História Why Try - Be Here

O sinal do último dia de aula soou, todos os alunos saíram correndo em direção a saída agradecendo pelo término e no meio delas, Starr que não via a hora de entrar no ensino médio com seus amigos. A loira se despediu da amiga e correu até o armário, onde como todo ano, grafitou rapidamente suas iniciais “S.J” na porta e jogou seus livros para cima, não se importando com quem poderia ver. Tirou seus tênis, ficando apenas de meia e saiu deslizando pelos extensos corredores do colégio, até o portão de saída onde seu irmão a aguardava distraído olhando para as adolescentes que ali permaneciam.

Ao passar do seu lado, Starr deu um tapa na cabeça do loiro que imediatamente acordou e começou a xingá-la com palavreados de baixo calão, enquanto a garota apenas gargalhava em direção ao carro. Adentrou passando o cinto e ligou o rádio alto, atraindo a atenção de todos presentes no estacionamento, jogou seus pés pela janela e deitou o banco.

— Dá pra tirar os pés daí? — Jack ordenou assim que adentrou, Starr revirou os olhos e sentou-se direito, ela sabia que o irmão amava o carro mais que a própria vida. — Obrigado pela compreensão queridinha.

— Por nada degustador de clitóris. — respondeu rindo forçado e o irmão gargalhou alto. — Do que você está rindo idiota¿

— Degustador de clitóris. — o loiro repetiu sua última frase, e só ai S.J percebeu o que havia dito e se encolheu de vergonha. O irmão provavelmente usaria aquilo para infernizar a menina, e iria mesmo, Jack adorava encher a paciência da irmã até a mesma explodir de raiva e começar um briga que sempre acabará em gargalhadas e braços roxos.

Ao chegar em casa, Starr subiu diretamente para o quarto retirar o uniforme que tanto incomodava, mas para sua sorte ela não iria mais usar aquilo novamente, no ensino médio ninguém segue as regras, todos vão como bem entendiam. Revirou o closet em busca de uma roupa confortável, aquela época do ano em Omaha era extremamente quente, sim o outono realmente ficava estranho em seu final, talvez seja o gosto que ele queria dar aos moradores antes do frio. Por fim, colocou um short jeans claro e uma regata branca, prendeu seus cabelos num rabo de cavalo e calçou seus chinelos, descendo para almoçar em seguida.

Sua mão, Liz, já estava servindo a mesa quando Jack e Starr entraram quase se matando na sala de jantar, a mais velha riu pelo nariz e revirou os olhos ordenando para que parassem e comessem logo. A loira quietou e sentou, servindo-se da maravilhosa macarronada que a mãe preparou, assim como Jack que preferiu apenas degustar da carne e o molho branco, ele definitivamente amava molho branco.

Liz subiu para o quarto, havia comprado um presente para o mais e sabia que ele precisaria para o que viria acontecer. Deu uma última conferida na calça moletom, Jack amava aquele tipo de roupa e sem seguida, pôs dentro da sacola e correu até a cozinha.

— Jack querido, quero lhe dar esse presente para usar na viag... — antes que a mulher terminasse, Jack se levantou e colocou um pedaço de pão em sua boca, e apontou a cabeça para a irmã que por sorte não ouviu. Liz apenas assentiu e entregou a sacola para o filho sorrindo sem mostrar os dentes,o loiro a abraçou rapidamente e voltou a se sentar, antes que a irmã percebesse.

(...)

O dia já havia ido embora, a noite chegou e junto a ela uma enorme lua cheia que iluminou Omaha inteira. Na casa dos Johnson, os amigos de Starr preparavam uma social surpresa para comemorar a entrada da menina no ensino médio, seria algo simples, pizza e bebidas fracas já que Liz proibiu que embebedasse a filha mais nova. S.J estava na casa de Liv, que enrolava um pouco a pedido do irmão Nate, enquanto isso, Sammy passava nas pizzarias mais próximas, Gilinsky comprava os refrigerantes e as vodcas, e Jack e Nate davam um jeito na casa.

