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História Will you be there? - Visita


Escrita por: thilover

Capítulo 6 - Visita


~~Mariana~~

“Eu não consigo dormir!” – desabafei, falando sozinha no quarto (Milla dormia no berço ao meu lado)

“Eu também não” – Giovana apareceu no quarto, entrando sorrateiramente

 Sorri pra ela, eu ainda estava com vergonha de tudo que tinha acontecido naquela tarde; felizmente, Gio parece ser amigável e é sempre muito gentil comigo. Ela fechou a porta com cuidado, me dizendo baixinho que não queria acordar a pequena. Enquanto ela está aqui, Martha deva estar me xingando de todos os nomes, assim como Thiago. A namorada do senhor Marcio veio falar comigo depois dos ‘incidentes’ e me acalmou, dizendo que ele não ligaria para aquilo – mas eu ainda me sinto culpada e envergonhada; consegui fazer meu primeiro dia ser um desastre completo.

 Meu rosto ainda deve estar inchado (digamos que eu tenha chorado por bastante tempo tentando dormir). Antes, eu também tinha tentado ligar pra Raquel, queria saber se ela tinha mesmo conseguido o emprego e como tinha sido ficar o primeiro dia no escritório (que também é do Senhor Marcio); mas ela não me atendeu – pretendo ir fazer uma visitinha quando tiver um tempo de folga.

“Ela é tão lindinha” – Gio disse, se aproximando do berço

“Obrigada” – respondi, também do lado da minha bebê

“Sei que é meio curioso, mas posso te perguntar uma coisa?” – eu já até imaginei qual era a pergunta, mas assenti assim mesmo – “O que aconteceu entre você e o pai da Camilla?”

“Bom, eu não costumo falar sobre isso” – retruquei e ela assentiu – “Mas estou precisando desabafar com alguém” – me sentei na cama e ela se sentou ao meu lado. Eu nem devia estar falando sobre isso, mas preciso tirar o peso de mim ou vou acabar ficando maluca

“Desculpa ser tão intrometida, sou meio curiosa” – Giovana retrucou, rindo

“É que eu e o pai da Milla tivemos um fim meio complicado, sabe?” – eu mal tinha começado e já sentia vontade de chorar. Claro, agora além das lembranças que eu já tinha, acabei de conquistar as de hoje, que são cheias de indiferença, superioridade, grosseria... – “Nós dois nos conhecemos quando éramos crianças, ele morava perto do orfanato em que eu morava”

“Não sabia que você morava num orfanato” – ela disse, parecendo um tanto sem graça. Claro, isso sempre ‘assusta’ as pessoas, é como se você não fosse normal

“É, eu morei até ficar grávida. Nem tenho ideia de quem são meus pais... Mas isso não importa” – respondi, querendo logo sair do assunto meus sumidos pais – “Foi nesse orfanato que eu o conheci. Viramos os melhores amigos, crescemos juntos, dividíamos tudo, tudo mesmo! Eu confiava nele, achava que pra sempre seríamos os melhores amigos”

“Essa história seria tão lindinha se ela tivesse um final feliz, coisa que aparentemente não tem” – Giovana brincou e eu sorri. O pior é que era verdade

“Os anos foram passando, nós dois crescemos, começamos a namorar e eu estava completamente apaixonada... Ainda sou um pouco, pra dizer a verdade”

“Mas se você ainda gosta dele, por que não tentaram mais uma vez?” – minha colega de trabalho é bem esperançosa e otimista. Eu era assim antes de tudo isso acontecer

“Nunca daria certo; e acho que eu nem gostaria disso” – retruquei – “Eu tinha esse seu otimismo, eu achava que ele amava tanto quanto eu o amava. Sabe, tudo parecia ir tão bem; nosso namoro parecia tão lindo. Fizemos aquela burrada que você sabe qual é, éramos dois adolescentes sem nenhuma responsabilidade e eu fiquei grávida”

“Ele foi embora?” – ela perguntou e eu assenti, apenas sentindo as primeiras lágrimas rolarem. Acho que nunca vou conseguir falar dessa história sem chorar, de tristeza e de ódio – “Que cara ridículo”

“Quando eu disse que estava grávida, ele virou outra pessoa. Simplesmente me deu as costas, não me procurou, se recusou a falar comigo e me tratou como se eu fosse lixo! Eu o conhecia como ninguém, era sua melhor amiga e talvez a única; ele sempre estava atrás de mim quando precisava desabafar ou precisava de apoio... mas quando eu precisei ele fingiu não me conhecer!”

