História Wolves And Vampires; - Bonjour mon cher

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Hoseok soube que algo estava errado assim que saiu da casa de Hyungwon.

Apesar de sentir uma enorme necessidade de se manter ao lado de Hyungwon a noite toda, sentindo seu calor em seus braços e zelando seu sono, sabia dos riscos que corriam e não poderiam arriscar que o Sr. Chae os pegasse no flagra. Sabia o que aquilo iria causar entre lobos e vampiros...

Com essa preocupação, saiu sorrateiramente da casa e adentrou a floresta, claro, depois de deixar um leve selar nos lábios do humano e acariciar seu rosto uma última vez.  

Muitos diriam que aquela floresta ficava digna de filmes de terror a noite, com as corujas piando e com a lua sendo escondida pelas nuvens e vento assoviando nas copas das árvores, mas para Hoseok, ela ficava linda sob as diversas constelações do céu e com sua mistura de aromas puros e naturais.

Contudo, naquela noite, a densa neblina cobria toda a floresta e nem mesmo as corujas piavam e o vento não atingia as árvores, só reinava um silêncio incomum. Hoseok, como um vampiro com super audição, nada escutava... E quase pouco via com aquela neblina com sua super visão e isso foi a maior constatação de que a cidade de Taebaek estava mais esquisita que o usual.

Caminhava tranquilamente, com as mãos no bolso e a cabeça fervendo com Hyungwon por toda parte.

Era claro para si como o humano estava diferente; passando por alguma mudança e com isso, só conseguia se lembrar das palavras de Hyelim:

“Logo Hyungwon se tornará diferente e espero que você consiga lidar com isso.”

Mas o que aconteceria com Hyungwon? Por que ele se tornaria diferente? Hyelim não o deu essas respostas e nem ele próprio conseguia imaginar quais seriam elas. Hyungwon sabia dessas mudanças? Essa era sua maior preocupação... Se Hyungwon não soubesse, como ele enfrentaria aquilo?

Shin não saberia dizer quando a preocupação com o humano havia atingido aquele nível, mas sabia que não tinha volta. O sentimento já estava impregnado em si e algo daquela força, intensidade e magnitude não se esquecia fácil...

Seus pensamentos tomaram outro rumo assim que começou a escutar, pela primeira vez, barulhos na floresta. Parou por um instante, ouvindo galhos se partirem logo atrás de si. Olhou por cima do ombro e seus olhos se arregalaram; não de medo, mas com a inevitável imagem do passado...

Ele conseguia ver o rosto belo e tão amado de Hyunjin entre a neblina. Mas aquilo era impossível, Hoseok o havia matado no dia de sua fatídica transformação, então, seriam os fantasmas o atormentando? Achava que sim, por isso, engoliu em seco e voltou a caminhar sem sequer olhar para trás.

Mas aquilo piorou... O barulho de galhos se partindo vinham de todos os lugares agora e o rosto de Hyunjin estava por toda parte e sua risada invadia a mente do vampiro.

— Seokkie... — Ouvia a voz risonha que sempre parecia carregar uma ironia que Shin adorava. — Eu te considerava um irmão... Você era meu irmão, não é? — A voz se transformava, deixando o ar risonho e ficando mais gélida. — Por que você me matou, irmão? Eu te amava tanto.... Você me traiu. — E a voz era fria e pingava ódio e uma sede... De vingança; do sangue de Hoseok.

O vampiro que não se abatia com nada, cerrava os punhos, sentindo as unhas perfurarem suas palmas e os olhos arderem.

Ele havia matado seu primeiro amigo. Aquele que havia ficado ao seu lado em diversos momentos que Hoseok achou que morreria de dor; ficando ao seu lado no dia da morte da mãe e havia o matado e graças ao seu sangue, havia se transformado no monstro que era.

Aquilo não tinha perdão e se em algum momento, a imortalidade fosse tirada de Hoseok, ele sabia que iria queimar no inferno.

Ele havia matado o amigo e tantas outras pessoas durante aquele anos. Pessoas inocentes só pelo prazer de ter o sangue direto da veia e seu desejo doentio de ver a vida se esvaindo dos olhos mortais. Ele era um monstro; como conseguia ter sentimentos por Hyungwon sabendo que matava os de sua espécie?

Tantas coisas eclodiam na mente do vampiro. Culpa, ódio de si mesmo e uma estranha e pouco conhecida, pontada de medo.

Mas tudo estava para piorar e Shin soube disso assim que, enfim, saiu da floresta e parou em frente a sua casa.

Estava prestes a entrar na casa e encontrar o conforto daquilo que havia se tornado seu lar, mas um movimento em um dos galhos atrás de si, o fizeram se virar.

Sentada no galho de um alto pinheiro, a criatura mais demoníaca se sentava de forma elegante.

— Bonjour mon cher...

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Hyungwon havia acordado no domingo sem Hoseok e aquilo havia o deixado um tanto quanto decepcionado, mas entedia as complicações que aconteceriam se o pai visse um vampiro em sua cama.

Contudo, havia sido agraciado com um bilhete de Hoseok, algo que nunca imaginaria ter a oportunidade de receber dele.

