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Cidade de Taebaek — 7 de fevereiro de 2020;
Chae Hyungwon, encarava as estrelas deitado na grama de seu quintal. O nervosismo o consumia e não era de menos, o último ano do ensino médio havia chegado e junto dele milhares de obrigações e responsabilidades que Chae teria que cumprir dali para frente. Suspirou só de pensar nas coisas que teria que decidir e por mais que desejasse que aquilo significasse o curso que queria cursar, não era nada disso. Na verdade, era algo além de suas escolhas, eram escolhas exclusivamente de seus pais. Hyungwon era um dos grandes candidatos a assumir a liderança do pack de seu pai, pois acima de todas as suas ambições, a família vinha em primeiro lugar. Suspirou cansado ao se imaginar liderando um bando de lobisomens raivosos com tudo, e isso o fez querer se encolher e chorar como uma criança, porque apesar de tudo, Hyungwon era só um adolescente que ainda não havia amadurecido seu lado lobo. Hyungwon era jovem e ainda tinha inseguranças sobre tudo e infelizmente ele não podia viver por si, mas sim por seu pack, pelas obrigações que um dia seriam suas.
— Hyungwon. – Kihyun, chacoalhou o maior. – Olha só garoto, abra os olhos okay? Você precisa me ajudar.
— Cale a boca, Kihyunnie e me deixe dormir. – Murmurou dando um tapa fraco no dedo de Kihyun que insistia em tentar abrir suas pálpebras.
— Você me respeita que sou mais velho. – Estufou o peito em orgulho.
Hyungwon riu da idiotice do amigo e abriu os olhos, se levantando e ficando a frente do de cabelos róseos.
— É o mais velho… E o mais baixinho também. – Caçoou.
Kihyun abriu um enorme beiço e deu as costas para o mais novo, o xingando com os piores palavrões. Hyungwon seguiu o amigo com um sorriso divertido no rosto.
— Não precisa ficar bravinho. – Falou infantilmente.
— Vocês mais novos… Não tem educação mesmo. – falava irritado.
— Você é só alguns meses mais velho. – Lembrou.
Kihyun aumentou seu bico e encarou Hyungwon com seus olhos amarelos de lobo. Hyungwon fez bico, odiava quando Kihyun se bajulava por ter seu lado lobo desperto. Suspirou e deu as costas para o amigo, subindo até seu quarto, onde pela última vez encarou as estrelas antes de fechar a janela.
— Wonnie… – Yoo entrou no quarto com uma face infantil de quem fez coisa errada. – Não fiz por mal.
— Eu sei, Kihyunnie. – Murmurou acariciando os cabelos do amigo. Apesar de estar triste ao se lembrar de como era a ovelha negra da família, não podia simplesmente ficar bravo com seu melhor amigo por besteiras infantis. – Vamos dormir certo?
Kihyun concordou e se jogou na grande cama do amigo. Hyungwon fez careta ao ver que Yoo tomava conta de toda sua cama e deixava um mísero espaço para si.
— Folgado. – Murmurou se deitando contra a parede, quase se fundido com a mesma.
Kihyun abraçou Hyungwon por trás como sempre fazia e passou uma de suas pequenas pernas sobre o corpo do amigo.
— Eu tenho cara de urso de pelúcia agora? – Encarou bravo o amigo por cima do ombro.
— Um urso de pelúcia bem fofo. – Murmurou sonolento.
— Isso tudo é carência, porque não arranja um namorado. – Comentou.
— Ah certo, você realmente acha que eu sou obrigado a aturar outra pessoa me infernizando? – Abriu um de seus olhos e encarou Hyungwon.
— Nem se fosse o Yoongi? – Provocou.
Kihyun corou e deu as costas para Hyungwon. Yoongi era o ponto fraco de Kihyun e Hyungwon bem sabia disso. E Kihyun também era o ponto fraco de Yoongi, porém, os dois eram imbecis o suficiente para não ver a verdade que estava estampada em suas caras. Eles se amavam, só faltava se comerem logo.
— Yoongi não gosta de mim. – Falou aéreo.
Hyungwon encarou o amigo por cima do ombro e suspirou, não entendia esse lance de amor, nunca entenderia. Por que era tão difícil admitir que se ama alguém? Por que as pessoas complicavam algo que parecia ser tão… simples?
