História Wolf King - O Dia Arruinado

P.O.V JUNGKOOK

Eu estava tão feliz! O Jimin, fazia-me feliz! Mais uma vez, ele fez-me sentir especial.

Devem estar a pensar, “Mas ele só te deu mais um vestido!”. Talvez pareça só mais um vestido, mas para mim, era uma forma de demonstrar um carinho que eu sempre desejei que ele me desse. Não que ele não seja carinhoso, mas eu queria outro tipo de carinho que não fosse o de irmãos.

Estávamos a voltar para casa com os nossos cavalos. Eu já estava com o vestido no meu corpo, mesmo Jimin tendo dito para eu o vestir, a penas, em casa. Ele estava com medo de eu o estragar ou sujar. Seria uma forma de me chamar desajeitado? Vou pensar que não.

Não parava de olhar para o meu novo vestido, sem dúvida, era o meu favorito.

-Gostas-te assim tanto dele?-ouvi Jimin perguntar. Olhei-o por breves segundos, voltando o olhar para baixo com um sorriso nos lábios. Sentia as minhas bochechas aquecidas. Com certeza estava corado!

-Eu adorei!-foi tudo o que consegui dizer, tamanha a minha vergonha.

Voltei a olha-lo e surpreendi-me ao vê-lo com um bico nos lábios cheios e rosados. Acharia fofo que não fosse preocupante. Eu não suportava vê-lo triste!

-O que foi, Jiminnie? Eu fiz alguma coisa?-eu perguntei desesperado, só a ideia de fazer algo que o deixasse triste, partia o meu coração.

Vi um sorriso no seu rosto, o que me intrigou.

-Gostas-te tanto do vestido que não me vais dar mais atenção!-ele voltou a fazer o biquinho, que descobri agora, ser forçado.

Olhei-o espantado. Como ele pode achar que será substituído por um vestido!? Parei o meu cavalo, fazendo-o parar o seu para me olhar. Desci e parei ao seu lado, subindo no seu animal em seguida. Jimin olhou-me espantado ao me ver sentado de frente para si. Era verdade que eu não andava muito a cavalo e não era muito bom com eles, mas quando o assusto é o meu hyung, não é a falta de prática em equitação que me vai deter!

Abracei-o com força, o que o fez segurar na minha cintura para me equilibrar junto de si.

-Eu nunca te trocaria por nada, Jiminnie! Nada!-apertei-o mais em meus braços.

Senti um dos seus braços rodear a minha cintura com carinho, enquanto a sua mão fazia um leve carinho nos meus cabelos. Fechei os olhos e sorri, apreciando o seu carinho.

-Eu também nunca te deixarei, meu amor!

Só eu sei como era doloroso e, ao mesmo tempo, incrível ouvir aqueles apelidos!

...

P.O.V JIMIN

Era tão bom estar assim com ele. Jungkook era tão pequeno e delicado. Sentir as minhas mãos na sua cintura fina e afeminada.

Eu não queria que ele saísse dali, mas tínhamos que voltar para casa. Tentei fazê-lo sair mas não valia a pena, ele não me soltava. Não me estou a queixar! Mas não era seguro que ele fosse assim em cima do cavalo.

Como Jungkook não ia sair, tratei de segurar as rédias do seu cavalo, segurei o pequeno koala para que não caísse e fomos em direção da nossa casa. Durante todo o caminho, a fofura em ser humano, não me soltou. A sua bochecha era apertada contra meu peito, os seus olhos fechados e um sorriso fofo. Tão lindo! Não conseguia parar de admira-lo.

-Acho que vou fazer mais vezes aquelas brincadeiras, se acabar sempre contigo agarrado a mim!-brinquei, vendo as suas bochechas ganhar uma coloração rosada. Sorri aberto com aquela visão.

-Bobo!-ele disse baixo, escondendo mais o rosto no meu peito.

Só eu sei como e doloroso e, ao mesmo tempo, incrível vê-lo tão agarrado a mim!

...

Chegamos a casa e Jungkook afastou-se. Desci do cavalo, segurando na sua cintura para o ajudar a descer. Coloquei-o no chão e afastei-me para prender o cavalos. Voltei e segurei na sua mão, abri a porta e pude ver os nossos pais sentados no pequeno e velho sofá. Quando nos viram, a nossa mãe levantou-se rapidamente e deu um grande abraço no menino a meu lado. Olhei aquela cena intrigado, tudo bem que era aniversário do Jungkook, mas ela nunca agiu assim. Olhei para o meu pai e ele parecia olha-los meio triste e, ao mesmo tempo, preocupado. Isso deixou-me ainda mais confuso.

