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História Winter Melts it All - Cold


Escrita por: eveelima

Capítulo 1 - Cold


Sesshomaru procurou escapar daquele ambiente patético, esgueirando-se pela porta, saindo para o pátio do castelo, que se encontrava coberto de neve. O ar puro encheu seus pulmões enquanto ele respirava aliviado por estar longe do aglomerado de youkais com suas conversas sem fundamento. Apesar de parecer que todo tipo de conhecidos estava presente ali, havia alguém faltando. Ele farejou ao redor, procurando...

Rin.

Não ficara surpreso da garota humana não estar na lista de convidados de sua mãe, apesar de ela morar bem ali, no castelo. Ela devia estar chateada por não ser convidada.

Sesshomaru não demorou para captar o seu cheiro, devido ao fato de que ela também estava ali fora. Ele seguiu seu rastro pisando cautelosamente sobre a neve, até encontrá-la debruçada sobre o guarda-corpo de um coreto.

Ela sorriu ao vê-lo se aproximando, parecia que estivera esperando por ele. Ele se perguntou se seria tão previsível assim que ele a procurasse quando notasse a falta dela na festa.

- Senhor Sesshomaru. – Ela saudou quando ele entrou no coreto. Rin se curvou educadamente.

Sesshomaru apenas assentiu em sua direção, aceitando seu cumprimento. Ele olhou ao redor então, reparando na presença de lanternas presas às vigas que suportavam o telhado. Havia duas almofadas no chão, uma de frente para a outra.

Ele a encarou com uma sobrancelha erguida, e só então reparou que ela se vestia de forma elegante, seus longos cabelos negros estavam presos na parte de cima, adornados com pentes decorativos que ele lhe havia dado de presente poucos anos atrás. Seu quimono era longo, com mangas que escondiam suas mãos. Ela o vestia em várias camadas leves, finalizando com um mais espesso para protege-la do frio intenso. Apesar disso, seu rosto estava corado pelo vento gelado que soprava.

- Eu... – Ela começou a dizer, timidamente. – Espero que não se incomode por eu ter tomado a iniciativa de fazer isso...

- E o que seria isso? – Ele questionou, sem entender.

- Bom, eu... – Ela torcia nervosamente a ponta de uma das mangas do quimono de seda, olhando para baixo. – Eu sei o quanto o senhor detesta estar entre multidões e não pude evitar discordar que sua mãe organizasse um evento dessa magnitude para celebrar o dia de seu nascimento, senhor. Eu sei que não o agradou.

Ele esperou que ela continuasse.

- Então eu pensei que talvez... Para que esse dia não estivesse totalmente arruinado para o senhor... Talvez o senhor gostaria de algo mais privativo.

Ela levantou olhos ansiosos para encará-lo, aguardando uma reação. Sesshomaru olhou mais uma vez para o cenário montado por ela. Era simples e quieto, não havia nenhuma youkai sequer tentando se esfregar nele, ele mal podia ouvir as conversas na mansão dessa distância. Além disso, o coreto proporcionava uma boa vista para o exterior e circulação do ar puro da natureza. Quando foi que Rin viera a conhece-lo tão bem assim?

- Como sabia que eu viria encontrá-la? – Ele perguntou, se virando para se sentar sobre uma das almofadas.

Rin prontamente o seguiu, parando para apagar uma das lanternas, e sentou-se de frente para ele.

- Um palpite. – Ela respondeu com um sorriso.

Ele estava se perguntando o porquê de ela ter apagado a lanterna, quando percebeu alguém se aproximando. Estava prestes a mandar quem quer que fosse embora, mas quando a pessoa se aproximou o bastante ele viu que era uma serva do castelo, trazendo uma mesa com comida e bebida. Ela se curvou brevemente antes de colocar a mesa entre eles.

- Obrigada, Yuzame. – Rin lhe agradeceu e a serva sorriu para a humana, se virando para partir. – Eu pedi seu favorito. – Rin anunciou, agora se dirigindo a Sesshomaru enquanto apontava para um dos pratos.

Ele estava surpreso pela atenção que ela prestara aos detalhes. Ele nunca havia dito em voz alta nada a respeito de suas preferências, e mesmo assim ela percebeu a frequência com que ele pedia aquele prato específico.

Ele não disse nada, apenas pegou um par de hashi e se serviu de uma pequena porção. Rin continuou sorrindo enquanto servia chá para os dois. A bebida quente era mais que bem vinda com o clima da estação.

Ela bebeu seu chá em pequenos goles, observando-o o tempo todo enquanto ele comia, mas sem tocar em nenhum prato em nenhum momento.

- Não vai comer? – Ele perguntou finalmente.