— Não gosta de você? Ele é completamente na sua. – Sentou na cama e encarou o amigo sério. – Você sabe disso, o que te impede de conversar com ele e falar tudo o que sente logo?
— É complicado. – Falou recebendo um olhar de repreensão do amigo. – No dia que você amar alguém vai entender.
A verdade era que Hyungwon nunca havia amado alguém daquela forma. Já havia ficado com tantas pessoas, porém, nunca tivera a oportunidade de amar alguém.
— Vocês sempre complicando as coisas. – Voltou a se deitar, fechando os olhos e novamente divagando sobre as coisas que iria enfrentar dali para frente.
[ • • • ]
Algo estava estranho na pequena cidade de míseros cinquenta e dois mil habitantes. Os pássaros pareciam mais agitados no céu e o ar parecia ainda mais frio. Uma névoa cobria o topo das árvores e causava uma imagem sinistra como as de filmes de terror.
— As mudanças climáticas desse ano estão me deixando louco. – Bufou Kihyun, enquanto terminava de colocar suas luvas. Hyungwon o encarou com as sobrancelhas franzidas. – O que foi? Está frio.
— Você é um lobisomem, não é como se precisasse disso. – Relembrou.
— Eu ainda sou humano! – Falou.
— Deixe o Kihyunnie. – A Sra. Chae que estava terminando de fazer as panquecas do café, repreendeu o filho.
— Às vezes acho que você ama ele mais do que eu. – Cruzou os braços ciumento.
A Sra. Chae revirou os olhos com o drama do filho, já Kihyun ria de Hyungwon. Chae não evitou sorrir no fim. Não era como se todas as suas preocupações de adolescente o impedisse de ser feliz, pelo contrário, ao saber que logo teria parte de sua vida tomada por tantos afazeres e responsabilidades, Hyungwon aproveitava o resto de sua vida livre das obrigações com intensidade. Kihyun encarava Hyungwon enquanto o mesmo divagava em seus pensamentos.
— Está pensando nos namoradinhos é? – provocou o amigo.
Hyungwon o encarou com uma cara feia.
— Vai se… – Se calou ao receber um olhar repreendor da progenitora.
O clima logo se desfez com a entrada do Sr. Chae na cozinha. O pai de Hyungwon se sentou na ponta da mesa e logo encarou o filho com a típica cara de sempre. De alguma forma o Sr. Chae culpava o filho por não ter tantos genes de lobisomen, por não ter acordado seu lado lobo, mesmo que no fim nada daquilo fosse culpa de Hyungwon. O mais velho voltou o olhar para Kihyun e sorriu, era óbvio que queria alguém como o de cabelos róseos como filho, e aquilo machucava Hyungwon, mesmo que o outro sempre se mantesse forte na presença do Chae mais velho. Hyungwon tomou seu café rápido e rapidamente se retirou da mesa, indo até seu quarto. Se trancou no cômodo e permitiu que a dor da rejeição invadisse seu ser. Ser rejeitado pela pessoa que lhe deu a vida era simplesmente… doloroso de uma forma inexplicável. Hyungwon se sentia inútil a cada olhar que o Sr. Chae lhe lançava. Respirou fundo várias vezes e secou as lágrimas, resolvendo se arrumar logo para o primeiro dia de aula. Vestiu a primeira roupa que viu e colocou sua mochila sobre um dos ombros e desceu rapidamente as escadas.
— Kihyun, está na hora de irmos. – Falou indiferente aos olhares do pai.
Kihyun concordou e se despediu com sorrisos dos Chae. Saiu da casa, lado a lado com Hyungwon e suspirou triste diante do silêncio do amigo, pois sabia muito bem o que aquilo representava.
— Wonnie… – Chamou inseguro, fazendo Hyungwon parar antes de entrar no carro. – Você sabe que ele te ama… Apesar de tudo.
Hyungwon, concordou vagamente. Estava cansado de escutar aquilo vindo de Kihyun e de sua mãe. Aquele homem não o amava, estava na cara isso, só os outros não percebiam. Entrou em sua Mercedes e esperou Kihyun entrar também. Kihyun suspirou pela teimosia do amigo e entrou pelo lado do passageiro. O caminho todo para a escola, Hyungwon se deixou pensar no exato momento em que pai havia parado de tratá–lo como filho. Kihyun percebia as caretas de decepção do amigo e por mais que Hyungwon se fizesse de forte, Kihyun o conhecia muito bem para saber que ele estava frágil por dentro.
