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História Winter Melts it All - Blizzard


Escrita por: eveelima

Notas do Autor


Vocabulário:
Tengu - Corvo

Capítulo 3 - Blizzard


Eles adentraram o castelo por uma porta lateral, o que não impediu que acabassem no meio dos festejos, cercados por diversos youkais que imediatamente pararam tudo que estavam fazendo ao verem uma humana coberta de flocos de neve, com a famosa pelagem do clã dos inuyoukais nos ombros, o próprio senhor do castelo postado ao seu lado, imponente como sempre.

- Oh, Senhor Sesshomaru, aí está você! – Um youkai corvo o cumprimentou, se colocando a sua frente e lançando um olhar lateral para a humana. – Estavam todos se perguntando onde você foi parar. Tendo problemas com seu bichinho humano?

- Saia do meu caminho. – Foi tudo que ele disse, seu tom imparcial e frio como sempre, mas exigente. Rin não pôde evitar se esconder um pouco atrás dele, intimidada por todos os olhos sobre ela. De repente, ela estava grata por não ter sido sequer convidada. A atmosfera não era nada agradável.

O youkai hesitou apenas por um instante, antes de decidir que preferia continuar vivo por mais alguns séculos, e dar um passo para o lado afim de deixar que Sesshomaru prosseguisse.

Entretanto, assim que Sesshomaru e Rin passaram por ele, não conseguiu se segurar e fez um comentário em voz baixa para um outro youkai que estava próximo:

- Essa é a tal prostituta humana dele.

O tengu youkai não imaginava quão bom era o ouvido de Sesshomaru, e também menosprezava a audição humana enormemente, a ponto de não se dar conta que absolutamente todos ao redor ouviram seu comentário infame. Ele não tardou a perceber seu erro, já que Sesshomaru havia parado de andar, enquanto Rin abaixava a cabeça, completamente constrangida.

O tengu apenas teve tempo de engolir em seco antes de Sesshomaru se virar, olhos dourados queimando sobre ele.

- O que você disse?

- E-eu... N-na-nada, meu senhor...

Em um piscar de olhos, o senhor do Oeste estava bem na frente do tengu, sua postura ameaçadora enquanto o outro se encolhia.

- Por acaso me toma por um tolo?! – Sesshomaru questionou, sua fúria contida em seu tom de voz frio como gelo. – Se atreve a proferir tais palavras bem na minha cara? Debaixo do meu teto?

- P-perdão, senhor... E-eu cometi um equívoco...

Rin observava a situação ainda paralisada onde Sesshomaru a deixara, seu rosto completamente ruborizado, não acreditando na cena que sua simples presença ali causara, o lugar onde ela morava há anos.

- Peça perdão a ela, se deseja viver para ver outro dia, tengu. – Sesshomaru sentenciou, fazendo com o que o youkai que era alvo de sua ira o olhasse, incrédulo.

- Meu nobre senhor... Não pode estar falando sério... – Ele protestou, desesperado.

- Não teste minha paciência.

Vendo que não havia saída, o youkai sussurrou, sem em nenhum momento sequer olhar na direção da garota humana que causara toda aquela comoção:

- Me perdoe, humana.

- Ela se chama Rin. – Sesshomaru lembrou, ainda mais impaciente.

O youkai corvo não podia acreditar que teria que passar por tanta humilhação. Um youkai como ele pedindo desculpas a uma humana, simplesmente por tê-la chamado do que ela é... Ninguém era estúpido, todos sabiam como ela pagava por todos os luxos que o inuyoukai fornecia à ela, uma simples plebeia. Ridículo.

Mas diante do poder de Sesshomaru, o corvo não tinha escolha a não ser consentir, e ficar grato de pelo menos ter tido a chance de se retratar. Ele estivera certo de que Sesshomaru arrancaria sua cabeça sem dizer uma palavra.

- Me perdoe, Rin. – Ele praticamente cuspiu, enojado com sua própria fala.

- Que isso não se repita, verme. – Sesshomaru finalizou, sabendo que Rin estava completamente deslocada e provavelmente queria sair dali o mais rápido possível. Por isso ele não fez questão de que ela dissesse se o perdoava ou não, sabendo como ela era tímida.

Sem mais delongas, ele foi até ela e sinalizou com o olhar para que o seguisse, o que ela fez alegremente, ansiosa para deixar os salões principais lotados de youkais hostis.

