História Wolves And Vampires; - Chae Hyelim

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Hyungwon praticamente fugiu de Hoseok ao deixar o vampiro Lee em sua casa. Não queria ficar a sós com ele, não queria porque tinha medo das coisas que ele lhe fazia sentir.

Sabia que Shin tinha percebido e não tinha gostado nem um pouco da história que Hyungwon inventou. Algo como “tenho muitos trabalhos”, os dois cursavam praticamente os mesmos cursos e ambos sabiam que não havia trabalhos.

Hyungwon poderia ter ficado envergonhado por mentir, mas se sentiu bem por se afastar do causador daquele terremoto em suas estruturas, ao passo, que outra parte sua queria desesperadamente voltar e beijar aqueles malditos lábios. Ele desejar um vampiro era o fim dos tempos.

Diante de tantas emoções aflorando em si, Hyungwon se lembrou do motivo que o levou ir até o pub atrás de uma bebida. O motivo que estava lhe causando dor de cabeça ultimamente, e por mais que fosse impressionante, esse motivo não se chamava Shin Hoseok.

Estava a caminho da própria casa quando digitou o número tão conhecido no celular, colocando a ligação no bluetooth do carro. Tocou, tocou e tocou e então, no quarto toque a voz feminina tão familiar se fez presente:

— Wonnie? – Chae Hyelim parecia sonolenta, não era de menos. Era um domingo de manhã, afinal.

— Oi. – Chae não sabia como explicar a situação. — Como está?

— Estava tendo um ótimo sonho com alguma fada sem roupa que gemia para mim... – A irmã iria continuar, mas Hyungwon pigarreou envergonhado. Ela riu. – Estou bem irmão. E você? Por que ligou?

— É complicado... – Suspirou. – Tem algo de errado comigo.

— Errado como?! – A irmã imediatamente parecia mais desperta, acordando com a preocupação.

— Eu não sei, Hye... Eu só me sinto mais forte e, ok, isso é muita loucura... Eu consegui jogar lacrosse bem.

— Hyungwon, isso se chama fim da puberdade talvez? – Brincou.

— Hye! – Resmungou, nada divertido. – É sério!

— O que mais sentiu? – Voltou a ficar séria, vendo que o irmão não estava para brincadeira.

— Meus olhos... Eles ficaram vermelhos umas duas vezes. – Engoliu em seco. Na primeira vez achou que estava alucinando, mas na segunda, teve certeza do que viu.

— Eu... Logo estarei aí. – Hyelim, apesar de Hyungwon não ver, já estava se levantando do outro lado da linha e processando as informações com uma careta.

— Obrigado Hye. Fico te devendo uma. – Chae agradecia todos os dias pela irmã que tinha.

— Quando você não me deve? – Brincou e logo se despediu.

Assim que estacionou o carro na frente de casa, Hyungwon viu Kihyun se aproximando de braços cruzados e com um bico nos lábios.

— Chae Hyungwon, espero que você tenha uma boa explicação. – Foi o que falou, assim que o mais novo desceu do carro.

— O que foi que eu fiz? – Hyungwon sabia que quando o amigo usava aquele tom, era porque tinha feito algo de muito ruim.

— Agora deu pra sair se divertir no Devil’s Fork com o vampiro e não comigo?! Eu estou ultrajado, magoado e com muita raiva. Eu juro que vou te enforcar. – Yoo falava tudo com muita dramaticidade, estreitando os olhos e inflando as bochechas. Tão adoravelmente mortal.

— Kihyunnie, eu não o convidei. Aí! – Exclamou no meio da explicação, ao passo que o menor lhe deu um tapa no braço e convenhamos, para alguém pequeno e com uma mãozinha, ele era bem forte.

— E ainda mente para seu hyung? – Kihyun finge secar uma lágrima.

— Dramático. – Faz careta. – Eu realmente não marquei nada com ele. Foi coincidência. Juro, juradinho. – Fez a maior cara de inocente que conseguiu.

O mais velho o analisou, ainda com os olhos semicerrados, mas um sorriso logo se alargou em seus lábios vermelhos.

— Ah, eu sei. Só estava brincando com você.

Hyungwon o encarou feio.

— Você é impossível, Yoo Kihyun. – Mas abriu um sorrisinho malicioso. – Todo esse bom humor para brincadeiras é por causa de um tal de Min Yoongi?

E dessa vez a careta de Kihyun era verdadeira, assim como os tapas que Hyungwon recebeu.

Chae passou praticamente o dia todo com Kihyun. Viram séries, comeram besteiras e claro, fofocaram.

Yoo não poupou detalhes em contar como as coisas com Yoongi estava avançando e Hyungwon, quando perguntado sobre Hoseok, deu de ombros e disse como um bobo: O que tem ele?

Kihyun quase o matou de tapas novamente, falando coisas como: Não ouse se fazer de desentendido comigo, rapazinho!

E então Hyungwon falou que estava confuso e Kihyun escutou sobre a confusão com toda a atenção, como uma mãe.

