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História Wildfire - Charlotte


Escrita por: MyLittlee

Capítulo 12 - Charlotte


—MAS QUE PORRA É ESSA? 
Ouço a voz grave gritar. Meu corpo pula com o susto, e o de Calliope também. Olhamos juntas para a porta, e encaramos a dona da voz: Erika está ali, parada, nos olhando com os olhos arregalados.

Merda!.
Eu sabia que deveria ter me mantido longe. 
Que tipo de pessoa eu estava sendo deixando uma pessoa comprometida me tocar daquela forma? Deixando Calliope Torres me tocar daquela forma?.

—Érika... - Calliope começa, mas ela para. Simplesmente para e me olha, e eu posso ver em seus olhos que ela não sabe o que falar. Erika fica quieta também, esperando que alguma de nós duas fale algo.

—Eu... - Começo, tentando acabar com a situação cômica e silenciosa. Mas, diabos, o que eu vou falar? - Não é nada que você esteja pensando!

—Ah não, minha mulher não está te tocando? Porque eu vejo isso nesse instante. - É só agora que eu percebo que a mão de Calliope ainda está parada no mesmo lugar. Imediatamente eu a tiro dali com grosseria, e Calliope apenas me olha. É impressionante, mas ela ainda não havia dito.

—É fisioterapia! - eu falo, dando de ombros.

—AH, VAI SE FUDER ARIZONA! - Ela grita de repente, e eu me assusto. Imediatamente Calliope levanta da cadeira.

—Não a mande calar a boca! - Ela fala, transtornada.

—Ah, agora você vai defender sua amante? - Erika pergunta, e lágrimas começam a rolar pelos seus olhos.

—Ela não é minha amante, você está maluca? - Calliope responde, e as duas começam a discutir.

Eu pulo da maca, me apoiando na mesma para não cair. Fico em pé em só uma perna cambaleando, e vou pulando até encontrar minha prótese habitual. A encaixo sozinha e em silêncio, enquanto ambas continuam gritando.

—JÁ CHEGA! - é a minha vez de gritar.

—Isso não tem nada a ver com você, Arizona. - Calliope fala de forma calma, tentando me manter fora da discussão.

—Só tem a ver com você estar dormindo com a MINHA mulher. - Ela dá um ênfase desnecessário no "minha mulher".

—Ela está certa, Calliope, tem a ver comigo. - Eu digo, tentando controlar o nervosismo que me faz tremer. - Mas não dessa forma. Escute, Erika. - Ela me olha, analisando-me da cabeça aos pés. - Não existe NADA entre mim e Calliope, absolutamente nada. E nunca vai existir. Nunca. Entendeu? Nunca haverá nada entre mim e sua mulher, eu não sinto absolutamente nada por ela além de gratidão, e se estou aqui hoje, é para poder me locomover melhor, e ajudar Calliope com suas pesquisas, por pura gratidão. Não passa disso. Não passa de gratidão. Você entende? - eu sou ênfase e repito as frases para ter certeza que ela está entendendo. - Não existe nada. Entre mim, entre Calliope, nunca vai existir. Nada está acontecendo, nada vai acontecer. O que nós tivemos não passou de uma paixãozinha de adolescente, que acabou para ela ficar com você, que eu tenho certeza ser o amor da vida dela. Eu não significo nada para ela, assim como ela não significa nada para mim. Nossa relação é estritamente profissional, e eu espero que você entenda isso.

Eu digo às palavras, e só então percebo os efeitos dela: Erika tem um sorriso de lado posto em seu rosto, enquanto Calliope esta boquiaberta. Ela me encara, sem dizer uma única palavra, com os lábios entreabertos. Eu não perco tempo a analisando, passo entre elas tão rápido quando posso, saindo da sala sem olhar para trás, ou pensar nas palavras que havia dito.

Pela primeira vez, eu sentia que havia feito certo.

CALLIOPE

Pertenço em silêncio, sentindo uma queimação profunda por dentro. Não sei o que falar, nem o que estou sentindo. Mas dói. Doeu ouvir as suas palavras, e dói sentir os efeitos dela sobre mim.

—Você deveria ver sua cara agora. - Erika fala. - Os olhos cheios de lágrima, a boca aberta, repassando mentalmente cada palavra dela. É engraçado, se não fosse triste.

