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História Who Killed?: Premonition - "Eu aceito!"


Escrita por: Nil-Kiba

Notas do Autor


Primeira pessoa: Cristie!

Capítulo 5 - "Eu aceito!"


WK3EP05: “Eu aceito! ”

Há vários momentos em sua vida que você deve simplesmente aceitá-los, mesmo que não seja de coração, mesmo que você queira que seja diferente, mas eles já estão ali, e recusar seria como uma criança correndo em círculos apenas para se cansar. Há horas que a sorte fica totalmente do seu lado devido a todas essas nossas aceitações dos fatos, mas é tudo diferente quando você vê uma pessoa morta com um buraco na testa jogada em seu frigorífico. É assombroso! Eu odeio mortes, eu só quero terminar meu curso, conseguir um emprego, começar a ganhar um salário, ter minha moradia própria, casar com o Edu, ter meus filhos, ser avó quem sabe, contar histórias de como eu sobrevivi ao acidente do Show, e... eu não sei mais o quê.

Eu estava em um estado de aguarde total, meramente esperando o destino jogar na cara do Eduardo de que ele precisa me pedir ao casamento. De preferência de uma maneira épica e super inesperada. Eu até já ensaiei as falas (hihihihi).

“Cristie Wichermann. Você... quer se casar comigo?” Imaginei ele com um terno me pedindo de joelhos. É eu com certeza aceitaria as coisas ali com muito mais entusiasmo. Eu aceito para lá. Eu aceito para cá.

(Talvez você pense “Que viagem!” e realmente, é uma viagem, as vezes nós precisamos viajar, é diferente de criar expectativas.) Quando eu estava em meu ensino médio eu costumava dizer que iria tentar me preservar o máximo para esperar a pessoa certa e tudo mais. Que pensamento idiota eu tinha! Afinal, como vamos saber quem é a pessoa certa se não passarmos pela pessoa errada antes? Eu namorei bastante, não ligava para as opiniões dos outros, afinal, o que você tem a ver com quantas pessoas eu beijo ou faço sexo? São apenas números. Fiquei com garotos e garotas (Ora ora), mas agora tudo estava mudando, eu me sentia amadurecida, é quase como um aplicativo passando por avaliações para se atualizar. Enfim, faz parte da vida.

Mudando de assunto, meu posto como Colíder da pensão estava ameaçado, sinceramente, eu nem queria esse posto. Mas Analiz me deu esse cargo pela nossa amizade, ela sempre disse que eu era ótima administradora então eu aceitei de modo a fazer jus ao que ela me ofereceu. Foi quando me toquei que se Marco estiver certo, todos iremos morrer mesmo. Eu nem estava tão em surto. Surtar é inútil, pelo menos eu iria aceitar todos os árabes que me convidaram no Facebook.

Eu estava deitada em minha cama usando meu notebook e vendo algumas fotos antigas minhas, eu não tinha vergonha, não tem por que ter. Eu adoro tudo isso, o passado. E de como ele foi bom, meu ensino médio foi o melhor momento da minha vida, mesmo sem um número musical do nada e sem sentido quando ele terminou. Revi uma foto que tirei com Analiz em nosso último ano do colégio. Aquele dia foi incrível e curioso.

***

Era as nossas últimas horas como estudantes do ensino médio, ao lado do prédio da nossa escola estava acontecendo um festival e havia um parque de diversões com montanha-russa, roda gigante e todos esses brinquedos que eu e Analiz adorávamos ir. Chegávamos a até disputar quem aguentaria mais tempo em algum brinquedo. Os alunos desciam as escadas com pressa como se o parque fosse sair do lugar, mas ele não ia, pelo menos eu esperava que não. Eu estava com Analiz e mais dois amigos, José e Fabricio, o segundo havia terminado com a namorada no mesmo dia e então resolvemos ir ao parque com um intuito maior de animá-lo.

José estava começando uma banda de Rock com uma outra turma e tinha sonho de conseguir vencer algum concurso para juntar dinheiro e ficar famoso e espalhar sua música (que eu até gostava) pelo Brasil, sim, ele não queria mostrar aos gringos, ele tinha um certo receio com coisas gringas, ele dizia que se quisermos mudar as coisas, deve-se começar por onde você nasceu, então se ele estourar no Brasil quem sabe com anos ele comece turnês a fora, eu assistiria ele tem uma Vibe bem legal.

