1. Spirit Fanfics >
  2. Wildfire >
  3. Noite de flores

História Wildfire - Noite de flores


Escrita por: MyLittlee

Capítulo 18 - Noite de flores


—Oh, merda. Eu já estou tão bêbada que ouço tudo errado. - Eu digo rindo, e encaro Arizona. Ela continua séria enquanto coloca meu braço atrás de seu pescoço. - Você está brincando, certo?

 

—Por que eu brincaria com algo assim, Calliope? - É só o que ela diz, e engulo em seco, sem saber o que falar.

 

 

—x-

 

Durante o camiho até minha casa, eu e Arizona permanecessemos caladas. Ela me ajudou a entrar em casa, me colocou embaixo da água fria e depois me deu um copo de chá, tirando qualquer vestigio do alcool de mim. No entanto o choque ainda me dominava, e eu não era capaz de falar nada. Tim estava morto? Eu não conseguiria imaginar isso. Ele sempre foi a vida de Arizona, tudo no mundo para ela. Seu mundo girava em fazer o irmão sorrir, e sequer imaginar que ele não estava mais ali, machucava demais a mim.

 

—Como... aconteceu? - eu pergunto hesitante.

 

—O que? - ela pergunta, se virando da pia para me encarar. Eu não digo nada, não sei como perguntar, mas ela entende mesmo assim pois continua. - Ah, sobre Tim.

 

—Não precisa falar nada se você não quiser.

 

Ela me ignora e senta na cadeira frente a minha.

 

—Minha mãe estava trabalhando, e como eu estava de férias era meu dever cuidar de Tim. Eu aproveitei que só estavamos eu e ele em casa, e decidi fazer uma festa com meus amigos. Uma House Drink, cada um levava uma bêbida, eu comprei alguns salgadinhos de bar, e pronto. Tudo estava perfeito, mas a bêbida acabou, então todos fizeram uma vaquinha, e como minha mãe havia deixado o carro na garagem e eu tinha carta, decidi ir comprar as bêbidas. - Ela suspira, e seus olhos estão molhados quando ela continua. - Eu estava muito bêbada, mas era um caminho fácil e rápido, eu conseguiria ir sozinha. Eu não queria leva-lo. - Ela me encara. - Calliope, eu não queria. Mas ele insistiu, disse que ligaria para mamãe e contaria o que eu estava fazendo se eu não o levasse. Eu tive tanta raiva dele naquele momento, Calliope, tanta. - ela suspira de novo. - Mas eu o deixei ir. No meio do caminho nós já haviamos feito as pazes, eu tinha o resto da minha bêbida em uma garrafa, e o olhei rápido, apenas um segundo para dar-lhe um sorriso e mostrar que já estava tudo bem entre nós. Foi quando eu virei na rua errada, e era contra mão.

 

Meus ombros despencam, e eu passo as mãos no rosto, incapaz de imaginar aquela cena.

 

 

—Foi tudo muito rápido. Nós fomos atingidos. Eu senti minha perna queimar e depois só lembro de acordar no hospital, sozinha na cama. Não senti uma perna, levantei o lençol e vi que uma parte dela não estava ali. Depois os médicos me explicaram que eu havia tido a perna dilacerada nas ferrugens, e não tiveram como salva-la, apenas uma pequena parte. Mesmo essa tem muitas cicatrizes porque também foi muito afetada.

 

—E Tim?

 

—Ele sofreu lesões gravez na cabeça, peito, pernas. Morreu na hora do impacto. Foi demais para o pequeno coraçãozinho dele. - Ela diz, com tamanha dor em suas palavras, que eu posso sentir feridas em meu peito também. Isso me faz querer chorar, mas eu sei que não poderia fazer aquilo ali.

 

—Eu sinto muito, Arizona. Mas você mentiu para mim.

 

—O que? - ela pergunta confusa.

 

—Você disse que matou Tim. Você realmente acredita nisso?

 

—Claro, Calliope. Fui eu. Eu dei a festa, eu fiquei bêbada, eu o levei comigo. Se não fosse essa série de fatores, ele estaria vivo até hoje.

 

—Arizona, por favor, nós somos médicas. Ás pessoas morrem o tempo todo. Seja andando na rua, em casa, em aviões, ônibus, carro. Deitadas em suas camas. Se elas tem de morrer, então elas morre. Do ponto de vista religioso, é porque a hora delas chegou. Do ponto de vista ético, é porque a vida é frágil. Porque nossos corpos não aguentam grandes traumas. De qualquer forma, acontece porque tem que acontecer. Você não matou Tim, a culpa não foi sua. Eu acredito fielmente que quando um anjo como Tim morre, é porque é chegada a hora dele. Porque ele já cumpriu sua missão, já te deu todo o amor possível do mundo, encantou e deu tudo a sua família. Ele fez tanto, em tão pouco tempo, que chegou sua hora de partir. Não é culpa sua nem de ninguém, Arizona.

 

—Mas, Calliope... - A essa altura ela já está chorando. - Eu já hava vivido tanto, eu estava dirigindo, eu merecia morrer.

