História Wishing I Was 23 - Capítulo 5

"Maybe if I don't cry, I won't feel anymore"- Demi Lovato (Stone cold)

***

Oi, diário, tudo bem?  

Então, comigo está tudo ótimo. Desculpa a demora para escrever em você novamente, mas estou ocupada. Finalmente, aceitei as aulas do Logan, mas com isso veio uma consequência. Tive uma briga feia com o Austin. Ele não parava de me encher o saco por ter aula com o Logan, eu não entendo, ele mesmo me queria junto ao amigo dele.  

 Bom, eu tenho que ir, estou indo para a escola. 

Beijos. 

 Fechei meu caderno e encarei sua nova decoração, colei um enorme A e estrela nele. Havia ficado lindo. Levantei o colchão e enfiei o caderno embaixo. Peguei minha mochila e desci.  

 Quando cheguei à sala de jantar Austin estava sentado à mesa, o que era uma novidade, ele sempre estava na casa de Bianca ou saindo atrasado.  

—Bom dia.- falei e sentei ao lado de Mimi.  

—Bom dia, dormiu bem, ursinha?- perguntou papai.  

—Melhor impossível. Pai, hoje eu vou na sorveteria com o Logan depois da aula, tudo bem? 

—Ally?! Logan é seu professor.

—Eu sei, mas vamos ter aula lá hoje.  

—Nós te atrapalhamos, querida?- perguntou Mimi. 

—Não, Mimi, claro que não. Só quero tomar um sorvete, eu e Logan combinamos. Então, eu posso? 

—Claro. Mas te quero em casa antes das dez, okay?  

—Certo. 

Peguei uma panqueca e suco de laranja, Austin continuava calado, terminando de comer sua panqueca.  

—Austin, filho, está tão calado.- falou meu pai. 

—É só que... eu consegui um emprego. 

—Sério!? Isso é ótimo, Austin.- falou Mimi. 

—Eu sei, mas foi na Marino.  

—O quê?- falei, cuspindo o suco fora. 

 Cassete! Já não bastava ele ser mais velho e agora tem que ser a droga do meu professor? Okay, para o mundo que Ally Dawson quer descer.  

—É isso mesmo, estou no meu último módulo. O meu orientador me aconselhou a arrumar um emprego. Bi levou meu currículo, eu fui chamado para uma entrevista e passei.  

—Maravilha.- falei irônica. 

 Papai me olhou feio e torceu o nariz. Fala sério, tantas escolas para ele escolher e tinha que ser justamente lá?  

—Transferi a faculdade para o turno da noite, começo na Marino hoje mesmo.  

—Que orgulho, meu filho professor. – falou Mimi com lágrimas nos olhos. 

*** 

Estava sentada no gramado lendo um livro, me arrumei e tirei o colete da farda. Joguei em cima das pernas para evitar um pagamento de calcinha.  

 Hoje foi um belo dia em que Trish resolveu adoecer. Por que Austin tinha que ser aceito? Poxa, já faz um mês que as aulas começaram. 

 O sino indicando para retornar a sala tocou. Levantei e vesti o colete novamente, agora teria aula de Logan, hoje era quinta, teria apenas uma. No caminho para ela, acabei esbarrando no ombro de alguém.  

—Desculpa - pedi. 

— Tudo bem, não doeu. 

 Olhei para a pessoa e lá vi Elliot parado. Eu lembro dele no acampamento.  

—Não acredito! - falei animada. 

—Ei, eu lembro de você, Ally, não é?  

—Sim, nossa quanto tempo, não? Está estudando aqui. Que legal.  

—Pois é, pode me ajudar? Não encontro minha sala. 

—Qual a sua aula agora? 

—De acordo com meu horário, é matemática. 

—Está com sorte, a minha também. 

 Começamos a andar em direção à escada mais próxima. Elliot vinha atrás, lembrando das férias de verão no acampamento, de como tercemos cestas e tingimos camisas.  