Era nesses momentos, onde podia desabafar sobre tudo sem receber julgamentos, que ele percebia como Kihyun era especial demais e agradecia por sua amizade.

— O que vai fazer? – Yoo perguntou.

Chae não soube responder e ficou encucado com isso na cabeça durante o resto do dia. O que diabos ele ia fazer? Deus, ele iria ficar fora da casinha daquela forma.

Em um tal pub denominado garfo do diabo, Shin Hoseok estava curioso.

Depois de Minhyuk lhe contar sobre um tal pub que recebia diversas criaturas sobrenaturais, onde havia uma ótima bebida e sempre se podia achar boa companhia, o vampiro mais velho resolveu ir até o lugar.

Precisava de uma bebida e de boa companhia. De preferência uma forma de esquecer o maldito Hyungwon, sendo por essa bebida que parecia ter efeito ou pelo calor de outro corpo. Ele só precisava esquecer todas aquelas coisas que o outro o fazia sentir.

Entrou no lugar, sendo recebido com uma batida animada e sensual. Observou tudo minuciosamente, gostando do lugar imediatamente.

Se sentou no bar e observou os seres dançando de formas obscenas uns contra os outros. Sorriu minimamente. Tantos os homens quanto as mulheres eram agradáveis e Hoseok sentiu que seria naquele dia que esqueceria o humano.

Afinal, desde quê conhecera Hyungwon, Shin não havia se deitado com ninguém. A única pessoa que deseja, era o dito cujo, o que era bobagem de sua parte... Desejar um humano, um simples humano. Era o fim dos tempos.

Pediu um whisky, o qual não demorou a ser servido. Tomou o primeiro gole com calma, saboreando e sentindo e ouvindo todos os sons que o cercavam.

— Vinho, por favor. – Uma mulher de longos cabelos negros ondulados pediu ao seu lado. A garota usava uma jaqueta de couro e uma calça jeans com coturno. Percebendo o olhar do vampiro, o olhou com um sorriso de lado. – Perdeu algo, querido?

Havia algo estranhamente familiar nela.

— Como uma filha da lua pode ser caçadora? – Inclinou a cabeça de forma graciosa e sorriu.

— Qualquer criatura pode ser um caçador. – Rebateu divertido. Tomou um gole de sua bebida e continuou encarando o vampiro. – Novo por aqui?

— Você também não parece familiar... – Falou com a voz suave. A voz com que flertava.

— Só vim a negócios de família. – Esclareceu.

— E como eu deveria te chamar, caçadora?

— Hyelim. Chae Hyelim. – Falava o nome com orgulho.

Shin Hoseok quase engasgou com o whisky. Maldição. Mil maldições. Quando achava que tinha encontrado alguém.

Agora o motivo de ter se sentido atraído por aquela familiaridade estava explicada. Afinal, a garota tinha os mesmos lábios carnudos e aquele sarcasmo que tanto irritava e atiçava Hoseok.

Mas, mesmo que ela fosse muito parecida. Não era Hyungwon. Ninguém nunca seria Hyungwon e aquilo o fazia querer tirar Chae de sua vida de uma vez, mas ao mesmo tempo, queria o ter de tantas formas.

— Você é o que de Hyungwon? – Perguntou antes que pudesse controlar.

— Você conhece Hyungwon? – A expressão dela já não era tão amigável. O vampiro parecia ter certa intimidade com o irmão. O que Hyungwon estava aprontando?

— Somos colegas de turma. – Infelizmente, ainda eram só isso.

— Sei... – O vampiro não parecia estar mentindo, por isso, Hyelim abriu o jogo. – Somos irmãos.

Hoseok quase infartou, o que era impossível para um vampiro. Ele estava flertando com a irmã de Hyungwon? Ele se sentiu culpado de repente.

— Ah. Vocês são parecidos mesmo. – Comentou, ainda sentindo certa culpa.

Hyelim o encarava atentamente. A menção de Hyungwon fez os olhos escuros do vampiro brilharem. O que aquilo significava?

— E então, vocês são próximos? – Hyelim não perdeu tempo.

— N-não. – Mentiu e gaguejou. Shin Hoseok nunca gaguejava, só quando realmente se sentia acuado.

Tomou o whisky em um gole só.

— Eu sei que meu irmão é muito bonito, mas tanto para atrair um vampiro. – A garota assoviou.

— O que quer dizer? – Fingiu-se de desentendido.

— Oras, eu não nasci ontem.

E nessa noite, estranhamente, Hoseok fez amizade com a irmã de Hyungwon e passaram a noite conversando, praticamente, sobre ele, é claro.

Hyungwon acordou com a janela de seu quarto sendo aberta. Abre os olhos, se surpreendendo ao ver que conseguia enxergar muito bem.

Nem se assustou, logo compreendendo de quem se tratava aquela silhueta familiar.

— Boa noite, maninho. – A voz sussurrada de Hyelim lhe encheu os ouvidos.

— Tem porta, sabe? – Resmungou.

