“Anastásia correu para a sala superior e empurrou o quadro, subindo para o sótão e olhando ao redor, precisava de algo para se esconder, qualquer coisa serviria; os passos do monstro ficavam cada vez mais altos e ela começava a entrar em desespero.
- Não.. _ Ela apertou as mãos contra o peito e enfim estava cara a cara com Mikhail.
- É incrível como sua imponência se torna maior em situações assim _ A voz rouca do soldado causou-lhe arrepios _ Enfim eu posso conhecer a terceira filha de Nicolau..
- Não fale o nome do meu pai com essa língua assassina..! _ A grã-duquesa rosnou, erguendo o queixo angulado em desafio à autoridade que transbordava de Mikhail.
Ele ergueu a mão e agarrou os fios ruivos, puxando-a para perto.
- Eu tenho total direito.. Seu pai foi um grande canalha.. _ Ele a olhou nos olhos e aquele sorriso presunçoso deu lugar a uma expressão de puro ódio _ Servimos a ele com tanta lealdade e ele decidiu ignorar nossos feitos..
- Do que está falando? _ Ela rosnou, segurando a mão de Mikhail.
- Uma vez.. Uma única vez ele se opôs.. Pra proteger o filho rebelde, o filho que havia perdido a cabeça para a bebida.. _ Ele apertou os fios ruivos _ Nicolau o matou sem qualquer piedade..
- Fala do homem que enfrentou meu pai por causa do garoto que bebeu seu estoque especial de vinhos e invadiu o cofre real? _ Ela o olhou, fazendo uma breve careta _ O que você tem a ver com isso?
- O garoto era eu.. _ Ele agarrou uma tesoura em seu bolso e a jogou no chão.
- Ah! _ Anastásia apertou os dedos contra o chão de madeira e o olhou _ Ele levantou a voz para o Czar.. O que você esperava?!
- Acerte 999 vezes e ninguém o reconhece.. Erre 1 vez e todos o julgam _ Ele puxou uma mecha dos cabelos ruivos da grã-duquesa e cortou um pedaço.
- O que pretende fazer com isso?!
- Por que acha que se chama ocultismo? _ Mikhail abriu um sorriso felino e puxou o lençol de uma tela em branco, misturou um pouco de cabelo em cada um dos recipientes de tinta e pegou o pincel, molhando-o na tinta e deslizando-o pela tela com uma destreza invejável.
- ... _ Anastásia franziu o cenho ao ouvi-lo cantarolar uma musiquinha muito conhecida.
- Ursos dançam no ar, coisas de que me lembro.. E a canção de alguém, foi no mês de dezembro.. _ a voz do soldado era suave e rouca, causava arrepios na grã-duquesa _ Já estamos em dezembro? O tempo voa..
- Ah! _ Ela apertou o peito, sentindo uma dor crescente que esmagava seu interior, sentia seu coração sangrar e o suor correr por seus braços e pernas _ O quê.. É isso..?
- Se chama beijo da morte.. _ Mikhail puxou a tesoura e fez um pequeno corte em seu polegar, marcando o canto da tela com a sua digital.
- Argh! _ Ela ajoelhou-se e arfou pesadamente, apertando-se.
De sua boca saiu uma luz azulada e prendeu-se na tela, a imagem aterrorizada da grã-duquesa movia-se de um lado a outro e tentava a todo custo sair da tela.
- Eu te amaldiçoo.. _ Mikhail segurou o corpo sem vida da ruiva e abriu o compartimento no sótão, deitando-a em um lençol branco sobre um palanque de ouro, cobriu o corpo com uma tampa de cristal e sorriu de canto _ vai gostar daqui, é divertido.
Ele virou-se e fechou o compartimento, escondendo a chave na moldura do quadro, deixando-o em frente ao compartimento.
- Perfeito _ Mikhail sorriu de canto e saiu do sótão, fechando-o."
