História White Magnolia - Magnolia Santanderiana (sim, é uma magnólia)

“10 de março de 1962

Sungmin, perdoa-me…

Kyuhyun havia convocado um tipo de reunião naquela tarde, provavelmente para nos contar o que havia descoberto depois de sair do quarto sob os berros de Ryeowook. Rye inclusive parecia bem melhor. Sentado numa cadeira, ao lado de Kyuhyun, com sua cabeça apoiada na cintura do outro. O modo como usava o corpo de Kyu como apoio era o único indicio do que quer que tenha o contaminado.

Kangin estava acordado e Yesung olhava literalmente para ele a cada cinco segundos para checar se ele estava bem. Era, de certa forma, engraçado vê-lo daquele jeito. Yesung, aquele que passa seu tempo atormentando os outros e tirando piadas de suas fraquezas, ali, completamente enfiado nas suas. Mas o entendo, deve ter sido horrível pensar que Kangin morreria. Não sei como nós ficaríamos se outro de nós fosse embora.

Eu nem era tão amigo dos mais velhos quando Leeteuk morreu, mas consigo ver a dor e a saudade em seus olhos toda vez que seu nome é citado. Preciso agradecer à Sungmin por ter, de certa forma, me livrado da visão de Kangin baleado.

Sungmin, a mais nova aquisição de nosso grupo, parecia ser o mais inquieto daquele lugar. Ele encarava Kyuhyun aflito, do outro canto daquela sala que mal conseguia nos comportar, seus lábios já tomavam uma cor rubra de tão maltratados, e não duvido nada que daqui para o fim desta “reunião” ele realmente os rompa.

Kyuhyun encarava Kyungsoo com um olhar tão sanguinário que só de estar ao seu lado eu mesmo já estava com medo. Seria tudo isso raiva de como ele impôs que fosse atrás de uma informação nova? Eu entendo que ele tenha ficado chateado, mas também não é para tanto.

Kyungsoo anda tão estranho esses dias, se é possível até mais frio. Ele segurava minha mão de forma firme, como se precisasse me manter ao seu lado, mesmo que eu não planejasse ir a lugar algum.

Yixing foi o último a entrar, ocupando um pequeno espaço atrás da porta, que se fosse aberta, isso provavelmente o machucaria.

— Tudo bem, Kyuhyun. Já estão todos aqui, você pode acabar com esses suspense? - professor Heechul interrompeu minha analise psicológica dos presentes, atraindo minha atenção para si.

— Encontrei o tal bruxo na biblioteca. - Kyuhyun começou a falar, mas logo parou, como se calculasse as palavras que deveria usar. Seus olhos estavam sobre Sungmin que lhe devolvia o olhar de forma aflita.

Por que Sungmin esta tão nervoso com essa historia? Achei que ele estava aqui só para nos ajudar, como Donghae disse que estaria mas nem apareceu. Eu mesmo me encarreguei de avisa-lo da reunião e sei que disse direitinho onde e quando aconteceria. Será que ele esta só atrasado?

— Como ele é? - perguntou Ryeowook, mesmo que sua voz denunciasse que ele não realmente gostaria de saber a resposta.

— Eu não o vi, ele só, falou comigo.

— Fala logo, moleque. Eu não tenho o dia todo - reclamou Heechul e eu precisei prender o riso. Não queria ser o responsável por atrapalhar toda a cena.

— Eu não o vi, ele só, falou comigo. Esta disposto a nos contar sobre a maldição, mas precisamos encontrar com ele na biblioteca até o por do sol de amanhã. 

— E qual é o problema? - perguntou Yesung.

— Não sabemos se podemos confiar nele. Então precisamos confiar uns nos outros. E além disso, ele listou cada um dos envolvidos e ainda não sabemos quem é o ultimo irmão. - Kyuhyun fez mais uma pausa, mas dessa vez ninguém o interrompeu. — Eu vou contar a vocês o que eu descobri até agora e peço que confiem em mim. - Agora era eu que estava ficando nervoso com todo esse suspense de Kyuhyun. — Acho que todos já perceberam que o conto do professor não esta completamente correto. Muito provavelmente as informações se distorceram com o tempo. Mas com o diário que Kyungsoo e Ryeowook encontraram a gente descobriu algo mais perto da verdade - posso jurar que quando ele falou o nome de Kyungsoo havia quase um nojo em sua voz. — Baekhyun é um tipo de reencarnação de Sungjin. - ele disse e eu concordei em silêncio. — Ryeowook é a Mogleon e Sungmin é o garoto do quadro.

