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História Without You - Savages.


Escrita por: pussyrebellion

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 2 - Savages.


Um homem pode construir uma bomba.
 Outro, correr uma corrida para salvar a vida de alguém e explodi-la na sua cara.
 Eu não sou o única que acha que é difícil entender.
 Eu não tenho medo de Deus. Eu tenho medo do homem.
___________

 

 

            Direções opostas.

Era completamente cabível compreender a tensão que se passava no ímpeto daquela pobre criatura, que com as pernas trêmulas e as mãos geladas, esperava impaciente a esteira daquele vazio aeroporto trazer sua bagagem.

Quatro da manhã, e o ambiente tomado por um ar condicionado gélido se fazia silencioso. Nenhum dos gatos pingados do seu vôo fora capaz de reconhecê-la – agradecia por isso – e não falavam entre si. Pelo contrário; olhavam para seus relógios, celulares, bufavam ou bocejavam.

Notável era ser um pouco superior em altura perto das mulheres dali, trajando nada mais do que um jeans skinny negro, uma t-shirt branca que exibia o belo sutiã rosa avantajando os seios fartos, as botas cano baixo, e a jaqueta bege clara. Nas mãos, as unhas bem feitas e pintadas de azul, os anéis de enfeite, e no pescoço o velho colar de ouro branco da mãe. Cabelos soltos até o início das nádegas, um óculos de sol por pura prevenção, e a touca preta de crochê.

Ironicamente olhou para a mão de uma adolescente há três metros de distância, observando a capa da revista. No tablóide era exibido os dizeres de MARILYN e uma foto com suas companheiras de carreira. Balançou a cabeça em negativo, rindo discretamente, e assimilando toda a loucura que era o fio condutor da empolgação e do medo.

Então a mala chegou. Tomou-a rapidamente, arrastando pelas rodinhas, e saiu do desembarque. Aeroporto vazio. Quando recebeu a sugestão de um velho amigo para chegar naquele horário justamente pela discrição, fez pouco caso. Iria se desculpar e lhe dar os triunfos por tamanha genialidade. Logo ele, parado em uma posição relaxada perto duma pilastra que servia de outdoor eletrônico, aguardava pela chegada da morena. Hinata sorriu ao notar que Naruto conseguiu ser melhor do que já era, há anos atrás. O loiro, por sua vez, sorria de lábios fechados, com os braços cruzados sobre a blusa social dobrada, ressaltando seus músculos definidos. Ali, pela primeira vez, sua ficha caiu; retornou para o próprio passado. Abraçaria Naruto, por fim. Ele que jamais julgara Hinata, recebeu a esperada amiga de braços abertos.

O primeiro contato fora feito de olhares. Ela retirou os óculos, e ele suspirou fundo ao se dar conta do quão deslumbrantes aqueles olhos azulados e perolados eram. Como um ponto de liga, seu corpo despertou-se em arrepios, e voltando a posição ereta costumeira, abraçou a garota – que agora era uma belíssima mulher – baixinha.

Sem palavras, por enquanto. Um descarregava as tensões emocionais no outro naquele contato que gerava faísca nos poros. O calor dela junto do perfume adocicado havia deixado saudades, e Naruto jurava que jamais seria capaz de ter aquilo mais uma vez. Ela, claro, se deixou levar pelos braços que a apertavam graciosamente. A cabeça repousou no ombro do loiro, que estava muito mais alto do que ela poderia lembrar. Ambos os corações acelerados eram audíveis. Como se o mundo ficasse em silêncio apenas para aquele momento, aproveitaram o minuto como se fosse o último.

Eu senti tanto a sua falta... – Sussurrou ela, baixinho, como se estivesse libertando a alma de tanta angústia por simplesmente ter sumido do mapa, sem deixar rastros, até ressurgir para o mundo, ocultando parte do passado. – Me perdoe por não lhe dizer, Naruto.

Ele apenas concordou com um gesto de cabeça. Havia perdoado Hinata no instante que compreendeu o quão necessário aquilo era para ela, e diferente da família, não deixou de acreditar nos motivos que a morena carregava dentro de si.