“Deveríamos marcar isso novamente... É bom ter você dormindo em meus braços.”

Hyungwon sorria feito bobo, guardando o bilhete no meio de algum livro de seu quarto, tendo a certeza de que o releria muitas vezes mesmo que às palavras fossem simplórias.

Ele estava apaixonado e só havia aberto os olhos a isso, graças a irmã. Como havia conseguido ignorar esse sentimento por tanto tempo? Ele era tão intenso...

Não poderia mais perder tempo. Um beijo já havia rolado e estava claro que as coisas entre eles iriam crescer cada dia mais e aquilo trazia tantas preocupações... Mas muitas, tantas e diversas expectativas para viver essa paixão. O fim poderia ser desastroso? Era óbvio que sim. Entretanto, Hyungwon queria ao menos tentar e se tivesse que quebrar a cara, que fosse sem arrependimentos.

Talvez aquela nova onda de coragem fosse resultado daquela sinistra transformação que o rondava, mas seja qual fosse o motivo, Hyungwon estava disposto a fazer dela uma parte constante de si.

Saiu de seus pensamentos assim que se lembrou de Kihyun e seu estado na noite anterior. Com transformações ou não, o amor e zelo que tinha com Yoo nunca mudariam.

Pegou o celular e verificou as mensagens.

A irmã já havia chegado a Seoul e pelo teor de suas mensagens, também já havia se divertido com a tal fada. Porém, nenhum sinal de Kihyun.

Escreveu uma rápida mensagem o perguntando como estava e a resposta veio rápida, simples e fria. “Estou bem.”

Aquilo não era do feitio do amigo, mas Hyungwon também entedia que Kihyun não esteva a vontade para desabafar e Chae sabia que ele merecia espaço. Estaria ali se o amigo precisasse e não o pressionaria; não seria desrespeitoso dessa forma.

E assim o domingo se seguiu. Preocupado com o amigo e ansioso por rever o vampiro e claro, para sentir seus lábios novamente.

E a segunda chegou. Nublada e chuvosa, fazendo todos de Taebaek andarem com guarda-chuvas e tomando cuidado para não caírem nas calçadas escorregadias. Todos estavam agasalhados com diversas roupas de inverno e com cara de sono.

Hyungwon era um deles, apesar de já não sentir tanto frio como antes e ainda mais pela ansiedade que sentia.

Estacionou seu carro no estacionamento da escola e seguiu até a mesa familiar onde a matilha ficava.

Todos o cumprimentaram com com sorrisos e vozes sonolentas. Youngjae só o olhou com um sorriso de deboche e Hyungwon fez questão de o fuzilar com os olhos.

Yoongi estava distante de Kihyun, mas não tirava os olhos do garoto e Kihyun o evitava a todo custo, claramente desconfortável.

Dando um último e discreto olhar para a mesa do clã de vampiros, Hyungwon se certificou de que Hoseok não havia chego e com isso, fez o correto para um amigo.

— Kihyunnie, preciso passar na biblioteca pegar alguns livros... Vem comigo? — Fez bico para o amigo.

Kihyun só concordou com a cabeça e assim, os dois começaram a rumar até o prédio da escola.

— Obrigado. — Yoo sussurou ao amigo.

Hyungwon sorriu reconfortante para ele e começou a falar de um assunto aleatório, feliz por tirar algumas risadinhas do lobo.

Hyungwon não queria ser muito grudento com Hoseok, porém precisava o dizer algumas coisas. Desabafar sobre o que andava sentindo, sobre o que queria fazer com o vampiro... Da mesma forma que ele havia feito na noite de sábado.

Por isso, Chae se via a frente da casa do clã de vampiros. Era a terceira vez que estava ali e talvez, a vez que mais estava ansioso. Afinal, falar de sentimentos nunca é fácil.

Levantou a mão para tocar a campainha, mas a porta se abriu rapidamente, assustando Chae.

— Olá dear. — Changkyun sorria com os olhos brilhando em malícia. — Você é ainda mais bonito de perto.

— Ah... Obrigado. — Sorriu amarelo.

— Não o assuste, Im. — Ralhou o sempre elegante Minhyuk, que se pôs ao lado do outro vampiro e sorriu receptivo. — Entre!

Hyungwon entrou, se sentando no sofá a pedido de Lee e logo se viu no meio dos dois vampiros. Changkyun continuava o olhando com malícia e Minhyuk sorrindo com expectativa.

— E então, o que te traz a nossa humilde casa? — Foi Changkyun quem questionou, cruzando as pernas com graciosidade. — Talvez esteja a procura de um certo vampiro de 1,77?

— Para ser sincero, sim. Preciso falar com ele sobre... Um trabalho de biologia. — Mentiu na cara dura. Mentiras já estavam de tornando comuns para si.

— Não me diga. Trabalho? Seria sobre anatomia? — Foi a vez de Minhyuk fazer suas insinuações.

Hyungwon olhou para o platinado sem reação. Tentando fingir tédio diante da insinuação.

— E então, onde ele está? — Perguntou.

Os vampiros se olharam discretamente, os próprios sem saber onde o amigo estava.