— Não queria acordar eles. – Explicou-se, logo se deitando ao lado do irmão e o abraçando com força. Estava morrendo de saudades. – Como vai?

— Com sono. – Falou como se soasse bravo, mas nos belos lábios se desenhava um sorriso. – Obrigada por ter vindo.

— Ah, você não viveria sem mim. – Comentou com ironia.

— Tenho certeza que Kihyun diria que eu não viveria sem ele. – Comentou, ao passo que os três sempre foram muito unidos.

Hyelim iria comentar algo, mas franziu a testa ao ver o irmão fazer uma careta.

— Que foi?

O humor de Hyungwon havia mudado da água para o vinho. O cheiro que a irmã exalava. O cheiro do Devil’s, de fumaça de cigarro, de vinho e de... Shin Hoseok.

— Hyungwon? – A irmã chamou de novo, tirando Hyungwon de seu devaneio.

— Você conheceu alguém hoje? – Perguntou curioso.

— Sim! – Imediatamente ficou ainda mais contente. Se estava certa sobre algumas das dúvidas que a conversa com Shin lhe trouxera, aquilo logo seria respondido. – Passamos a noite juntos. – Mentiu.

Hyungwon trincou os dentes e se afastou minimamente da irmã. Poderia culpar ela? Óbvio que não. Agora Hoseok.

Mas será que o podia culpar também. Eles não tinham nada, mas mesmo assim. Hoseok achava que podia flertar consigo e depois ficar com sua irmã? Aquilo era ultrajante.

— Huum... – Fingiu um sorriso.

Depois disso, Hyelim alegou que estava com sono e começou a dormir. Hyungwon ao invés disso, se manteve acordado até o horário de se arrumar para a escola.

Teria biologia naquele dia, se deu conta e imediatamente seu humor piorou.

Passou na casa de Kihyun para irem juntos a escola. O hyung notou a expressão de Chae, contudo, quando recebeu um não aconteceu nada, logo de cara, soube que era algo sério e que Chae não queria conversar.

Hyungwon evitou encarar o clã de vampiros e permaneceu assim por aqueles vários minutos até que o sinal bateu. Mesmo que o olhar de Hoseok queimasse em si, ele não olhou.

Shin o encarava com a sobrancelha franzida. Hyungwon sempre dava uma olhadinha para si.

Hyungwon se sentou em seu lugar na sala de aula e continuou com a cara de paisagem o máximo que conseguiu.

Ficava imaginando Shin com sua irmã. Shin fazendo coisas com sua irmã.

Ah, aquilo fazia o coração de Chae doer um pouquinho.

— Bom dia. – Hoseok ronronou no ouvido de Hyungwon.

Chae sentiu um arrepio o percorreu, mas manteve o olhar fixo no quadro e não respondeu.

— Wonnie? – Shin falou em interrogativa. Hyungwon nem rebateu o apelido. – Aconteceu alguma coisa?

Mas Hyungwon não o olhou nem uma vez sequer e o ignorou a aula toda. Shin, em um ponto, parou de tentar atrair sua atenção, mas continuou o olhando, atrás de alguma resposta para aquele comportamento incomum.

Hyungwon sempre respondia. Mesmo que fosse com olhares, com risadinhas sarcásticas ou com um suspiro.

Aquele silêncio incomum estava fazendo Hoseok se preocupar de mil maneiras.

Hyungwon e silêncio não combinavam em nada.

— E então, como foi com o seu vampiro? – Perguntou Hyelim, encostada no capô do carro de Hyungwon, o esperando no final da aula.

— Como?

— Você o ignorou né? – Ela deu uma risadinha. – Nos Chaes somos muito vingativos quando queremos. Adoro isso.

— Não sei do que você está falando. – Falou, entrando rapidamente no carro. Óbvio que Hyelim sempre sabia de tudo.

— Maninho, você é muito lerdo quando se trata de coisas do coração. – A garota comentou, se sentando no banco do caroneiro.

Hyungwon a olhou inquisidor.

— Eu não passei a noite com o vampiro, seu bobinho. – Ela parecia divertida. – Só conversamos e nessa conversa, chegou ao meus ouvidos que vocês estavam agindo como dois adolescentes virgens.

Hyungwon corou. Por que a garota tinha que ser daquela forma? Tão direta?

— E até me sinto ofendida. – Continuou. – Você sabe que eu gosto de outra fruta.

— Eu não faço ideia do que você está falando, Hyelim. – Desviou o olhar, encarando a multidão de alunos e mesmo dentro do carro, mesmo com tantos alunos ao redor, Hoseok parecia o encarar no fundo dos olhos. – Eu não gosto de ninguém.

— Wonnie. – A garota suspirou. O Chae mais novo sabia ser muito teimoso. – Admita logo o que sente para si próprio. Não tenha medo. Só... Não demore tanto, ok? Apesar de ser alguém eterno, tenho certeza que ele não vai esperar você decidir para sempre.

Hyungwon ruborizou.

Ele não tinha medo... Ou tinha?