-*-
Ana bebericou o café e passou a página do diário, procurava alguma pista nas primeira páginas.
- Nada.. _ Ela fechou o diário e respirou fundo.
- Quanto mais pesquisamos, mais longe parecemos ficar das respostas.. _ Apollo debruçou-se na mesa de vidro.
“estão perto.. Muito perto..” _ A voz da grã-duquesa surgiu do vazio e ela se encontrava no canto da sala, como sempre _ “Uma batalha contra Mikhail é inevitável”.
>>>
Anna encarava uma vitrine, mais especificamente um lindo vestido vermelho com estilo vitoriano, era simplesmente magnífico.
- Gostou desse? _ A voz enrouquecida soou ao pé de seu ouvido e ela arquejou, virando-se para encarar o castanho e o azul que tanto amava.
- Mika! _ Ela o abraçou, sorrindo _ Demorou..
- Tive alguns assuntos pra resolver antes de vir, me desculpe.. _ Ele segurou as mãos da dourada e beijou-lhe os dedos _ Vou compensar.
- Não se preocupe.. _ Ela corou brevemente e equilibrou-se na ponta dos pés, roubando dele um selinho sutil.
Mikhail a encostou na vitrine e a beijou ardentemente, sentindo-a retribuir e embrenhar os dedos aos seus cabelos, como a amava.
- Hm.. _ Anna finalizou o beijo e riu baixo _ Estamos no meio da rua..
- Eu realmente não ligo.. _ Ele sorriu brevemente e estendeu a ela uma sacola com o nome da loja.
- Ah.. Não creio.. _ Ela corou e o abraçou _ Obrigada..
- Tudo pela mulher da minha vida _ Mikhail a apertou brevemente e de longe avistou uma azulada muito familiar _ Ivane..
- Onde? _ Anna afastou-se e se virou, olhando ao redor.
- Ah, já foi _ Ele sorriu brevemente e segurou a mão da dourada _ Vamos?
- Vamos _ Ela sorriu e seguiu com Mikhail para a sorveteria.
- X -
Ivane os seguiu com os olhos e apertou brevemente a camiseta com estampa de cachorrinhos.
- Que foi? _ Max estendeu a ela o picolé de chocolate.
- Nada.. _ Ela o segurou, colocando-o na boca.
Não precisava dizer sobre o pressentimento que teve a respeito de Mikhail.
- Vamos _ O ruivo segurou sua mão e a guiou pelo centro.
>>>
“- Anna.. _ Aquela voz macia novamente a chamava para a porta branca.
Ela hesitou por um instante, mas abriu a porta e entrou, talvez pudesse descobrir a verdade sobre Mikhail.
- Olá..? _ Ela olhou ao redor, tudo estava escuro.
- .. Anna.
Ela encarou a garota de cabelos e olhos escuros, a semelhança com Ivane era simplesmente gritante.
- Você.. Se parece com uma amiga minha..
- Ele não mudou, Anna.. Cuidado..
- Mas ele prometeu.. _ Ela apertou as mãos contra o peito.
- Um coração corrompido só aguarda a morte.. _ Ela desapareceu e o local tomou as mesmas proporções do sótão da 1918.
Anna olhou ao redor e encarou algo coberto por um lençol, ela aproximou-se e o puxou, arquejando ao ver a grã-duquesa com uma expressão de puro horror.
- Ana..? Ana! _ Ela tocou a tela, vendo-a debater-se violentamente e logo transformar-se no quadro do sótão _ Espera!
A dourada desceu os dedos pela moldura e encontrou uma chave camuflada em meio aos detalhes, mais abaixo, na própria pintura, ela encontrou uma digital de sangue.
- O que isso significa?!_ Ela afastou-se e olhou ao redor _ Me diga!!
‘O beijo da morte..’.”
- Ah..! _ Anna arfou pesadamente e apertou a coberta, enfiando os dedos nos cabelos, a frase não saía de sua mente.
“Beijo da morte”.
Continua..
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