A ausência do sol causava arrepios ao corpo do bolchevique, o uniforme era fino demais. Não fazia ideia de que lugar era aquele e nem de como havia chegado ali, apenas precisava comer algo e descansar.
- Olha mãe, parece meu soldadinho de brinquedo _ Um garotinho apontou e abriu um sorriso.
A mulher o apertou levemente nos braços e foi para a outra calçada, estranhando as roupas do soldado.
- não olhe.. Ele pode ser perigoso _ Ela seguiu em frente.
O bolchevique franziu o cenho e continuou caminhando, parou quando sentiu um cheiro simplesmente maravilhoso e encarou a Starbucks, entrando.
- Bom dia, seja bem vindo ao star- _ Apollo se deteve e arregalou brevemente os olhos – Krigor..
O soldado tirou do bolso duas moedas de ouro e colocou no balcão.
- Me dê algo para comer.. _ Ele massageou as têmporas, aquela dor o estava enlouquecendo.
- O que, exatamente, quer comer?_ Williams franziu o cenho.
- Blini*.. _ Krigor suspirou.
- Desculpe, não temos isso aqui.
- Então o que vocês têm?
- cafés, cappuccinos, pingados.. Por ai vai _ Apollo encarou as moedas e as analisou.
- Café, me dá um café _ Krigor bufou e se sentou em uma das mesas, a cabeça ainda girava, sentia como se tivesse bebido quase dois barris de vinho.
Apollo tirou o celular do bolso e bateu uma foto do soldado, enviando para Anastasia. Ele levou o café até a mesa do bolchevique e o viu tomar como se fosse água.
- X -
A ruiva arqueou as sobrancelhas e discou o número de Apollo, levando o celular até a orelha.
- Oi.. Ta brincando comigo?
- Gostaria de estar..
- o Ryan vai surtar.. _ Ela andava de um lado a outro, tamborilando os dedos no cotovelo.
- Ele precisa saber?
- Narciso!
- Ta, ta, ligo pra ele.
- Preciso voltar pro trabalho, te vejo mais tarde.
- Te amo.
- Enlouqueceu? _ Ana franziu o cenho, não contendo um sorriso breve.
- Podemos não sobreviver.. Prefiro dizer de uma vez.
- Tchau, Narciso _ Ela mordeu o lábio e desligou a chamada, encarando o visor.
>>>
O quarto estava totalmente escuro e silencioso, nenhum feixe de luz passava pela cortina; Ryan abraçava os joelhos, encolhido no canto do quarto.
- eu estava te esperando.. _ a voz de Krigor reverberava em seu crânio.
Ele encarava a porta como se a qualquer momento fosse ser chutada e o bolchevique o enchesse de balas.
- Não.. _ Hiddley se levantou e cambaleou até o banheiro, abaixou-se e jogou um pouco de água no rosto, logo levantou-se e arregalou os olhos ao ver as orbes negras de Krigor mirando as suas _ Ah!
Ele virou-se rapidamente, mas não havia nada ali, estava realmente enlouquecendo. Ryan massageou as têmporas e secou o rosto, penteou os cabelos e pegou seu casaco; sairia daquele lugar, precisava urgente de ar puro.
- ... _ Ele pegou o celular que tocava e o levou até a orelha _ Hiddley.
- Ryan, é o Apollo.
- Aconteceu alguma coisa? _ Já era estranho que Williams tenha conseguido seu telefone, agora realmente ligar era ainda mais esquisito.
- Ah.. Sim, em hipótese alguma saia de casa, se sair, fique longe da Starbucks e do parque, ok?
- O parque é público e eu tenho meus direitos _ Hiddley revirou os olhos.
- Eu to falando sério, fica em casa.
- Não enche _ Ryan desligou a chamada e enfiou o celular no bolso.
O ar encheu os pulmões do moreno que se sentia bem melhor, ar puro sempre lhe fez muito bem. Ele seguiu para o parque e se sentou em um dos bancos, movendo os pés insistentemente.
- A princesa está nervosa? _ Ryan ergueu a cabeça e arregalou os olhos ao ver as orbes negros do soldado _ Oi, Dimi.