Fabrício é um pouco mais calado, eu gosto de pessoas caladas, pelo menos elas tomam cuidado quando falam algo, esse tinha luzes loiras em seu cabelo e tinha namorado com Jennifer por bastante tempo, iriam completar um ano de namoro, mas de repente, tudo acabou, ele não nos disse o motivo, mas na verdade, creio que nem ele sabe o motivo, mas eu tenho teorias. Jennifer é do primeiro ano do ensino médio, na época que eles namoraram nem havia entrado no High School ainda, então creio eu que ela apenas se aproveitou de um status (idiota) de namorar alguém do último ano. Eu a julgava por isso, e ao mesmo tempo não, pois tenho certeza que quando ele estiver em nosso lugar, irá se arrepender disso. Infelizmente, Fabrício estava esperançoso nesse namoro.

Era praticamente noite, havia uma enorme árvore com folhas que estavam caindo ao menor sinal de vento, todo aquele lugar cheirava a pipoca, grama seca e bebidas. Eu batia diversas fotos, bati uma onde Analiz estava com aquele seu cabelo castanho ondulado ao lado de José e ele fez um sinal de chifre com a mão atrás dela, eu ri no momento, aí dei meu celular para Analiz bater uma foto minha com Fabricio, forcei ele a fazer uma careta mostrando língua e eu também fiz uma. Acho que a foto ficou feia pois até hoje não consigo tirar da cabeça a cara que a Liz fez ao ver a foto, ela tentou disfarçar.

- Para começar em alto estilo vamos direto ao Trem Fantasma. – Ela disse.

- Era o que eu ia sugerir. – José falou antes de ver a fila.

- Isso aqui tá uma porra. – Fabricio reclamou com tua sua convicção.

- Tá tudo bem, eu fiz reservas. Não vamos encarar essa fileira toda. – Analiz explicava.

Então comemoramos e furamos a fila para o começo devido o nosso direito concebido pelas reservas. Havia um corredor com diversos adereços assustadores, como manequins com maquiagens de sangue, máscaras horríveis e caveiras, passamos pela catraca, mas agora teríamos que correr pelo corredor para chegar ao carrinho nos trilhos, fazia parte da atração. José tentava nos assustar (falhando miseravelmente) e nós duas fingíamos ter caído nisso, Fabricio estava rindo de nossas reações, era isso que queríamos, rir de tudo no final.

Chegamos ao carrinho, havia certamente espaço para quatro pessoas, sentei ao lado de Analiz na parte traseira e Fabricio e José sentaram-se na frente, qualquer susto eu poderia facilmente me esconder atrás deles. (Sim, eu não sou de ferro). As rodas começaram a arranhar os trilhos e estávamos nos movimentando, o corredor era facilmente escuro com apenas os faróis de cor avermelhada “iluminavam” o caminho, não demorou muito para começarmos a ouvir sons de animais, monstros ou bruxas, não sei ao certo o que era aquilo.

Eu ia bater uma foto, mas meu celular quase cai da minha mão quando alguma coisa passou correndo na nossa frente, Analiz se assustou e José também, começamos a rir, chegamos em uma parte que nosso carrinho parou, havia dois caminhos, esquerda e direita, tínhamos que escolher, até que decidimos ir pela esquerda, mas a partir daí foram apenas os mesmos sustos normais, pessoas gritando, zumbis aleatórios, pessoas com foices, nada que eu já não tinha visto em outros trens fantasmas.

Saímos do brinquedo e já estávamos a procura do próximo, e claro, o mais procurado é a Montanha Russa, aproveitamos que a fila não estava tão grande e logo ficamos nela, José foi comprar pipoca para nós e refrigerante, então guardamos o lugar dele na fila.

- Eu espero que a Montanha Russa faça valer a pena esse parque. – Eu falava mexendo em meu celular. – Se for pelo Trenzinho ali, eu dou apenas duas estrelas no site.