 Quando chegamos na sala, Logan estava na porta, recebendo os alunos. Ao contrário de Bianca, Logan espera dez minutos após o toque. Ao me ver, ele abre um sorriso, mas logo some ao ver a proximidade de Elliot.  

—Olá.- falou Logan. 

—Professor, esse é o Elliot. Ele se mudou para Miami esses dias.- falei. 

—Ah… Oi, senhor… 

—Iago, Logan Iago, mas para os alunos é senhor Iago. 

—É um prazer conhecê-lo, Sr.Iago.- Elliot me olhou — Ally, vou procurar um lugar, tá? 

—Okay. - esperei Elliot estar longe e olhei feio para Logan. Ele havia sido rude demais com Elliot. — Não me lembro de ter problemas dos alunos te chamarem de Logan. 

— Quem é esse cara? Ele é novo mesmo? Você nem o conhece e já estar dando sorrisinhos para ele. 

 Cruzei os braços e revirei os olhos, iria abrir o verbo. 

 — Você está sendo ridículo.- sussurei. —Não tem nenhum direito de me cobrar nada. É apenas meu professor e talvez um bom amigo. Logan, você e eu não temos nada e nunca vamos ter. Você não é o meu dono.  

 Logan respirou fundo e deu um passo para frente, assim que outro aluno entrou na sala, ficou perto o suficiente para que apenas eu o ouvisse.  

—Sabe muito bem que gosto de você, mas você não liga de vim em minha cara e se derreter toda para aquele pirralho. Ally, eu sou a droga de um homem para você. 

 -Atrapalho algo? 

 A voz de Austin me fez estremecer da cabeça até os pés. Era só o que me faltava, ele sendo a plateia de uma briga minha com  o Logan.  

 Logan se afasta, olha diretamente para Austin e se afasta. Eu me viro e olho para o loiro parado em nossa frente com uma cara nada boa. Levo a mão ao cabelo e aperto o rabo de cavalo nervosa. 

—Sim.- respondeu Logan e por coincidência, eu respondo um sonoro “Não” junto.  

—Tratem do romance ridículo de vocês em outro lugar. Se a diretora não tivesse que parar em outra sala, havia visto essa sua cena, Logan.- falou Austin irritado.  

—Mas o que você está fazendo aqui, afinal? – perguntou Logan. 

— Ele é o novo professor de música.- respondi antes mesmo do Austin abrir a boca.  

—Mas e a Sra. Carmen? 

—Se aposentou.- respondeu Austin.- Ally, sugiro que você entre e se acomode, a diretora está vindo.  

 Dei as costas para ele novamente e entrei na sala como um vulto. Minutos depois, Logan, Austin e a diretora Marta entram na sala. A diretora tinha quarenta anos, mas com aparência de trinta, ela abusava de saias apertadas e camisas com botões. Seus cabelos loiros sempre estavam presos e usava sempre saltos. Os garotos a consideravam um símbolo sexual, escrotos de merda. 

 -Bom dia, turma. - todos responderam — Vou atrapalhar um momento de vocês para apresentar o novo professor de música. A senhora Carmen se aposentou. Austin por favor, se apresente. 

 Austin secou as mãos no jeans preto apertado, hoje ele usava um All Star tradicional e uma camiseta xadrez vermelha. Passou as mãos no cabelo e sorriu nervoso. Pude ouvi os suspiros femininos na sala, incluindo o meu.  

—Bom, eu sou Austin Moon. E como a diretora já disse, sou o novo professor de música. Tenho vinte e dois anos e estou no último módulo da faculdade.  

 Uma garota levantou a mão, conhecia bem, era Piper, popular e líder de torcida.  

—Pode falar, senhorita Montez.- falou Marta.  

—Diretora, posso trocar a optativa de teatro para música? Acho que agora está valendo bem mais a pena estudar música. 