 

—Não merecia, Arizona. Olhe quantas coisas você fez, quantas crianças você ajudou. - eu aproxima minha mão de seu rosto molhado, limpando suas lágrimas. - quantas vidas você salvou, Arizona.

 

—E a minha vida, Calliope? Eu a perdi junto com Tim.

 

—Não, Arizona. Tim se foi, mas ele deixou o bem mais precioso com você. Todo seu amor. Ele deixou com você sua vida, e é sua obrigação vive-la da melhor forma possível, por você e por ele.

 

Arizona fica em silêncio, e seus olhos dolorosos me encaram.

 

—Arizona, posso te levar a um lugar? Eu juro que já estou sóbria.

 

—O que? Para onde? - ela pergunta.

 

—Apenas deixe-me te guiar. - Eu digo sorrindo, e oferecendo minha mão. Ela segura.

 

 

ARIZONA ROBBINS

 

Calliope já estava dirigindo a alguns segundos, quando chegamos a um prédio alto e muito simples.

 

—Calliope, são cinco horas da manhã, eu não acho que vão nos deixar entrar ai. - Eu digo desconfiada.

 

—Shiu, eu tenho um apartamento aqui. É meio abandonado, mas é só para poder vir a hora que eu quiser mesmo.

 

—Uau, você tem um apartamento para distrações?

 

—Eu disse que era meio abandonado, quanto você acha que cobram para moradores de rua invadirem seu apartamento? - ela diz, já abrindo o portão.

 

Ela me puxa pela mão pelas escadas, e enquanto subimos vai me olhando para mostrar que está ali. O lugar é escuro e muito velho, até as escadas fazem barulho e o teto parece estar a ponto de cair a qualquer momento.

 

—Nós não subimos de elevador por que é menos seguro que isso? - eu pergunto, cansada.

 

—Não, porque não tem. - ela diz sorrindo. - Mas já chegamos.

 

Calliope abre uma porta, eu a sigo, mas tudo é muito escuro para eu ver algo. Ela então acende uma luz, e todo o lugar se ilumina, e eu encarar tudo boquiaberta.

 

Tudo em torno de nós são flores, de todas as cores, formas, penduradas e em vasos. O lugar tem pequenos vasinhos entre matos, para que possamos caminhas entre as milhares de flores. Metade do lugar é coberto por tetos e paredes de vidro, enquanto o outro é de madeira brilhante. Mas em todos a flores lindas, e pequenos passarinhos. Um deles posa no ombro de Calliope, que sorri.

 

—Quando eu comprei esse apartamento, paguei mais que o habitual para ter a laje, e poder fazer isso. Hoje, com o dinheiro das prestações e o aluguel que paro para cristina, poderia comprar uma casa em prestações também. Mas você conseguiria se desfazer de algo assim? - ela pergunta, olhando tudo tão encantada como eu;

 

—Não – eu digo boquiaberta. - nem posso acreditar que você construiu isso.

 

—Na verdade, minha mãe fez a maior parte, ela é paisagista. Mas sou eu quem cuido durante todos esses anos, e sempre que encontro flores ou frutos novos trago para cá. Lá fora tenho uma pequena horta, eu pego um pouco do que produzo e o resto dou ás pessoas que moram aqui. As ajuda muito. - Ela sorri. Eu não sei o que dizer, então apenas a olho dando meu melhor sorriso, e tentando passar toda a gratidão que eu sinto aquele lugar. - Eu te trouxe aqui, porque sinto que ele renova nossas almas.

 

—Ele faz. - eu digo, sorrindo.

 

—E porque quero te mostrar algo.

 

Ela pega minha mão de novo, e me guia até a parte de madeira do lugar. Ali, um cheiro maravilhoso domina o lugar, e lindas flores desabrocham.

 

—São Damas-da-Noite. Eu as deixo do lado escuro, para que elas tomem pouco sol. Elas são flores da noite, de dia curto, por isso estão lindas agora. Mas quando os dias são longos, elas ficam fechadas e não soltom esse cheiro maravilhoso. É preciso a escuridão para elas ficarem lindas. - Calliope conta. - Se você encontra um lindo girassol, e um dia de sol, e uma flor como essa, fechada escondendo toda sua beleza. Qual das duas você ira colher para si.

 

—O Girassol, é claro. - Respondo em pensar.

 

—Então. Deus também. - Calliope continua. - Ele irá colher as flores mais lindas do seu jardim para estar com ele, e deixar as outras desabrocharem, até o momento de serem colhidas. Tim, naquele momento, era o Girassol. A flor mais linda, e por isso Deus ou quem for que estiver lá em cima, quis o para si. Um dia será você também, mas ele sabia que você ainda tinha que desabrochar.

 

Eu fico sem palavras, e antes que perceba, estou chorando. Embora em meu intimo eu soubesse que não havia matado Tim, que havia sido um acidente, eu sentia que aquela culpa ia me perseguir para sempre. Agora, eu finalmente parecia entender que talvez, mas só talvez, a culpa não fosse minha.

