Apollo tamborilou os dedos 'distraidamente' na mesa e mordeu o lábio, estava entediado. Esperar Anastasia ler suas anotações era algo simplesmente enfadonho, considerando o fato de ela ler 5 vezes cada linha.
- Acabou?
- Não _ Ela desceu os olhos, não parecia ter pressa.
- Depois fala do Sr. Marques.. _ Ele murmurou, revirando os olhos.
- Hm? _ Ela arqueou a sobrancelha, erguendo o olhar.
- Nada, termina logo _ Apollo apoiou os cotovelos na mesa e o queixo nas costas da mão, ironizando as famosas poses femininas nas fotos _ O que vai fazer neste mesmo dia do ano que vem? Além de terminar de ler, é claro.
- te tirar do poço da cidade _ Ela passou a folha.
- Ah, meu Deus.. Vai demorar mais 50 anos.. _ Ele debruçou-se na mesa, mas logo levantou a cabeça _ Espera.. Como sabe do poço da cidade?
- Estive.. Conhecendo a cidade na ultima semana _ Ela deslizou a folha para ele, sorrindo provocativa.
- Ah, sua.. _ Apollo segurou a folha, guardando-a em sua pasta _ Quem é ele?
- Ele quem?
- O engraçadinho que está roubando o meu posto de guia da Srt. Hamish.
- Ah.. _ Ela puxou seu amiguinho remendado da bolsa e o sentou na mesa, abraçando-o _ O Ursinho me acompanha.
- Ta de brincadeira.. E não se perdeu? _ Ele arqueou as sobrancelhas.
- Hagerstown é bem pequena _ Ana deu de ombros, ajeitando a costura recente no braço direito do ursinho.
- Eu me perdi pelo menos 12 vezes quando me mudei pra cá _ Ele tirou do bolso uma espécie de panfleto e estendeu a ela.
A ruiva segurou o panfleto e o analisou, esperando a explicação do moreno.
- Ah, é.. Um festival, Hagerstown está fazendo 254 anos, é bem informal na verdade.. Só que a maioria das pessoas usam trajes formais, você pode escolher entre parecer um babaca de terno ou um retardado de bermuda _ Apollo deu de ombros.
- No sábado?
- É, se quiser vir comigo, vai ser bem legal e você pode se enturmar mais rápido _ Ele sorriu irônico.
- ... _ Ana cerrou os punhos e levantou-se _ Vou indo.
- Espera, você vai ao festival? _ Ele levantou-se e a seguiu até a porta.
Anastasia atravessou a porta e a fechou sem dar qualquer resposta.
- Eu e a minha boca grande.. _ Apollo bufou e sentou-se no sofá.
>>>
Apollo penteou os cabelos negros pra trás como fazia sempre, as laterais eram curtas como de costume e isso facilitava bastante; ele ajeitou a camisa social branca e amarrou os cadarços do sapato social, enfiou a camisa para dentro da calça jeans e afivelou o cinto, respirando fundo. Havia se perguntado durante toda a semana se veria Anastasia no festival, afinal, ela não atendia suas ligações e ignorava suas visitas.
- Ok.. _ Ele passou o perfume, o suficiente para durar a noite toda, nada exagerado.
O moreno pegou sua amada jaquets jeans e o celular, saindo de casa. A música alta já era ouvida dali, o festival seria no campo de Hagerstown, quase sempre faziam comemorações ali.
- Apollo! _ Um senhor o cumprimentou.
- Ah, Sr. Marques, oi _ Ele sorriu brevemente.
- Como está indo com a Srt. Hamish?
- Como assim?
- Estão juntos, não?
- Ah.. Bem, é complicado.. _ Apollo coçou a nuca, encabulado.
- Não, não estamos _ O moreno gelou ao ouvir a voz arrogante de Anastasia _ Somos.. Uma espécie de amigos.
- Sei, sei _ o Sr. Marques sorriu e acenou, entrando no festival.
Apollo virou-se lentamente e a olhou, arqueando as sobrancelhas em surpresa. Ana trajava um vestido vermelho de alças, era bem simples e ia até um pouco acima dos joelhos, um cinto prata adornava sua cintura e os cabelos estavam completamente lisos, diferente do dia a dia nos quais estavam sempre ondulados, os olhos eram bem marcados pela sombra acobreada que contrastava com o claro das iris verdes, nas bochechas um rosado saudável e nos lábios um vermelho forte como o vestido, uma presilha delicada segurava a franja insistente da ruiva e nos pés uma sandália prata com alguns strass, visto a simplicidade do vestido, nada além de 10 cm de salto fino.
