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História Wishlist - L


Escrita por: kihywnn

Notas do Autor


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Capítulo 14 - L


Os pés delicados andavam apressados e descalços pelo chão da casa. O grande sorriso no rosto do Chae mais novo parecia brilhar de alegria. Ele segurava o pequeno felino felpudo em seus mãozinhas pequenas de uma criança de onze anos. O animal observava tudo com uma curiosidade extrema, enquanto o mais novo o conduzia até onde seu coração lhe mandava ir. Seu irmão andava um pouco triste há alguns dias, e Hyungwon não imaginava pelo que poderia ser. Havia escutado uma vez ou outra as brigas do mais velho com sua mãe, e alguma discussão sobre “veadinhos”, mas realmente não entendera qual o grande propósito. Seriam veados os animais que seu irmão gostava ou gostaria de ter e sua mãe não aceitava?

Sorriu, batendo de leve na porta, com certa dificuldade, enquanto tentava equilibrar o felino inquieto em seus ombros. Não houve qualquer resposta. Hyungwon bateu novamente, com mais força, e dessa vez a porta se entreabriu, dando acesso a Hyungwon. O garoto hesitou por alguns segundos, já que seu irmão não gostava que entrassem em seu quarto sem sua permissão. Mas sua ansiedade era tanta que não pode se segurar.

- HYUNG, EU PREciso t-...

O grito estridente e sôfrego do garoto se fez presente por toda a casa, alertando a todos os presentes, que o mau presságio havia chegado.

 

 

 

 

Hyungwon aproveitava a única coisa da qual sentira real falta daquela casa: a comida de Yoona, a antiga cozinheira da família. Ela estava presente em sua vida desde que o mais novo nascera, e ele sempre a teve como uma segunda mãe. A senhorinha havia cuidado do garoto como seu próprio filho, nos bons e maus momentos. O garoto de fios caramelados comia apressadamente a comida. Desejava ter mais tempo pra apreciá-la, mas quanto mais cedo saísse da presença de seus pais, melhor era para sua sanidade e estabilidade.

A senhora Chae comia lentamente, observando o desespero do filho. Já o senhor Chae mal tirava os olhos do prato à sua frente, ignorando a presença quase nula do mais novo à mesa. A voz fina e suave da mulher à frente de Hyungwon ressoou no ambiente, porém não fora o suficiente para que o mais novo lhe desse atenção.

- Como tem passado querido? Você sequer nos ligou! – A mulher parecia decepcionada, mas Hyungwon riu mentalmente. Depois de dezoito anos ela resolvera se preocupar?

- Andei ocupado com a faculdade.

- Oh, mas isso é ótimo querido. E sobre essa aliança em sua mão... Está namorando finalmente? – Hyungwon, pela primeira vez na noite, dirigiu o olhar para a mulher, que tinha um misto de curiosidade e irônia no olhar.

- Ah, mamãe, estou. E como estou. – O mais novo sorria, tão irônico quanto sua própria progenitora.

- Qual é a profissão dele?

- Bom, como vocês não conseguiram estragar isso, pelo menos, ele é fotógrafo, mamãe. Mas também já foi professor. Acho que conhecem alguém assim, não?

O Chae mais velho se levantou bruscamente, enquanto sua destra golpeava com brutalidade a mesa. Apesar disso, Hyungwon não recuou. Sequer piscou. O sorriso debochado ainda estava pairando em sua feição, dando ainda mais ódio ao patriarca. A voz grossa e rancorosa se fez presente em todo o cômodo, agora esganiçada pelo ódio que lhe consumia.

- COMO VOCÊ SE ATREVE CHAE HYUNGWON? COMO SE ATREVE A CHEGAR PERTO DELE OUTRA VEZ?! NÓS SALVAMOS A SUA VIDA DA TOTAL DESGRAÇA E É ASSIM QUE NOS RETRIBUIU?  - A veia na testa do mais velho pulsava, dando a agoniante impressão de que poderia estourar a qualquer momento. Hyungwon gargalhou, irônico. Sentindo as palavras de seu pai escorrerem por sua pele, assim como as lágrimas que soltara quando soubera de toda a verdade por trás da partida de Hoseok.

- Salvaram é? – Sua voz era baixa, séria. – Salvaram minha vida mandando embora a única pessoa que cuidou de mim depois dele? Salvaram minha vida, igual fizeram com a dele, até ele se matar? Você mataram ele. Mataram dia após dia um pedacinho diferente da única pessoa que trouxe o mínimo de vida pra essa casa. VOCÊS MATARAM O MEU IRMÃO!

