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História Will you be there? - Primeiro dia


Escrita por: thilover

Capítulo 4 - Primeiro dia


~~Mariana~~

 Eu me olhava no espelho e sentia uma mistura de nervosismo e alívio. Pode não ser a vida que sempre sonhei, mas pelo menos arrumei um emprego que me acolheu bem e que me garantiu a companhia da minha pequena. Parece até que a sorte resolveu estar do meu lado outra vez, Raquel foi contratada também e vai trabalhar num escritório, eu fico com a casa. Acho que fazia um bom tempo que eu não me arrumava tão bem, mas preciso passar uma boa impressão no primeiro dia de novo emprego. A casa desse casal é enorme e eles tratam as empregadas com toda a formalidade, com toda a coisa de regras e uniforme – até que achei esse meu bem charmosinho.

 Milla me olhava sorrindo, ela parecia estar feliz por mim, embora não entenda nada disso ainda. Eu tinha acabado de chegar com Camilla na casa dos meus novos patrões, fui colocar o uniforme no quarto e terminei tentando arrumar meu cabelo no coque mais reto e perfeito que já fiz na vida. O dono daqui quer que eu e Milla durmamos na casa, num quartinho separado, pelo menos durante os primeiros dias – eu aceitei, já que pouparia gastos e Raquel poderia aproveitar melhor o apê minúsculo pra ela. Meu expediente começaria em alguns minutos e eu estava extremamente nervosa, teria que cuidar de tudo, tomar conta da casa e ajudar a outra empregada (que já não é a pessoa mais legal do mundo), isso tudo estando de olho na minha menina.

 Não sei como os donos daqui me permitiram ficar com minha filha enquanto trabalho, mas eles me pareceram muito contentes em tê-la por perto, parecem ter uma boa convivência com crianças. Quem me contratou foi o senhor Márcio, mas ele não quer que o chame de ‘senhor’, sim apenas por seu nome. Me disse que trabalha num ramo muito corrido e cheio de compromissos, talvez eu mal o veja em casa ou esteja sempre fazendo reuniões importantes. Ele tem uma namorada que parece ser bem mais jovem, mas ela cuida muito bem dele e parece se preocupar também com a casa e com os empregados; foi muito gentil e educada comigo quando cheguei. A outra empregada é a Martha, só que o humor dela não está nada perto do dos donos da casa – ela mal olhou pra mim e falou comigo poucas palavras de um jeito bem arrogante. Além dela, ainda tem uma mocinha que cuida mais da cozinha, chamada Giovana, ela sim é simpática.

“Mariana, pronta?” – falando em Giovana, ela apareceu no quarto, me chamando

“Na verdade não, estou bem nervosa” – respondi, arrumando as coisinhas da Mi

“Fica calma, todo mundo aqui vai te acolher muito bem, eles são ótimos comigo e tenho certeza que serão com você e sua princesa” – ela retrucou, com um sorriso simpático e motivador

“É que não posso perder esse emprego, eu não tenho outra opção” – confessei, já sentindo um certo frio na barriga – “Tudo aqui é tão certinho e arrumado e eu sou um desastre, tenho medo de destruir tudo” – forcei um sorriso e ela apenas sorriu de volta

“Bem, quanto a isso somos duas” – disse, ainda sorrindo – “Mas, em tudo que precisar pode contar comigo, ok?”

“Obrigada, eu espero poder te ajudar com alguma coisa também” – agradeci, sem graça e peguei Camilla pra sairmos do quarto

“Posso te perguntar só uma coisa?” – Giovana perguntou, antes que saíssemos. Assenti, sem imaginar o que seria – “Você e o pai da Milla não são mais próximos?”

“Não, nem um pouco” – retruquei, ainda mais sem graça – “Ele é só mais um idiota, nem merece esse tempo que estamos perdendo falando sobre” – tentei brincar e saí do quarto, antes que o assunto se estendesse

(...)

 Pra minha sorte (acho) eu nem cheguei a ver o senhor Marcio hoje, meu primeiro dia foi um total desastre. Estar com Camilla é tão lindo e desafiador ao mesmo tempo; ela é como qualquer criança dessa idade, não para quieta, faz birra, tira tudo do lugar, derruba copos, persegue as pessoas pela casa e de vez em quando abre o berreiro ou leva um tombo. Giovana até me ajuda com ela, mas sei que Martha não está gostando nada da presença da minha filha aqui; e temo que ela fale algo que me prejudique por isso. Já é fim de tarde e ninguém voltou do trabalho, nem Márcio, nem a namorada – eu e Gio nos damos bem nos distraindo com a Milla enquanto recebemos olhares mortíferos da Martha. Ouvi alguém chegando e resolvi me ‘esconder’ na cozinha.

