História Wolverine e Denise após a Ditadura do Caveira Vermelha - Mundo em Guerra Civil

Pela manhã, fui tomar café e sentei na sala. Era sábado, só passava desenho na TV. Resolvi sair um pouco. Fui ao shopping e fui a uma loja que vendia CD e ingressos para eventos. Comprei o da festa que teria a noite. Comprei vestido e sapato novo e voltei para casa. Almocei e fui andar no quintal. Vi o serviço que os rapazes fizeram no galinheiro, por que estavam entrando roedores. Fui até a horta, passeei pelo jardim e fui deitar na rede da varanda. Acabei dormindo. Acordei com um barulho de moto parando. Era Logan.

Entrei para casa e já eram três horas. Liguei a TV e falava de um ataque que estava acontecendo no país. Mutantes se rebelaram contra o preconceito e discriminação e acabou em guerra contra a polícia. O exército estava tentando conter a manifestação e vários prédios público haviam sido quebrados.

Acompanhei o caso a tarde toda e por volta das seis horas os manifestantes pararam de atacar. Às sete da noite, o jornal mostrou as capitais devastadas e anunciava que os responsáveis estavam sendo identificados e seriam responsabilizados. Uma mutante de uns quarenta e poucos anos deu entrevista. O nome dela era Jean Grey, ela disse que seu grupo chamado X-men estava ajudando nas investigações e pedia para a população não culpar todos os mutantes, pois foi uma minoria que causou o desastre.

E o pior é que realmente era uma minoria. Cerca de mil pessoas em cada capital fizeram uma bagunça, pois elas tinham poderes especiais. Fiquei com medo de ir à cidade, mas como não morava em capital, achei que estaria tudo bem. Arrumei-me, avisei a Maria e a Bernardo que ia sair e fui.

A festa tinha dois ambientes: sertanejo e eletrônica. Eu ia de um para o outro de hora em hora. Até que esbarrei com umas colegas de faculdade.

- Nossa, a fazendeira está linda! – Disse a loira.

- Arrazou! – Disse a outra loira.

Elas me apresentaram outras pessoas. Me interessei por um moreno. Ele era alto e parecia um índio. Muito bonito. Ficamos conversando um tempo, depois ele me chamou para dançar e começou a me encoxar. Não gostei e pedi para ele parar. Ele parava e depois começava de novo. Larguei ele na pista de dança e fui para a ala de eletrônica. Ele veio atrás de mim e estragou minha festa, fui embora. Na verdade, já eram 1h da madrugada, deu para curtir um pouco.

Cheguei em casa e Logan estava na varanda fumando e bebendo, como sempre. Dei boa noite e entrei. Tomei banho e troquei de roupa fui dormir. Domingo acordei tarde e fui para a casa de umas primas. Ao chegar lá descobri que uma prima minha tinha virado X-men.

- X o que?

- X-man! – Disse a irmã dela.

- Que diabos é isso?

- É um grupo de mutantes, que protegem a gente de pessoas e mutantes maus. É tipo os Vingadores...

- Ah, já ouvi falar desses Vingadores. Eles são da polícia né? – Perguntei.

- Não, eles são da SHIELD. Nossa, desinformada você heim Denise? Tem que sair daquela roça um pouco, ver o mundo. – Disse minha prima.

- Olha, eu quero saber é de café e feijão, que me dá dinheiro...

A mãe delas riu e disse:

- Toma Isabela, sua prima tá mais esperta que você. Você devia fazer que nem ela. Arrumar algo para fazer!

Minha prima ficou chateada com a mãe e me puxou para o quarto. Mostrou as fotos de um tal Instituto Xavier. Era enorme. E tinha pessoas com poderes.

- E qual o poder de Regina, para estar nesse grupão aí?- Perguntei.

- Invisibilidade.

- Hum, tipo a loira do quarteto fantástico?

- Nossa, que exemplo heim? – Disse ela.

- Que tem meu exemplo?

- Quarteto fantástico é coisa de velho!

- Sua mãe tá certa Isa, você precisa arrumar um emprego!- Eu digo rindo.

- Vai se ferrar Dê.