 Toda a sala sorriu, na verdade, a ala feminina que concordava com ela. Austin ficou vermelho pela timidez e eu vermelha de raiva.  

—Não é da conta de vocês, mas o professor Moon é noivo da senhorita Carter. 

 As meninas lamentaram e a palavra “noiva” não saia da minha mente. Eles estavam noivos? Olhei para as mãos do Austin e foquei nos dedos e lá estava ela, uma aliança de ouro fina, mas bastante visível. Senti uma lágrima escorrer, logo levei a mão ao rosto para secar e levantei a mão livre. 

 -Sim, Srta. Dawson.- falou a diretora. 

—Eu posso usar o toalete? 

—Pode. 

 Levantei em um pulo e corri para o banheiro já sentindo as lágrimas quentes descerem sobre minha bochechas como uma cascata.  

 Eu o amo. Bianca é uma vadia, nunca será a mulher ideal para ele. Austin Moon é um idiota burro.  

 Entrei no banheiro e me tranquei em uma das cabines e chorei. Chorei por amá-lo. Chorei por ter um homem maravilhoso que me quer e não conseguir amá-lo. 

 Ouvi passos no banheiro e tentei controlar um soluço que rompeu na minha garganta, mas foi sem sucesso.  

—Ally? 

 Ouvi Austin me chamar, na voz dele havia tristeza. Levantei da tampa da privada e olhei através da brecha o espelho. Pude ver o reflexo dele, estava encostando a testa na porta da cabine que eu estava. Encostei minha testa na porta também.  

—Ally, me responde.- o único som que consegui emitir foi outro soluço. — Bianca está grávida e o pai dela exigiu casamento. Ally… Droga… Te ver assim está me destruindo, por favor, abre a porta.- eu não abri, Bianca estava grávida, eu não iria ficar com ele nunca. 

—Eu preciso sair da sua casa.  

—Você não precisa, não. Abre a porta, por favor.  

—Você está em um banheiro feminino, Sr. Moon, vai embora.  

—Ally, por favor, para com isso. Abre a porta e me deixa olhar em seus olhos.  

 — Vai embora , Austin. 

 ***  

 Estava parada em frente a porta da casa dele. Austin não tentou falar comigo, muito menos me esperou na saída.  

 Minhas chances com Auatin tinham se tornado impossíveis, ele terá sua própria família agora. Com ela, com outra mulher.  

 Levantei a mão a bati na porta duas vezes, não demorou muito para que Logan abrisse a porta. 

 — Ally? 

—É, oi. Você está ocupado?  

—Não exatamente. Aconteceu alguma coisa? 

—Não.- respondi, engolindo o choro. Ele me olhou de sobrancelhas erguidas, é claro que não acreditava em mim, eu finjo muito mal.— Eu gosto do Austin, tipo como uma mulher gosta de um homem.  

—Eu sei, então o que veio fazer aqui, Ally? 

—Eu não sei, na verdade, não sabia para onde ir.  

—Você tem a Trish. 

—Tudo bem, eu vou indo.- dou as costas para ele, mas não ando. Eu sabia exatamente que queria estar ali. Talvez nós merecessemos uma chance. — Talvez eu queira está aqui com você. 

 Me virei e vi que ele ainda me encarava.  

—Você está me fazendo de estepe, Ally. Isso não é legal.  

—Eu sei, mas… Olha, eu sei que não é uma boa hora, mas talvez nós… 

—Espera, eu quero você, quero demais, mas não assim.  

—Tudo bem, eu vou indo. 

—Você pode ficar. Acabei de terminar o jantar.  

—Tudo bem. 

 Passei a mão no rosto para enxugar as lágrimas e me aproximei dele para entrar em sua casa, mas sou surpreendida por braços me puxando. Ele estava me abraçando apertado, eu gostei disso. Finalmente, ele tinha ganhado uma parte do meu coração.