Apenas seja bem vinda de volta, pequena. – E a voz rouca do Uzumaki tornou a estremecer a menor. Havia deixado um Naruto inconseqüente, na casa dos vinte e pouco, que só pensava em farra para trás. Agora era um homem formado, enaltecido, e respeitado.

Soltaram-se do abraço. Hinata engoliu o choro. Naruto mantinha aquele sorriso nos lábios. Seis anos se pareciam décadas. Até os ares de Tóquio eram diferentes. Como um extremo cavalheiro, segurou a mala dela, e caminharam silenciosos até a saída, aonde a bela BMW dele os aguardavam.

Era outono, então o frio notável se tornou incomodo até o instante que entraram no carro. Hinata travou o cinto no banco do carona, e Naruto deu a partida, podendo ouvir o som do potente motor. – Fez uma boa viagem? – Perguntou. A atenção dela, que até então eram para os imensos prédios e letreiros daquela cidade, voltou-se para ele. Disposta, respondeu. – Melhor do que eu imaginava, mas sinto dores no corpo. – Passar quase dezoito horas num avião não era algo almejado por ali. Ele entendeu bem. Eu estou imaginando a reação da Karin quando ver que a grande amiga, agora famosa e reconhecida por sua bela voz, está hospedada na minha casa. – Hinata sabia bem aonde ele queria chegar, e não tirava o seu direito. Entendia o quão excitante era estar ao seu lado, agora. Riu baixinho, imaginando os escândalos da bela ruiva quando recebesse a notícia. – Ela não está magoada? – Perguntou. – Não. Na verdade, Hina, você se surpreenderia ao ver quantas pessoas compreenderam seus motivos para simplesmente partir.

            É. Talvez não houvesse sido tão ruim assim ter tomado a decisão de retornar.

 

[...]

 

Hina, você chegou bem? – A voz nostálgica e deliciosamente melancólica de Bambi soava pelo outro lado da linha, com sua encanecida apreensão. Permanecia no viva-voz não só com ela, mas com Astrid e Dolores, que ansiosas, acordaram a amiga as onze da manha por causa do fuso horário. – Precisamos saber se alguém já te importunou, se não vamos ir aí resolver com a boa e velha porrada. – Céus, como sempre, Astrid e suas maneiras.

Eu estou bem, meninas. Parece que metade da ficha ainda não caiu, mas... É tudo tão calmo e bizarro... Não sou competente de elucidar detalhadamente o que se passa em meu ser. – Anelou enfadada, sentada na cama, esfregando os olhos, e encarando as portas da sacada do quarto de hóspedes da casa de Naruto aberta, dando a vista duma deslumbrante Tóquio. – Ainda nem sei por que eu realmente estou aqui.Perdida. Era assim que passou a se sentir depois de poucas horas num sono turbulento. – Naruto está sendo deveras gentil. Pelos deuses, ele está tão lindo! Falou aquilo em voz alta? Os gritinhos histéricos e animados foram perfeitamente audíveis para ela. Riu derrotada.

Você está aí para o aniversário de dezoito anos da sua irmã. – Bambi retomou a meada do assunto, notando a fraqueza no tom de Hinata. – Não deixaremos você desistir. Precisa disso, dessa libertação. Principalmente dele.

Por que tinham que tocar naquele assunto? Ela desejou desligar o telefone naquele baque, mas seria assegurar – outra milésima vez – que ainda era movida pelo sofrimento que ele lhe causou em dose cavalar. Graças a derradeira dor, compôs as letras mais lindas e trágicas ao lado da amiga que falava e abrangia seus temores. O que as uniu quando pisou na América foi a ruína em comum: corações estilhaçados e fome por viver.

Eu ainda tenho um mês até finalmente entrarmos em estúdio, não é? – Só para confirmar. Encerraram uma exaustiva turnê seguida de gravações de clipes e entrevistas do segundo CD há menos de três semanas. Dois mil e dezesseis não fora só o seu melhor ano em carreira e premiações, como as sementes plantadas há seis anos estavam dando belos frutos. – Acho que estou aqui mais para arrancar inspiração do além do que propriamente rever Hanabi. – Quanta negação pra uma pessoa só.

