História Whispers - Ele sente dor

“Make me more than a memory

I'll be yours eternally

If you make me more than a memory

We can be forever

Everlasting in you

In you”

More than a memory- Sam Way feat Lcy Choir

Lydia estava tão confortável, que poderia dormir daquela forma. A noite estava fria, mas ficar agarrada a Stiles deixava todo seu corpo quente. Ela não se importava com o suor da pele dele, pois uma fragrância tentadora emanava do garoto.

Ele se ajeitou no sofá e apoiou a coluna no encosto. Assim, sabia que poderia permanecer abraçando Lydia durante horas seguidas sem cansar. E era exatamente isso que ele queria.

Fazia anos que ele não se sentia tão reconfortado, tão consolado. Estar colado à Lydia o fez perder a vontade de chorar e tirou o desespero que antes se agitava em seu peito.

— Eu era mesmo sua namorada?

— Você me fazia ser o homem mais feliz do mundo — Disse em concordância, melancólico apesar da satisfação de Lydia estar acreditando no que ele falava.

— Isso tudo é loucura, mas... — Ela suspirou e por instinto, abraçou mais o garoto. Ele estremeceu e a puxou ainda mais para si. — E-eu acredito em você.

Aquela frase foi capaz de mudar os batimentos cardíacos de Stiles. E ele estava tão cansado, dolorido, esperançoso e também, apavorado, que se rendeu ao sono repentino e opressor.

Ter acordado com o pesadelo, definitivamente, o deixou mais exausto. Por isso, adormeceu daquela forma no sofá, com Lydia sobre seu colo, os dois abraçados.

Lydia demorou um pouco mais, porém, ao notar que Stiles enfim descansava, percebeu que era incapaz de sair dali e correr o risco de atrapalhar o sonho merecido do menino. Assim, ela também dormiu.

**

Stiles acordou com a sensação de que tinha dormido demais. Abriu os olhos, desorientado e foi atingido por uma leve dor de cabeça. Lydia não estava mais com ele, estava sozinho no sofá.

Coçou os olhos, lambeu a boca seca e depois de alguns segundos, reconheceu a voz baixa de Lydia. De forma automática, levantou do sofá e cambaleou com os pés feridos da noite passada, mancando.

Foi até a cozinha e encontrou Lydia apoiada em um dos balcões de mármore, falando ao celular. Os olhos verdes e os castanhos se encararam. Ela abriu um meio sorriso, sem mostrar os dentes e fez um sinal com a mão para que ele esperasse.

— Ele acabou de acordar — Ela murmurou para a pessoa do celular, ainda encarando Stiles. — Sim, estou bem, fique tranquilo.

Ela continuou falando, no entanto, Stiles se distraiu. Seus pés doíam demais, a cabeça latejava e ele precisava urgentemente de água. A garganta seca estava o matando.

Não conseguiu nem esperar Lydia terminar a ligação. Tomou a liberdade de se servir da água da geladeira e bebeu, rápido, três copos seguidos de água. A garota observou, surpresa, como Stiles sabia exatamente onde ela guardava os copos.

— Bom dia — Foi o que ela disse assim que terminou a ligação.

— Bom dia — Stiles respondeu com dificuldade, a voz falha.

— Você dormiu por umas doze horas — Comentou em uma tentativa de dizer algo que lhe fizesse parar de devorá-lo com os olhos. Não conseguia conter a vontade de analisar o menino sem parar.

Ele balançou a cabeça em concordância, coçou a nuca e em vez de responder, encheu mais uma vez o copo com água. Ingeriu o liquido e em silêncio, Lydia percebeu como até a forma que ele bebia água parecia familiar.

— Estava falando com o meu... — A Martin engasgou, ficando desconfortável com a palavra que estava prestes a dizer — namorado.

Stiles estremeceu e percebeu que até aquele momento não sabia quem era o tal namorado. Todas as possibilidades que vinham a sua cabeça eram terríveis. Não queria pensar que podia ser alguém que ele conhecia.

— Ele está vindo aqui para me ajudar com.…bem, com você. — Stiles não teve coragem de perguntar nada. Só ficou a encarando. — Você deve estar com fome, não é? Vou pedir alguma comida para entregar e se quiser, pode tomar outro banho. Já separei roupas limpas!

— Obrigado — Murmurou e teve que acrescentar: — Você tem algum remédio para dor de cabeça?

O rosto de Lydia mudou. Suas sobrancelhas se franziram e os olhos foram preenchidos de uma preocupação genuína. Andou até ele e sem pensar, segurou o rosto de Stiles com as duas mãos.