Quando eles estavam longe dos salões, atravessando um corredor vazio, Rin finalmente falou:

- O senhor não precisava se incomodar... Eu estou acostumada com essas coisas.

Sesshomaru sabia que Rin havia sido forçada a ouvir esse tipo de comentário diversas vezes, desde uma idade precoce, coisas que criança nenhuma deveria ouvir. Ela evitava sair do castelo por causa disso, a recepção que ela obtinha na maioria dos vilarejos onde era conhecida apenas reforçava o desprezo que ela tendia a ter por humanos.

Diversas vezes, quando ela era mais nova, foi impedida de comprar nos mercados desses vilarejos, onde os humanos simplesmente rejeitavam seu dinheiro, acusando-a de ganha-lo de forma impura. Eles conseguiam ser bem criativos nos diversos nomes dos quais a chamavam, puta do demônio, prostituta imunda, vagabunda barata, até que Rin finalmente desistiu de tentar convencê-los de que eles estavam equivocados, e hoje todos os bens que ela precisasse eram trazidos pelos servos que eram responsáveis pelo estoque do castelo.

- Você está acostumada a ouvir, mas ninguém nunca tinha tido a audácia de dizer na minha presença. – Ele esclareceu, ainda considerando voltar lá e dar fim à vida do miserável. Só não o fizera na hora por não querer derramar sangue na frente de sua protegida, ainda mais da forma que ele pretendia fazer... Não ia ser nada bonito.

- Eles são estúpidos. – Ela desabafou.

Era bem verdade que desde os seus 13 anos, mais ou menos, Rin passara a nutrir sentimentos menos puros a respeito de seu senhor e protetor. Era também verdade que eles estavam bem próximos há apenas momentos atrás. Porém, ainda a enfurecia que as pessoas se achassem no direito de falar coisas tão sujas diretamente para ela dessa forma, como se elas devessem se intrometer no que não é da conta delas.

Rin não tinha interesse nos quimonos caros e elegantes, nas joias espalhafatosas, na comida que poucos podiam ter acesso, embora ela guardasse cada presente de Sesshomaru com imenso apresso e eles realmente fossem todos lindos e de muito bom gosto, e fosse eternamente grata por tudo que ele fazia por ela, não era nada disso que fazia com que ela o desejasse. Mesmo que eles estivessem envolvidos fisicamente como todos pareciam acreditar, ela não receberia pagamentos dele por isso, o que eles compartilhavam era muito mais profundo do que bens materiais e simples luxúria, Rin sabia disso. Ela o amava de todo coração, não precisava de benefícios em retorno por favores que os outros achavam que ela concedia a ele, mesmo que ela realmente os concedesse. O faria de bom grado, sem pedir nada em troca.

Ela riu para si mesma, pensando que as pessoas do vilarejo ficariam ainda mais horrorizadas com essa perspectiva. Se entregar a um demônio por afeto, sem nenhum outro interesse? Ela já podia até ver os olhares escandalizados.

- Do que está rindo? – Sesshomaru questionou, arqueando uma sobrancelha perfeita para ela.

- Uma coisa que eu pensei, não é na... – Rin perdeu o rumo das palavras quando percebeu que Sesshomaru abria pesadas portas para um cômodo, um cômodo que ela sabia bem o que era, embora nunca tivesse pisado nele antes. - ...da.

Sesshomaru viu o queixo dela cair, os olhos arregalados enquanto ela encarava o conteúdo do quarto. Seu quarto. Os aposentos do senhor do castelo. No momento que viu a expressão de choque da humana, ele começou a questionar se devia mesmo tê-la trazido até ali, ainda mais depois do que acontecera no salão. Não queria abusar dela, ele adoraria que essa humana não tivesse nenhum apelo sobre ele, que ele nunca cogitasse a ideia de trazê-la até ali, mas ela tinha. Ele havia percebido a força daquele apelo naquela noite, e não importava o quanto o bom senso gritasse contra essa atitude, ele não podia resistir a prolongar só um pouco mais a própria humilhação. Era aniversário dele, droga. Só um pouco mais dessa tortura deliciosa e ele a deixaria ir para o próprio quarto. Só um pouco mais.

- Entre. – Ele convidou, tomando a iniciativa e dando o primeiro passo.



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