 Martha foi ver quem havia chego e Giovana ficou comigo e com minha bebê. Aproveitamos pra ajeitar mais o cômodo e logo percebemos que o patrão tinha chego. Milla gostou tanto dele que já começou a fazer festa, acho que queria dar um oizinho pra novo amigo. Pude ouvir que ele estava acompanhado, algumas risadas vinham da sala e vozes que eu desconhecia. Ou melhor, eu desconhecia a maioria delas, mas uma era minha conhecida. Não, deve ser coisa da minha cabeça, isso não é possível!

 Mas também não é possível que seja outra pessoa, essa risada é inconfundível pra mim – eu só não a ouvia desde que... Meu Deus, me digam que isso é um pesadelo, por favor!

“Quem tá aí?” – perguntei aflita a Gio, que tinha espionado a sala

“Os meninos” – respondeu, com toda naturalidade de quem provavelmente já os conhecia bem – “Cello, David e Thiago”

“Thiago?” – perguntei, estática e ela assentiu, estranhando minha reação

“É. Thiago Silva, o zagueiro... Já os conhece?” – ela questionou, confusa com minha paralisação momentânea. Apenas neguei com a cabeça e disfarcei assim que Martha entrou

“Os garotos querem um pouco de café” – Martha disse, olhando pra minha cara. Não, eu não posso levar isso até lá – “Mariana, ouviu o que eu disse? Giovana precisa arrumar algo pra comerem também”

 Assenti sem acreditar no que estava acontecendo. Comecei a arrumar o tal café com as mãos tão trêmulas que pensei que fosse derrubar tudo no chão. Gio estava ocupada, mas percebia meu desespero aparentemente sem sentido. Eu não queria vê-lo, não queria que me visse, não queria reencontrá-lo e, muito menos, levar um cafezinho pra ele. Camilla, que estava quietinha sentada perto da mesa, parece que sentiu a situação e resolveu escapar da minha vista e ir ver o ‘amigo’ Márcio.

 E o que eu queria ainda menos era que minha filha o visse agora.

“Mari, a Mi fugiu de você” – Gio chamou minha atenção, rindo. Naquela hora tive que unir todas minhas forças só pra segurar minhas lágrimas, eu sentia que tudo que estava entalado ia explodir

“Pode busca-la pra mim, por favor?” – pedi, no intuito de não ter que ir até a sala

“Nem vou precisar” – ela sorriu, indo pro outro canto da cozinha. Não entendi bem, mas continuei disfarçando, colocando as xícaras na bandeja e tentando me manter em pé com uma cara normal. Eu estava de costas pra porta e ouvi alguém se aproximando e a risadinha gostosa da minha princesa

“Hey, quem é a mãe dessa garotinha? Ela está tentando arrancar o meu cabelo” – era a voz bem conhecida

 Simplesmente paralisei. Quando me virei, a bandeja que estava em minhas mãos foi diretamente pro chão, a lágrima que eu segurava caiu e o sorriso que Thiago tinha no rosto se desfez por completo – eu sei que ele se lembrou de mim. Ficou tão estático quanto eu e, rapidamente, colocou Camilla no chão. Provavelmente percebeu, era a filha dele que estava em seu colo. Num instante o mundo pareceu ter parado, como se tudo acontecesse em câmera lenta. No outro, tudo pareceu acelerado, eu sentia minhas pernas tremerem, Giovana tentava me ajudar com o desastre, eu tentava secar minhas lágrimas e Thiago continuava parado na porta. Milla estava grudada na calça dele.

 Está tão diferente, mas tão igual.

“Alguém morreu?” – um outro cara apareceu e Thiago voltou pra sala. Cami veio querendo colo e Giovana terminou o serviço pra mim, Martha me olhava com reprovação

 Eu estava envergonhada, com certeza tinha jogado tudo pro alto, já estava prevendo uma carta de demissão no dia seguinte. Mas o pior pra mim foi ter que olhar pra cara do Thiago, foi ver seu olhar frio e distante pra mim, como se ele agora fosse milhares de vezes superior. Ao mesmo tempo ele pareceu ter medo, claro, se eu contasse alguma coisa ele estaria bem ferrado.

“Mari, tá tudo bem com você?” – Gio me perguntou, enquanto eu tentava me acalmar – “Fica tranquila, isso já aconteceu comigo, eles não ligam pra isso”

 Só consegui assentir sem dizer nada. Simplesmente não sei onde estou enfiando a minha vida, nem onde vou parar com isso.



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