História Wishing I Was 23 - Capítulo 29 (Pietra Mackenzie)

"And when your hope crashes down

Shattering to the ground you, you feel all alone

When you don't know which way to go

And there's no signs leading you home, you're not alone"- Demi Lovato ( Gift of a friend)

***

*Pietra Mackenzie* (Mack)

A sonic boom estava com uma nova decoração. Luzes coloridas de natal enfeitavam a loja a deixando mais linda. Ally ao meu lado pareceu não gostar, revirou os olhos e resmungou.

-Merda, essa mulher veio para mudar tudo.- reclamou.

-Ally! É a sua mãe. Já está em tempo de colocar essas decorações.

-Arg. Tanto faz. Quer entrar? Parece que você precisa conversar.

-Claro.- desliguei o carro e tirei a chave da ignição.- Minha vida virou de ponta cabeça.

-Há bem-vinda ao clube, colega.- Ally sorriu ao falar.

Não demoramos muito a descer e chegar até a sonic boom, a loja ainda estava aberta e com movimento intenso. Penny, mãe da Ally, estava no caixa, enquanto Lester e Emily estavam atendendo os clientes.

-Arg, isso aqui está uma loucura hoje.- reclamou Emily passando por nós, indo em direção a um cliente.

Outro cliente chamava a atenção da ruiva, todos queriam ser atendida por Emilly seios fartos, geralmente ela curtia, mas hoje não se sentia muito a vontade.

-Oh Pietra, olhe só você.- falou Penny quando me viu.

Minha mãe e ela eram amigas, Ally e eu fomos, praticamente, criadas como irmãs.

-Oi, tia Penny. Senti sua falta.

-Você mudou, está linda, menina.- ela veio até mim e me abraçou. Retribuir o abraço, aproveitei para espiar a cara feia que Ally fez.

-Obrigada.- sorri tímida.

-Onde está sua mãe?

-Agora...- olhei no relógio. -Já se passa das cinco, ela já deve ter saído do escritório.

-Então ela seguiu a carreira de direito mesmo.- falou sorrindo fraco.

-Sim.

Tio Lester passou por nós, mas deu meia volta.

-As mocinhas podem ajudar? E Penny, volte ao seu lugar.

-Sim, senhor.- ela e bateu continência, como um soldado, e saiu sorrindo.

-Ajuda é?- falou Ally.- Acho que podemos ajudar, não é, Mack?

-Claro, só preciso da tabela de preços.- falei.

-Toma, aqui tem uma.- falou me dando uma folha vermelha que tinha a escrita digitalizada em amarelo, que tirou de trás do balcão, estávamos perto de lá.

***

No fim do expediente da sonic boom, Emy ainda despachava um cliente, na verdade ele havia flertado com ela e ficado mais tempo.

-Finalmente.- falou Tio Lester.

-O que aconteceu aqui? A loja nunca é tão movimentada. – perguntou Ally.

-Penny fez divulgação na internet e ofereceu desconto.

-Ah...- foi tudo o que Ally falou.

-Ally, querida seu pai e eu queremos falar com você.

-O que?- perguntou Ally com a cara nada boa.

-É sobre Rosemary.- falou Lester.

Oi? Rosemary? Que história é essa? Eles iriam levar Ally embora?

-Já disse que não vou. Fim de papo.- Ally segurou em minha mão e puxou.- Vamos Mack.

-Volte...- tio Lester começou.

-Deixa ela, Lester.- olhei para trás e não deixei de ouvir um sussurro da tia Penny.- Nós vamos convencê-la.

Ally me puxou escada a cima, eu conhecia muito bem esse caminho, vivia aqui brincando com minha melhor amiga quando tínhamos oito anos.

...

“-Anda, Pietra. Ele chegou.- falou Ally me puxando.

“Ele” era um garoto, Austin era o nome dele. O garoto loiro era bem mais velho que nós, cinco anos para ser mais exata. Tínhamos oito, enquanto ele tinha treze anos de pura beleza. Ele fazia aulas de violão com tio Lester toda quarta.

-Você nem tem idade para namorar.- falei carrancuda, tudo o que eu queria era brincar com a casinha de boneca novinha que Ally havia ganho.

-Eu posso olhar.- ela parou e encarou o loiro do sorriso angelical. -Ele é tão lindo...

-E velho.

-Ele é um príncipe.”

...

O destino era um brincalhão mesmo, hoje o príncipe é caidinho pela menina apaixonada da escada.

