História White and Black - Eu não gosto dela

Sai da sala e fui direto para o banheiro, tranquei a porta e liguei a banheira, enquanto ela enchia fui me despindo, quando terminei de tirar toda a roupa me olhei brevemente no espelho, percebi que eu estava com vários cortes no corpo, nas pernas tinham cortes mais profundos, gemi baixo de angustia, caminhei até a banheira e entrei devagar. 
Os cortes arderam um pouco de inicio, mas agora não sentia mais nada, a agua quente estava relaxando os meus músculos e estava me batendo um sono, meus olhos foram pesando e eu me aconcheguei na banheira um pouco, quando estava quase dormindo pude ouvir o barulho da porta abrindo. 

 
*Porque a porta esta abrindo? Será o Sayro?* 
Senti um leve movimento na agua e abri um pouco os olhos, a pirralha estava ali. 

 
Porque? 

************************************************************************************** 

Ela estava sentada na borda da banheira e mexia com a ponta dos dedos na agua, me sentei direito na banheira e encarei ela, a pele dela era um branco meio... azulado? Era estranho, seu cabelo era liso e castanho, chegava até a altura da cintura, as pernas dela estavam com um curativo e seus olhos eram meio estranhos, não a cor deles, mas sim eles por si, eram meio mortos... sei la como explicar, só sei que ela me davam um calafrio. 

Ela estava olhando a agua que se movia conforme passava o dedo, mas logo seu olhar foi para mim, ela ficou me encarando por um tempo, até eu cortar aquele silencio. 

-Oque você quer? -minha voz saiu firme e ela abriu um pouco mais os olhos, em seguida se levantou e levou a mão até a roupa que estava vestindo, se despindo, quando ela estava totalmente nua veio até a banheira e começou a entrar nela. 

-E-ei oque você pensa que esta fazendo? Não pode entrar aqui! -falei meio surpresa e um pouco desesperada pelo ato da pirralha, que ousadia. 

-Eu estou tomando banho. -sua voz era meio rouca e soava entediada, com um certo esforço ela conseguiu entrar na banheira comigo (depois de empurrar minhas pernas e braços pros lados). 

Ela continuava me encarando e eu o mesmo, rapidamente eu observei o corpo dela que era muito "avantajado" pra idade que ela parecia ter, os peitos eram medianos, era meio magra demais, dava para ver linhas que demarcavam levemente as costelas, as pernas dela eram medianas também, quando voltei meu olhar para ela vi que também me observava. 

-Sabe... -ela começou-você é uma das poucas pessoas que eu conheci que conseguiu escapar. 

-Escapar? 

-Sim, do Odum. -ela olhou para as mãos e ficou vendo a agua escorrer pela mesma. 

-Quem é você? -um minúsculo sorriso nasceu no canto de seu lábio. 

-Seria mais legal se você descobrisse, não é? -seu olhar foi para mim, me olhando com curiosidade e uma certa expectativa? 

-Eu não gosto de você, se você fizer algo de ruim comigo, principalmente com o Sayro, eu vou- 

-Vai me matar?  

-Quem sabe... -já estava cansada daquela conversa que não estava me levando a lugar nenhum, sai da banheira e coloquei um roupão, fui em direção a porta e quando cheguei na mesma olhei brevemente para trás e vi que ela me olhava neutra. 

Sai do banheiro e fui para o meu quarto, fiz uns curativos nos meus machucados e coloquei uma roupa que cobrisse meus braços e pernas e desci para onde Sayro estava, fui até a sala e o vi sentado no sofá olhando pra um ponto fixo, me aproximei e sentei do seu lado chamando sua atenção. 

-O que foi? -perguntei olhando para ele e segurando a sua mão. 

-Não sei... é a menina que achei na floresta. -bufei e revirei levemente os olhos. 

-O que tem aquela garota? 

-Eu... sinto que conheço ela de algum lugar... mas não sei da onde. -ele olhou para algum outro ponto aleatório pensativo. 

-Eu acho que você esta doente por causa da chuva. -ele olhou para mim e eu dei um sorriso curto. 