- Você reclama demais. – Fabricio disse.

- Aprendi com a melhor. – Apontei para Analiz e pisquei para ele.

Nós rimos, mas Fabrício também sorriu. Era legal. Esse poder de espalhar a felicidade, eu me perguntava, hoje em dia, onde ele está guardado dentro de mim.

Não demorou muito para José voltar para a fila, ele é bem teimoso por tomar todo aquele refrigerante antes de ir em um brinquedo como esse. Toquei no pulso dele, notei uma pulseira que nunca tinha notado, era de couro e havia uma pena de prata como pingente.

- O que significa? – Perguntei.

Esperei o carrinho com pessoas gritando passar para ele poder me responder, mas antes que ele pudesse Analiz pegou em meu ombro com força.

- Eu não to bem. – Ela nos disse.

- O que aconteceu? – Fabrício perguntou.

- Eu tô com uma dor de cabeça repentina.

- Quer que eu busque uma água? – José tentava ajudar.

- Não. Eu... Não consigo ir nesse brinquedo agora. Não vai dar.

- Tudo bem, nós saímos com você. – Fabrício falou.

- Não! Meninos, fiquem aqui. Não vão perder a chance por minha causa. Eu encontro vocês no final.

Analiz finalizou puxando-me pelo braço para fora daquela fila, ela chegou na calçada, foi quando me largou e começou a respirar fundo.

- Cólica? – Não custava perguntar. – A escola ainda está aberta podemos ir ao banheiro.

- Não é cólica, mas vamos ao banheiro.

Eu retocava a maquiagem usando o espelho do banheiro enquanto Analiz estava em uma das cabines, havia momentos que a lâmpada daquele banheiro piscava, coisa assustadora.

- Que estranha essa dor de cabeça.

- Não foi bem uma dor de cabeça, pareceu mais uma sensação ruim que me veio. Não sei explicar.

- Uma tia minha tinha bastante coisas como essa. Ela meio que sempre estava certa quando achava que algo ruim ia acontecer. – Eu contava. – Ela até assustava eu e meus primos com lendas da Bloddy Mary.

- Aquela da mulher do espelho? – Analiz disse ao sair da cabine. Ficou ao meu lado.

- Isso. Diz a lenda que ao dizer “Bloddy Mary” três vezes em frente a um espelho o fantasma dela surge na sua frente.

Nós duas encaramos o espelho, eu causei um certo arrepio em mim mesma. Que ótimo! Eu ia começar a dizer quando Analiz disse antes:

- E se duas pessoas a invocar em lugares diferentes?

- Não tinha pensado nisso. – Respondi.

Então de repente, sentimos um tremor e um som forte vindo de fora do prédio, em seguida, gritos. Corremos para fora da escola, quando voltamos ao parque, vimos grande parte dos brinquedos em chamas e pessoas correndo e gritando, corpos caindo de atrações e o carrinho da montanha russa bateu na árvore, havia uma mão para fora, em sinal de desespero, no vão entre o carrinho e a árvore, gritei quando reconheci a pulseira de José naquela mão. Ultima coisa que eu lembro foi do grito alto de Analiz. Foi desesperador.

***

Desliguei o notebook. Comecei a criar suspeitos de quem poderia ser o tal assassino da Sra. Ribeiro, Marina? Se passando de inocente. Talvez. Victor? Ele seria sangue frio assim? Não. Ele têm medo até do espelho. Zlatan? E se o papel de bom moço do interior seja apenas para desviar a atenção? Não. Sem delírios! Analiz? Sinceramente não duvido. A própria admitiu a mim que esconde um único segredo que não poderá ser revelado a ninguém. Não importa, tenho pena que quem matou está tão desesperado que já está completamente lúcido. Eu tenho pena.

- Eu ainda estou sem acreditar na ousadia da Gracy em me desafiar. – Analiz entrou em meu quarto falando enquanto penteava o cabelo. – O que ela tem comigo? Todos deveriam gostar de mim. Você não concorda?

Até aquele momento eu estava apenas escutando o que Liz dizia, mas agora que ela pediu a minha opinião, eu não posso mentir.

