História Why you? - The Prologue

A sala era grande mesmo com todos os alunos presentes fazendo burburinho devido a ausência do professor. Clarke e Octavia estavam conversando perto do armário que continha grandes potes com um líquido alaranjado, provavelmente formol, com órgãos humanos já enriquecidos pelo tempo que passaram ali.

-Não sei se isso é pra mim. – Octavia falou analisando os outros colegas que pareciam animadíssimos com a aula de primeiro socorros.

-Você mesmo me disse no começo do ano que estava ansiosa por isso tudo aqui. – Clarke alisou o braço da amiga. – E além do mais quando você finalmente começar a trabalhar os médicos irão pirar. – Ambas riram do duplo sentido e voltaram a atenção para a porta quando Cece entrou, atrás dela alguns funcionários seguravam bonecos de silicone para todos terem uma experiência mais “real” por assim dizer.

Esse era o primeiro ano de medicina de ambas as meninas, Clarke era mais nova e havia conseguido passar um ano antes, graças a sua inteligência e ajuda da mãe que era médica e auxiliou a filha a sanar suas dificuldades. Alguns outros colegas como Jasper e Monty conseguiriam por sorte passar na mesma faculdade porém cursando matérias distintas.

Clarke, Octavia e os garotos se conheceram no 2 ano do ensino médio e manteram a amizade até aqui, o que normalmente é bem difícil já que a opção por cursos diferentes acaba separando amizades de longa data.

-Então pessoal, preparados para salvar vidas? – Cece deu um breve sorriso que logo desapareceu por conta do comentário de Jackson.

-Salvar quem? – ele encarou a turma toda esperando respostas. – Essas merdas de silicone ai?

Praticamente a sala inteira começou com risadinhas baixas mas após algum tempo foi aumentando e se tornando uma feira a céu aberto, nem mesmo Clarke a aula séria de reputação inabalável não se segurou cedendo as gracinhas do moreno.

-Se não se contenta com essa “merda de silicone”, por que não vai treinar com o Marcus? – a sala toda fez um “Ooo” em uníssono esperando atentamente a reação de Jackson, que para surpresa de se calou com uma expressão nada agradável.

Passaram-se alguns minutos e já haviam feito diversas reanimações no “pacientes” e treinado o jeito certo de pressionar o tórax para não haver lesões, Clarke sentia que Octavia estava mais disposta e com vontade de aprender diferentemente de antes.

-Octavia? – Cece parou a aula como sempre fazia para fazer uma espécie de quiz com os alunos. A morena logo largou Josh o nome que ela havia dado ao boneco e ficou atenta as perguntas. – Qual a primeira coisa que devemos fazer assim que a vítima está em nossas mãos?

A loira podia sentir o peso dos olhares que todos lançavam a ela, era como se aquela resposta fosse o que definiria se ela passaria no curso ou não, queria que fosse eu no lugar dela, Clarke pensou.

-Depende, se o p-paciente estiver desmaiado checar o pulso e a respiração... – ela fez uma pausa para se lembrar do resto. – Mas se estiver acordado imobilizar imediatamente e o-observar os sentidos e a consciência.

-Muito bom Octavia, vejo que mesmo dormindo na aula de meu colega consegue compreender a matéria. – esse comentário arrancou risadas de alguns colegas.

-Obrigada. – a morena falou meio tímida me encarando.

Quando finalmente as aulas acabaram todos estavam loucos para deixarem a escola, era sexta 9 da noite e todos só queriam cair na cama, claro que alguns queriam apenas festejar... como Octavia e alguns outros amigos das meninas.
-Que tal uma festinha hoje princesa ? – Monty perguntou seguindo-a pelo pátio.

-Hoje? Nem pensar, estou morta, chama a O.- a garota disse ajeitando os livros que caíam entre seus braços.

-Tudo bem... é que tinha uma amigo nossa, quer dizer meu e do Jasper e ele tava louco para te conhecer.

-Nossa, acho que deve estar me confundindo com alguém, mas fica pra próxima. – a loira bagunçou o cabelo de Monty que riu e correu para dentro no prédio. Nossa que disposição tem esses garotos, pensou.