É a primeira vez desde que Arizona saiu, que eu tiro os olhos do lugar em que ela havia dito aquelas coisas, e encaro Erika. Ela tem um meio sorriso, e eu quero dizer algo. Mas não consigo. De repente, parece que não tenho voz, e isso me faz ficar longos segundos quieta. Até conseguir falar, muito baixo, mas ainda assim proferir algo:

—Eu não sei do que você está falando.

—Arizona Robbins quebrou seu coração, Callie Torres. - Erika sorri, como se isso a divertisse. - Sem intenção alguma, ela fez o mesmo que você fez a ela anos atrás: ela quebrou seu coração, e se vingou sem intenção alguma.

Eu não digo nada. Tento entender o que suas palavras significam, e mesmo que não o faça, sei que elas são reais. Sei pelo vazio em meu peito, pela sensação ardente em mim, pela dor física que sinto em meu estômago, como se tivesse levado um soco ali. E, Deus, eu queria que isso tivesse acontecido, porque aí saberia o que fazer para a dor passar. Mas agora, a única coisa que eu conseguia fazer, era deixar algumas lágrimas caírem pelo meu rosto, e esperar que a dor passasse.

—Eu acho que devo tirar minhas coisas da sua casa. - Erika diz, por fim, após longos minutos em silêncio. Eu nem sequer a olho quando respondo:

—Sim, você deveria.

Ela apenas me olha. Posso sentir que está indignada, e com toda a razão. Mas não posso pensar sobre isso agora, estou muito ocupada sofrendo com meus próprios monstros.

—O melhor é saber que ela se vingou por nós duas. Você a ama, assim como eu te amo, e ela jamais será capaz de te amar de novo, assim como você nunca foi capaz de me amar. Mesmo depois de abandoná-la, mesmo após troca-lá por mim, era o nome dela que você chamava a noite. Era ela quem você imaginava enquanto me tocava. Ou você pensa que eu não sei que você foi atrás dela, aquele dia? - Eu a olho no mesmo instante que ela fala, surpresa. - Sim, Callie, eu sempre soube que você ia repetidas vezes com o carro e parava na frente da casa dela, apenas para ver se ela estava lá.

—Como você sabe disso? - Eu pergunto, realmente surpresa. Nunca havia imaginado que ela soubesse daquilo. Nunca havia imagino que alguém soubesse.

—Eu sei de tudo. Sei que você queria voltar com ela, logo que começamos a ficar juntas, porque percebeu que foi um erro, mas ele implorou para que você não o fizesse. - Erika dá de ombros. - Você soube que errou em abandoná-la no momento que o fez, mas ele não deixou que você se aproximasse. E aí, o que restou para você? Ficar comigo. Eu fui seu prêmio de consolação tão mal amado, mas eu a amava tanto que não fui capaz de abandoná-la. E suportei ficar com uma mulher que amava outra, tendo fé que com a convivência e com o relacionamento, um dia você fosse esquecê-la. Eu fui muito tola, certo? Você nunca sentiu nada por mim, não é? - Ela pergunta, esperando uma resposta. Eu abaixo a cabeça. - Eu sempre soube.

—Me desculpe. - É só o que eu digo, com a cabeça ainda abaixada.

—Eu te desculpo, pois sei que tudo que fez comigo e com ela, você está pagando. E vai pagar para sempre. Porque amor, de verdade, a gente só sente uma vez. - Erika fala, já aposta na porta, pronta para sair. - O amor da minha vida é você, o amor da sua vida é ela, e o amor da vida dela? Tenho certeza que não foi você, e jamais será.

Erika sai, me deixando em silêncio na sala. A verdade de suas palavras me queima. Dói admitir que tudo que ela havia dito era verdade. Dói saber que eu sempre a amei, e mesmo longe, meu amor só cresceu. E agora eu teria que lidar com outra verdade: Arizona jamais me amaria de novo.

Deixo-me cair de joelhos no meio da sala, e sinto as lágrimas dominarem meu corpo em soluços. E só o que eu faço, é chorar.

Eu amava Arizona Robbins, eu a amei quando a conheci, a amei quando terminei tudo, a amei quando, um mês depois, tive coragem de ir atrás dela pedir desculpas e dizer que ela era tudo para mim. Eu a amei quando ele disse que eu não deveria voltar, que eu não podia voltar. E eu a amei pelos outros dez anos, mesmo que me convencesse que não. E agora, eu tinha certeza, a amaria pelos próximos 10, 20, 30 anos. Porque ela era o amor da minha vida.