Meus olhos se voltaram para Sungmin num completo espanto. Eu beijei meu pseudo irmão de 5000 anos? 

— Pera lá, crianças. - Heechul começou a falar, mas eu não conseguia tirar meus olhos de Sungmin. — Vocês estão dizendo que a loucura do Shindong não é tão louca? - seu tom do voz já dizia que por dentro ele também nos achava louco.

— Eu tentei encontrar uma outra explicação para isso, mas infelizmente isso aqui é tudo real. O professor Shindong nos trouxe para brincar com a vida de pessoas de verdade.

Heechul levantou de sua cadeira indo até Sungmin a passos rápidos. Em contra ponto a cada passo que ele dava Sungmin dava dois para trás, até que ficou encurralado no canto da sala. Kyuhyun se soltou de Ryeowook e foi o mais rápido que pode na direção da cena. Heechul segurou o rosto de Sungmin com suas duas mãos e o outro fechou os olhos com medo.

— Solta ele, Heechul - Kyuhyun disse autoritário.

— Como ele pode parecer tão novo - Heechul começou a puxar as bochechas de Sungmin, ignorando Kyuhyun completamente, dessa vez não pude não rir. — Ele é mais velho que eu! - Heechul reclamava indignado e Kyuhyun abaixou sua guarda, percebendo que Heechul não machucaria o outro.

— Eu não sei o que faz com que ele não tenha a idade de quando foi amaldiçoado mas também não pareça um velho ou esteja morto. E ele não pode falar sobre a maldição, então estamos sozinhos nessa. - Heechul soltou Sungmin e esse o sorriu, seu rosto estava completamente vermelho, não sei se de vergonha ou do jeito como Heechul lhe apertava. 

— Não faz isso que eu não sei se me sinto um pedófilo ou um pirralho com tara por mais velhos. - Heechul reclamou e Sungmin começou a rir. — Só continua - o mais velho, ou quase, disse antes de voltar a se sentar. Dessa vez Kyuhyun ficou ao lado de Sungmin.

— Sungmin é um de nós, então ninguém aqui vai machucar ele. - Kyuhyun segurou a mão de Sungmin protetoramente e posso jurar que Sungmin ficou mais vermelho ainda.

— Eu acho que não deveríamos ir amanhã - se pronunciou Yixing pela primeira vez. — Isso pode ser uma armadilha e nós nem sabemos quem é o terceiro irmão. 

— Sou eu - Kangin disse e sua voz saiu falhada. Provavelmente pelo tempo que passou sem usa-la.

— Como você sabe disso? - perguntou Yesung sem colocar muita fé nas palavras do outro.

— A mãe do Sungmin apareceu na minha cabeça me chamando de Sunghoon. - ele disse dando de ombros.

— A minha mãe? - Sungmin perguntou confuso e Kangin apenas concordou.

— Será que ele não teve algum tipo de alucinação? Estamos ligados de mais a tudo isso. - lancei minha hipótese sabendo que mesmo que a informação de Kangin fosse 100% real e não fruto de um sonho, não iriamos descobrir tão facilmente. Não sem encontrar aquela criatura.

— Independente de quem disse, o importante é que agora temos uma duvida a menos, e e espero, Amanhã só precisemos descobrir como destruir esse ser. Baek - Kyuhyun me chamou. —  Acha que consegue terminar o diário até amanhã?

— Bem, ele não tem tantas páginas realmente escritas, então acho que sim.

— Então encontraremos com ele assim que você terminar. 

— Calma, calma. Nós vamos realmente só confiar no que Kangin esta dizendo? Vocês sabem o quanto de remédio pra dor ele tomou? Ele não deve nem conseguir lembrar o nome de todos nós. - disse Heechul.

— Não temos outra escolha - eu disse, mais pra mim mesmo que para os outros.

— Nós vamos só nos quatro? - Ryeowook perguntou incerto.

— Eu acho que se é pra ir alguém, todos deveriam. Afinal, ele é um e nós somos…- Yixing começou a contar, apontando o dedo para cada um e silabando os números, mas acabou por desistir. — Muitos

— Mas o menino não sabe nem contar - Heechul como um bom professor de matemática reclamou. — Não sei por que eu ainda me dou ao trabalho de dar aula pra vocês. - ele causou seus braços rendido.

— De qualquer forma, se nós formos precisamos ter certeza de que ele não vai conseguir nos virar uns contra os outros - disse Kyuhyun.

— Sabe o que seria bom para nos unir mais? Um jogo da verdade - sugeri tentando disfarçar minha empolgação. 

