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História Will you be there? - Recomeço


Escrita por: thilover

Capítulo 3 - Recomeço


~~Thiago~~

“Hey, rindo de que, Monstro?” – Marcelo se jogou no sofá da sala, seguido de David e de mais alguns dos meninos

“Vasculharam nossa vida, rapazes” – retruquei, rindo – “Dá uma olhada nessa revista”

 Entreguei a tal revista pros outros três, era uma daquelas típicas coisas de fãs que acabam chegando até a gente. Não sei como (talvez pedindo pra algum familiar), essas meninas conseguiram fotos de nós quatro, fotos de quando eu era criança – umas que eu mesmo não via há muito tempo. A revista rodou pelos caras e voltou pra minha mão numa página que eu nem tinha reparado, devia ter uns 10 anos naquela fotografia, com a bicicleta que eu mais gostava e... Com uma antiga amiga.

“Quem é a garotinha?” – David me cutucou, só pra me encher o saco

“Mia” – respondi, com uma sensação esquisita. Eu não falava dela fazia tanto tempo – “Literalmente minha primeira namorada”

“Não sabia que você tinha tido algum relacionamento sério na vida” – Marcelo riu e eu dei de ombros

 Fiquei mais alguns minutos olhando pra foto da revista, me trazia tantas lembranças – posso dizer que eram boas lembranças. Mariana foi minha melhor amiga quando eu era criança, tivemos aquele típico namoro infantil e eu realmente gostava dela. Mas não a vejo faz uns dois anos, desde que... Melhor esquecer esse assunto, eu já tinha esquecido tudo que se relacionava a ela, não vou ficar remoendo isso agora.

“Garotos, nada de folga, levantem que temos mais compromissos!” – o treinador nos chamou e larguei a revista na mesinha, achei que ela não me atormentaria mais

 Achei errado, claro. Fiquei o resto do dia com aquela foto zanzando pelas minhas lembranças, quando eu parava pra fazer qualquer coisa já me via pensando de novo no que tinha visto na revista. E o que me intrigava não eram as fotos da minha infância ou como tinham as conseguido; o que me intrigava de verdade era a foto com Mia. Ou melhor, era a própria Mariana. Parece que todas as cenas que vivemos juntos começaram a voltar, a sair do buraco em que eu as tinha enterrado. Todas as vezes em que subimos nas árvores, andamos de bicicleta, apostamos corrida pelo orfanato em que ela morava... Eu amava aquele lugar.

 Eu já estava com outra Laura quando vi Mia pela última vez, na rua de casa – não que meu relacionamento atual seja muito interessante.  Ninguém sabe, mas antes da Lau, eu namorei com Mariana por anos. E namoramos de verdade, eu realmente gostava dela. Ela me conhecia desde que éramos crianças, escutava minhas narrações enormes sobre treinos e jogos, viveu comigo todo começo da minha carreira. Tudo desmoronou quando descobri que ela estava grávida; eu não queria nem podia assumir um filho naquela altura, com propostas chegando da Europa. Tive que escolher entre ela e o meu sucesso, fiquei com a última opção e cortei nosso contato – hoje, não sei se me arrependo, acho que não. Nem tenho certeza se o filho era meu mesmo.

 Ok, essa é uma desculpa esfarrapada, eu sei que era meu – mas posso fingir que não sei. Não faço ideia se Mia teve esse bebê ou não, se é uma menina ou um menino. Também não tenho vontade de descobrir e vou esconder tudo que já sei ao máximo; afinal, ninguém pode saber o que aconteceu entre nós dois e muito menos que eu tenho um filho perdido por aí... Isso acabaria com a minha reputação.

~~Mariana~~

 Foram horas de viagem que me deixaram destruída e com os músculos todos doloridos; meus braços estavam adormecidos de tanto carregar minha pequena (que dormiu o quase o percurso todo). Eu praticamente não consegui pregar os olhos, ao contrário de Raquel, que dormiu tanto quanto Camilla. Pra mim todo esse plano era uma loucura, estávamos indo pra capital sem certeza de nada, sem emprego e sem dinheiro. Quando chegamos e a amiga de Raquel nos levou até o apê em que ficaríamos por um tempo (o mínimo possível) descobri que, realmente, as coisas seriam bem difíceis.