- Liz... Nós podemos fazer dar certo!

- Como assim?

Eu guardei o notebook e levantei da cama, usava um blusão para dormir.

- Não sei você. Mas eu vejo um potencial nela. Tipo uma determinação.

- Sim. Uma determinação para tirar você de seu posto.

- Analiz! Você já pensou que seria melhor de todas as garotas fossem as líderes? Tipo uma equipe.

Analiz parou de se pentear e me encarou seriamente, eu a conhecia muito bem para entender aquele olhar, na verdade, nem eu estava me entendendo. Mas o fato é que eu odeio tretas prolongadas, isso iria ter que acabar com ou sem votação. Com ou sem morte.

- Eu aceito.

- O quê?

- Amanhã as coisas vão ser diferentes.

***

Meu despertador fez a sua função corretamente e me acordou as sete da manhã. Mas ele não foi o único que me acordou, Analiz me deu uma travesseirada para me acordar e eu retribui. A rádio começou a tocar uma das minhas músicas favoritas: Bitch! I'm Madonna!

 

You gonna love this!

You gonna touch this!

Cause i am bad bitch!

 

Ficamos cantando a música enquanto uma ficava no chuveiro e outra escovando os dentes. Continuamos cantando, partirmos para nos arrumar com nossas “Roupas de Arrasar”, pela porta notei Marina adentrando ao quarto de Gracy.

Marina dormiu mais uma vez ao lado de Caleb, eu gostaria de dizer a ela as coisas que eu sei, acho que ela tem que saber a verdade, mesmo que doa de certa forma. Claro, a menos que ela ainda queira ser cornona. Vou ser mais amiga dela também assim como de Gracy, portanto, amanhã na universidade eu vou contar tudo a ela, eu odeio brigas entre os membros da pensão, mas acho que isso não seria nem necessário. A revelação é definitiva.

***

As quatro garotas entraram no carro. Me sentei ao banco do carona e Analiz iria dirigindo. Eu estava curtindo esse momento, o dia parecia agradável. Eu adorava o cheiro de lavanda que tinha o carro. Lavanda me trás boas lembranças, quando eu era criança passei uma parte da minha infância visitando a minha vó, ela morava em uma chácara afastada de grande parte da poluição da cidade, havia um campo lindo cheio de flores de cor roxa, a lavanda me faz lembrar delas e de como eu adorava o café da minha vó.

Antes de partirmos, desviei meu pensamento e foquei minha vista na janela do segundo andar, tomei um susto silencioso ao ver lá em cima Marco encarando o carro. Ele deveria estar preocupado, eu me sentia um tanto culpada pois nem eu e nem Gracy parecíamos estar preocupadas. Mas de fato, eu estava tranquila com tudo isso, ontem já dei bastante crédito ao Marco e aquele livro bizarro pelo simples fato de já ter acontecido acidentes terríveis comigo e Liz, nós sabemos como é, nós sabemos como devemos agir. E não podemos fraquejar.

Havia um total de cinco prédios de mais de cinco andares em todo o campus da Universidade, quatro desses prédios eram divididos pelas áreas do conhecimento. Ao saímos do nosso carro com os ventos em nossos cabelos Marina se direcionou ao seu prédio respectivo de jornalistas (por sinal, o maior com sete andares). Analiz e Gracy foram para o mesmo prédio pois ficam na mesma área. Eu teria que ir para o prédio das Ciências da Natureza que ficava ao lado do de Linguagens. Observei Marina caminhando para chegar em seu prédio e depois para sua sala, ao lado de seu prédio havia diversos materiais de construção, placas, cones e alguns trabalhadores que usavam capacetes, estava sendo construído ao lado do prédio de Linguagens algum outro edifício do campus. Havia uma enorme máquina que carregava por meio de cordas grandes barras de aço e às deixava no lugar onde estava sendo construído, o trabalho estava lento naquele momento pois o barulho não deveria atrapalhar as aulas.