— Você diz como se fossemos completamente estranhos e não amigos - debochou de minha proposta Yesung.

— Mesmo que sejamos amigos, tenho certeza que você esconde alguma coisa de nós, assim como os outros. - Yesung engoliu seco diante da minha resposta, despertando ainda mais a minha curiosidade. Com certeza dentro daquelas mentes haviam segredos escondidos, e só de imaginar eu já fico estupidamente empolgado. Eu não tenho nada a esconder mesmo.

— Acho melhor eu sentar então - disse Yixing antes de se sentar no chão, agora usando a porta de encosto para suas costas. — Como faremos isso? - Kyuhyun se soltou de Sungmin e voltou para seu lugar de origem, como travesseiro de Rye.

— Vamos começar pelo mais velho - eu disse empolgado olhando para Heechul.

— Eu? - Heechul riu. — Mas nós acabamos de descobrir que eu não sou a pessoa mais velha dessa sala. — os olhares se voltaram para Sungmin e eu me juntei a Yixing no chão.

— Ma...mas gente - ele começou a ficar estupidamente vermelho de nervoso. — Eu não posso dizer nada.

— Não pode dizer nada sobre a maldição. Mas nós queremos saber sobre você - esclareci sorrindo.

Tudo ficou em silêncio por alguns instantes, enquanto todos nós esperávamos que ele dissesse algo. Nem parecia que éramos aquele grupo estupidamente barulhento.

— Eu gosto de abóbora - Heechul que estava nitidamente ansioso, fuzilou Sungmin com o olhar. O garoto de bochechas grandes sorriu sem graça por não ter pensado em nada mais elaborado para dizer.

— Ok, ok. Eu começo. O que vocês querem saber? - perguntou Heechul cruzando os braços.

— O que vai cair na prova? - perguntei o provocando e logo pude ver o bloco de notas que estava encima da mesa, voar em minha direção.

— Para, Baek - reclamou de minha brincadeira, Yixing. — Não irrita ele - engraçado como as vezes Yixing parece um elemento completamente pacifico. Como um ser elevado. Enquanto eu não conseguia parar de rir de minha própria brincadeira. 

— Até parece que vocês não conhecem Baekhyun o suficiente pra saber que ele esta nervoso e por isso fica fazendo essas brincadeiras. - me virei para Kyungsoo espantado. Nem eu havia percebido o quanto aquela situação toda me deixava desconfortável. 

Ele me olhava como se nada tivesse acontecido, como se aquela fosse uma informação super conhecida por todos. Sorri para ele o abraçando e me aconchegando em seus braços. 

— Meu Cosmos como vocês são melosos - ouvi Heechul reclamar e senti Kyungsoo beijar minha bochecha. Talvez eu tenha exagerado com essa historia dele estar distante. Afinal, não é como se fosse da natureza dele ser carinhoso.

— Eu e Ryeowook estamos namorando - aquela frase, vinda do nada, me deu um susto e eu virei meu olhar automaticamente para aquela voz conhecida. Kyuhyun abraçava também Ryeowook que parecia tentar se esconder de nós no peito dele. 

— Eu vi vocês dois se beijando na festa - disse Kangin e eu posso jurar que ele não estava muito satisfeito com isso.

— Ah, mas disso eu já sabia. Só sendo muito desatento para não perceber que Kyuhyun faz tudo por Ryeowook - ele tinha razão. Estava tudo ali na minha frente, o jeito como Kyu olhava para Ryeowook agarrado em sua cintura era quase um olhar de adoração. 

Mas, mais do que isso, o olhar que realmente me chamou atenção, era um olhar que estava sendo dirigido a eles. Sungmin tinha um fitar completamente atormentado, como se aquilo tudo fosse uma tortura para ele. Meu Cosmos, tudo agora faz sentido. 

— Ryeowook é a pessoa por quem você esta apaixonado - disse sem nem pensar, me soltando de Kyungsoo e dando um passo em direção à Sungmin. ele dirigiu agora seu olhar para mim, como se eu tivesse contado a todos seu segredo mais profundo. Foi por isso que ele não quis ficar comigo.

Ryeowook finalmente afastou seu rosto do corpo de Kyuhyun, olhando para Sungmin, que como se fosse atraído por um íman, também olhou para ele, logo abaixando seu olhar triste. O que foi que eu fiz?

Um silêncio pesado se instaurou entre todos. Como se qualquer palavra a mais dita fosse piorar tudo ainda mais. Caminhei lentamente para trás, tentando voltar para o lugar de onde eu não deveria ter saído, da forma mais discreta possível.