Clarke adquiriu o apelido de princesa bem rápido para falar a verdade, sabendo que sua mãe Abby vem de tempo em tempo dar algumas palestras sobre cuidados com a saúde e entre outros assuntos e que Marcus Kane, um dos diretores da faculdade era seu padrasto, e se ela gostava dele? Não, quase ninguém gostava.
Thelonious Jaha o dono na faculdade era amigo do casal e inclusive do pai de Clarke Jake que morreu após um acidente de carro, apesar de Clarke sempre suspeitar desse tal acidente ser proposital devido a conversa que ela ouviu entre Jake e Abby. Porém com o tempo a loira foi deixando esse assunto de lado até que ele desaparecesse por completo.

Clarke estava encostada em seu Jipe preto em frente a Arkadia's uma lanchonete perto da casa da garota, que por sinal morava sozinha, não totalmente, Bob, um Poodle Toy marrom escuro com algumas partes do pelo num tom de branco a fazia companhia. O apartamento foi dado de presente a ela por Kane que fazia de tudo para agrada-la mas nunca conseguiu, já a faculdade Abby pagava mas isso iria mudar quando Clarke arranja-se ume emprego.

Passava das nove e quarenta e o céu tinha começado a se fechar trazendo grandes nuvens aparentemente cinzas, já que estava escuro e Clarke não consegui ver direito, quando ela finalmente se distraiu pensando no garoto que Monty havia dito sentiu seu celular vibrar, era Octavia dando um sinal de vida.

Ainda da tempo, a festa da incrível, acabei de chegar... a festa está chata sem você, mais ou menos chata.

Logo a loira respondeu rindo da amiga que parecia meio alegre de mais para o gosto dela.

Desculpa mesmo O. Estou realmente cansada. Aproveita a festa por mim.

Já estou aproveitando...

Clarke apenas riu imaginando a amiga pegando todos naquela festa, e foi entrando no carro quando avistou uma silhueta perto do acostamento andando sem rumo, ficou curiosa para saber o que aquela pessoa fazia ali aquela hora e daquele jeito...

A essa altura a chuva já caia em grande quantidade, alguns raios e trovões ameaçavam cair mas ficavam escondidos entre as nuvens carregadas de água. Clarke abriu o carro e retirou um moletom cinza para logo partir daquele ambiente húmido porém um barulho a chamou atenção um carro em alta velocidade vinha se denunciando desde a última curva antes do estabelecimento. A loira manteve seus olhos atentos a cada possível sinal do motorista maluco, e quando ele finalmente entrou em seu campo de visão freio próximo ao indivíduo do acostamento.

Em seguida Clarke pode ouvir dois estalos contínuos e secos... que lembravam tiros. A garota se apavorou, não sabendo se chamava alguém ou se ia embora ou até mesmo iria ajudar o desconhecido, quando o carro preto e chique saiu cantando pneu pela estrada ela tinha que tomar a decisão, só havia ela ali mais ninguém por perto somente ela poderia ajuda-lo...

Em meio a chuva Clarke correu até a beirada da pista e ajeitou seu capuz para que a água não afetasse seus olhos, esperou que os carros passassem e finalmente chegou até o outro lado. A chuva já tinha encharcado todas as vestes da loira que parecia nem ligar, mesmo assim continuou caminhando pelo acostamento e não avistou nada, calma Clarke você vai encontrara-la respira pensou consigo mesmo. A garota avistou um pequeno matagal que adentrava a estrada resolveu verificar e na mosca, correu e se aproximou ajoelhando-se perto do corpo.

Estava um breu total mas ela conseguia ver o rosto do indivíduo, cabelos na altura do nuca, quase pretos e a pele morena porém levemente molhada, os olhos ela não conseguia ver estavam fechados. Ela se desesperou já pensando no pior, assim que suas mãos tocaram delicadamente o corpo do rapaz ele arregalou os olhos mostrando duas esferas negras, eram os olhos mais escuros que Clarke já havia visto...