 

—Calliope...

 

—Espera, tem mais uma coisa. - ela diz, e suspira. - No dia em que eu terminei com você, foi para ficar com Érika sim. Mas no outro dia eu me arrependi, no outro dia eu percebi que amava você, Arizona. Eu fiquei com medo de pedir perdão, mas não beijava nem tinha qualquer relação que não fosse da boca para fora com Érika. Eu esperei um tempo, para que seus animos acalmassem, e fui te procurar.

 

—Ninguém nunca disse que você foi atrás de mim. - eu digo, confusa e desconfiada.

 

—Mas eu fui. Só que quem me recebeu foi seu pai. Ele me disse coisas horrível, disse que eu era mais velha e que se te procurasse, iria me colocar na cadeia. Que eu era uma lésbica velha e nojenta que estava te aliciando. Foi horrível. Eu fui obrigada a jurar ali mesmo que jamais a procuraria de novo, se não ou seria presa, ou ele me mataria.

 

Sinto meu estomago embrulhar.

 

—Calliope, isso é verdade? Isso... Eu... Não acredito....

 

—Eu imaginei que você não fosse acreditar, mas Arizona, é verdade. - Calliope diz. - Talvez eu tenha errado em não ir atrás de você mesmo assim, mas Deus sabe tudo que eu sofri esses anos, e quanto eu te amei, todos os dias da minha vida, e ainda te amo. - Calliope se aproxima, e segurando meu rosto entre suas mãos, continua. - Eu só preciso que você acredite em mim uma vez, que você tenha fé em mim.

 

Eu a encaro, e lembro de tudo. Lembro de quando me assumi gay ao meu pai, e suas palavras frias. Ele disse, com todas as letras, que eu era uma pecadora nojenta. Ele disse a mim, e eu jamais compartilhei a Calliope por vergonha, que se eu assumisse a alguém da família ela, a colocaria na cadeira. Lembrei de quando Tim morreu, de sair do hospital dolorida e multilada, e ele quebrar as muletas em mim, enquanto gritava que eu havia matado Tim. Lembro de voltar ao hospital com as costelas quebradas, e alegar que cai das escadas. Lembro de suas palavras de ódio depois de Tim morrer, de suas palavras de ódio durante toda minha vida. De quanto ele sempre me odiou, e do motivo de mesmo agora, eu não visita-lo em seu quarto. De não conseguir encara-lo. Fazer aquilo com Calliope, e com tudo que eu sentia por ela, seria a menor de suas maldades. Me fazer sofrer por ela tantos anos, era o minimo que ele havia feito durante toda minha vida.

 

Eu queria acreditar nela. Eu queria estar com ela, naquele momento. E talvez eu nunca mais quisesse, mas naquele momento, eu queria.

 

Então eu faço aquilo de novo. Eu aproximo meu rosto do dela, e toco seus lábios com os meus, deixo minha língua deslizar na sua, e minhas mãos correrem os fios de seus cabelos, os embaraçando, os puxando. A beijo, e ela me beija, como se aquele fosse nosso único beijo. Calliope empurra seu corpo no meu até a parede, me encostando, me beijando mais ferozmente. Ela escorrega sua mão pela parede, até apagar a luz, e depois deixa sua mão escorregar pelo meu corpo. Aperta minha cintura, e eu gemo em sua boca. Eu aperto mais seu corpo no meio, tentando me juntar a ela, e faze-la sentir aquela explosão de borboletas por todo meu corpo. Eu gemo em seus lábios, perco o ar, e volto a beija-la. Uma, duas, três vezes. Minhas mãos deslizam tirando sua jaqueta, ela tira minha regata. Eu puxo sua camiseta para cima, a deixando apenas de sutiã. Ela me solta e se deita no chão, e apenas me encara. Eu encaro sua barriga, seus peitos apertados no sutã, sua boca sendo mordida, o cabelo perfeitamente bagunçado. Sinto todo o tesão e amor que só aquela cena poderiam me causar.

 

Me ajoelho, puxando suas calças e sua calcinha junto, tiro um tempo só para encarar aquele corpo que eu tanto senti falta, e ela se aproveita disso para trocar de posição comigo, e me deixar toda nua para ela. Um segundo depois, ela tira minha prótese e senta em cima de mim, e enquanto chupa meu seio direito, começa a rebolar, esfregando sua intimidade com a minha, nos masturbando e me fazendo gemer alto. Ela faz do jeito gostoso, que sempre me enlouqueceu. Nós trocamos de posíção uma, duas, três vezes, e eu gozo tantas vezes em seu corpo, em seu dedo, em sua boca. E sinto o gosto dela também, sinto sua intimidade em meus dedos, a fodo devagar e com força. A faço gozar em várias posíções, e de todas as formas possíveis.

 

E quando tudo acaba, eu deito meu corpo cansado no seu, e encaro o sol que havia acabado de nascer pelo teto de vidro. E quando eu deixo a exaustão me levar ao sono, eu sei que não estou arrependida.

 

Mas talvez, quando eu acordasse, eu estivesse.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...