— Eu...eu não sabia - Ryeowook foi o primeiro dos três e dizer algo. Kyuhyun ainda olhava Rye. Ele o olhava de um jeito que eu nem me atrevo a tentar entender. — Desculpa.

— Não te preocupas comigo. Para mim o importante é que estejas feliz. Lhe juro - Sungmin tentava sorrir e demonstrar que estava realmente bem com aquela situação, mas aquele olhar triste. Aquele olhar triste vai assombrar minhas pálpebras por um bom tempo.

— Tudo bem, próximo! - gritou Heechul, tentando desviar a nossa atenção do que estava acontecendo. — Kyungsoo, por que você esta sempre tão estressado? 

Com aquela pergunta o clima pesado foi completamente destruído. Aquela era realmente uma ótima pergunta, por mais que não fosse realmente relevante.

— Ele deve estar querendo parecer aqueles garotos sombrios - disse Yesung rindo.

— Vocês lembram aquela semana que ele voltou pro colégio super feliz e todos achamos que ele estava louco? - complementou Kangin.

Eu me lembrava levemente daquela semana. Kyungsoo chegou no colégio tão feliz que eu sinceramente achei que ele tinha arrumado uma namorada. Passei dias seguindo ele pra cima e pra baixo tentando descobrir o que ele estava escondendo, mas no final das contas, não era nada.

— Eu sei por que ele estava tão feliz - disse Kyuhyun. Ryeowook o olhava assustado, mas ele dirigia seu olhar firme para Kyungsoo, como se eles fossem os únicos ali.

— Kyu...- Ryeowook chamou pelo namorado baixinho.

— Tá tudo bem amor, eu não vou falar nada. - Kyuhyun beijou o topo da cabeça de Rye, que suspirou aliviado. 

— Agora que começou termina! - resmungou Heechul.

— Não é relevante - ele disse sentando no chão ao lado de Ryeowook e deitando sua cabeça sobre a coxa do mesmo. 

— Olha quem tá falando igual a Sungmin - resmunguei. Agora eu vou voltar a ficar paranoico sobre isso. Eu preciso convencer Kyuhyun a me contar. 

— Yesung, sua vez - Ryeowook incitou começando a fazer carinho nos cabelos de Kyu.

— Eu não tenho nada pra contar - ele disse dando de ombros.

— Quer dizer então que só nós cinco temos vida? - brinquei. 

— Exato - me respondeu seco me deixando emburrado. Achei que eu ia ganhar mais respostas que perguntas pela primeira vez em um bom tempo.

— Vocês são muito chatos! - furei batendo o pé. Eu quero saber o segredo.

— Gente, vocês perceberam que as garotas na festa ontem tinham um cheiro ruim? - disse Kangin com sua voz rouca.

— Credo, Kangin. Ninguém te ensinou a não falar essas coisas dos outros? - reclamei. Já imaginou se Soo começasse a falar essas coisas intimas aos outros? 

Pensar em coisas intimas me lembrou de Jongin. Sua figura completamente deformada no chão do salão. Acho que toda vez que eu me lembrar de como ele era estupidamente apelativo, eu sabem vou me lembrar de sua figura morta. 

— Não estou falando da menina que ficou comigo. Não apenas. De qualquer forma. - ele logo começou a se enrolar nas palavras. Ele podia tentar me enrolar o quanto fosse, eu sei bem que era de alguma garota a qual ele chegou perto o suficiente para perceber.

— Eu percebi também - disse Yixing.

— Mas eu nem te vi na festa - tentei passar as imagens da festa o mais rápido possível em minha mente, e posso confirmar que Yixing não estava lá.

— Eu estava lá. Eu vi Heechul e Leeteuk. - ele disse como se afirmar que viu Leeteuk fosse fazer parecer mais real.

— Claro - ri de deboche. — Você só esqueceu que Leeteuk esta morto. - disse a fim de provar meu ponto.

— Ele estava lá Baek - disse Kyuhyun num tom triste.

— Mas como assim? Isso não faz o menor sentido.

— Nem meu pai aparecer atrás de mim - disse Ryeowook baixinho.

— Seu pai também esta morto. - afirmei com minha convicção restante.

— Tudo é possível neste lugar, Baekhyun. - disse Kyungsoo. 

— É melhor voltarmos aos quartos para Baekhyun ler logo esse maldito diário e a gente poder ir embora de vez desse lugar maluco. - disse Heechul se levantando de sua cadeira e nos expulsando dali um a um até que ficassem apenas ele, Yesung e Kangin. O médico, a enfermeira e o paciente.