Já estava em meu respectivo prédio, subi alguns degraus pela escada e procurei a sala com que eu já estava me acostumando novamente, eu sinceramente odiava estar naquela sala, você nem podia se concentrar com tantos sons de dedos batendo em teclas de celular, você tá ficando paranoico de certa forma. A sala tem um declive de cadeiras, dei uma breve escaneada nos rostos de meus colegas, nada de novo, os mesmos imbecís e mais ou menos de novo, apenas alguns com cortes novos de cabelo ou piercings em cada vez lugares mais expostos. Eu não sentia saudade de ninguém dessa turma, exceto o Benedito, ele é um CDF que me ajuda em atividades mais complexas, eu gosto dele, talvez por que eu sinta dentro dele um alma de pessoa popular, mas também não tínhamos muito o que falar hoje. Então nesse dia apenas coloquei minha bolsa em minha carteira e fui para fora tomar ainda um pouco de ar fresco, como muitas pessoas ainda faziam naquela faculdade abri meu celular e tem uma mensagem de Analiz. Sentei em um parapeito para responder.

A mensagem dizia que a família de Rafael havia entrado em contato com Analiz e lhe disseram que eles irão fazer uma cerimônia de enterro para ele, querem que nós fossemos muito. Analiz quis apenas me informar sobre isso, foi uma sensação estranha realmente comecei a ficar triste ao pensar em Rafa mas respondi que com certeza nós iremos fazer de tudo para ir. Pensando melhor, Rafael foi a pessoa na casa com quem eu menos conversei, no entanto, ele, sem dúvidas deve ser a pessoa com quem eu menos tenho desgosto ou melhor, tinha. Eu lembro que no ano passado, eu e ele saímos juntos para ir em um Shopping, tudo isso, para comprar um simples livro. Eu também achei estranho. Afinal, eu nem gosto de ler livros mas eu não queria ficar na pensão sem fazer nada e Analiz estava ocupada como sempre à tarde. Então eu chamei ele, o mesmo parecia um pouco triste mas andamos pela rua, conversamos um pouco, nada pessoal, observando as pessoas entrando no shopping, ele me apresentou algumas bandas de rock e eu reconheci algumas, me apresentei um pouco também, afinal a gente era quase que desconhecidos. Após o Shopping, fomos lanchar um suco com coxinha em um quiosque qualquer que tentamos encontrar, achamos um que ficava perto do centro. Foi perfeito, começamos a “conversar” (apenas murmúrios) sobre músicas e trilhas sonoras. Eu disse a ele o quanto eu gostava de Legião Urbana, mas talvez, naquele momento, deixamos de perceber a verdadeira trilha sonora que estava presente e sempre vá estar quando estamos em São Paulo. Os sons de carros buzinando, ônibus acelerando, pessoas falando ao telefone, passos e mais passos, vendedores ambulantes e todos esses sons urbanos que quando juntos fazem uma incrível combinação. Agora, tudo isso é tão estranho porque agora ele está morto, e eu sou a próxima. Será que também vou morrer? É... vencer o Destino... vencer a morte.... ou vencer Deus?

Virei minha visão e observei o prédio que Marina estaria, ele é bem grande, com enorme paredes de vidro, conseguir ver Marina em um andar alto, a reconheci pelo enorme cabelão branco em rabo de cavalo, seu andar estava na mesma altura que máquina levava as vigas de metal para o prédio ao lado, isso poderia causar um acidente, Marina morre depois de mim? Me livrei desses pensamentos e voltei a minha sala. Quando passei pela porta, a sala já estava um pouco mais cheia, não foi para o meu lugar, na verdade, fiquei parada na porta encarando o vazio, olhei para o relógio, eu ainda tinha três minutos livre antes da professora chegar na sala.

Fui novamente para fora da sala. Liguei meu celular e disquei o número do meu namorado, algo me diz internamente que eu devo falar com ele, eu deveria mesmo fazer isso, a gente se vê a pouco tempo, queria ouvir a voz do Eduardo mais uma vez. Chamava, chamava... até que ele atendeu.

- Oi! – Era a voz dele, ah, eu me sentia feliz só por ouvir uma sílaba de sua voz.

- Oi, amor!

- Cris, ah, que saudades, achei que fosse me ligar apenas quando saísse da aula.