 Na verdade aquilo não era bem um apartamento, tinha só dois cômodos e um banheiro minúsculo. Tínhamos um quarto pra nós três com só uma cama e um colchão no chão – o colchão era meu e a cama seria da Milla; minha amiga dormiria na sala. No outro cômodo tínhamos um sofá velho que seria a cama da Raquel, uma micro mesa e uma televisão velha que não estava a fim de pegar nenhum canal. Tradução: a sala e a cozinha eram juntas, comer seria no sofá, dormir também, guarda-roupas não existe e vou ter que me virar aqui com Camilla, já que nem um berço ela vai ter – tudo que tínhamos antes de vir pra cá era emprestado ou tivemos que vender pra conseguir uma tanto de grana.

 E é essa situação que me dá mais ódio quando volto a pensar em Thiago. Ele está sindo com suas garotinhas/fãs alucinadas, ganhando montanhas de dinheiro, trabalhando na Europa. Enquanto isso, eu e a FILHA dele estamos apertadas num quarto que nem tem um berço! Não fico brava por mim, mas pela minha princesa, ela não merece passar por tudo isso só porque tem um pai folgado e irresponsável que aproveita a vida de jogador famoso sem se preocupar nem um pouco com as pessoas que deixou pra trás. Uma raiva me consome só de pensar que nessas horas, enquanto eu tento arrumar alguma coisa pra minha princesa comer, aquele meu falso amigo/namorado está aproveitando seus drinks numa balada qualquer.

“Pode ficar tranquila, Mia” – Raquel apareceu no quarto em que eu estava com Milla – “Eu fico na sala e você fica na cama”

“Não sei se fizemos o certo vindo pra cá” – falei, encarando minha boneca que se divertia no colchão (o bom de ser criança é se divertir sem perceber quantos problemas te rodeiam)

“Calma, amiguinha, uma coisa de cada vez” – ela tentou me acalmar, se sentando ao  meu lado – “Amanhã a gente sai atrás de algum emprego por aí e logo essa situação melhora”

“Onde vou conseguir trabalhar com a Camilla?” – perguntei, já me preocupando – “Ninguém vai aceitar que eu fique com ela e não tenho como não levá-la comigo”

“Essa minha amiga que sabia do apartamento me disse que sabia de um cara que estava precisando de uma empregada... Talvez aceitem vocês duas lá” – Raquel disse, me abraçando

“É, já é uma esperança” – retruquei, tentando me forçar a mostrar um sorriso

Na verdade, naquela hora eu não achava motivos pra sorrir, só que, foi só olhar pra frente e avistei um deles... Nada podia me fazer melhor que o sorrisinho da minha princesa, de todas as palavrinhas que ela queria aprender a falar, dos beijos que ela me manda. O pai dela pode ter me decepcionado, e muito, mas nada me completa mais que essa minha pequenina, ainda que tenhamos que passar por todas as dificuldades imagináveis. Eu vou levantar amanhã e ir atrás de qualquer emprego que aparecer, eu vou lutar pro bem da minha filha, eu vou ser o contrário que aquele cara que não pode ser chamado de pai está sendo.

 E a minha Milla ainda vai ter orgulho de mim!

(...)

“Eles gostaram de você, Mia! To confiante na sua contratação” – Raquel celebrava, antes mesmo de termos alguma certeza

“Mas você também vai ter a sua, não viu que falaram que precisavam de mais alguém?” – eu podia estar insegura, mas estava também radiante e esperançosa – “Não entendi bem pra que”

“Parece que é pra trabalhar em algo tipo escritório” – ela retrucou – “O importante é que temos chances de conseguir o bendito emprego!”

“É o que mais estou precisando, ainda mais se permitirem que eu fique com a Mi” – comentei, enquanto arrumávamos a nossa ‘enorme’ sala – “Se lembra o nome do dono da casa?”

“Não, mas era algum tipo de empresário, sei lá...” – respondeu, dando de ombros – “Acho que trabalha com gente famosa, com atleta, deve ser isso”



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