Já era de tarde quando o ômega abriu lentamente seus olhos, respirando profundamente e sorrindo ao notar que seu corpo era envolvido pelos braços de Jooheon. Chang se aproximou mais um pouco do mais velho e encostou sua cabeça no peito do mesmo, ouvindo os batimentos cardíacos do alfa, que apenas apertou o abraço em que ambos se encontravam e deu um beijo na cabeça de seu querido ômega.
-- Honey... Eu quero sair com você hoje... - Changkyun comentou em um tom tímido e com a voz manhosa que ele sabia que agradava ao seu hyung
-- Honey? Faz tempo que você não me chama assim... Kkungkkung... - Jooheon soltou o abraço e fitou o dongsaeng, sorrindo sem graça -- Por que não continua se referindo à mim desse modo? E sobre seu pedido, eu acho que podemos sair sim... Mas o que quer fazer?
Changkyun estava corado, nem havia percebido quando chamara Jooheon pelo apelido de infância, assim como o fato de ser chamado de “kkungkkung” depois de tanto tempo o havia pego de surpresa. O ômega deixou um suspiro escapar e se sentou na cama, ficando de frente para o alfa e apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto olhava timidamente para o colchão. Jooheon por sua vez, apenas permaneceu deitado, apoiando-se sobre um dos braços de forma a ficar mais elevado.
-- Eu... Não vou te chamar de Honey por que não somos mais crianças Jooheon... Crescemos e somos adultos agora... - Changkyun parecia frio com suas palavras, ele evitava chamar Jooheon daquele modo porque em sua visão, daria à ele uma intimidade , que nas circunstancias presentes, o ômega achava desnecessária -- Sobre o passeio-
-- Crescemos? Sério? É sua melhor desculpa? - o alfa cortou a fala do Im, levantando-se e ficando de joelhos em cima da cama -- Kkungkkung... Eu te conheço tem muito anos... Tá acontecendo alguma coisa com você... É por causa do casamento do Wonho não é?
-- NÃO CHAMA ELE ASSIM NA MINHA FRENTE! - a exclamação do ômega foi seguida de olhos cheios de lágrimas e mãos cerradas em punhos, apenas ele chamava seu irmão daquele modo -- Você não faz ideia do que eu perdi com aquele maldito casamento de ontem!
Jooheon fitou o ômega brevemente, ele não sabia como reagir à aquilo, nunca havia visto seu adorável Im Changkyun com tanta raiva. Só queria fazer com que ele se calasse e centrasse seus pensamentos em
-- Aquela vaca acha que pode chegar e acabar com todo meu relacionamento com meu irmão e ainda falar que não é por vingança pelo o que aconteceu! Eu vou acabar com aquel-
-- Ei, calma aí, você tá falando da minha irmã... - Jooheon engrossou sua voz e tampou a boca de Changkyun na mesma hora, impedindo-o de insultar sua cunhada -- Sobre seu irmão... Ele seguiu a vida dele, e você sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra
-- Mas hyung...
-- Cala a sua boca e me escuta Changkyun - Jooheon se afastou do ômega, saindo da cama e ficando parado na frente da mesma enquanto fitava o ômega -- Você achou mesmo que o Hoseok e você poderiam viver felizes pra sempre se comendo por aí sem que ele pusesse a mão na consciência e visse o que tava fazendo com o próprio irmão?
-- Você... Sabia? - Chang arregalou seus olhos e engoliu seco
-- Kkungkkung... Você pode enganar muitas pessoas, mas esse alfa aqui não é uma delas - Jooheon pegou suas roupas e as vestiu rapidamente enquanto falava -- Quando você realmente tiver crescido e parar de agir dessa forma nojenta que eu vejo agora, me liga por que temos mais a conversar.
O alfa saiu do quarto a passos pesados, Changkyun levantou-se rapidamente e tentou impedir o mais velho de deixar o apartamento, mas foi uma tentativa sem sucesso. Jooheon não iria continuar ali nem mais um segundo ali enquanto o ômega mantivesse aquela ideia idiota de que Hoseok havia cometido o maior erro de sua vida... Afinal Jooheon sabia bem que não fora só por seu irmão mais novo que o alfa havia se tornado seu cunhado. Chang porém, não admitia a ideia de possivelmente perder os dois alfas... O ômega colapsou.