Escute a mamacita aqui, Hinata. – Dolores – ou Lola – havia tomado o celular das mãos de Bambi, pronta para descarregar uma enxurrada de verdades motivadoras sobre a amiga. – Não passamos por tudo o que vivemos a toa, certo? Não construímos nossa carreira só por causa desses belos rostinhos que temos. Não, não, garota... Você se blindou ao máximo para esse momento, e não aceito que derrube seu castelo levantado com suor, lágrimas e sangue num instante só. Sasuke Uchiha é um canalha não merecedor dos seus prantos. Enquanto você se afunda, mais uma vez, num abismo escuro, ele está lá chamando aquela sua amiga fura olho de noiva, e... – De supetão o telefone foi arrancado das mãos da colombiana. Sua maior qualidade era a sinceridade, e o maior defeito também. Lola não segurava a língua para filtrar assuntos delicados.

Desculpe por isso, Hina. – Astrid murmurou desgostosa. – Lola só está querendo...

Ela tem razão, meninas. Não estou magoada ou coisa do tipo. Eu só... Quero tornar as coisas menos complicadas. Permanecer fugindo disso é besteira. Finalmente. Eu irei desligar para voltar a dormir, mas amo vocês. De todo o coração. – E fim da chamada. Hinata largou o aparelho celular no colchão de casal king size, jogando o corpo molenga sobre a cobertura macia, fitando o teto ao tempo que a abeça rodava com tantas informações.

Algum tipo de loucura a tomaria até o final daquilo tudo. Contudo, conseguia enxergar a própria luz no fim do túnel, e libertar-se de toda aquela mágoa era uma necessidade para seguir em frente.

Sasuke Uchiha ainda a aprisionava.

 

[...]

 

Os vidros blindex e fumê ofuscavam a luz do pôr daquele Sol fraco que emanava por entre os prédios do centro. A porta de marfim do escritório monocromático em sua decoração se encontrava trancada. Sobre a mesa de madeira maciça, papéis bagunçados, e um corpo deleitoso duma mulher em sua plena forma.

As pernas bem abertas trajadas com meias ¾ negras eram seguradas ferozmente pelas grandes mãos do homem engravatado, que com movimentos nada sutis, estocava o membro ereto na intimidade da secretária. Os gemidos escandalosos eram abafados pela acústica do lugar, e como um animal, Sasuke investia na atraente Konan. De modo sensual, seus deliciosos seios balançavam no ritmo da foda rápida, com o sutiã levado para a sua barriga definida.

Ah, Sasuke... Você é sempre tão gostoso... – Voltou a gemer, mas dessa vez manhosa e maliciosa, tratando de mantê-lo bem apertado dentro de si, e rebolando junto com o homem impassível de suas empossadas estocadas. – Isso, Sasuke... Isso! – Sabia o quanto ele admirava uma mulher expressiva durante o ato, e exagerava como podia. A mão dele tratou de estapear uma das nádegas expostas por baixo da mesa duas vezes, marcando a pele alva da mulher, com a sensação de que entraria no ápice a qualquer hora. – Calada! – Ele rosnou por entre os dentes. A jovem secretária entendeu que ele estava alcançando o próprio orgasmo. O moreno tornou a agarrá-la pelos cabelos, voraz, aproximando os corpos, intensificando o calor de suas carnes, e se afundando como podia nela. – Argh! ­– Esbravejou, finalmente, jorrando o próprio gozo dentro dela sem qualquer vestígio de culpa em saber se “a parceira” alcançou o ápice como ele. Ele tremia, satisfeito, dando mais uma ou duas metidas vagarosas para findar o ato. Konan encarava o chefe com adoração, sentindo-se deveras úmida, mas não demorou em abaixar a saia que fora erguida e a arrumar o sutiã quase rasgado pela fome de Sasuke. Desceu da mesa, recompondo-se sobre o salto alto para depois arrumar os cabelos.

