História Without you. - Confused

Apollo já se sentia agoniado ao ver o estado de Ana, ela mal tocava na caneca e encarava o visor do celular a cada dois minutos, ele sentia uma pontada de ciúmes, mas não negava que também estava preocupado com Ryan.

- Já chega, vamos ligar pra polícia _ Williams pegou o telefone fixo e Ana o tomou de sua mão.

- Eles não vão resolver isso, é de Krigor que estamos falando.

- Então o que sugere? _ Ele arqueou a sobrancelha.

A ruiva desbloqueou o celular e discou um número, levando o aparelho até a orelha.

- Alô?

- Eleanor? Por favor.. Venha para Hagerstown, traga a caneca.

- Chego em 2 dias.

- X -

- Ah! _ Hiddley fechou com força os olhos e arqueou as costas ao sentir o chicote passeando por sua pele.

Não entendia mais o motivo de estar ali, a dor que sentia era suportável pra uma tortura, ainda mais vinda de Krigor. O maior já não fazia por ódio, divertia-se com a dor estampada na face de Ryan, era adorável vê-lo suar e a cada dia esperar mais por esses momentos, embora o medo aumentasse.

- Me deixa ir.. _ Ryan apoiou a cabeça no ombro direito que estava mais alto, visto que estava pendido no teto por fortes correntes que já feriam seus pulsos _ Por favor..

Krigor observou a expressão cansada no belo rosto de Hiddley, o peito subia e descia com a respiração descompassada, e as gotas sutis de suor delineavam a ausência dos traços masculinos, perdendo-se no cós da calça, a visão estava passando de divertida para tentadora.

- A princesa vai chorar? _ Um sorriso de escárnio surgiu nos lábios finos de Krigor.

As orbes azuis de Ryan esquadrinharam o belo rosto de seu raptor, procurava nos olhos negros qualquer mínimo sinal de compaixão, mas o que encontrou foi amedrontador; cinismo, escárnio, excitação e sadismo nublavam as orbes negras. Hiddley estremeceu e as correntes seguiram o movimento, por mais terrível que fosse, não conseguia odiar Krigor.

- Onde está sua compaixão..? _ o ar começava a faltar e mais uma vez Ryan se sentia impotente, fraco e a mercê das vontades de um psicopata.

- É uma boa pergunta, garoto _ O soldado deixou o chicote na mesinha e soltou os pulsos de Ryan, segurando o corpo magro do menor.

- Por favor.. Não me machuque mais..

A voz falha de Ryan acendeu em Krigor uma pequena centelha de bondade, compaixão ou qualquer vestígio de um possível coração. Ele levou o rapaz até um colchão puído e o deitou ali, algemando-o mais sutilmente na cabeceira da cama.

>>>

Ana abriu a porta e Eleanor entrou com Kaio ao seu encalço, ela deixou a caneca pink na mesinha e encarou a ruiva.

- Qual o problema? _ ela admitia, era incrível ser útil para alguém depois de tanto tempo.

- Ryan sumiu, precisamos de toda ajuda possível para encontrar o esconderijo _ Anastasia checou o celular mais uma vez e ergueu o olhar, vendo a expressão confusa da morena.

- Esconderijo? Eu perdi alguma coisa?

- Basicamente o cara que estuprava a grã-duquesa na época se chama Krigor, ele foi preso em um livro e agora está solto por Hagerstown; o Ryan é a cara do Dimitri e esse maluco o sequestrou _ Apollo encarou as mãos que gesticulavam com a explicação.

- E o que a Elly tem a ver com isso? _ Kaio arqueou a sobrancelha _ A chamou pra enfiar ela em mais confusões?

- Eu a chamei porque sei que ela pode me ajudar _ Ana o encarou, já havia perdido qualquer paciência para questionamentos.

- Mas a Elly é-

- É parte desse clube e você não, se veio acompanhar então faça a sua parte que é seguir calado, segure a sua língua ou eu seguro pra você.

Kaio rosnou e resolveu manter-se calado, Eleanor e Apollo resolveram seguir o exemplo; observaram Ana pegar o notebook e deixar na mesa, ela puxou o mapa de Hagerstown e colocou diante de Apollo.

- Me aponte locais abandonados.

- Ah.. Aqui.. _ Ele começou a marcar alguns, pelo menos cinco prédios abandonados e duas casas no fim de ruas quase desertas _ É isso.