Ela soltou-o e olhou para mim com... pena? Mas o que é que se passa com essa beta? Segurou na minha mão, ainda com um braço à volta de Jungkook.

-Ainda bem que voltaram.-ela disse, fazendo um carinho na minha bochecha e bagunçando os cabelos do Kook.

-Passa-se alguma coisa, mãe?-aproximei-me dela na esperança de ter uma resposta.

-Não se passa nada, meu filho.-desta vez, foi o meu pai a responder. -Vão se preparar. Temos que ir jantar.

-Eu já estou pronto!-Jungkook deu vários saltinhos com um grande sorriso de coelho. -O Jiminnie deu-me este vestido e eu vou usa-lo hoje no jantar!-ele disse todo contente.

Sorri com o seu comentário. Ele era alguém tão simples, contentava-se com pouco e era tão humilde. Eu amo tanto este omega!  

Ele começou a mostrar o vestido e a vlangoriando-se do mesmo. Fiquei tão feliz por vê-lo sorrir tão abertamente por algo que eu fiz. A nossa mãe sorria com a felicidade do mais novo e o nosso pai, parecia triste. Mas o que deu nestes dois hoje!? Parece que uma tragédia nos vai atingir.

Avisei de me ia trocar para sairmos e fui para o quarto trocar de roupa. Não que eu fosse muito diferente do normal, no fim das contas, não tinha dinheiro para comprar muitas roupas. No fim das contas, coloquei uma camisa branca, uma calça jeans e o meu ténis bota de sempre. Acho que só a camisa era o diferente do dia a dia.

Saí do quarto e voltei para perto da minha família. Já estavam todos prontos e à minha espera para sair, com Jungkook agarrado à nossa mãe. Isto até me ver e correr até mim para me abraçar. Abracei a sua cintura e ergui-o no ar, rodando em seguida. Ouvi a sua risada gostosinha e coloquei-o no chão. Beijei a sua bochecha e olhei-o nos olhos, sorrindo.

-Vamos jantar?-perguntei, fazendo um carinho na sua bochecha gordinha.

Ele corou e baixou a cabeça, inclinando-a levemente contra a minha mão, numa forma de aproveitar o carinho. Levantou em seguida o rosto, com um grande sorriso de coelho e bochechas bastante coradas.

O meu coração não aguenta!

-Vamos, hyung!-disse empolgado, segurando na minha mão e levando-me para fora de casa.

Pude ver um sorriso nos rostos dos nossos pais. Sinceramente, nem me lembrava que eles ainda ali estavam.

Fomos até os cavalos, mas só tínhamos dois. Tivemos que nos dividir, algo que sempre fazíamos, e fiquei no mesmo cavalo que o Kook. Ajudei-o a subir e sentei-me a sua frente, segurando nas rédias e sentindo os bracinhos do omega à minha volta. Os nossos pais estavam no outro cavalo e começamos a andar em direção ao restaurante onde íamos em todos os aniversários.

O caminho foi calmo, não costumávamos encontrar animais quando saíamos, mas estava tudo calmo de mais. Parecia um clima de tensão. Como se algo muito mau fosse acontecer.

...

Já tínhamos chegado no restaurante e estávamos à espera da comida que tínhamos pedido. Eu estava sentado ao lado de Jungkook e os nossos pais estavam à nossa frente.

Só não esperava uma coisa.

-Então filho, já arranjaste alguma omega?

Porquê essa pergunta, mãe?

P.O.V JUNGKOOK

Não sei se queria ouvir a resposta.

Eu sabia que ele não tinha ninguém, pelo menos acho que ele me contaria. Porém, nada me garante que ele não goste de alguém.

Ele parecia meio perdido, atordoado, com esta situação. Não percebi o porquê.

Talvez fosse... eu? Duvido.

-Eu não quero nenhuma omega, mãe!-ele parecia determinado no que dizia. -Eu... eu sou gay!

Os meus olhos arregalaram-se de uma forma que eu nem sabia ser possível ao ser humano.

Ele é gay? O rapaz que eu gosto, que eu pensei ser heterossexual; É GAY!?

Não sei se fico triste ou feliz, se bem que, ele ainda é meu irmão.

MAS EU NÃO ME QUERO LEMBRAR DESSA TRISTE VERDADE!!!