Hyungwon estacionou no estacionamento da escola e suspirou. A aquela hora a escola já estava movimentada, todos animados para rever os amigos. Hyungwon caminhou com Kihyun até seus amigos, sendo recebidos por abraços e high fives por todos os lados. Hyungwon sorriu ao ver alguém em especial, Youngjae, o cara por quem mantinha certo “crush”. Youngjae retribuiu o sorriso e se aproximou de Hyungwon, o abraçando pela cintura e deixando um leve beijo na bochecha do mais velho.
— Bonito como sempre, Wonnie. – Murmurou rente ao ouvido do outro.
Hyungwon corou e desviou os olhos de Youngjae, no exato momento que os cinco caras mais estranhos que já havia visto, chegavam na escola. Hyungwon encarou todos com surpresa. Eles eram simplesmente bonitos demais, como se tivessem sido esculpidos por anjos. A pele era tão pálida, mas ao mesmo tempo tão delicada que Hyungwon se perguntava se eles não quebrariam com tantos olhares sobre si. Hyungwon prendeu seu olhar em um em especial, este que mantinha um sorriso de lado estampado nos lábios fartos e encaravam todos os olhares em si com diversão, como se gostasse da atenção. Percorreu seus olhos negros e brilhantes por todos que o encaravam e enfim parou em Hyungwon, o encarou por longos segundos como se algo neste fosse interessante para si, sorriu cafajeste e desviou o olhar rápido. Hyungwon, porém, não desviava os olhos daquele garoto de cabelos vermelhos. Havia algo nele… algo instigante.
— Wonnie… – Youngjae chamou sua atenção pondo uma mão em seu ombro. – O sinal bateu.
Hyungwon corou por ter ficado tão hipnotizado por alguém que nem conhecia e com um último sorriso, se afastou de Youngjae e correu até sua primeira aula do ano, Biologia. Para sua sorte, o professor não estava na sala. Se sentou em uma das carteiras duplas e suspirou feliz ao ver que a outra parte da carteira estava vazia. Encarou o quadro podendo ler o título da primeira aula .“Biologia Reprodutiva Humana”. Maravilha, eles iam falar de sexo e como um bom virgem que Hyungwon era, já imaginava os vários micos que iria cometer.
— Esse lugar está ocupado? – Alguém perguntou com uma voz rouca.
Hyungwon levantou os olhos e se deparou com os mesmos olhos negros de antes. Era o novato.
— Ah… não. – Respondeu, tentando parecer normal.
O garoto de cabelos vermelhos se sentou ao lado do moreno e sorriu. Aquela seria uma presa interessante e antes que pudesse tomar alguma atitude, o professor entrou na sala, assim silenciando toda a turma. Hyungwon bufou, odiava aquele professor e não era de menos. O velho professor Hwan já havia dado recuperação para Hyungwon, todos os anos que Hyungwon caiu em sua turma, e parecia particularmente odiar o garoto, aparentemente sem motivos.
— Espero que saibam que continuarão com os mesmos colegas de carteira até o fim do ano. Sem discussão. – Sorriu maldoso para a turma. – Sem enrolações… Já devem ter lido o título do quadro. Vamos estudar Biologia Reprodutiva Humana e vocês devem saber o que isso significa.
— Sexo. – Gritaram alguns alunos em uníssono.
— Não somente sexo. – Revirou os olhos. – Vamos falar de amor e atração.
Hyungwon apoiou seu rosto nas mãos e inspirou profundamente, se surprendendo com o cheiro maravilhoso que o novato ao seu lado exalava. O de cabelos vermelhos não deixou isso passar despercebido e sorriu cafajeste se aproximando do moreno e sussurando em seu ouvido.
— Não me apresentei… me chamo, Shin Hoseok, muito prazer. – Deu ênfase na última palavra.
Hyungwon engasgou com a audácia do outro e o encarou feio.
— Se espera que eu te diga quem eu sou… Você está enganado. – Murmurou baixo para o professor não ouvir.
Hoseok sorriu. Realmente, aquele garoto era instigante.
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