— Huum, ele saiu junto com os outros para caçar. — Changkyun mentiu, fingindo casualidade e analisando as unhas pintadas de preto.

Hyungwon o olhou um tanto assustado:

— Caçar?

— Caçar sangue dos hospitais. Relaxe, nós não matamos para nos alimentar. — Só Hoseok, emendou mentalmente o Lee. — Não sei se eles voltam ainda hoje...

Não era totalmente mentira... Jooheon e Hyunwoo realmente haviam ido até os hospitais para contrabandear alimento para o clã, mas Hoseok não estava junto deles e também havia desaparecido do radar dos amigos.

— Mas não precisa ir embora. — Adiantou Changkyun, já ficando mais próximo de Chae. — Podemos nos divertir...

— Você não é companheiro de alguém, não? — Indagou com sarcasmo.

— Gostei dele. — Falou para Minhyuk e soltou uma risadinha suave. — Sim, Dear e te garanto que Jooheon é muito bom no quesito diversão. O que quis dizer, é que poderíamos nos tornar mais próximos.

Hyungwon o olhou por um instante e desviou os olhos para Minhyuk.

— E o que vocês propõem?

— Ouvi falar naquele bar, Devil's Fork? Todos parecem ter ido, menos eu... — Chang fez bico.

Hyungwon suspirou sabendo que não teria escapatória, pois Minhyuk já batia palminhas animado e já o puxava para fora da casa.

O bar não estava movimentado a aquela hora do dia, ainda mais por ser uma segunda, de forma que só havia os três sentados à uma mesa e um garçom lobo.

Imediatamente, o lobo reconheceu Hyungwon, mas não o olhou torto ou algo do gênero. Não havia espaço para preconceitos naquele lugar.

— Oi Wonnie. — Sorriu alegre para o companheiro de matilha e repetiu com os vampiros. — O que desejam?

— Nos surpreenda... — Changkyun falou com um sorrisinho maroto e uma voz sensual.

O lobo corou e sorriu tímido, anotando os pedidos de forma desajeitada e saindo apressado.

— Changkyun, você não pode fazer isso com as pessoas. — Advertiu Minhyuk.

— Qual é, ele é um pedaço de mal caminho. — Mordeu os lábios, encarando o garçom de cima a baixo. — Só não contem isso para Jooheon. — Advertiu aos outros dois. 

— Não podemos negar que ele é gostoso. — Hyungwon, enfim, falou, também analisando o lobo dos pés a cabeça.

Minhyuk só riu, mas acompanhou os amigos naquilo.

— Me lembre de dar parabéns para Hoseok por ter te achado. — Changkyun comentou.

Hyungwon corou e sorriu bobo.

— Ah, que fofo! Olhe esse olhar! — Minhyuk bagunçou os cabelos de Hyungwon e o olhou com um sorriso radiante.

Hyungwon não saberia por conta daquelas insinuações dos vampiros, mas os dois estavam felizes pelo amigo estar se tornando, mesmo que em um processo lento, um pouco mais humano.

— E aí, vocês já transaram? — Changkyun perguntou em determinado momento, entornando uma bebida especial da casa.

— Meu Deus! — Exclamou Hyungwon ficando vermelho. — Que tipo de pergunta é essa?

— Do tipo que amigos fazem, Dear. — Respondeu como se fosse óbvio.

E agora eles eram amigo?

Hyungwon não poderia mentir... Ele estava criando afeição por aqueles dois amalucados.

Depois de duas horas falando obscenidades sobre o garçom e flertando com ele e ouvindo insinuações dos vampiros, Hyungwon voltou a sua casa.

Animado pela recente diversão com Changkyun e Minhyuk, contudo triste por não ter visto Hoseok e por não ter lhe dito o que tanto queria.

Mas o começo da tempestade estava próxima e assim que chegou em casa e sua mãe falou que Kihyun estava o esperando em seu quarto, soube disso.

Antes de abrir a porta, pôde escutar o choro baixo do amigo graças as novas habilidades ganhas.

Abriu a porta com suavidade e a fechou da mesma forma, não chamando atenção do amigo que estava sentado na cama de costas para si.

O abraçou por trás, afagando seus cabelos róseos  com carinho.

— Calma, Kihyunnie... Eu estou aqui. — Falou baixo e com doçura.

Kihyun se virou para o amigo e escondeu o rosto inchado e choroso em seu pescoço, devolvendo o abraço com força, necessitando de carinho naquele momento onde seu coração doía.

— O Yoongi... Eu achei que estávamos evoluindo. — Falava entre soluços. — Na festa da clareira... Me disseram que... — Soltou um soluço de cortar o coração. — Ele estava ficando com um tal de Jimin.

Hyungwon sentiu o sangue ferver. Como Yoongi poderia ter brincado com seu amigo daquela forma? Sentia que era capaz de socar a cara do Min naquele momento.

Não sabia o que falar... Nunca havia passado por uma traição. Com a falta de palavras para o momento, Hyungwon só o abraçou mais forte e continuou repetindo que estava ali e sempre estaria.

Mas em seu interior, ele sentia que algo de ruim começava a se desenrolar. A tempestade estava próxima...