— Será que Starr vai gostar? — Jack perguntou assim que se jogou no sofá, Nate terminava de colocar os copos na mesa central da sala pensou um pouco e deu de ombros, achou desnecessário responder aquela pergunta idiota. — Se for pra me deixar no vácuo, prefiro conversar com o Gilinsky que nunca responde nada.

Nate riu.

— Desculpa Dude. — respondeu estalando as costas. — Sua pergunta foi mais idiota que os clipes da Madonna.

— Não quero saber. — Jack fez bico e virou a cara, fingindo estar bravo. Nate apenas revirou os olhos e se jogou na poltrona, se lamentando pela demora e ter que suportar Johnson reclamando.

Dez minutos depois, Sammy e Gilinsky chegaram rindo e adentraram na casa já avistando o estado dos amigos. Faltava bem pouco para S.J chegar, além da comemoração para a garota, eles ainda comemorariam algo que para os olhos de muitos, era um passo para a carreira dos jovens brilhantes. Ao ouvir o barulho de buzina do carro da mãe de Nate, Sammy deu um pulo e correu apagar as luzes, estava parecendo festa de aniversário e de criança ainda por cima. 

Starr despediu-se da tia, Liv a acompanhou somente até a porta, pois seu irmão e muito menos sua mão não queria que ela participasse da tal comemoração. Perda de tempo — pensou a ruiva consigo. S.J depositou um beijo na bochecha da amiga e adentrou, estranhando o fato de estar tudo escuro e um cheiro maravilhoso de pizza invadir sua narina. Caminhou até o interruptor, com medo de tropeçar e quebrar algo de sua mão, e assim que acendeu deu de cara com os quatro amigos rindo. Logo um sorriso de orelha a orelha se formou em sua face.

Um silencio estranho ocorreu.

— Essa é a parte em que a gente devia gritar surpresa não? — Nate perguntou baixo para Gilinsky que levou a mão até o rosto, já que se esqueceram definitivamente daquela parte.

— O que está acontecendo aqui? — Starr questionou tentando não parecer surpresa.

— Uma social der. — Sammy respondeu como se fosse obvio, fazendo todos gargalharem. — Vai ficar olhando ou aproveitar essa maravilhosa festa que fizemos para comemorar sua entrada no ensino médio.

Starr não aguentou e começou a gargalhar alto.

— Olha senhora educação você poderia pelo menos dizer um obrigado em vez de rir. — Jack gesticulou colocando a mão em sua cintura.

— Desculpa. — respirou um pouco. — É que nunca imaginei uma social para uma garota que entrou no ensino médio, essas coisas ocorrem mais na faculdade.

— Querida Starr, ninguém nunca te falou que somos estranhos? — Sammy passou os braços em seus ombros e gesticulou com as mãos para que olhassem em volta.

— Além do mais, precisamos te falar algo. — Nate disse afastando Sammy e abraçou. — Mas isso deixa pra depois.

— E quando você entrar na faculdade, nós vamos andar bêbados por Omaha inteiro. — Jack falou e subiu em cima da mesa, virando a garrafa de vodca pura.

Starr se serviu e tomou só um pouco de bebida, ouvir os amigos bêbados conversarem já era engraçado demais e também, não queria trazer um prejuízo a mais á Liz.

(...)

Era por volta das meia noite, a social que antes consistia em apenas cinco amigos acabou se tornando uma festa cheia de bêbados e drogados. Starr não se sentindo bem — e estava sozinha no sofá — decidiu subir para o quarto e tentar dormir, já que além do som alto, os gemidos não estavam sendo contidos. Colocou o copo sobre a pia, havia muita gente estranha ali e umas até eram conhecidas, mas Nate, Sammy, Jack e Gilinsky haviam desaparecido totalmente, ela acabou deduzindo que estariam em um dos milhões de quartos ali.

Com dificuldade, por conta da quantidade de pessoas, subiu as escadas e caminhou até seu quarto, que para o seu achar estava trancado e era possível ouvir gemidos de menina e uma voz conhecida, Sammy. Revirou os olhos e olhou em volta, todos os quartos estavam ocupados e provavelmente por todos os seus amigos. Suspirou derrotada, encostou sua testa na porta e fechou os olhos, estava muito cansada para curtir a festa até Sammy terminar, até que dois braços se envolveram em sua cintura.

