História Wolf War - Voz.

“Acorde, Yuki... Eu sei que precisa de mim, venha me buscar” – Uma voz invadiu novamente os meus pensamentos. A mesma voz que invadira nos últimos dias.

Abri os olhos, estava tudo embaçado. Vi a imagem de alguma coisa, a qual não pude identificar. Pisquei algumas vezes para desembaçar a minha visão, mas quando pude ver, não havia nada.

Decidi não contar a respeito da voz. Presumi que somente eu deveria saber.

Olhei pela janela: ainda estava escuro. Provavelmente deveria ser madrugada. Como estava sem sono, resolvi ir para fora para tomar um pouco de ar.

Refleti um pouco sobre aquela situação. Tanto a das vozes quanto a do garoto estranho.

Cogitei a ideia de eu mesma estar causando essa voz em minha cabeça, com a habilidade de Esquizofrenia. Isso me levou a duvidar se eu deveria prestar atenção no que ela me diz.

“As estrelas são tão lindas, né?” – Ouvi-a novamente em minha cabeça.

- Ignore... ignore... – Falei comigo mesma.

“Isso é extremamente rude”

- Como posso saber se devo confiar em você?

“Confiando. Você deve confiar em mim por si própria”

 - Não ajuda muito. Afinal, por que me acordou?

“Quero que me procure”.

Estalei a língua.

- Eu prefiro não perder o meu tempo.

“Você tem bastante tempo...”

-... que vou gastar dormindo. Agora pare de me perturbar.

“Isso só vai tornar as coisas mais difíceis...”

- Certo. Eu vou procurar. Mas preciso de um sinal, para saber se você é real.

“...” – Em seguida, a pedra do colar começou a brilhar.

- Uau, incrível! – Exclamei, decidida a procurar – Vamos lá, então. Me dê uma dica.

“Hum... Eu me encontro na fonte da vida”.

- Fonte da vida? Você se refere à floresta?

“Procure”.

- Pff. A floresta é muito grande. Vai demorar muito. Vou dormir, mais tarde resolvemos isso.

“Não é tão difícil assim”.

- Então suponho que você esteja perto?

“Mais do que imagina”.

- Por que você não vem até mim?

“Eu não posso. Só depende de você. Não tenho controle sobre nada”.

- Que merda... – Resmunguei – Mas há tantas possibilidades...! Onde você poderia estar? – Cutuquei uma moita, bufando por não ter achado.

Avistei o sol nascendo, e sentei-me na grama macia e fofa.

- Você poderia ser... A arma de Primeira Geração...? – Cogitei, murmurando baixinho.

“Sim” – Disse, e sorri de orelha a orelha.

- Então você me escolheu!

“Não, não fui eu. Foi você, inconscientemente. A sua determinação me despertou de um sono de muito tempo. Mas, se provar que não é capaz de lidar com os meus poderes, eu retornarei a dormir”.

- Pois eu garanto que nunca mais retornará – Disse, sorridente.

“Não aposte assim. Eu consigo ver os seus sentimentos verdadeiros. Você está com medo e receosa”.

Era verdade.

- Mas eu não vou desistir! Eu vou te achar!

“Oh? Agora está determinada a me achar depois de saber quem sou? Como é gananciosa. Agora a pouco estava resmungando, querendo dormir”.

Suspirei.

“Vou te dar um conselho antes de partir. Não deixe seu lado lobo tomar conta de você. Mas não deixe seu lado humano tomar, também. Ambos têm defeitos terríveis. Você deve permanecer equilibrada”.

- Mas por que eu me tornaria somente um?

“Às vezes, uma pessoa torna-se vulnerável às tentações de ambas as espécies. Em um momento desesperador, um deles poderá tomar conta do seu corpo e você nunca mais voltará a ser o que era. Quero que se lembre disso. Não se corrompa”.

- O-Ok...

Continuei a assistir o amanhecer. A luz do sol refletia nas nuvens, que as coloriam com uma cor alaranjada. Os primeiros raios de sol iluminaram as árvores, que balançavam levemente conforme o vento.