. Logo me escondi atrás de Sik, e perguntei:
       - O que foi isso?

       -Essa é a campainha que eles utilizam para dar avisos, fique em silêncio para que possamos escutar.

       “Teremos uma excursão para 5 países do Norte europeu, incluindo Scandinava. Para mais informações, se dirijam para secretária, que atenderemos todas as informações necessárias.”

        Como assim Norte europeu? Qual seria o preço daquilo? (Provavelmente os dois olhos da cara).
       Meu sonho era ir para a Europa...

       Do nada eu vejo, Kai chegando perto de mim e dizendo:
       - Você vai nessa viagem escolar ou está de difícil acesso para você?
       -Para sua informação eu irei sim. Esse preço está razoável.

       - Então nos encontramos lá ajumma.

      - Então nos encontramos lá, cérebro pifado.

      Por fora estava tranqüila, mas por dentro, eu estava me fazendo uma pergunta:
        COMO EU VOU PAGAR QUALQUER QUE FOR O PREÇO PARA ESSA VIAGEM ESCOLAR? PORQUE COM CERTEZA NÃO ERA BARATO...

       Agora que eu tinha falado que eu iria, não poderia recuar, eu precisava encontrar uma maneira de ir. Não iria perder essa guerra...