“Mari, você se livrou de um idiota!” – Gio tentava me consolar com o mesmo papo de todo mundo – “Esse cara não presta, é um completo idiota! Mas, pelo menos você ficou com essa princesinha”

“Camilla é tudo que eu tenho agora, acho que ela compensou tudo que passei por aquele cara” – falei, tentando parar de chorar e me aproximando do berço outra vez. Minha pequena significa tanto pra mim, posso ficar horas só a observando

“Sabe com quem ela se parece?” – Giovana perguntou, inocentemente, ao lado do berço. Meu corpo gelou na hora – “Thiago! Parece muito com ele”

 Naquela hora, congelei; praticamente entrei em estado de pânico. Primeiro porque ela com certeza descobriria a verdade só pela minha cara e segundo porque Milla deve estar mais parecida com o pai do que eu percebo – e isso só daria mais pistas pra todo mundo. Tudo bem, ela é idêntica ao Thiago quando ele era menor, talvez só se pareça comigo em poucos aspectos; mas nunca achei que fosse tão ‘fácil’ associá-la a cara do famosinho zagueiro.

“Mia?” – Gio me chamou, meio confusa e meio preocupada. Eu não consegui controlar minhas lágrimas, não consegui parar de chorar. Minha colega foi até a mesinha que fica ao lado da minha cama e pegou o porta-retratos (aquele com a foto em que andamos de bicicleta) – “Mas esse aqui também... Mari, eu trabalho aqui faz um tempo, eu já muita coisa desses meninos. Esse menino da foto é o Thiago, não é?”

 Na hora, não consegui dizer nada, nem confirmar nada. Eu tinha medo de que ela contasse, de que me chantageasse, de que achasse que era tudo mentira, não sei... Giovana ficou com a foto em mãos, do lado do berço da Cami, como se quisesse comparar as duas crianças.

“Ela é uma mistura perfeita entre vocês dois” – minha colega concluiu, meio que falando consigo mesma – “Mariana, é sério que esse seu amigo de infância é o Thiago? Thiago Silva, queridinho da Europa?”

“Gio, me promete uma coisa” – me levantei, a encarando – “Por favor, não conta isso pra ninguém!”

“Mia, não acredito! Por que você fica escondendo isso? O pai dessa criança tá esbanjando dinheiro por aí, ele precisa assumir a responsabilidade com você!”

“Eu nunca dependi e não quero depender dele! Não quero precisar de nem um centavo daquele cara, ele sabe sobre essa criança e nunca quis me ajudar, nunca quis procura-la. Ele me deixou pra trás, eu só quero deixa-lo pra trás também”

“Eu sei que quer esquecer isso tudo, mas não pode deixar ele se safar de toda responsabilidade. Se isso caísse na mídia, a carreira dele provavelmente estaria arruinada”

“Eu não quero arruinar nada, só quero cuidar bem da Milla” – falei e ela sorriu, me abraçando

“Mia, eu não sei o que Thiago tem na cabeça; você tem um coração de ouro, menina” – me abraçou mais uma vez. Era bom saber que eu tinha alguém do meu lado – “Vou te ajudar em tudo que precisar e vou guardar seu segredo tá?”

“Obrigada, eu não quero causar nenhuma polêmica com isso. Só quero manter o meu emprego” – retruquei, me forçando a retribuir seu sorriso

“Mas tem uma condição” – Giovana fez uma cara de quem estava tramando um plano maligno – “Nós vamos até a casa da Elena!”

            Elena era a tia do Thiago, aquela que o criou grande parte da vida. A que me evitava, que nunca me quis por perto, que odiava crianças ‘do meu tipo’.

“O que? Claro que não! Aquela mulher sempre me odiou” – assustei e ela fez um sinal pra que eu não gritasse, ainda rindo – “De onde tirou essa ideia? O que eu faria lá?”

“Oras, é bom que ela saiba que você esta por aqui, que essa criança existe...”

“Acho que ela nem sabe que fiquei grávida” – pensei alto

“Então, melhor ainda! Se o queridinho Silva pensa que vai fugir de você, nós voltaremos a assombrá-lo” – Giovana parecia a chefe de uma gangue cheia de sede por vingança. Eu não sabia se ria ou fugia – “Vamos Mia, vai ser divertido!”

(...)

“Estou começando a achar que isso não vai dar certo!” – eu reclamava com Camilla no colo, enquanto minha colega me arrastava pela rua

 Só de olhar aquela rua, eu já tinha calafrios. Lembranças boas e ruins – em sua maioria ruins. Eu ficava repetindo a cena em que vi Thiago me dando as costas e entrando com outra garota que até agora nem sei quem é. Milla nunca veio pra cá, está achando tudo lindo – até ela conhecer a ‘tia-avó’ dela, que sempre foi um carrasco comigo. Sinceramente, não sei porque segui Giovana nesse plano idiota!