- Hmm... – Ela observou a mesa, pensativa. Cutucou um pequeno bolinho de arroz, mas o deixou de lado. – Na verdade não estou com fome.

Rin pôs-se de pé, virando-se de costas, olhando a paisagem lá fora para evitar ter que olhá-lo nos olhos.

- Então... – Ela começou, sem jeito. – Minha festa privada é do seu agrado, senhor?

Ela não viu que ele havia levantado e estava logo atrás dela. Mas havia começado a nevar de novo, fazendo com que a temperatura caísse e ela tremeu inconscientemente. Rin sobressaltou-se ao sentir o peso de algo macio ser colocado sobre seus ombros. Era a pelagem de Sesshomaru, que ele sempre usava sobre um ombro.

- Você me conhece bem. – Ele disse, sua voz tão perto que Rin tremeu de novo, mas dessa vez não foi o frio.

Ela se virou para olhar para ele, apertando a pelagem contra seu corpo para se aconchegar melhor.

- Fico feliz que tenha gostado. – Ela sussurrou, seus grandes olhos castanhos ainda presos nos sérios olhos dourados dele.

- Minha mãe deve estar bastante incomodada para organizar algo desse nível de estupidez. – Sesshomaru comentou. – Ela nunca fez algo assim antes.

— Por que ela resolveria te dar uma festa de aniversário só agora? – Rin questionou.

- É um pretexto. – Ele respondeu. – Minha mãe está ansiosa para que eu escolha uma noiva, é a única explicação para a quantidade ridícula de fêmeas desconhecidas em sua lista de convidados.

- Ah. – Foi tudo que Rin conseguiu dizer por um momento. O tom de Sesshomaru deixava claro que ele não tinha intenção nenhuma de ceder às expectativas da mãe. – Por que ela apelaria pra isso logo agora, depois de todo o tempo que ela teve para planejar algo assim para o senhor?

Sesshomaru a encarou seriamente por um tempo, pensando se deveria revelar seu palpite.

- Ela tem medo. – Ele respondeu, decidindo. O vento soprou mais forte, fazendo Rin se encolher mais sob a pelagem. – Ela tem medo de que a história se repita.

Sesshomaru então desviou o olhar, ao mesmo tempo que Rin o encarava, surpresa com sua resposta. Ela não sabia se havia entendido o que ele queria dizer com isso, mas ela tinha a impressão de que... Sesshomaru falava da história de seu pai. O grande e poderoso youkai, que havia... se apaixonado por uma princesa humana há muito tempo atrás.

A mãe de Sesshomaru queria apressar um casamento para o filho... por medo? Medo que ele acabasse escolhendo uma humana, assim como o seu pai fizera?

Rin de repente estava nervosa com o rumo que a conversa havia tomado. Ela podia sentir suas pernas tremendo, com Sesshomaru ali tão perto. Ela não sabia o que dizer. O que ela diria? Ela sempre considerou que esse fosse um assunto de máxima delicadeza para Sesshomaru, nunca imaginara que ele o traria à tona por conta própria.

Sesshomaru voltou a olhar para ela quando seu silêncio durou tempo demais. Rin não era do tipo que ficava em silêncio por muito tempo.

- No que está pensando? – Ele perguntou em seu tom de voz grave usual.

- Eu... – Rin murmurou em voz baixa. – A senhora sua mãe está sendo boba de pensar assim.

Sesshomaru ergueu uma sobrancelha para o seu comentário e Rin arregalou os olhos quando percebeu o que havia dito.

- Minha nossa, eu... Eu sinto muito! – Ela se apressou em se desculpar. – Eu não devia falar dessa forma-

- Eu não me importo. – Ele assegurou. – Só não deixe que ela te ouça.

Rin riu com o aviso, o clima ficando leve novamente.

- Mas por que você acha isso, Rin? – Sesshomaru questionou, e Rin não conseguia entender porque ele estava de repente tão persistente com esse assunto.

- Os medos dela são infundados, obviamente. – Rin respondeu prontamente. A resposta era óbvia para ela. – Apenas alguém que não conhece o senhor verdadeiramente consideraria esse risco.

O vento mudou de direção, trazendo flocos de neve para dentro do coreto. Rin se virou na direção deles por um momento, deixando que os flocos gelados pousassem em seu rosto. Quando ela se virou para Sesshomaru de novo, sua boca se abriu em choque ao sentir a mão dele em seu rosto. Sesshomaru afastava os flocos de neve de sua face casualmente com o dedo indicador e o polegar, sua expressão perfeitamente ilegível. Ele podia sentir o calor que emanava da pele dela ao tocá-la. Rubor apareceu em suas bochechas.

- Rin. – Ele disse, chamando sua atenção de volta para o rosto dele. – Talvez você não me conheça tão bem como pensa.



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