História Winterwidow: Wildest Dreams - Changes

 ----------------------------

O barulho silencioso de seus passos ainda eram estranhos.

A rua estava vazia, as luzes piscando, e apenas ela ocupava o local.

O barulho de suas botas batendo contra o chão molhado pelas gotas de chuva que caiam ainda não pareciam familiares. Ela tentava inutilmente se esconder da água, que insistia em molhar tudo a sua volta de uma forma lenta.

Natasha sabia muito bem o que estava fazendo. O que estava arriscando. Mas não poderia simplesmente ignorar. Parecia algo inevitável, como um vício.

Sabia que encontrar James, Steve e Clint seria algo perigoso a se fazer. Além de ser desnecessário ter que encarar Bucky depois do ocorrido. Natasha era alguém que guardava rancores. E este entraria em sua lista, junto com muitos outros.

O fim da rua estava chegando, junto com o rumo de seus pensamentos. As sombras estavam exatamente no local indicado, dando ao lugar todos os requisitos para um cenário de terror.

Natasha já havia visto coisa muito pior que isso em sua vida. Muito pior.

Como um instinto, seus pés cobertos pelo tecido da bota caminharam até o lugar. O apoio de sua mão no poste de luz, originou o impulso necessário para que seus olhos pudessem ver a luz refletida nos três homens.

O primeiro estava sentado no chão manuseando uma pequena faca entre os dedos. O segundo era o mais visível. Ele estava com as mãos no bolso, e a luz que denunciava a cor azul de seus olhos ajudaram Natasha a identificá-lo.

O terceiro estava mais atrás. Encostado na parede, mantendo seu olhar distante. A luz, novamente, refletia no ferro de seu braço, causando um incômodo nos olhos verdes de Natasha.

Ela continou a observá-los minuciosamente. Ambos pareciam nervosos e ansiosos. Nenhum deles havia notado sua presença.

Até que os anos de instinto de espião finalmente fizeram efeito em Clint, o fazendo largar brutalmente a faca, e notar a presença dela.

Ele se levantou do chão rapidamente, e saiu do beco afastado em que se encontravam, ficando exposto à total visão de Natasha.

- Nat. - Ele falou antes de correr para abraçá-la.

Encaixou suas mãos em sua cintura, e ela, próximo ao seu busto. A única ação que ele conseguia realizar, era aprofundar o contato que seu rosto tinha com o pescoço dela, e aspirar seu perfume.

Agora havia caído a ficha. Sua melhor amiga estava ali.

- Senti sua falta. - Ele balbuciou em meio aos fios de cabelo ruivos que entravam em contato com sua face.

- Você foi um idiota nesses últimos dias. - Ela murmurrou, o apertando mais forte enquanto aproximava-o ainda mais.

Ele suspirou, e riu pelo seu nariz.

- Eu sei que isso é o mais perto que você pode chegar de dizer que também sentiu saudades, então... Obrigado. - Se afastou dela e pôde ver o sorriso que tinha provocado.

Eles voltaram para o local onde estavam os outros dois. Steve e James. Seu coração começara a acelerar. Ela realmente não queria tomar uma decisão naquele momento. Mas não tinha escolha.

- Oi, Steve. - Ela o cumprimentou receosa. Não tinha muita coisa para falar.

- Oi, Nat... Sinto muito por Rhodes. - Ele tirou as mãos dos bolsos, e se ajeitou numa posição reta.

Ela sorriu fracamente.

- Não sinta.

Steve assentiu com a cabeça. Era óbvio perceber que todos estavam desconfortáveis ali. E com motivos.

- Então... O que posso fazer por vocês? - Natasha pulou para o real assunto a ser tratado, em vez de cumprimentar James.

Ele apenas observava de longe, e mantinha sua melhor expressão de indiferença. Certamente não estaria ali se fosse por insistência de Steve. Se dependesse de Clint ou dele mesmo, estaria em qualquer outro lugar.

Clint tinha uma certa implicância com James. Barton sabia o quanto ele havia feito Natasha sofrer, tanto emocionalmente como fisicamente. As cicatrizes que Clint pudera ver em seu corpo, há um tempo atrás, confirmaram sua tese.

James se perguntava por que justo agora ela tinha que ser fria. Tinha que ignorá-lo justo quando ele lembrava dela, quando ele lembrava do que tiveram. Não seria tão mais fácil se ela esquecesse essa raiva momentânea, e falasse algo?

O problema era que os dois eram teimosos demais para poderem ceder algo. Ainda mais algo que custava o enorme ego de ambos.

- Você tem ideia do que está abrindo mão para nos ajudar, não é? - Steve falou, em um tom pacífico.