Entramos na pequena porta de entrada do quarto dela. O quarto continuava o mesmo, a cama de solteiro continuava no canto tomando todo o espaço do quarto.

-Vai ficar admirando o meu quarto “enorme” ou você vai entrar?

-Parece que voltei a ser criança.

-Arg, eu acho que até preferia. Assim não teria a Penny de volta.

-Nós éramos crianças quando ela foi embora, Ally. Ela só não viu sua paixonite pelo Austin.

-Rá Rá, bastante engraçada.- ela se jogou na cama.- Como você está?

-Confusa. Trish vai ter um filho do meu namorado. Meu namorado está voltando a lembrar de tudo, talvez até lembre de sua grande atração por garotos, ou melhor Anthony.

-Mack, eu te avisei, amiga.

-Eu sei, mas eu gosto dele e esse Elliot gosta de mim.

-O Elliot que acha que é. Ele também está confuso. – Ally pareceu pensar. -O que você irá fazer agora?

O que eu iria fazer agora? Na verdade eu não sabia.

-Dar tempo ao tempo, talvez.- falei me sentando na cama.

-Olha, vocês podem esperar e ver o quanto ele lembra.- falou.

-Vamos, ainda preciso conversar com ele, mas essa é nossa possível decisão.- suspirei e olhei para minha amiga. Ela parecia cansada.- E como você está?

Ally deu um suspiro, seus ombros caíram e ela começou a chorar. Eu a abracei, a morena se acolheu em meus braços.

Bons dez minutos haviam se passado, Ally ainda soluçava em silêncio, enquanto eu acariciava seus fios sedosos.

-Tony, o filho do Austin, nasceu ontem. Penny quer me levar para morar em Rosemary beach. E por falar em morar, Bianca vai morar com o filho no apartamento do Austin. Meu apartamento.

Pronto, ela havia me contado tudo de uma vez e suspirado no fim, talvez de alívio.

-Como assim?- perguntei.- Apartamento? Rosemary?

-É, Austin comprou um apartamento para nós, inicialmente era para nos escondermos, mas agora Bianca vai morar lá.

-Espera um pouco, achei que o bebê da Bianca estivesse com sete meses.

-E estava, foi prematuro. Ele vai precisar ficar na incubadora umas semanas, poucas, o médico garantiu. Austin ficou louco quando soube que a imunidade do filho seria de extrema precaução. Ele próprio quer garantir um ambiente limpo ao bebê.

-Bianca nem recusou.

-Essa era a vontade dela.- minha amiga suspirou mais uma vez.- Agora Penny volta nos oferendo um casa, uma mudança. Ela tem um consultório veterinário lá.

-E ela disse por que foi embora?

-Câncer.- fiquei de boca aberta, não imaginária esse motivo nunca. – Eu não acreditei nela, até que ela me mostrou. Ela tirou as duas mamas.

-Eu sinto muito.

-Eu também sentir, mas então lembrei o sofrimento quando ela foi embora. – ela parecia distante, então não falei nada.- Agora ela volta e quer me levar embora.

-Você não vai, não é?

-Claro que não.

-Acho bom mesmo.- encarei o quarto mais um pouco.- acho que preciso ir, Elliot e eu precisamos conversar.

-Isso mesmo.

***

Quando bati na porta foi que me dei conta do quão tarde era, olhei no relógio e já se passava das oito era quase nove. Ainda não havia comido nada e muito menos ligado para minha mãe.

Peguei o celular e disquei o número da fera, mamãe não ficaria nada feliz por eu ter passado o dia sem dar notícias. Levei o celular a orelha, ela atendeu no segundo toque.

-Onde você está?

-Desculpa, mãe.

-Sinceramente Pietra, você deveria lembrar de me avisar as coisas. Não quero ter que te der um castigo.

-Eu estava na casa da Ally.

A mãe do Elliot abre a porta e sorri quando me ver.

-Onde está agora?

-No Elliot.

Entrei. A mãe dele me apontou para o andar de cima, possivelmente dizendo que Elliot estava no quarto.

-Você já jantou?

-Sim.- menti, ou ela iria encher o saco.- preciso desligar. Talvez eu chegue um pouco tarde.

-Arg, você não é a mãe, eu que digo a hora que você chega. As dez quero você em casa.

-Tudo bem, te vejo as dez então. Beijos.

Desliguei antes mesmo dela responder. Já estava em frente à porta do meu namorado. Segurei a maçaneta e abri. Quando me viu ele levantou e sorriu. Meu coração quebrou, eu odiava brigar com quem amo.

 -Precisamos conversar.