E eu não significava nada.

X-x

ARIZONA

—Mamãe, eu sinto dor, sabia? - Eu digo, e como resposta ela dá mais uma puxada no espartilho.

—Ah, não seja dramática, Arizona. Nem está apertado. - Ela fala, apertando mais uma vez.

—Está sim, eu nem ao menos consigo respirar!.

—Certo, já estou acabando. - mamãe da mais alguns puxões no espartilho, e logo me larga de lado.

—Pronto! - Ela diz me encarando, seus olhos brilham cheios de lágrima.

—O que foi? Estou tão feia que a faz querer chorar?. - Pergunto, assustada.

—Não, ao contrário. Você está simplesmente linda!

Eu me viro para encarar-me no espelho pela primeira vez. E meus olhos varrem meu corpo: eu definitivamente estava muito bonita. O vestido vermelho sereia apertava minhas curvas de forma única, me deixando com um corpo muito mais bonito que eu admitia ter. Ele era tomara que caia, e deixava meus seios super valorizados. Meu cabelo loira caia solto em cachos que minha mãe havia cuidadosamente feito, em minhas costas e busto, moldando o loiro ao vermelho, numa mistura realmente linda. A maquiagem, feita também pela minha mãe, fazia meu rosto retroceder 10 anos, e eu parecia uma garotinha. Certo, talvez não uma garotinha, mas uma moça linda, a qual a pele nunca teria conhecido o sol quente, e portanto não tinha sardas ou marcas de queimaduras nenhuma. O batom nude completava o visual, e eu estava, definitivamente, linda.

—Ficou muito bom, mesmo! - Eu digo sorrindo. - Obrigada, mamãe. - A abraço.

—Por nada, querida. Você tem uma beleza extravagante naturalmente, mas quando a valoriza... Ninguém consegue resistir.

—Você só está falando isso porque é minha mãe! - Eu digo sorrindo.

—Estou falando isso porque não sou cega, isso sim! - Ela fala também sorrindo. - Olha, se eu não fosse idosa, sua mãe, e não fosse hetero, diria que você dá um caldo!

—Mamãe! - Puxo o travesseiro da minha cama e jogo nela, e juntas gargalhamos.

—x-

—Depois do rei do camarote, chegou a rainha do baile. - April diz assim que me vê. Sinto que estou nervosa.

—Ela está certa, você está linda! - Meredith diz, se juntando ao grupo.

—Se não fosse lésbica, eu com certeza estaria dando em cima de você. - Alex fala, pegando um colo de vinho do garçom que passava por nós. - espere, eu não me importo, vou te paquerar quando estiver bêbado de qualquer forma.

Todos rimos.

—O que? Estou falando sério. É um desperdício!

—Só é um desperdício se ninguém a estiver comendo. - Cristina fala, a olho boquiaberta. Mas logo riu também, dando de ombros. Meus olhos passam dela para alguém um pouco mais longe. Meu sorriso se desmancha, e o de Calliope também.

Ela está longe, conversando com um homem. Se eu estou bonita, ela está deslumbrante! E na verdade, eu sempre admirei a forma como ela conseguia ser linda, e conseguir ficar ainda mais. E essa era uma capacidade única dela, que ela exercia com louvor agora. O vestido preto de um ombro abraçava cada curva de seu corpo, que eu lembrava como era tocar, agarrar, sua textura e gosto. Marcava seus seios, mesmo que não os mostrasse. Sua maquiagem a fazia parecer angelical, e o seu cabelo brilhava perfeitamente penteado apenas para um lado, deixando o outro lado de seu pescoço perfeitamente a amostra. Ela estava maravilhosa, e eu poderia passar a noite toda a encarando, vendo seus olhos varrerem meu corpo dos pés à cabeça, enquanto os meus faziam o mesmo, se não fosse a voz atrás de mim:

—Com licença. - uma voz aveludada diz em minhas costas, enquanto um toque leve é depositado em meu ombro. Me viro imediatamente, para encarar a dona da voz.

Sinto-me sem fôlego.

—Prazer, Charlotte Audrey.



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