Ao ver o alfa adentrar no elevador e ir embora, o Im voltou para dentro do apartamento com seus olhos cheios d’água, ele fechou a porta fazendo um enorme estrondo e dirigiu-se para a cozinha em busca de algo que pudesse lhe acalmar. Assim que pegou o copo de água, o mesmo acabou por cair e partir-se em vários pedaços, aquilo definitivamente não ajudou nenhum pouco o ômega que em seguida soltou um alto grito de raiva e começou a vorazmente destruir tudo o que encontrava na sua frente.
Copos voavam pelo apartamento, as cadeiras foram todas para o chão, almofadas estavam esmagando as delicadas plantas em seus vasos, cacos de vidro se espalhavam por todo chão. Ao fim de seu colapso, o ômega se sentou no chão, agarrado com uma foto que fora tirada no dia da formatura dele, na mesma estavam Wonho e Jooheon abraçando o mais novo com sorrisos em seus rostos.
-- Eu... Sou... Um idiota - fitou a foto uma ultima vez antes de jogá-la contra a porta de vidro da sacada, fazendo um enorme arranhão na mesma e partindo o porta retrato, Changkyun chorava arduamente, seus olhos estavam vermelhos e sua cabeça doía, a garganta do ômega já não tinha mais forças para fazer nada, apenas ficou ali fitando o vazio por um bom tempo.
[...]
O ômega Im fitou suas mãos, estavam cheias de cortes e alguns ainda sangravam mesmo depois de um bom tempo dele sentado ali. Ele ainda estava em seus devaneios quando ouviu o barulho da porta se abrindo, já sabia bem quem era, havia apenas uma outra pessoa que possuía a chave dali e então o ômega já fez questão de não move nenhum músculo.
-- Chang? Meu Deus... O que aconteceu com você? - a voz preocupada do mais velho pode ser ouvida assim que o mesmo se tornou visível para o ômega
-- Vai embora hyung... Você deveria estar de lua de mel não? - o Im mais novo se levantou lentamente e dirigiu-se para a geladeira, pegando uma garrafa de algum líquido alcoólico misterioso e levando-a até sua boca, tomando um longo e demorado gole.
-- Eu vim me despedir de você... Ontem não consegui falar direito com você kkungkkung
-- Ah qual é! Todo mundo resolveu esquecer meu nome e me chamar assim? - Chang deixou a garrafa em cima da pia e se virou -- Já se despediu, agora pode por favor ir comer a sua esposa em algum destino romântico especialmente escolhido por vocês e me deixar limpar essa bagunça? - ele não queria falar aquelas coisas, mas teria, não arriscaria perder os dois alfas, iria tentar salvar pelo menos um deles, e o escolhido por Changkyun fora Jooheon
-- Desculpa... Eu... To indo então... Só queria te pedir uma coisa Chang - Wonho começava a se dirigir para a saída, deixando a chave do apartamento em cima da única mesinha que não fora derrubada por seu irmão -- Não perca o Jooheon... Converse com ele, tenho certeza que vai saber lhe explicar as coisas sem te machucar como eu faria.
Ele atravessou a porta e a fechou calmamente, Changkyun tentou realmente ignorar... Mas não suportou, dirigiu-se até seu quarto e jogou-se na cama, conteve as lágrimas por breves segundos, porém assim que sentiu o cheiro de Jooheon ainda impregnado nos lençóis, ele desabou mais uma vez. O Im não aguentava tudo aquilo, só queria por um fim à aquele sofrimento de algum modo, e como não tinha a capacidade de fazê-lo de forma permanente, buscou refúgio no único lugar onde ele tinha certeza que nada daria errado, o mundo dos sonhos.
[...]
O celular vibrava rudemente debaixo do travesseiro de Changkyun, fazendo-o despertar de seu sono de modo forçado. O Sol não iluminava mais o céu quando o ômega atendeu à ligação, ele havia dormido o dia todo e só acordara naquela hora, a hora em que o relógio marcava 02:18.
-- Alô? É bom que tenha um motivo excelente para me acordar - a voz rouca e carregada de raiva do ômega pode ser ouvida quando o mesmo colocou o celular na orelha
-- Chang... É o Jooheon - a voz do alfa parecia falha e cansada -- Eu não sei como te contar isso... Mas... - a voz dele tremeu, Jooheon estava chorando e lutava para conter-se de forma a poder falar com seu dongsaeng -- Mas... Eu acho que, não tenho mais família
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