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História With Every Heartbeat - Contando Uma História


Escrita por: Sapatomics

Notas do Autor


Boa tarde, pessoal. Espero que gostem do capítulo, algumas coisas serão esclarecidas. Boa leitura.

Capítulo 3 - Contando Uma História


Na época fora adotada, Emma não poderia acreditar. Claro que estava triste por ter que abandonar seus amigos, as freiras, Margaret e Ingrid. Mas a verdade é que seu maior medo era de sofrer outros traumas assim como aconteceu em sua infância. A menina não conseguia confiar naqueles novos pais, já que havia sido enganada antes. No entanto, não demorou muito para que percebesse como Jefferson e Dylan eram diferentes. Carinhosos, atenciosos, sempre preocupados com sua saúde e educação.

Logo Emma estava estudando nas melhores instituições de ensino, recebendo os tratamentos médicos mais caros, pois havia cicatrizes profundas e internas devido à época em que apanhava. Freqüentava os lugares mais diversos como museus, cinemas, parques de diversões e teatros. Afinal seus pais possuíam um grande patrimônio fruto de duas carreiras brilhantes. Ambos eram médicos, e já possuíam sua própria clinica e sempre eram chamados para grandes cirurgias.

Porém, na vida da loirinha nada era fácil. Quando tinha dezenove anos, recebeu a pior notícia que alguém poderia lhe dar. E foi justamente Ingrid, que sempre estava em contato com Emma, que lhe contou que os pais haviam morrido em um grave acidente de carro quando voltavam de um evento de médicos em Boston. Swan se fechou para tudo e para todos. Vivia uma fase bastante complicada. Como ainda não tinha completado a maioridade, ela não poderia comandar toda sua herança. Devido ao testamente de Jefferson e Dylan, ela deveria viver com Ingrid, que era amiga do casal.

Emma entrou para a Academia no mesmo período, recebendo assim treinamento policial e logo se tornando detetive. Era uma jovem promissora, e o FBI estava de olho em seu talento nato para ler as pessoas e entender o comportamento humano. Saiu da casa da assistente social, voltando assim para o apartamento onde vivia com os pais. Resolveu ela mesma administrar sua herança, deixando a clínica aos cuidados de Alfred Humbert, um dos melhores amigos de Jefferson e Dylan.

Parte do dinheiro, Emma doava mensalmente para um dos orfanatos de Boston, aquele mesmo onde crescera. Em pouco tempo, comandou uma operação onde conseguiu prender as mulheres que um dia lhe maltratara, salvando assim centenas de crianças. O antigo orfanato fora reformado por Swan e ela mesma entrevistou os novos funcionários. No entanto, novamente sofria mais um baque em sua vida. Anos depois recebeu a notícia de que Margaret morrera de câncer e sua filha Mary fora morar em uma cidade no Maine, chamada Storybrooke. Agora ela estava ali, sendo confrontada por seu passado.

 

***

 

(Emma)

 

Por um momento pensei que eram meus ouvidos que me traíam. Mas ao sustentar o olhar daquele rapaz em minha frente, percebi que ele dizia a verdade. Ou pelo menos aquilo que acreditava ser verdade. No começo, como toda criança órfã eu não entendia os motivos por ter sido abandonada. Por estar ali naquele lugar, sendo que poderia estar com meus pais e quem sabe irmãos. Minha curiosidade apenas aumentava.

Algumas crianças tinham raiva e mágoa, já fui uma delas. Outras apenas tentavam seguir em frente e viviam sonhando em ser adotada, eu também fui uma dessas. Até que chegou um ponto onde eu só pedia para que fosse feliz. Eu tinha Margaret, tinha Mary, tinha as freias e principalmente, o mais importante de tudo, tinha Ingrid. Aquela que foi minha mãe durante tantos anos. Até que o improvável aconteceu. Dylan e Jefferson apareceram prometendo me amar, cuidar de mim até que eu conseguisse fazer isso sozinha.

Mesmo depois de ter certa independência, eles continuavam se preocupando. Agindo como verdadeiros pais. Porém, como quase tudo na minha vida, a felicidade durou pouco. Um acidente de carro tirou a vida daqueles que mais amei um dia. Agora ali, na minha frente, estava meu passado. Pedindo permissão para ser meu presente e meu futuro. Eu queria correr, ir embora dali e chorar. Mas eu não deveria, mesmo porque aprendi com meus pais a lidar com qualquer coisa.

— Não estou entendendo muito bem. – tentei não ser muito direta, eu pedia uma explicação para aquele homem. Que, aliás, se parecia bastante comigo.

— Oh, me desculpe! – ele parecia envergonhado e estava ficando vermelho. – Não quis ser rude nem nada disso. Na verdade, eu posso te provar que somos irmãos.