Ele, em sua hora, fechou o zíper da calça e arrumou a gravata afrouxada. Não olhava para a fêmea atrás de si, que esperançosa de um momento puramente genuíno da parte dele, notou mais uma vez que Sasuke a usava escancaradamente para suprir as necessidades que Sakura não era capaz de fazer. No entanto, não tinha nada a perder, e ser a favorita daquele Uchiha lhe trazia regalias, mesmo que pouquíssimas.

Remarque as reuniões de amanhã para a segunda-feira. – A voz frívola e de nuances autoritárias deram comandos claros para a subordinada. – Eu e Sakura iremos ao aniversário da herdeira mais nova dos Hyuuga e sairei mais cedo.Canalha! Ela apenas concordou com um maneio de cabeça, perguntando se precisava de mais alguma coisa, e a resposta havia sido negativa. Então se retirou silenciosa dali, e ele se pôs a servir de uma dose generosa do próprio uísque escocês que largava perto de sua mesa.

Pensava em tudo o que havia conquistado naqueles quase trinta e dois anos. Sua vida sempre fora abastada, tendo tudo do bom e do melhor, mas viver a sombra de um irmão mais velho genial era indiscutivelmente irritante. Sasuke agora presidia a empresa que já fora do pai, do avô e do bisavô. Eram os maiores arquitetos e fabricantes de puro poder bélico daquele país, estendendo contratos exclusivos com outras nações respeitadas. Ao seu lado, como vice-diretor, Shisui, o primo implacável e cômico que sabia levar as negociações sem deixar o ego Uchiha interferir nas difíceis decisões. Itachi, por sua vez, quarenta anos, era Ministro da Defesa do Japão, e homem de confiança do próprio Imperador e Primeiro Ministro. Aclamado pelas pesquisas, era respeitado e honrado por cada cidadão japonês, e diferente do caçula, não era visto em constantes escândalos sexuais ou de abusos com drogas e bebidas. Contudo, as coisas pareceram melhorar quando selou o noivado com Sakura Haruno, a única herdeira do clã Haruno, ao qual dominava a indústria automotiva daquela parte do Globo. Uma fusão que Fugaku, seu pai, via com ótimos olhos, e semelhantemente, seus investidores.

Se era feliz? Não. Sasuke pensava em si como um homem satisfeito, que estava acima do bem e do mal, doa a quem doer. Não era adepto a fidelidade, já que levava o casamento como uma instituição falida a fim de negócios, mas trajava o aspecto de noivo atenciosos para tornar o restante suportável. E mesmo assim algumas de suas noites pouco calmas eram inundadas por sonhos que traziam a imagem da única mulher que fora capaz de prender-lhe a atenção e fazer perder os sentidos só de estar na mesma presença que ela. Hinata Hyuuga. Um erro no qual aprendeu a aceitar. Acatar a decisão do pai era necessário para provar ser merecedor de tudo o que conquistou. Deixou Hinata ir. Não só por isso; a magoou, mesmo jamais suportando tal ideia. E o destino, implacável, o castigou: era obrigado a encará-la vez ou outra em algum anúncio da internet, de algum vídeo do YouTube, ou de saber que suas músicas estavam em primeiro lugar nas rádios japonesas. O pior foi saber que, numa entrevista para uma emissora francesa, ela disse: “Eu sempre cantarei sobre uma pessoa, por que sempre amarei a mesma droga de pessoa.” Malditos sejam todos! Aquela dissertação ficou vagando em sua mente por meses... Havia sido o primeiro e único amor dela. Era o que a sua bela garotinha costumava cantar.

Sasuke tinha tudo, mas não era feliz.

 

[...]

 

Hinata caminhava descalça pelo chão de puro mármore, fazendo com que os pés absorvessem a friúra do piso, e com ele o corpo arrepiava pouquinho a pouquinho devido a corrente de ar que atingia aquele apartamento. Havia acabado de tomar um bom banho e perdido meia hora secando as imensas madeixas naquele seu secador milagroso. Já se passavam das sete horas, e o jantar seria servido em instantes.