- Uau.. Você está..
- no time dos babacas de terno? _ Ela sorriu de sarcástica, apertando a bolsinha prata em mãos.
- Eu ia dizer linda, mas é, está _ Ele sorriu de canto e colocou uma mecha dos cabelos de Ana atrás de sua orelha _ Está maravilhosa..
Um rubor breve, além do blush, surgiu nas bochechas da ruiva.
- E você é uma mistura dos dois..
- Eu sei, sou lindo _ Ele exibiu um sorriso narcisista.
- Vamos, Narciso, o festival vai começar _ Ela enganchou seu braço ao dele e ambos entraram no campo.
O local estava todo decorado com lindas barracas e luzes, comidas estrangeiras e locais, balões e algodão doce, tudo estava muito colorido.
- Nossa.. _ Ana olhou ao redor, em sua cidade eles não costumavam ser tão.. Coloridos _ É lindo..
- É.. _ Apollo não olhava o festival, havia se perdido no mar verde dos olhos da ruiva, eram encantadores quando não estavam hibernando em meio a tanta frieza _ Lindos..
Ela apertou levemente o braço do moreno, sentia os olhares voltarem-se para si, isso a deixava constrangida e assustada, odiava ser o centro das atenções.
- Relaxe _ Ele sorriu brevemente e a levou até perto do lago.
- Não me peça o impossível _ Ela encostou-se em uma árvore _ Festivais são.. Assustadores.
- Vou buscar algo pra você beber, me espere aqui _ Apollo sorriu brevemente e se esgueirou pela multidão.
>>>
Ana estava em seu décimo copo de batida de morango, levava um pouco de licor e tinha um sabor bem suave, era a única coisa que ela conseguia engolir, mas Apollo continuava tentando faze-la comer, no momento ele havia ido buscar alguns petiscos.
- E ai _ Ela ergueu a cabeça ao ouvir a voz grave e deparou-se com um rapaz de cabelos castanhos bem claros, quase loiros _ Ana, né?
- Anastasia _ a ruiva o corrigiu, bebericando do copo vazio, sua mão estava trêmula pelo nervosismo, detestava estar no meio de tanta gente.
- Ah, legal.. Eu sou o Marcos, prazer _ Ele estendeu a mão.
- .... _ Ela encarou a mão de Marcos e franziu o cenho, olhando-o.
- Sem apertos de mão, ok.. Ta com o Williams, né? _ Ele recolheu a mão e coçou a nuca, tentando disfarçar o vácuo.
- Ele está me mostrando como funciona o festival _ Ela deu de ombros, contornando a boca do copo com o dedo indicador.
- Entendi. Olha.. O Williams é meio mulherengo, saca?
Ana franziu o cenho, confusa.
- Ele.. Saiu com as ultimas 12 moradoras da 1918, ninguém sabe o motivo _ Marcos enfiou as mãos nos bolsos.
- E?
- Ah, sei lá, achei que seria melhor se soubesse.
- Eu não estou saindo com o Apollo e mesmo se estivesse, dizer essas coisas sobre outra pessoa é nojento, o que aconteceu no passado fica no passado _ Ana passou por ele e jogou o copo vazio no cesto de lixo, indo até o lago e apoiando-se na proteção.
Ela suspirou e esquadrinhou o lago, as crianças brincavam com os peixinhos coloridos e algumas se enlameavam com o barro na borda dele, mas algo lhe chamou a atenção; dentre as crianças havia uma garota ruiva que usava um vestido branco, ultrapassado demais, mesmo pra um traje de gala.
- .... _ Ana franziu o cenho e a viu erguer o rosto e olha-la fixamente _ Você..
A garota abriu um sorriso travesso e levantou-se, correndo para a floresta.
- Espera! _ Anastasia rodeou o lago e tentou alcança-la, correndo o mais rápido que os saltos permitiam.
Ela ouvia as risadinhas, eram as mesmas que ecoavam pelo sotão da casa, era a mesma garota do quadro.
- Ei! _ Ela parou no meio do caminho, estava completamente perdida, tentou olhar pra trás mas já não via as luzes vibrantes e nem ouvia a música alta do festival _ Droga!