Clint revirou os olhos. Ele parecia ser o único que confiava cegamente em Natasha.

- Nat, precisamos que você acesse alguns arquivos privados e criptografados do governo. - Ele soltou toda a bomba de uma vez.

Natasha olhou para Steve e James assustada.

- Certo. - Retirou seu celular do bolso. - Isso vai me dar um pouco de trabalho. - Finalizou, confirmando a todos ali que ela havia mudado de lado.

Abriu os inúmeros arquivos criptografados que Tony havia lhe mandado por SMS. Estava sem seu computador, o celular teria de servir para algo.

Passou algum tempo tentando decifrar a senha que anulava a criptografia, mas sem sucesso. Com o tipo de tecnologia que estava disponível ali, não conseguiria tão cedo.

- Sério que vocês esperam que eu possa hackear um sistema de alta segurança com um celular sem internet?! - Ela ergueu uma de suas sobrancelhas.

Steve analisou por uns minutos.

- Vamos para o esconderijo. Sam tem todos os equipamentos que talvez você precise. - Steve disse tomando a frente, e andando em direção à um quinjet.

Provavelmente o que conseguiram roubar depois da falha de segurança do presídio, ou o que usaram para fugir no aeroporto.

Ela entrou depois de Clint, e logo foi seguida por James.

Natasha sentou-se no banco, enquanto Clint e Steve foram para o comando da nave, e não restou nada para James fazer, a não ser sentar em frente a Natasha.

O clima estava tenso.

A cada minuto, ele olhava com o canto de seu olho para a ruiva quieta. Queria poder fazer alguma coisa.

---------------------------------------

O jato pousou no chão, fazendo Natasha despertar de seu sono. Estava exausta, provavelmente deixaria seu trabalho para depois.

Quando pôs seus pés fora, conseguiu ver uma enorme, ao mesmo tempo discreta, casa branca. Ao longo do caminho para a porta, Clint explicava para ela tudo o que havia acontecido depois de fugirem.

A casa era ainda maior por dentro, mas simples. Assim que entrou, Sam, Wanda e Scott a olharam perplexos.

- O que ela está fazendo aqui, Steve? - Wanda perguntou alterada. Guardava raiva de Natasha pelo ocorrido no aeroporto. Natasha também não possuía o melhor sentimento por ela, já que a mesma a tinha feito quase quebrar uma costela.

- Não se preocupe, ela está do nosso lado. - Steve repetiu as mesmas palavras para Sharon que acabara de adentrar a sala.

Depois de ter seu quarto apresentado, e ter tomado um longo banho, lá estava ela enxugando seus cabelos ruivos sentada na cama.

Eles a haviam dito que precisavam de informações do governo para poderem apagar a ficha criminal de todos permanentemente. Isso não incluiria Natasha, pois a dela estava sendo limpa, mas logo voltaria ao vermelho quando Tony soubesse de sua nova decisão.

Já havia explicado sua lógica a Steve. De que o melhor horário para acessar os arquivos do governo era pela manhã, quando a segurança baixava a guarda. Talvez isso fosse uma desculpa para poder descansar.

Não havia trocado mais do que duas palavras com ninguém da casa depois de chegar. Não queria ter que fazê-lo.

O relógio marcava 23:16 na parede, e ela resolveu beber algo antes de dormir.

Abriu a porta de seu quarto, e saiu molhando o caminho por onde passava com seus pés. Não estava ligando para o fato de não ter os enxugado.

Já na cozinha, suas mãos abrem a  geladeira, e ela pega uma garrafa de whisky abandonada. Na Rússia as pessoas bebiam álcool com se fosse a própria água, então já estava acostumada.

Pegou um copo de plástico guardado, e derramou o líquido dentro. Estava prestes a ingeri-lo, mas o susto que tomou a seguir foi o suficiente para deixar o copo cair no chão.

- Natalia? É você?

Só havia uma pessoa que ainda a chamava de Natalia, então ela não precisou de muito esforço para reconhecê-lo.

- James? Meu Deus, que susto.

James riu ao lembrar da cara que ela havia feito ao tomar o susto.

- Vai à merda, James. - Ela riu pelo nariz. - O que está fazendo aqui?

Até que ele pareceu prestar atenção nos detalhes de seu rosto mais que o normal.

Ela estava prestes a se beliscar por não conseguir desviar o olhar daqueles perigosos olhos que ele possuía. Tudo nele parecia terrivelmente atraente.

- Sem sono.

Natasha ergueu uma sobrancelha.

- Pesadelos?

James assentiu.

- Imagine que fosse. - Disse, amargamente.