Conversamos sobre o fiasco da festa do dia anterior e ela me convida para ir a um aniversário de noite. Almoço e vou para casa, veria minha prima mais tarde. Chego e Logan está na varanda bebendo e fumando, digo:

- Cigarro mata Logan!

- Eu sou imortal!- Diz ele.

Eu balanço a cabeça e entro. Maria estava vendo TV no quarto. Vou para a sala e ligo a TV. Estava falando de um tal de Magneto e a ilha Genosha. Logan aparece na porta para ver. Era uma ilha para mutantes. Eu digo:

- Agora existe abrigo para mutante em toda esquina...

- Verdade. – Diz Logan.

Chamo ele para sentar no sofá. Ele vem. Digo que minha prima está no tal X-men. Ele diz:

- É um bom grupo! Pessoal muito comprometido com a justiça e em ajudar o próximo.

- Conhece eles? – Perguntei automaticamente.

- Já morei lá.

Eu fiquei em silêncio por um tempo processando a informação e depois deduzi:

- Logan, você é mutante?

Ele ficou sério me olhando nos olhos, olhou para baixo e respondeu olhando-me nos olhos de novo:

- Sou sim.

- Oh meu Deus! Que incrível! O que você faz? Transforma cerveja em água? – Digo rindo.

 Ele se levanta e fecha os punhos, saem garras deles. Eu fico assustada. Ele pede:

- Olha isso!

Ele corta o próprio braço.

- Logan, não! Que isso!

Digo assustada, mas o braço dele, apesar de pingar sangue no chão, se cura. Eu fico impressionada. Ele vai pegar um pano para limpar o chão. Maria aparece e pergunta se está tudo bem. Eu olho para Logan com o rodo e ele faz sinal de silêncio. Eu apenas digo que está tudo bem e ela volta para o quarto.

Converso com Logan e descubro que ele tem mais de cem anos e que ele não vive mais com os X-men porque cansou de ser babá de aluno e queria independência. Além de que a mulher que ele amava casou e tinha filhos com o novo marido. Isso o incomodava. Ele conta que já foi casado várias vezes e que todas elas foram mortas por algum inimigo, assim como seus filhos e que ele não tinha ninguém, só um meio irmão que o odiava por ter o abandonado.

- E como você veio parar aqui, como caseiro? Você é um herói!

- Não, eu não sou nada. Sou só um cara que precisa de um emprego para sobreviver. Aqui é meu lar hoje. Amanhã a Deus pertence.

Acho um tanto trágica a vida de Logan. Já perdeu tantas pessoas queridas. Ele parecia ainda mais solitário agora. Minha vida não aprecia mais tão ruim, tão fria. A vida foi bem mais dura com ele, isso me deu força. Me fez acreditar que é possível sobreviver às condições adversas que o destino nos traz.

Os dias se passam e a cada dia conheço algo mais sobre o velho Logan. As manifestações na cidade vão piorando até que inicia-se uma guerra civil do exército e grupos pacificadores mutantes, contra os mutantes rebeldes. Todo dia ouve-se o número de mortos na TV e vê-se as áreas destruídas.

Logan vai lutar com os antigos amigos X-men. A fazenda continua seu curso, pois não estávamos em área de conflito. Mas não leva muito tempo para a economia entrar em colapso. Comecei a gastar mais do que ganhar com a fazenda e tive que demitir funcionários e fechar as portas. Sobramos eu, Maria, Bernardo e Seu Bento naquela fazenda enorme. A plantação se perdeu e começamos a produzir apenas para o próprio sustento. Milhares de pessoas haviam morrido no mundo todo.

A guerra não era mundial, mas acontecia no mundo todo em forma de conflitos locais, guerras civis. Nunca mais tive notícia de Logan. Deduzi que ele tivesse morto, como minha prima X-men. O resultado de cinco anos de guerra foi que os vilões conquistaram as Américas e os mocinhos os outros continentes. O mundo era bipolar de novo e por azar eu estava no lado dos vilões. Pessoas morriam todo dia tentando fugir para o lado dos mocinhos. Eu fiquei e aguardei meu destino.