Anastasia tirou o salto e o segurou na mão esquerda, tentando conseguir algum sinal em seu celular.
- Mas que.. _ Ela foi interrompida por um vulto, via a imagem pálida de Anastásia e logo se colocou a segui-la mais uma vez _ EI!
Cada vez Ana se via mais perdida na floresta, já começava a esfriar e ela amaldiçoava sua decisão de deixar seu amado casaco em casa. Ela abraçou-se e sentou-se entre as grandes raizes de uma árvore.
- é mais fácil achar alguém que está parado.. _ Ela sussurrou para si e olhou ao redor, não havia uma única estrela no céu e as árvores pareciam se fechar ao seu redor, fora o vento gelado que a fazia tremer.
>>
"- shh.. _ Dimitri, o soldado de olhos azuis( Apelido carinhoso que Anastásia lhe deu), apertou levemente a mão da ruiva, guiando-a por uma trilha longa em uma floresta.
- Tem certeza que Alexei ficará bem..?
- Sim, eu tenho, agora pare de se preocupar e venha _ Ele lhe sorriu brevemente e a guiou até uma linda clareira onde havia estendido uma toalha quadriculada, em cima dela estava uma cesta de piquenique.
- Dimitri.. É lindo.. _ Ela enrubesceu brevemente e sentou-se com o moreno, apertando levemente sua mão.
- Eu.. Estive preparando esse dia, queria lhe pedir.. Quando tudo isso acabar.. _ Ele coçou a nuca, encabulado _ Aceitaria se casar comigo?
- ... _ A ruiva cobriu a boca com as mãos e envolveu o pescoço de Dimitri com os braços, beijando-o carinhosamente nos lábios.
Ele a envolveu na cintura e retribuiu aquele contato tão singelo e significativo"
- ANA!
Anastasia arquejou e abriu os olhos, estava assustada, quase em pânico.
- Ei, ei, eei! _ Ele segurou a face da ruiva que encontrou a calma nos olhos violetas tão conhecidos.
- Ela.. Ela me trouxe aqui..
- Ela quem? _ Apollo a ajudou a se levantar e deslizou os dedos pelos braços nus da ruiva, sentindo-os frios _ Aqui.
Ele tirou a jaqueta e colocou sobre os ombros de Ana, puxando-a para um abraço, aquecendo-a.
- a garota do quadro.. Ela me trouxe aqui.. _ Ela encolheu-se nos braços do moreno.
- E por que?
- Eu não sei.. _ Ana afastou-se e seguiu pela trilha, enfiando-se na floresta.
- Ei, Ana! Espera! _ Apollo a seguiu, confuso.
A ruiva seguiu por um trilha e subiu algumas pedras, chegando a uma clareira.
- É aqui..
- Aqui? O que tem aqui? _ Ele franziu o cenho.
- Foi aqui que ele a pediu em casamento.. _ Ela olhou ao redor e sentiu a grama fria sob os pés _ O anel, temos que achar o anel..
- Que anel?
- O que ele deu a ela _ Ana abaixou-se e tateou a grama, procurando o pequeno objeto.
Apollo franziu o cenho e abaixou-se, procurando qualquer coisa que se parecesse com um anel de noivado.
- Ana, você bebeu quantas batidas?
- Eu não estou bêbada, ok? As batidas tem menos de 1% de alcool, eu teria que tomar mais de 10 copinhos pra ficar alterada! _ Ela procurou perto do riacho que corria por ali para chegar ao lago do campo _ Você, mais do que ninguém, sabe que isso é real!
- ... Ana.. _ Apollo a olhou e estendeu o pequeno objeto arredondado com uma pedrinha simples, estava sujo pela terra e maltratado pelo tempo, nada que um bom polimento não resolvesse.
- É esse! _ Ela segurou o anel, limpando-o e vendo a brilhante cor do ouro.
"- ... _ Dimitri deslizou o anel de ouro pelo dedo anelar direito de Anastásia _ Esse anel vai firmar nosso noivado..
- E o seu? _ Ela o olhou.
Ele sorriu e ergueu a mão direita, revelando o anel dourado, parecido com o da ruiva mas não tinha a pedra e era consideravelmente maior."
- É esse.. _ Ana sentou-se sobre as pernas e encarou Apollo com uma expressão indecifrável.
Continua..
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