- bom dia, bom dia, bom dia, bom dia, bom dia, bom di- _ O despertador foi interrompido por Apollo que sentou-se rapidamente na cama e ajeitou o aparelho, alinhando-o com o abajur.
Ele afastou o edredom e levantou-se, arrumando sua cama e alinhando os travesseiros, calçou as pantufas e pegou o celular, vendo as ultimas mensagens.
Estarei de folga amanhã, posso te apresentar a cidade - Eu.
Não venha antes das 10:00 - Ana.
Apollo sorriu brevemente e deixou o celular na cômoda, despiu-se e tomou um longo banho quente, coisa que não fazia há muito tempo. Durante o banho sua linha de pensamento voava até Anastasia, ele tentava encontrar respostas plausíveis para toda a rabungentisse da ruiva.
- Ela é bonita, é esperta.. Curiosa _ Ele sorriu com o próprio pensamento e fechou os olhos, massageando o couro cabeludo com o shampoo.
"- olá? _ Apollo empurrou a porta lentamente e olhou ao redor, o lugar estava imundo e o cheiro forte de umidade fazia seu nariz coçar _ Podia jurar que ouvi alguma coisa..
Ele aventurou-se na casa e notou as paredes envelhecidas pelo tempo e o chão instável. Aproximou-se de um retrato que ficava no centro da parede da sala e tocou a moldura envelhecida, vendo-o pender para o lado, ouviu um clique e rapidamente ergueu o olhar, vendo a portinha se projetar do teto.
- Isso é.. Muito legal.. _ Apollo puxou a cordinha e a escada de madeira se projetou, fixando-se no chão, era a única estrutura que parecia firme o bastante.
Ele subiu as escadas e cobriu o nariz com a jaqueta, espirrando algumas vezes com a grande quantidade de poeira do lugar.
- Que bagunça.. _ O moreno olhou ao redor e encarou uma caixa grande e coberta por um lençól avermelhado, ele se aproximou e puxou o pano, analisando os vários retratos que haviam por ali, um em especial chamou sua atenção _ Sou eu..
O retrato nada mais era do que uma antiga foto de familia; sua mãe, seu pai com um sorriso que não se lembrava, seu irmão mais velho segurando-o no colo e ao lado deles, um cachorro de porte grande e sem raça definida, mas parecia feliz.
- Eu não me lembro dessa foto..
Apollo ergueu o olhar ao ouvir risadinhas e levantou-se.
- Quem está ai? _ Ele não obteve respostas, somente um forte vento que o fez descer e o expulsou da casa, batendo com força a porta da frente.
Ele encarou o retrato em suas mãos e virou-se, saindo dali."
Apollo tocou a moldura delicada do retrato e o alinhou com os outros retratos mais rudes. Não tinha tempo a perder, tinha até as 10:00 para descobrir mais alguma coisa sobre a pintura ou a coisa nela.
- X -
O celular de Anastasia apitou e ela respirou fundo, segurando-o e vendo o alerta de mensagem pelo visor.
- Quem acorda às 6:00 num sábado? _ Infelizmente Apollo não vinha com um manual de instruções e pra ela estava sendo bem irritante.
Você pode vir até a minha casa se acordar mais cedo, fica atrás da starbucks - Apollo.
- Café.. Eu preciso de café.. _ Ana levantou-se e "deixou o ninho", descendo para a cozinha.
>>>
- ... _ Anastasia abriu a boca em um perfeito 'O' e acabou por soltar seu amiguinho remendado _ Isso é surreal..
Ela esquadrinhou o quarto de Apollo com os olhos, nada estava fora do lugar, até mesmo os livros estavam separados por cor, a cama estava perfeitamente arrumada e até o despertador alinhado com o abajur, as canetas mais pareciam opções de talheres em um jantar de gala e os papeis estavam perfeitamente alinhados.
- O quê? _ Apollo entrou no quarto e sentou-se em sua cadeira giratória, olhando-a.