- Eu também estou com saudades. Liguei agora, falta alguns minutos antes da aula começar. Eu só quero dizer que você é muito especial para mim, e que se tem uma coisa que eu não me arrependo, foi de te conhecer.

- Oh, assim você vai me fazer ir ai só pra te agarrar. Eu te amo, Cris! Eu sinto muito se as vezes, eu perco a cabeça...

- Você? – Eu o interrompi rindo. – Sabemos que eu sou a que perde a cabeça na relação.

- E eu adoro ver você esquentadinha. Amor... eu tenho que voltar ao trabalho agora. Até mais tarde, beijos!

- Até.

 Viu? É fácil! São muitas vezes apenas palavras colocadas magnificamente na ordem certa e com expressões de verdade que fazem o amor se espalhar de um lado do celular, percorrer linhas eletromagnéticas invisíveis e atingir o outro telefone. As pessoas deveriam tentar, mal não faz, mas a maioria é tímida demais, pois elas tem medo da resposta. Mas a dica é óbvia, afinal, ninguém vai te bater pelo celular.

Vi a professora pelo corredor, desliguei o celular e coloquei no bolso, fui para a sala e sentei-me na minha cadeira, Benedito estava lá, sem os óculos, ele ficava bem melhor assim, seus olhos eram claros e bonitos, mas claro, enxergar é melhor do que viver de aparências, mas também, ninguém disse que não se pode fazer os dois juntos.

A aula começa, falatório, falatório, falatório no quadro, anotações, falatório, discurso moralizante, exercícios mentais, falatório e encerramento com discurso. Toda santa aula, dessa professora era assim, que coisa chata, não era nem seu métodos que me estressava, mas sim sua mesma ordem repetida, qualquer alteração já seria uma grande e positiva mudança que faria aula ficar um pouco mais dinâmica e atrativa. Mas ela acabou mais cedo, o alarme de incêndio do colégio disparou do nada, fomos instruídos a sair, peguei minha mochila e fui em direção a porta para sair. Todos estavam com pressa para ver do que se tratava, quando saímos do prédio, percebemos fumaça do prédio de Gracy, meu corpo tremeu brevemente, ela poderia estar morta agora? Respirei fundo e fui em direção a cantina, deveria me desviar do prédio segundo Marco, ficar longe da zona de perigo, a cantina ainda não estava aberta, eu estava com fome.

Fui para fora da cantina, e olhei os trabalhadores do prédio em construção, eles lanchavam em uma barraquinha de cachorro quente que estava ali, vi a chance perfeita. Mas antes comecei a pensar que é melhor não, uma área de construção não é segura, mas todos eles pararam de trabalhar, nada podia acontecer com todos parados. Então prossegui, fui até a barraquinha e pedi um lanche completo, a moça da barraca usava uma brasa forte para esquentar a salsicha. Meu celular finalmente ligou, vi que havia uma mensagem de áudio de Marco, tentei ouvir mas não entendi nada do que ele disse, então ignorei. Paguei meu cachorro quente, mas resolvi comer ali mesmo, apesar de alguns operários da obra ficarem me assediando pelas costas, acabei levantando o dedo do meio a um deles. Um outro aluno chegou com um cigarro ali, de repente me virei de costas e olhei para cima e vi a viga de metal se movendo lentamente, senti cheiro de gás e segundos depois, ouvi uma explosão perto de mim, cai no chão, tentei me levantar completamente tonta e ainda dolorida pela queda, nem conseguir ver o que explodiu mas notei uma faca acertando o cara que controlava a máquina que levantava o ferro. Vi uma corda arrebentar, foi quando gritei bem alto, aquela viga caiu.

Atingiu meu pescoço e o esmagou, não conseguia me mexer e nem sentir nada, mas consegui sentir o sangue sair de mim, senti muitas coisas saírem de mim, a sensação parecia de uma televisão sendo desligada, tudo ficando preto bem lentamente, foi quando ouvi ao fundo, pedidos de socorro e de ajuda, última coisa que senti foi meus dedos tremendo. E por último vi a grama, mas ouvi pelo final o som da voz de Thomas e Caleb gritando por mim. Queria eu poder responde-los.

 



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