- Ótimo _ Anastasia pegou o casaco e o vestiu, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo mal feito _ Kashi, o taco.

O rapaz de cabelos acinzentados segurou o taco de baseball e a olhou.

- Apollo, vai na frente e Eleanor do meu lado, Kashi vai atrás _ Ela abriu a porta e empurrou Williams pra fora, seguindo com Eleanor logo atrás.

- por que não seguimos separados? Eu e Kaio, você e Apollo.

- Seria mais eficiente _ Williams estalou os lábios.

- Ótimo, peguem os três da rua de cima, Apollo e eu pegaremos os três de baixo e nos encontramos na ultima, deixe o celular ligado.. Caso o achemos nós ligamos, o mesmo com vocês _ Ana pegou a chave do carro e foi para a caminhonete com Apollo.

- psiu, Kaio.

- Hm? _ Ele a olhou de canto.

- se sobrevivermos, eu vou te zoar até o natal _ Eleanor virou-se e entrou na camioneta.

- Haha _ Kashi revirou os olhos e sorriu, entrando no carro e dando a partida _ Vai me guiando.

- Com prazer.. _ Ela abriu um sorrisinho.

- Esse sorriso me assusta _ Ele franziu o cenho, fazendo uma cruz com os dedos indicadores.

- Eu sei, vou fazer isso de madrugada _ Eleanor abriu o ‘mapa’.

>>>

Krigor estava sentado na cadeira, o peito estava rente ao encosto e o queixo nos braços; observava a feição adormecida de Ryan enquanto uma guerra acontecia em seu interior. Parte de si queria soltar o garoto e aos poucos se aproximar dele, um dia já foi amigo de Dimitri, poderia ser o mesmo com ele.. A outra parte o queria espancar por fazê-lo se sentir tão confuso em relação a algo simples.

- Hm.. _ O resmungo sonolento de Hiddley o trouxe de volta à realidade.

O viu apertar e abrir os olhos, piscando-os para se acostumar com a claridade que entrava por entre os buracos do lugar.

- ... _ Ryan encarou Krigor e arquejou, encarando-se; suspirou aliviado ao ver as roupas.

O soldado jogou pra ele um saco de papel e entregou um copo com a logo Starbucks.

- Coma.

Hiddley franziu o cenho e puxou o pulso algemado, fitando as orbes negras; Krigor abriu as algemas e deixou de lado, o viu abrir o saco e pegar um dos donuts recheados, mordendo-o.

- Hm.. _ Ele fez uma expressão simplesmente adorável, como se fosse um cãozinho que acabava de encontrar um osso.

Ryan comeu todos os donuts, ignorando as caldas doces que sujaram seu rosto, bebeu do cappuccino e lambeu o vestígio de chocolate nos dedos, encarando o saco como se fossem aparecer mais donuts ali.

- ... _ As sobrancelhas se abaixaram e o sorriso sumiu, dando lugar a uma expressão entristecida.

Krigor respirou fundo e entregou a ele outro saco de papel.

- Pode ficar com os meus.

Ryan segurou o saco e o abriu, mordendo outro donut, mastigando-o feito uma criança. Ele encarou a rosquinha mordida em sua mão e encarou Krigor, as bochechas estavam infladas pela boca cheia e suja de chocolate.

- Quer? _ Hiddley continuava mastigando, um brilho de ingenuidade passava quase despercebido nos lindos olhos azuis.

Um sorriso sutil surgiu nos lábios finos do soldado que segurou a mão de Ryan e mordeu o donut; um rubor surgiu nas bochechas do menor.

- não é ruim _ Krigor lambeu os lábios e o viu voltar a comer, repentinamente encabulado.

- Por que está sendo gentil? _ Ryan enfiou outro dos donuts na boca.

- Eu não sei.

- Tem uma pergunta.. _ Ele mastigou o ultimo donut _ Quer não quer calar.

- Qual?

- Por que está pegando leve? _ Hiddley limpou a boca com os guardanapos e o olhou, curioso _ Sei que já fez pior.. Se quisesse me matar já o teria feito.

- Eu não sei, garoto.. _ Krigor observou Ryan tomar o cappuccino com um sorriso no rosto, aquilo já era suficiente para fazer bater o coração que havia esquecido que tinha _ Eu não sei..

Continua..