Olhei para os nossos pais e, a minha mãe parecia surpresa, mas não chateada. O meu pai tinha um pequeno sorriso nos lábios, como se já soubesse disto. Mas não estou preocupado com a reação dos nossos pais, eles sempre foram muito mente aberta, algo que me deixa muito feliz.

-Eu já sabia!-o meu pai disse, como se nada fosse nada. A minha mãe olhou-o com indignação.

Chega até a ser ilariante!

-Tu sabias e não me contavas nada!?-a beta deu um tapa no braço do alfa, que riu com a sua reação. -Eu deveria ser a primeira a saber! Estou muito decepcionada contigo, Jimin!-ela fez uma pausa e Jimin já estava em pânico! -NÃO! Espera! Eu não estou decepcionada por seres gay, se à algo que eu quero, é que tu sejas feliz, independentemente da pessoa ser um homem ou uma mulher. Estou decepcionada porque o teu pai soube antes de mim!-ela cruzou os braços e fez um expressão tristonha.

Jimin suspirou de alivio e levantou-se para a abraçar. Deu um beijo na sua bochecha e ela beijou-lhe a testa, despentiando-o logo de seguida. Ri com o bico do alfa mais novo, enquanto tentava arrumar o cabelo. Ele sentou-se novamente ao meu lado e segurou na minha mão olhando-me nos olhos. Não entendi muito bem o que ele quis dizer com aquele ato, mas não me preocupei e deixei as nossas mãos juntas.

...

O jantar já estava no fim. Tínhamos acabado de comer e estávamos apenas a conversar.

A minha mão estava, novamente, entrelaçada com a de Jimin. Já que tivemos de nos soltar para comer.

-Meninos!-o nosso pai chamou a nossa atenção com uma cara bastante séria. Não pode ser coisa boa! -Eu e a vossa mãe, temos algo para vos contar. Principalmente para ti, Jungkook!

-Kyeran, por favor...

-Não, Jinmyeon! Ele tem que saber!

A esta altura já não estava a entender nada. O meu pai parecia determinado e a minha mãe, horrorizada!

Apertei de leve a mão de Jimin, como se pedisse um apoio. Fui respondido com um carinho feito com o seu polegar na minha mão.

-O que se passa? Eu quero saber!-disse convicto, mesmo que estivesse com medo da resposta.

Meu pai olhou novamente para a minha mãe, depois para Jimin e parou o olhar em mim.

Estremeci levemente.

-Jungkook, filho, não é fácil o que temo para te contar, mas eu quero que saibas que eu e a tua mãe te amamos muito e que isso nunca vai mudar para nós!-ele parou e respirou fundo. Eu conseguia sentir o meu coração bater descontroladamente. -Tu... tu não és nosso filho! Tu és o Príncipe Jeon Jungkook, de Imiona, o Reino perdido!-eu simplesmente travei.

Como assim!? Como isto é possível!? Eu vivi uma mentira toda a minha vida!?

-O quê?-eu sussurrei.

-A tua mãe, a Rainha, estava a fugir de uma emboscada contigo nos braços. Ela encontrou-nos e pediu que cuidássemos de ti. Que te deveríamos levar ao Reino de Mayon, onde está... -ele parou de repente, mas eu já não estava em mim, naquela altura.

-Onde está quem?-eu perguntei elevando um pouco a voz. Já escorriam lágrimas pelos meus olhos. -RESPONDE!-gritei entre soluços.

-O teu... pretendente. Príncipe Taehyung!

Não.

Não pode ser!

Soltei a mão de Jimin, que estava quase tão horrorizado quanto eu, e tampei a boca, numa falha tentativa de conter os soluços.

A minha vida, além de ser uma mentira, já estava programada desde sempre! Sem o meu consentimento! Eu não pude escolher o que queria para o meu futuro!

-Filho...-a minha mãe sussurrou, mas eu não estava em mim. A minha tristeza e decepção eram tão grandes, que eu já não controlava os meus movimentos.

-Eu não sou vosso filho!-levantei-me da cadeira vendo o rosto daquela que eu pensei ser minha mãe, completamente destroçado.

Ela não tinha o direito de estar assim!

-Filho, por favor...

-CALATE! Eu não quero ouvir mais nada! Vocês enganaram-me toda a minha vida! Esconderam-me a verdade! E programaram o meu futuro sem me perguntar nada!-eu disse de olhos fechados e as mãos em punho. -Eu nunca vos vou perdoar por isso!

Corri.

Corri tudo o que consegui, para poder fugir dali.

E tudo o que ouvi, foram os gritos de Jimin. 

A única pessoa que não me decepcionou!