— Você está sentindo dor? — Ela não sabia explicar o porquê se sentia tão angustiada ao saber que o garoto, que era para ser um total desconhecido, estava com dor.

Ele concordou com a cabeça, atordoado pela sensação maravilhosa de se sentir cuidado. Chegava a ficar tonto. Os dedos pequenos da garota acariciaram seu rosto por alguns segundos.

Stiles queria beijá-la.

— Vai tomar banho enquanto eu preparo as coisas para você!

O garoto não teve oportunidade de dizer algo, pois as mesmas mãos que o acariciaram, desceram até seu peito e o empurrou sem muita delicadeza para fora da cozinha.

— Use a toalha que está no banheiro!

Stiles foi sem dizer nada, aliviado com a ideia de tirar o cheiro de suor que ainda o dominava desde que acordou durante a madrugada. Entrou no chuveiro e demorou diversos minutos no banho.

Quando saiu, já vestido com a nova roupa que também era grande demais, foi surpreendido porque Lydia o guiou até seu quarto e fez com que ele deitasse na conhecida cama de casal.

Ela colocou uma compressa de gelo em sua cabeça, deu dois compridos que ele tomou sem questionar e depois, com delicadeza, Lydia colocou uma pomada sobre as solas dos pés de Stiles, cobrindo as feridas.

— E aqui está a comida saudável que eu pedi — A culpa na voz de Lydia denunciou que ela se arrependia do alimento que estava prestes a oferecer.

Mesmo naquela situação horrível que estava vivendo, Stiles soltou uma pequena risada quando a Martin lhe entregou um hambúrguer repleto de cheddar e bacon, acompanhado de batatas fritas e refrigerante.

— Eu não lembro qual foi a última vez que comi um hambúrguer! — Declarou e ansioso, deu uma grande mordida no sanduiche.

Lydia comeu um hambúrguer igual, sentada em uma poltrona próxima a cama. Enquanto ainda terminava de comer, ela falou repentinamente:

— Devo estar louca por ajudar alguém que nem conheço!

Stiles se retesou ao ouvir aquilo e baixinho, resmungou: “Você me conhece. ”

— Se você estiver mentindo para mim, eu juro que vou matá-lo! — O estomago do Stilinski se embrulhou pelo desgosto de perceber que a Martin ainda não confiava o suficiente nele. — Além de ser uma banshee, conheço todos os tipos de pessoas sobrenaturais!

— Eu sei, Lydia. Conheço as mesmas pessoas que você. — Lembrou desgostoso.

Tudo parecia estar indo tão bem, com eles conversando, se entendendo e principalmente, depois de terem dormido juntos, abraçados. Era insuportável para Stiles perceber que ela ainda não acreditava por completo.

Se Lydia não confiasse nele, se ela não lembrasse, Stiles sumiria para sempre.

O garoto pensava no que poderia dizer, mas então, passos ecoaram pela casa seguida de uma conhecida voz chamando por Lydia. Stiles reconheceu quem era de imediato e não conteve o sorriso.

Além da saudade esmagadora, Stiles sabia que o dono daquela vez também lembraria algo dele. Tinha que lembrar! E se lembrasse, talvez fosse ele o responsável por fazer com que todos acreditassem que Stiles existia e assim, salvasse a vida do menino.

— Você não vai dizer para meu namorado nada sobre ontem à noite!

Então, aquela nova faísca de esperança se extinguiu de Stiles. Ele não podia acreditar naquilo. Não podia ser real. A palavra “namorado” latejou em sua cabeça de forma dolorida.

— S-scott é seu namorado? — Perguntou incrédulo, querendo estar errado.

Lydia não precisou responder. Scott McCall entrou no quarto, olhando desconfiado para Stiles, sem demonstrar reconhecer o melhor amigo de infância.

Foi até Lydia e passou um braço por seus ombros de forma protetora, como se temesse que Stiles representasse algum perigo para ela. O Stilinski ficou estático, sem reação.

— Você deve ser o Stiles — Apesar da postura defensiva, Scott falou com calma. Stiles o conhecia bem o suficiente para saber que mesmo sem o reconhecer, o McCall lhe daria a chance de falar e até mesmo, de acreditar nele.

— Não acredito que suportei viver dois anos sem você — Foi o que Stiles disse. O coração partido por inúmeros motivos.

— Você me conhece? — McCall estranhou, a voz curiosa, demonstrava suspeita.

— Somos melhores amigos desde sempre — Respondeu e contra sua vontade, sentiu uma lágrima solitária se desprender dos olhos. — Nós somos irmãos.