A mesa fora revirada com brutalidade pelas mãos de Hyungwon, que, com toda sua raiva, jogara tudo o que estava à sua frente para cima de seus amados pais. Hyungwon sentia o ódio que havia reprimido dentro de si por tantos anos brotar através de seus poros, lavando cada resquício de sanidade presente em si.

- Não fale assim conosco Chae Hyungwon! – A mulher de pé a sua frente olhava-o, fria, impassível. Hyungwon riu novamente, a amargura transbordava em sua alma, mas enfim, estava livre. Poderia dizer tudo, e era o que faria.

- Não falar assim, mamãe? Porquê? Dói lembrar que vocês tiraram tudo que ele mais amou? Ou melhor dizer, quem ele mais amou. Vocês realmente acharam que assassinar a única pessoa a quem Gunhee se entregou seria normal? Vocês não o viram chorar. Vocês sequer foram ao velório, porque estavam mergulhados em culpa. Vocês tiraram a única pessoa que se importou com ele! E tentaram fazer o mesmo comigo! Só porque eles não eram ricos? Ainda têm coragem de se auto intitularem pais? Façam-me o favor.

O mais novo se levantou, ignorando os chamados de seus pais e se dirigindo até a porta do antigo quarto de Gunhee. Não foram precisos mais que alguns chutes na maçaneta fraca para que a mesma se quebrasse, revelando o quarto intocado do falecido. Sentiu suas pernas falharem e as lágrimas que impedira de rolarem toda a noite jorrarem por seu rosto, traçando caminhos úmidos e repletos de dores e redenção. Sentia tanta falta de seu irmão. Sentia tanta falta de seus momentos juntos que poderia morrer por isso.

Ainda se lembrava bem da cena que vira quando mais novo. Nunca esqueceria. Os pés descalços se balançando no ar. A pele antes tão macia e impecável do pescoço retorcida pela pressão que a corda fazia contra a mesma. Os olhos rodeados por fundas olheiras. Marcas de lágrimas na carta jogada sobre a cama. E o pedido de desculpas por não ser forte o suficiente para estar mais consigo. Hyungwon sabia que seu irmão estava errado. Havia sido forte o suficiente para abrir mão de tudo. Havia pensando nele mesmo pelo menos uma vez, e Wonnie respeitava isso. Ainda assim, porque sentia tanto sua falta?

 

 

 

 

O som da campainha ressoou pelo apartamento, tirando Kihyun de seu quase sono. O rosado se levantou, olhando sorrateiramente pela abertura da porta. O apartamento estava silencioso, então logo presumiu que o mais velho havia saído. Kihyun estava evitando Hoseok há alguns dias, mas não mudar isso. Um threesome com seu melhor amigo e o namorado dele não era exatamente o que esperava de um sábado à noite. Ele era romântico demais, ciumento demais, possessivo demais. Queria ter o prazer de exibir seu namorado por aí, sendo apenas seu, e de mais ninguém. Sabia dos seus sentimentos por Hyungwon, e da sua atração por Hoseok, mas nenhum dos dois era o amor que tanto esperava. Caminhou lentamente, arrastando os pés cobertos pela pantufa de unicórnios e as pernas branquinhas à mostra. Não usava mais que seu suéter branco e velho e uma cueca qualquer pra dormir. Os cabelos bagunçados davam uma aparência adorável ao rosto levemente inchado.

Era um pouco mais de nove da noite, e quem diabos poderia estar tocando sua campainha?

Abriu a porta devagar, prestes a xingar quem quer que ousasse acordá-lo naquele momento, mas sentiu seu corpo travar quando viu o rapaz à sua frente. Era a segunda vez em menos de três meses que Kihyun atingia o auge da timidez enquanto abria sua própria porta, e isso era bizarro. Os cabelos em um tom caramelo acinzentado do rapaz caíam sobre sua testa, minuciosamente arrumados. Ele vestia um grande casaco preto, e roupas mais leves por baixo, mas a forma como o jeans era apertado nas coxas do mesmo deixou as bochechas de Kihyun em chamas.

Ele segurava uma grande mala, e uma bolsa mediana sobre a mesma. Não era tão mais alto que si, mas aparentava ser um pouco mais velho. Kihyun desviou o olhar após ver o sorriso que o outro dava ao perceber o quanto o de cabelos róseos o fitava.

- Q-Quem é você?

- Acho que meu irmão deve ter falado que eu viria. Meu nome é Im Changkyun. – O sorriso permanecia no rosto do outro, e Kihyun poderia dizer com a maior certeza do mundo que aquele era o sorriso mais bonito que havia observado em toda sua vida.

 


Notas Finais


twitter; xkihywnn


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