— E como me provaria?

— Bom, acho que primeiro devo contar minha história.

— Eu vou pegar um café. Vocês dois podem conversar em alguma de nossas salas. O que acha Emma? – Jane sorriu gentilmente. Apesar do humor ácido de minha amiga, ela era sempre muito solícita quando precisávamos de ajuda.

— Claro. Por favor, me acompanhe.

Fui até uma de nossas salas, com James me seguindo. Não eram as que usávamos em interrogatórios, porque eu as achava pesadas demais para se ter uma conversa como aquela. Afinal, o rapaz estava apenas encontrando alguém que ele julgava ser sua irmã e não sendo interrogado. Eu me sentei à sua frente e ele parecia ainda mais nervoso, pois suas mãos tremiam um pouco. Observando mais de perto, pude ver como éramos semelhantes não só em traços físicos, mas também em certas manias que tínhamos como o pequeno tique no olho esquerdo. O jeito de conversar e de olhar.

— Então, o que você tem para me contar?

— A história é longa. Mas para que você possa entender, eu preciso contar desde o nosso nascimento. – tomou um pouco da água que estava em um copo que coloquei ali, antes de continuar. – Nossa mãe nos teve em um dia tempestuoso. O hospital era simples e por isso, faltou energia. Na mesma noite, outras três crianças nasceram. Dois meninos negros, e um com os nossos traços físicos. Este morreu horas depois, devido a algumas complicações no parto. Acontece que há 29 anos as coisas não eram como hoje. E aquele hospital em especial sofria com a falta de alguns recursos. O bebê morto tinha um peso bem aproximado do seu e também era uma menina. Então você foi registrada no lugar dele. Nossa mãe ficou devastada...

— Opa, só um instante. – pedi bastante transtornada com aquilo tudo. Em poucos minutos eu recebi tanta informação e mal conseguia raciocinar. – Segundo o orfanato onde cresci, eu fui encontrada abandonada em uma estrada.

— Sim, eu sei disso. Mas muita coisa aconteceu. – sorriu tristemente. – Isso foi motivo para mamãe ter depressão durante anos. Assim que ela recebeu a notícia, não conseguiu nem ao menos te reconhecer. Por ter sido um parto complicado, já que se tratava de gêmeos, mamãe ainda não tinha visto seu rosto pela primeira vez. Por isso ela não soube que se tratava do bebê errado. Naquela época, houve um surto de roubo de recém-nascidos. Estes eram pegos ainda na maternidade, por uma falsa enfermeira que se infiltrava nos leitos hospitalares. Depois ela entregava para outros membros da quadrilha e os bebês eram vendidos para o exterior. Ou para outros estados. Nunca na mesma cidade onde nasciam.

— Sim, já estudei sobre esse caso na Academia. Então por isso eu fui encontrada em uma estrada. – concluí em um sussurro. Minha cabeça girava e minha mente simplesmente estava um caos.

— Exatamente. Durante muito tempo pensamos que o outro casal teve seu bebê raptado. Enquanto, na verdade, essa criança era você. Mamãe ficou muito mal, mas havia algo nela que dizia que peças faltavam nesse quebra-cabeça. Quando eu tinha uns onze anos, a polícia bateu em nossa porta. Disse que o hospital tinha trocado os bebês. Mas não era só culpa da falta de recursos, porque naquela noite a enfermeira que trabalhava lá era justamente a que participava da quadrilha. – enquanto explicava, James me entregava alguns documentos que faziam parte de um arquivo policial. – Demorou mais de uma década, mas todos foram presos e confessaram seus crimes. Um dos capangas disse que ficou com você durante uma semana, então o casal que iria te comprar desistiu. Ele resolveu voltar à Storybrooke, que é onde nós nascemos, mas no meio do caminho resolveu te abandonar.

— Eu pensei que tinha nascido em Boston.

— Não. – balançou a cabeça negativamente. – Bom, até hoje muitas crianças não retornaram para seus pais biológicos. Dezenas foram roubadas. A polícia não conseguiu localizar grande parte. Mas nosso avô tinha esse amigo advogado, que tinha contatos em Boston e em Storybrooke. Ele levou anos para juntar todas essas informações e mesmo assim não sabíamos onde você estava. Além da possibilidade de você morar em qualquer cidade deste país, ainda não tinha como te reconhecer, já que você estaria adulta e sumiu quando era apenas um bebê. Então, há mais ou menos um ano eu encontrei uma antiga amiga sua, a Mary.

— Você a conheceu? – James assentiu. – Já faz muito tempo que não nos vemos. Como ela sabia onde eu morava?