- Você tem algum tipo de transtorno? _ Ela sentou-se na cama, bagunçando brevemente o lençól.
- Transtorno obsessivo compulsivo _ Ele cerrou os punhos e mordeu o lábio, sua mão chegava a formigar com a visão _ Escuta.. Senta nessa cadeira aqui.
- .. Okay.. _ Ela sentou-se na cadeira e Apollo novamente arrumou a cama e passou as mãos pelo edredom, tirando qualquer dobra.
- Quando eu penso que você não tem como me surpreender mais.. Me aparece com essa _ Ela abraçou o ursinho _ Apollo.. Por que se importa tanto com a pintura?
- Não é com a pintura que me importo, é com o que tem dentro daquela casa.. _ Ele respirou fundo e segurou o porta retrato, analisando a foto.
- E o que tem lá, exatamente?
- Minhas memórias _ Apollo estendeu a ela o porta retrato e Ana segurou com cuidado, olhando a foto.
- Sua familia?
- Sim.
- E onde eles estão..?
- Eu não sei, a ultima coisa que me lembro é de entrar naquela casa e depois só sair de lá com meu nome, Apollo Williams _ Ele se encostou na parede _ Desde então eu ouço sobre a família Williams mas.. Parece que eu nunca os conheci.
- Isso parece.. Frustrante.
- Bom, se vamos trabalhar juntos, preciso que me fale mais sobre você _ Um sorriso surgiu nos lábios de Apollo, quebrando completamente a tensão do momento.
- .... _ Uma veia saltou na testa de Anastasia, era incrível como ele conseguia ir de depressivo a palhaço em menos de segundos _ Não, não precisa.
- Claro que eu preciso _ Ele cutucou a bochecha da ruiva, apertando-a levemente _ Não seja cruel, vai.
- Sinto que você deveria se chamar Apollônia e eu Anastasio _ Ela afastou a mão do moreno e revirou os olhos - Eu acabaria falando de qualquer jeito, mesmo.
Apollo sentou-se no chão e Ana apertou o ursinho contra o peito, ela sentia a forte curiosidade do moreno, era quase palpável.
- Nunca fui uma pessoa muito sociável-
- Ta brincando? _ Ele a interrompeu.
- Me deixe terminar! _ Ela simplesmente odiava ser interrompida.
- Ok.. _ Ele encolheu os ombros, calando-se.
- Como eu estava dizendo, nunca fui uma pessoa muito sociável e nem muito sortuda, meus pais se divorciaram quando fiz 9 anos e minha vida até os 16 foi horrível.. Dali em diante foi pior, fiz só uma amiga, meu namorado me traía constantemente e quando eu terminei a escola aos 16, fiz faculdade e me formei aos 21 na academia de música de Smithsburg e, aos 22 me mudei pra cá, satisfeito?
- Seu namorado te traía? _ Apollo franziu o cenho.
- De tudo o que eu falei.. Só ouviu isso? _ Ela arqueou a sobrancelha.
- Não.. É que.. Acho meio difícil alguém trair você, ou algo assim.
Anastasia estendeu a ele o celular com uma foto sua aos 16 anos e Apollo cobriu a boca, segurando-se.
- Nossa.. Você era.. Exótica _ Ele riu baixo.
- Cala a boca _ A ruiva revirou os olhos e riu baixo, fazendo-o olha-la um tanto surpreso _ O quê?
- Nada.. É que.. Nunca te vi rir, fica bonita _ Apollo sorriu brevemente.
- E você parece um psicopata com ou sem um sorriso.
- Me senti ofendido _ Ele arqueou a sobrancelha.
- Estamos quites _ Ana sorriu de canto e apertou levemente o ursinho.
- Bom, podemos começar _ Apollo se levantou e pegou alguns livros que havia separado, entregou alguns para a ruiva e sentou-se, abrindo um livro de capa marrom.
- É _ Ela abriu o livro, lendo-o sem pressa.
Continua..
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