“Não, isso vai dar bem errado e não quero ver ninguém gritando com Cami. Vamos embora, por favor” – insisti, mas não adiantou

 Paramos em frente aquele portão, eu estava quase morrendo; minhas pernas tremiam. E ninguém poderia saber que estivemos aqui, nem sequer alguma fã alucinada – Marcio nos deu o dia de folga, mas ele também não sabe que viemos. Thiago nunca vai saber. E nem pensei em contar pra Raquel. Camilla sorria só de ver as flores pequenas no jardim, ela parecia entender do lugar. Gio tocou a campainha e Elena abriu a porta.

 Eu congelei. E ela também; paralisou na porta e olhando pra minha cara.

“Tia Elena, precisamos falar com a senhora” – senti que Gio a conhecia melhor do que eu imaginava; ela foi apenas entrando e me arrastando

“O que faz aqui?” – foi a primeira coisa que ela disse, me encarando com uma cara de ódio. É claro, ela sempre me odiou

“Hey, entrem as duas e vamos conversar direito!” – Gio nos empurrou pra dentro de casa. Tanto eu quanto a tia adorável de Thiago estávamos sem nenhuma reação

 Olhar para aquela casa me deixava aterrorizada. Os gatos ronronando pelo sofá, as fotografias de um ‘Aguinho’ pequeno e carinhoso que já sumiu, fotografias dos times que ele passou. Uma parte de mim tinha uma vontade imensa de subir pro antigo quarto dele, outra tinha uma vontade enorme de sair correndo e explodir em lágrimas. Eu torci por alguns minutos pra que a dona Angela estivesse por ali, mas me ficou claro que, infelizmente, ela não estava – já que era a única da família que me acolhia bem. Depois de alguns minutos de silêncio Giovana começou a falar, entendi que a tia Elena era um antiga conhecida de sua mãe, por isso toda intimidade – achei que ela nem tivesse amigos.

“Quer saber, Mariana?” – a governanta interrompeu o silêncio, puxando uma pequena caixa que estava em cima da mesa da cozinha – “Já que está aqui, quero que leve tudo isso com você”

 Ela jogou a caixa em minha frente, sem nem dizer o que era. Eu nem tinha tido tempo de falar qualquer coisa, muito menos sobre Camilla – mas a mulher a olhava de uma maneira como se já tivesse entendido tudo. Encarei Gio e ela deu de ombros, também sem entender nada. Minha bebê foi pro colo da minha amiga e abri a tal caixa. Eram fotos, muitas fotos. Fotos da época ‘Aguinho e Mia’, fotos do nosso namoro. Algumas que eu não via fazia anos, que representavam muito pra mim e me traziam tantas mais lembranças. Me segurei pra não chorar de novo; mas não entendi o por que de Elena guarda-las ou porque estava me dando tudo aquilo agora.

“Thiago as separou” – ela rompeu o silêncio mais uma vez, me deixando ainda mais confusa – “Iam para o lixo, mas acho que você ainda não conseguiu se desprender delas, não é? Pare de nos perseguir, garota, não vai conseguir o que quer! Thiago já deixou você pra trás, que tal fazer sua parte?”

“Ele ia jogar tudo no lixo?” – pensei alto, engolindo o choro mais uma vez. Elena apenas assentiu com seu olhar arrogante de sempre – “Tudo bem... Vamos, Giovana!”

“Mas Mia...” – eu nem ouvi o que terminou de falar, só peguei Camilla e corri pra fora com a caixa de fotos nas mãos

 Eu não sei porque sou tão fraca, mas sou assim. E isso com certeza me machucou.

 Ele não quer saber de mim e eu não quero que ele saiba!

 Nem devia ter vindo...

~~Thiago~~

“Dona Elena, posso saber onde colocou aquela caixa que separei?” – eu vasculhei a casa inteira atrás da bendita caixa; não é possível que ela tenha sumido

“No lixo” – minha ‘tia-mãe’ (como a chamo) apareceu, com a maior tranquilidade

“O QUE? Ficou maluca?! Eu separei tudo aquilo, por que jogou no lixo sem me consultar?”

“Não era isso que ia fazer?!”

“É claro que não! Você sabia disso!”

“Chega disso, Thiago! Vai ficar remoendo o passado com aquela garota agora? Esquece essa besteira!”



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