Após o almoço, volto para a cabana. Desabo na cama e suspiro fortemente.
Mãe, como você está agora, em relação a mim? Orgulhosa? Decepcionada?
O fato de eu ter habilidades de primeira geração significa que todos os meus antepassados as tiveram, também. E também significa que, afinal, papai é um lobo também.
Gostaria de ter notícias do papai... Será que está vivo, pelo menos?
Toco no colar de pedra sem olhá-lo. Imaginava qual seria o valor sentimental que mamãe tivera nele. Talvez não significasse nada, afinal. Mas, talvez...
Meus pensamentos são interrompidos por uma batida irritante na porta.
- Meu Deus, Wil- - Digo enquanto abro a porta.
- Quer dizer que ele vem aqui frequentemente? – Amanda aparece com um sorriso.
- Ah, é você – Olho para baixo – É, acho que sim.
Amanda pega um refrigerante na geladeirinha e se senta no sofá. Eu ia perguntar o que ela queria na minha cabana, mas preferi não o fazer.
- Então, Yuki... – Amanda se fixa em meu ombro enfaixado – O que aconteceu lá?
- Hm... Muita coisa.
- Além de vocês dois terem se beijado, claro.
- Nós não fizemos isso! – Coro.
Amanda deu uns tapas no sofá como um gesto para eu me sentar, e foi o que fiz.
- Fale tudo – Ela pediu, ansiosa.
Assenti, fixando-me no chão.
- Bem, quando chegamos à cidade, eu e Will fomos procurar a minha casa – Esperava que ela fosse me provocar, mas apenas prestava atenção -...E ela estava em ruínas...
Amanda arregalou os olhos:
- Meu Deus! Eu sinto muito...
Assenti com a cabeça, e continuei. Ao pensar em como continuar, senti as lágrimas chegando, mas precisava me segurar.
- E... E... – Ah, não, meus olhos marejaram – Minha mãe... Ela estava lá... E... – Solucei incontrolavelmente, e enxuguei os olhos.
De repente, Amanda me abraçou:
- Não precisa falar mais nada, tá bom...? Eu sinto muito, de verdade... – Ela se afastou um pouco, e segurou as minhas mãos – Mas você precisa seguir em frente. Por ela, tá?
Comecei a rir um pouco e a fungar por causa do choro:
- Você fala igual ao William...
- É porque temos razão.
Queria chorar novamente. Todas aquelas memórias voltaram à minha mente. Inspirei profundamente, e a abracei. Ela se surpreendeu, mas me abraçou, também.
*
-... Quando saí de casa – Me afastei de Amanda e continuei-, fomos procurar os outros para voltarmos ao acampamento. Eu me separei de Will para acharmos eles mais rápido. Logo, encontrei Natalie. Por algum motivo, ela se transformou e ficou invisível, a quilômetros de distância dos inimigos!
- Ah, isso é porque Natalie tem a habilidade de ver até onde a visão e todos os outros sentidos de um lobo alcançam. Ela se preparou fora do campo de visão deles, entende?
Ah, faz sentido.
- Uou, legal! – Me foquei em continuar a história – Enfim, ela não queria que eu a interrompesse...
- Típico da nossa Natalie – Amanda disse com um sorriso.
-... Então preferi não interferir. Porém, ouvi os ganidos dela, e corri para ajudá-la. Quando fui passar antissépticos em seus ferimentos, os lobos estavam lá.
Amanda estava prestando muita atenção.
- Porém, alguns deles estavam hesitantes em me atacar. E eu sabia por quê. Por causa da minha habilidade.
- Ah, aquela de ferir os outros com a sua própria ferida? – Não me recordava de ter contado a ela sobre essa habilidade (Nt: Eu realmente não me lembro de ter escrito sobre ela ter sabido huehue).
Assenti, e continuei:
- Eu me deixei ferir para feri-los, e foi assim que ganhei esse super corte – Apontei com a cabeça para o meu ombro.
- Meu Deus, você não deveria deixar se machucar assim só para machucá-los...
- O que eu poderia fazer...?
Amanda abriu a boca para falar algo, mas nada lhe veio à mente, então fechou a boca.
- Ei, pode guardar um segredo? – Pensei bastante antes de contá-la sobre a natureza de minhas habilidades, mas confiei nela.
Ela assentiu, animada.
- Conhece essa coisa de terceira, segunda e primeira geração de habilidades?
Amanda assentiu novamente, um pouco receosa agora.
- As minhas habilidades são de primeira geração, Amanda – Quase sussurrei.
- Meu Deus, sério?!
Assenti, e ela sorriu.
- Que incrível! As minhas são de terceira... – Fez beiço.
- Por sinal, quais são as suas, Amanda?
- Hum... Eu consigo converter emoções, é muito maneiro! Tipo, alegria para tristeza e vice-versa. E também criar o sentimento de dejà-vu, o que é totalmente inútil... Ah, e ilusionismo, que é o meu favorito!
Espera, uma terceira habilidade?
- Quantas habilidades uma pessoa pode ter...? – Perguntei.
- Ah, isso é muito complicado. Ninguém sabe exatamente a causa de nós as termos, imagina a quantidade! Mas eu já vi gente com até cinco habilidades!
Ia dizer algo, mas a porta bateu novamente.
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