— Se você tentar alguma coisa eu vou chamar a polícia. — disse nervosa e se virou, dando de cara com Gilinsky que não parecia nada bem e não estava, ele não queria que aquilo virasse uma baderna, apenas queria aproveitar os últimos dias com Starr. — Jack, você está bem?

— Tirando o fato que vou arrancar a cabeça do seu irmão por causa disso, estou. — respondeu dando de ombros. Starr sorriu de canto. — Você ainda não sabe né?

A loira negou com a cabeça, Gilinsky soltou um suspiro pesado e puxou a amiga pelo braço.

Ele não sabia muito bem onde a levaria, mas percebeu que a adolescente se sentiu incomodada com a ocasião. Durante o caminho, os dois receberam olhares maliciosos e irritados, Gilinsky não importou ao contrário de Starr que estava com as bochechas parecendo tomates maduros. Ultrapassaram a porta de entrada, logo Jack avistou o parquinho vazio em frente à casa e decidiu ir lá, talvez seria uma ótima ideia relembrar de quando os dois brincavam quando eram pequenos e contar a novidade.

Starr se sentou no balanço, Gilinsky hesitou um pouco mas depois fez o mesmo, arrancando um risada baixa da loira.

— Eu vou matar o Jack. — S.J comentou para quebrar o silencio, Gilinsky riu baixinho.

— Relaxa estrelinha. — Gilinsky disse e de uma hora para outra o coração de Starr começou a pular alto, por algum motivo, o moreno ao seu lado sempre a fez sentir algo incomum, algo parecido a amor recíproco, mesmo sabendo que não era. — Você vai ter que matar o Sammy que está melando sua cama;

A loira fez uma careta, Gilinsky gargalhou alto.

— Me lembre de comprar um colchão novo.

— Lembro. — riram.

O silencio tomou conta dali, as mãos de Starr suavam e sua respiração estava ofegante, talvez pelo sono ou talvez fosse vergonha, as coisas estavam sendo misturadas ali. Gilinsky devagar levou sua mão até a dela e agarrou, fazendo S.J o encarar com desejo pela primeira vez em sua vida e Jack sentiu, mas não era pra aquilo que ele realmente a levará ali.

— Lembra que o Nate tinha uma coisa pra contar? — perguntou e a menina assentiu, desesperada pelo que poderia acontecer. — Quero que você preste atenção.

— Para de me tratar como uma loira burra. — Starr brincou fazendo Jack rir.

— Conhece a digitour?

— Quem não conhece? Mas, o que tem ?

— Então, Eu, Sammy, Nate e o seu irmão vamos participar.

Starr levantou um sorriso enorme e abraçou Jack pelo pescoço, o mesmo envolveu seus braços pela cintura da garota.

— Estou tão feliz Jack, vocês vão realizar esse sonho! Ai meu Deus me sinto uma mãezona.

— Espero que me perdoe por não estar aqui no seu aniversario. — Jack soltou e o sorriso de Starr foi caindo até desaparecer. — Vai ser um ano estrelinha.

— Mas Jack... você e o Sammy prometeram fazer a melhor festa de todas, prometeram estar aqui. — os olhos da garota se encheram de lágrimas. — Nate ia cantar, ele ia ser meu príncipe, vocês iam ficar aqui!

Gilinsky sabia o quanto aquele aniversario era importante, dezesseis anos de toda garota é importante e além disso era a S.J a sua melhor amiga, apesar da diferença de idade. Puxou o rosto da garota que olhava para baixo e sussurrava.

— Não quero que vocês percam isso e se preocupem comigo, estou orgulhosa de cada um e vou estar aqui esperando para quando voltarem! — Starr disse tentando levantar um sorriso, mas por dentro seus coração gritava, ela não suportaria ficar longe de seus amigos.

— S.J — uma voz conhecida soou, os dois levantaram a cabeça e encararam Jack, Nate e Sammy se aproximando.

Todos eles a abraçaram ali, como se fosse um momento único. Starr se sentia protegida naqueles braços, se sentia única e especial, mesmo sabendo que era.

— Eu vou estar aqui, esperando. — Starr sussurrou antes de seu olho deixar escorrer uma lágrima.