Naruto decidiu chegar mais cedo do trabalho para dar suporte a ela. Não havia pregado o olho pela noite, e resolveu simplesmente virar o resto do dia. Como um agente federal do seu país, na parte da inteligência, sua rotina exigia muito de si, contudo, fora treinado para suportar situações extremas, e aquela até que estava pegando bem leve. A profissão explicava o porte físico definido e robusto do loiro. Hinata tentava entender por que ele permanecia solteiro, sendo lindo, engraçado, atraente, charmoso, bem sucedido...

Ainda não encontrei a mulher certa. – Falou, passando a salada para a morena, que sentada a sua frente, encarava-o com devoção. – Eu falo sério, Hina! – Protestou em sua defesa.

Isso explica muita coisa... – Implicou ela, servindo-se dos tomates. – Já está aí na casa dos trinta, com certeza arrancando suspiros por onde passa com tanta beleza, e fica se fazendo.

É aquela história; ainda não encontrei a garota. – Naruto tinha um dom formidável para omitir e dissimular sentimentos a fim de não incomodar alheios. Se Hinata ao menos reparasse no modo que seus olhos brilhavam para ela, acreditaria. Ele ainda se beliscava para notar que aquilo tudo não era um sonho. – Mas se te serve de consolo, me sinto totalmente sortudo por ter uma estrela como você na minha humilde residência.

Bobo. – Arrancou uma risadinha baixa dela. – Vamos ver se aprendeu a cozinhar ou ainda necessita do plano B vulgo lámen.

Provaram da refeição, e até que estava aceitável para os padrões do loiro. A conversa se estendia leve, sem assuntos complexos, e os pratos esvaziavam aos poucos. Tudo muito bem, até o segundo que a campainha interrompe o momento.

Você está esperando alguém? – O questionamento de Hinata preocupado era entendível, sabendo que ninguém além dele sabia da sua presença no país.

Não, eu... Acalme-se. – Prontamente levantou da mesa e seguiu até a mesa de apoio no canto da sala de jantar. Queria entender por que diabos o porteiro não anunciou um visitante. Só andou a passos largos até sua porta, e antes de olhar pelo olho mágico, certificou-se de que a pistola Glock estaria malocada dentro da gaveta do armário em sua sala. Tudo certo, checou a porta. Quando viu a figura de Sakura atrás dela, o corpo friccionou tenso. Não esperava que ela aparecesse ali, aquela hora. A rosada tinha passe livre pela portaria, por isso o porteiro não fez o anúncio. Como foi estúpido a ponto de esquecer daquele detalhe?

Deixá-la plantada estava fora de questão. Ela já sabia que estava em casa. Torceu para que o assunto fosse rápido, e abriu a porta, relutante.

Finalmente, baka! Estava ficando impaciente.Normal de Sakura. A mulher, trajando suas costumeiras roupas ecléticas, deveria estar saindo de um plantão do hospital. Era interna de residência, e sua vida havia sido reduzida a nada, praticamente. – Preciso de ajuda para escolher um presente para Hanabi pois que Sasuke estará trabalhando. – Já mandou o assunto na lata. Observadora como só ela, notou as luzes da sala de jantar acesa, e de lá um cheiro bom. Estreitou os olhos e... – Você tem visita, é? Estou interrompendo algo? – Agora o tom sugestivo de malícia soara cômico. Naruto negou com o velho manejar da cabeça.

Está tudo bem, testuda. Só me fale que horas precisará sair e estarei lá. – Solícito, always.

As três passarei aqui, certo? Não quero te atrapalhar, raramente sai com alguém, mesmo que minha curiosidade esteja gritando no meu interior. – Aproximou-se do amigo para beijar-lhe a face, e nessa despedida calorosa, deixou o apartamento do mesmo jeito que chegou: como um furacão. Naruto fechou a porta e ficou parado, discernindo o que acabara de acontecer. Foi por pouco.

Eu vejo que muita coisa ainda permanece a mesma. – E assim Hinata rompeu os devaneios dele. O loiro virou-se para ela, encarando-a recostada na porta do outro cômodo, com os olhos emaranhados numa tristeza anormal. Os braços cruzados indicavam em sinais corporais que ela estava na defensiva. – Sakura e você... A derradeira amizade.