-Eu estou com fome. -uma terceira voz se fez presente no ambiente, olhamos em direção a escada e la estava a pirralha olhando para nos. 

-O que você gostaria de comer? -Sayro se levantou e foi perto dela, parecia até o pai dela. 

-Eles foram para a cozinha e eu fui junto, Sayro estava me irritando muito com aquele jeito todo fofo e preocupado dele com a pirralha, o jeito que ele olhava pra ela... irritante. 

Eu não fiz o menor esforço para esconder minha insatisfação com aquilo e Sayro pareceu perceber que eu não estava gostando, mas detalhe que eu descobri de Sayro: ele tem um excesso de monguice.  Ele se aproximou de mim com aquela cara de bobo feliz e perguntou oque eu queria comer, eu linda e meiga como sempre pedi uma coisa difícil e que levaria um certo tempo pra fazer, quem sabe assim ele não largava aquela garota, mas porém entretanto, meu plano falhou miseravelmente, porque ele pediu para a pirralha ajudar ele. 

Minha vontade era de socar a cara dos dois na parede e ir dormir, mas eu não confio na pirralha, então vou ter que ficar aqui observando os dois idiotas. 

Meu olhar vagava pela cozinha inteira, eu estava entediada, comecei a observar a pirralha, o cabelo castanho escuro e liso, a pele pálida, o olhar meio morto, fiquei observando ela por um bom tempo, mas quando ela virou a cabeça e olhou pra mim um sentimento de dejavu passou por mim, foi bem estranho, levei meu olhar para o Sayro, os olhos dourados dele em contraste com o negro de seu cabelo. 

Eu estava nessa analise de pessoas quando uma coisa me veio a mente, o raio, quando aquelas coisas negras estavam me "comendo" (sem pensamentos pervetidos), teve uns raios que foram oque afastaram as coisas, eu me recordo dos meus poderes antes de morrer, mas eu achei que eu não possuía mais eles, pois os desenhos no meu braço sumiram e tal, depois eu tenho que ver direito sobre isso. 

Voltei para o mundo real com o Sayro me chamando para comer aquilo que eu tinha pedido, sentamos na mesa e começamos a comer, eu observava a pirralha comendo, agora eu sinto que estou com a mesma coisa que o Sayro, eu sinto que conheço a pirralha de algum lugar, mas não consigo lembrar da onde. 

Assim que terminamos de comer cada um foi para um quarto, a pirralha queria dormir junto com o Sayro, mas dessa vez eu me exaltei e quase grudei o pescoço dela, no fim ela foi dormir num quarto de hospedes que tinha naquela casa, ela estava grudada no Sayro tentando fazer com que ela conseguisse dormir do lado do Sayro, do lado do meu Sayro. 

Já estava deitada na minha cama, estava quase dormindo quando senti um movimento na minha cama, abri os olhos desesperada e olhei para o ser e dei de cara com um dourado, Sayro estava deitando na minha cama comigo, ele se cobriu e sorriu para mim, seus braços passaram por volta da minha cintura e me puxaram para mais perto, me aconcheguei nos braços dele e novamente quando eu estava quase dormindo, Sayro resolve atacar com sua monguice. 

-Estava com ciúmes da menininha neh? -levantei minha cabeça e olhei para ele seria. 

-Serio? 

-Oque? -ele me olhou confuso 

-Sayro, sai. -seu olhar passou de confuso pra divertido e um sorriso provocador nasceu na boca dele. 

-Estava com ciúme mesmo. -comecei a me afastar dele e empurrar ele pra fora da cama e o idiota ficava rindo. 

-Eu to brincando Lucy! -ele me puxou pra perto dele de novo e me abraçou forte, não dando chance de socar a cara dele- você sabe que é a única que me interessa. -ele beijou o topo da minha cabeça e apertou mais forte o abraço. 

Suspirei levemente e me aconcheguei novamente nos braços dele, eu ainda estava brava com ele, mas deixei passar dessa vez... só dessa vez. 

Eu estava em processo de dormir pela terceira vez, mas senti um incomodo, me senti observada, mas ignorei pois o sono tinha me vencido.