Krigor puxou sua arma e acertou a nuca de Hiddley com o lado maior, vendo-o cair desmaiado. O bolchevique segurou o corpo magro antes que atingisse o chão, estranhou o fato de ele estar tão leve.
- Hmpf..
>>>
Ryan arquejou ao sentir a água fria atingir seu rosto, ele abriu os olhos e cuspiu o pouco que havia quase engolido.
- Tingir o cabelo não foi uma estratégia muito inteligente se você ainda possui os mesmos olhos azuis.. _ Krigor segurou o queixo de Hiddley e ergueu sua face, analisando as olheiras fundas, nada exagerado _ Que eu por acaso odeio..
O corpo de Ryan se enrijeceu, ele tremia brevemente pelo medo. O soldado desceu os dedos para as marcas no pescoço do menor.
- eu não sou o Dimitri!
- Eu não sei como fez para enganar a morte, mas não vai ter tanta sorte agora _ Krigor afastou o casaco marrom e tocou a clavícula aparente de Hiddley _ Você emagreceu muito.
- Eu não sou o Dimitri!! _ Ryan vociferou, já estava irritado com toda aquela comparação _ Eu não fui seu amigo e não fui o noivo da grã-duquesa, a história dele acabou com aquele maldito tiro! O seu!!
- Como explica a aparência? _ Ele arqueou a sobrancelha.
- Reencarnação.
- então terei o prazer de torturar meu querido amigo em todas as vidas possíveis.. _ Um sorriso cruel surgiu nos lábios do soldado.
Um arrepio subiu pela espinha de Ryan, as correntes chacoalhavam presas aos seus pulsos, se sentia impotente e fraco.. Exatamente como no sonho.
>>>
Apollo tentava a todo custo resolver o cubo mágico, totalmente entediado.
- Ele não atende! _ Ana andava de um lado a outro em sua sala de estar, ligando pela vigésima vez no celular de Ryan.
- Vai abrir um buraco no chão; outro, na verdade _ Williams deixou o cubo resolvido na mesa e a seguiu com os olhos _ Vai ver ele voltou pra casa.
- E esqueceu o celular desligado por 3 dias? Acho que não.
- Talvez ele tenha viajado _ o moreno deu de ombros.
- Apollo, o Ryan pode ter ido pra puta que pariu, ele sempre.. SEMPRE vai me avisar! _ Ela atirou o celular na poltrona.
- vamos esperar mais um tempo, se ele não voltar nós o procuramos.
Anastasia sentou-se ao lado do moreno e assentiu, massageando as têmporas.
>>>
Krigor puxou uma cadeira e sentou-se com o peito apoiado no encosto, observando Ryan que dormia completamente desconfortável; reparou nos braços finos, a pele pálida, os cabelos negros de aparência macia e a expressão suave ao dormir, ele com certeza não se parecia muito com Dimitri.
- ... _ O soltado levantou-se e desabotoou lentamente a camisa social que o menor vestia, analisando o peito quase liso de Hiddley, ainda sim ele tinha alguma musculatura; a cintura era fina, tinha traços quase femininos, comparado a si.
Ryan apertou os olhos e os abriu, a visão estava turva e dobrada pelas horas de sono.
- Dormiu bem, princesa? _ Krigor abriu um sorriso cínico, embora a voz fosse suave.
Hiddley arrepiou-se profundamente e pode vê-lo de forma mais nítida.
- .... Me deixe ir.. Eu já disse que não sou o Dimitri!
Krigor afastou-se e se aproximou da mesinha, segurando um chicote fino para curto alcance.
- Eu acredito _ Ele lambeu os lábios, deslizando os dedos pela extensão do chicote _ Mas já estou há muito tempo sem maltratar alguém..
Ryan sentiu os olhos arderem brevemente, queria chorar como a criança impotente que era naquele momento, queria gritar e correr para os braços dos pais, se ainda os tivesse.
- Vamos começar _ Krigor voltou a se aproximar e ergueu o queixo do menor com a ponta do chicote, olhando-o nos olhos.
Continua..
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.