— Simples, ela não sabia. – sorriu enquanto tirava um papel amassado do bolso. Era o recorte de um jornal, onde eu aparecia após uma coletiva de imprensa. Tínhamos dado entrevista após a prisão de um famoso serial killer há dois anos. – Mary me deu isso e disse que você tinha se tornado uma famosa policial em Boston. Eu precisei apenas de uma lista telefônica e da ajuda de um senhor na rua para saber onde você trabalhava e morava. Aqui estamos nós.

— Eu... – me levantei da cadeira, me sentindo um pouco tonta com tudo aquilo. – Nossos pais. Eles ainda estão vivos? E o nosso avô?

— Mamãe está sim. Nosso avô faleceu há três anos vítima de um enfarto. Já o homem que nos gerou... Bom, não interessa. – desviou o olhar e vi uma expressão enraivecida dominar seu rosto. – Enfim, mamãe está muito doente. Os médicos já não sabem o que fazer, pois já está em estado terminal.

— James, eu preciso de um tempo para pensar.

— Claro. – passou a mão pelos cabelos loiros. – Eu estarei na cidade por mais alguns dias. Neste hotel. – deixou um papel com um endereço em cima da mesa.

— Posso ficar com esses documentos?

— É a sua história. – deu de ombros. – Você deve ficar.

Assenti e vi meu suposto irmão ir embora. Soltei meu corpo na cadeira, sentindo os ombros pesados e a cabeça latejar. Eram tantos detalhes. Eu jamais poderia imaginar que essa era minha história. O passado sempre foi um enigma, e depois de tantos anos eu tinha me cansado de tentar decifrar. Peguei os papéis em minhas mãos trêmulas.

Eu estava saindo da minha zona de conforto, estava encarando fantasmas de quase trinta anos atrás. No meio dos arquivos da polícia e de algumas anotações, que eu imaginei serem de James já que a letra era bastante parecida com a minha, vi a foto de uma mulher linda. Seus cabelos eram loiros, a pele tão pálida quanto a minha e os mesmos olhos. Sem dúvidas eu era sua versão mais nova.

Aquele sorriso era bastante semelhante ao meu e ao de James. Não consegui evitar as lágrimas. Meses antes de morrerem no acidente, Dylan e Jefferson confessaram que estavam investigando minhas raízes. No começo eu me senti invadida, com raiva por estarem mexendo naquilo que eu mesma resolvi enterrar. Mas uma curiosidade me invadiu. No entanto, eles descobriram muito pouco. Apenas aquilo que eu já sabia. Abandonada na beira de uma estrada, com poucos dias de vida.

Segundo eles, eu tinha uma mancha de nascença. Era uma pequena e ficava na base das minhas costas. Era avermelhada e se assemelhava a uma estrela. Essas marcas eram passadas pelo pai biológico. Um fato que eu não tinha percebido era que James citou apenas nossa suposta mãe em toda sua história, e não me parecia muito satisfeito em contar sobre nosso suposto pai.

Ele estava morto? Era algum desconhecido? Tinha nos abandonado? Ou apenas não fora um bom homem? Continuei encarando aqueles documentos e resolvi ler todos. Havia anotações de policiais que trabalharam no caso, o depoimento de cada um dos membros da quadrilha, registros do hospital onde nascemos. Mas o que mais chamava minha atenção eram os papéis que James tinha escrito. Eu podia sentir toda sua angústia em não saber onde a irmã estava. Sua letra era tão parecida com a minha, que poderíamos até mesmo falsificar a assinatura um do outro.

Foi inevitável não pensar em como seria crescer com um irmão. Em poucos minutos que estive com ele, percebi que poderíamos ser como unha e carne. Talvez tivéssemos aqueles mesmos fenômenos que aconteciam com gêmeos. O que acontecia com um, o outro também sentia. Eu já tinha estudado coisas assim.

Guardei tudo na pasta onde estava e me levantei. Eu deveria voltar ao trabalho. Encarei mais uma vez o papel com o endereço do hotel e guardei no bolso. Não sabia ainda se iria atrás de meu suposto irmão ou se eu queria conhecer minha mãe. Agora que eu sabia que ela não tinha me abandonado, mas sim tinha sido vítima de uma tragédia, talvez devesse ouvir a história de sua boca.

— E aí? – Jane perguntou como quem não quer nada, ela me entendia e sabia que não gostava de conversar sobre assuntos tão pessoais.

— Foi bastante esclarecedor. Depois queria que você olhasse alguns documentos, mas no momento quero me focar apenas no caso.

— Claro. – sorriu e deu tapinhas em minhas costas.

Voltamos aos relatórios da perícia e ao quadro que estava montado no meio de nossa sala. Eu tinha muito que pensar sobre meu passado, mas só conseguiria fazer isso depois do expediente.



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