Como eu disse, Hina; nem todo mundo te odeia por suas escolhas. Sakura sente sua falta, como muitos de nós. – Balela. A quem ele queria enganar? Tinha nojo de Sasuke. Achava que a rosada merecia alguém digno de sua índole e coração, mas ela era cega de amores pelo calhorda. E ele foi o arrasador da amizade entre a morena na sua frente e a amiga que acabara de deixar sua casa. – Espero que consigam enxergar que o amor entre vocês duas é maior do que uma pessoa que não vale absolutamente nada.

Era difícil, mas entendia o outro lado de Hinata. Sakura vivia uma vida que era pra ser dela. Até a irmã mais nova da morena se afeiçoou com muita força. Tomava Hanabi como protegida, e os Hyuuga adotaram simbolicamente a Haruno como a filha não ingrata, diferente da primogênita.

Tanto faz agora, meu caro. Só espero que consigam me engolir como os engoli por tanto tempo. – Dito isto, ela deu as costas, retornando para a mesa.

O Uzumaki tornou a respirar cansado. Detestava pensar que aquele retorno poderia piorar as coisas, e não ajudar. Só tinha a certeza de que não sairia do lado dela. Hinata havia ficado sozinha por tempo demais.

                                                             

[...]

 

Dez da manhã no escritório de Los Angeles e tudo o que Sai sabia fazer era derrubar mais vodka no copo usado de plástico e fumar mais um dos seus Marlboro vermelho. Os braços tatuados e as roupas desleixadas contradiziam com o seu real posto naquela gravadora; agente de MARILYN, a girlband de traços alternativos, clássicos e vintage que dominou as paradas mundiais há pouco menos de cinco anos atrás.

MARILYN em homenagem a Monroe. O que todas as integrantes tinham de talentosas, também tinham de semelhante as crises existenciais de Norma Jean. Escondiam suas dores através de pseudos e letras profundas, divagando com pose de divas elegantes ao invés de se exibirem com vestidos de carne ou criticar umas as outras via twitter. Elas tinham o diferencial derradeiro. Hollywood as amava, e o mundo as venerava.

Orgulhoso do seu maior feito, e apesar das inconsequências, aquele homem cuidava de todas como irmãs mais novas, mantendo o caos nos trilhos. E com isso, bebia para pensar. Havia acabado de falar no telefone com um figurão nativo das terras de Hinata. O mesmo ofertou uma quantia generosa para ter MARILYN no casamento da sobrinha do imperador. O que as pessoas não faziam por umas regalias, certo? Sua adversidade era em dar a notícia a elas. Haviam feito uma turnê mundial excepcional, ganhado todos os prêmios possíveis daquele ano... Uma festinha privada dum político? Em respeito a história de Hinata, estava decidindo de repassava aquela ironia da vida para as garotas, ou se ignorava o fato daquela ligação ter existido.

Apagou o cigarro no cinzeiro, pigarreando. Sai aprendeu com suas jogadas de azar o quão terrível poderia ir com sede ao pote. Por enquanto tudo estava nos conformes, mas e se... Foda-se!, exclamou quietinho, na própria mente. Pegou o telefone e digitou o ramal da secretária. Em segundos seguiu atendido.

Coral, mon ange. Preciso de uma reunião com minhas meninas. Marque um horário que coincida com o fuso de Hinata no Japão. – E desligou.

Voltou a relaxar o corpo na poltrona de couro, colocando os pés na mesa de vidro e acendendo outro cigarro com o isqueiro barato.

 

___________

Está correndo em nosso sangue? Está correndo nas nossas veias? Está em nossos genes? Está em nosso DNA? Humanos não vão agir como nós achamos que devemos.  Nós podemos ser maus assim como podemos ser bons;
 Por trás de tudo, nós somos apenas selvagens escondidos atrás de camisas, gravatas e casamentos. Como poderíamos esperar alguma coisa? Somos apenas animais ainda aprendendo a engatinhar.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
No aguardo de reviews.

Beijos.


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