Entramos na Chanel e Yoongi já estava pegando roupas para eu provar, depois me passou todas as roupas que escolhera e apontou para o provador.
– Eu acho que você não entendeu bem o conceito do que é um castigo – falo.
– E eu acho que você não iria gostar muito do castigo que eu ia escolher – deu um sorriso malicioso e eu estremeci – Vamos! Vá se trocar!
Entrei no provador e peguei um vestido vermelho fogo, olhei a etiqueta que ficava na altura da minha cintura e quando olhei, quase morri.
– Yoongi, isso aqui custa mais do que o que todo o prédio em que eu moro!
Ouvi uma risada e então provei o vestido, que apesar de ser muito bonito, ele era muito curto, além de um grande decote. Abri a cortina e ele me olhou.
– Cadê o resto desse vestido? Não dá para sair com ele, nem pra usar dentro de casa de tão curto e apertado que é.
Ele não respondeu apenas deu um sorriso bobo, mas então vejo um homem atrás dele fitando o meu corpo e Yoongi segue meu olhar e me empurra para dentro do provador novamente.
– Você tem razão, acho melhor usar esse preto e longo – ele fala.
– Isso parece uma burca!
– Mas esse é o objetivo!
QUEBRA DE TEMPO
Estávamos agora tomando sorvete e Yoongi tinha me feito provar uns sessenta e cinco vestidos, conjuntos, calças e também tinha me comprado algumas roupas e sapatos.
Por que ele fez isso? Não sei! Mas por incrível que pareça, nós estávamos nos divertindo. No meio das compras, o convenci a provar roupas de lojas de departamento e ele ficou bem bonito, tanto que comprou metade da loja.
– Tá ficando tarde – disse, olhando o teto de vidro do shopping – Vamos?
– Vamos.
Levamos todas as sacolas (e eram muitas) para o carro com um pouco de dificuldade e voltamos para a empresa para buscar os nossos pertences.
Chegamos na empresa que estava vazia, eu e Yoongi conversávamos sobre assuntos aleatórios e gargalhavamos como dois bêbados. Yoongi entra na sala dele e pega umas pastas e algumas chaves, enquanto eu vou para a minha sala, entro e encontro Jimin lá!
– Jimin? – ele se vira para mim com uma expressão cansada e triste no seu rosto abatido.
– Oi, Julie – se levantou rapidamente da poltrona.
– O que você está fazendo aqui?
– Por que você mentiu para mim?
– Menti?
– Sim, mentiu. Você me disse que estava na casa do Hoseok, então eu fui lá para ver vocês, mas quando cheguei ele disse que não te via desde o aeroporto.
– Julie, o que... – Yoongi entra na minha sala – Jimin?
– Você... Você estava na casa dele, não é Julie?
– Eu... Eu... – e agora? O que eu faço – Eu estava.
– OK, mas por que você mentiu?
– Eu a obriguei – Yoongi se pronunciou – Ela não queria, mas eu a arrastei até lá, disse para ela mentir para você não a procurar.
Jimin se levantou, pegando sua fiel maleta/bolsa preta e veio até mim, me encarou e me deu um selar, depois veio até o meu ouvido e sussurrou:
– Você vai entender.
E simplesmente saiu correndo, não entendi o que acabara de acontecer, mas vi, pelo canto do olho, que Yoongi estava de punhos fechados e com o rosto contraído e vermelho.
Peguei minha bolsa e a minha pasta, daí desci com Yoongi até a garagem, então entramos no carro. O caminho estava muito silencioso então resolvi quebrar o gelo.
– Yoongi, por que é que a CL não gosta do nome original dela?
– Bem... – ele respirou fundo, percebi que agora estava se acalmando – CL não é filha de meu pai, eu e Woozi somos filhos de outro casamento da nossa mãe.
“O nome real dela é Lee ChaeLin, o sobrenome é em homenagem, mas quando ela era bem pequena, com, tipo, uns quatro anos de idade, o pai dela agredia a minha mãe e depois, foi com CL, mas depois foi preso é morto duas semanas depois numa revolta de prisão. Minha mãe ficou viúva no meio do divórcio e CL adorou esse nome, mas nunca mais usou o original”
“No ano seguinte, minha mãe conheceu o meu pai e depois de alguns meses, eles se casaram, dois anos depois, eu nasci e depois de mais dois, Woozi veio ao mundo. CL só nos contou essa história depois dos meus catorze anos e disse que nunca deveria fazer o que ele fez”.
Nunca pensei que CL tivesse um passado tão obscuro e nem que fosse filha de outro casamento, que fora tão agressivo. Os três eram muito parecidos, então provavelmente puxaram a genética da mãe.
Em pouco tempo, chegamos na frente do meu prédio, mostrei o meu rosto para o porteiro deixar o carro entrar, paramos no estacionamento subterrâneo do edifício e pegamos as “minhas” sacolas e apesar de serem muitas, ainda tinha várias no carro com as roupas dele. Lembrei da mulher do caixa me perguntando: “Vocês são casados?”. Eu fiquei vermelha, mas Yoongi se adiantou para responder: “Não, somos só amigos” e ela falou: “Que pena! Vocês formam um belo casal”.
Subimos pelo elevador com as mãos lotadas de sacolas, mas ele parou em um andar e a velha do dia do alarme de incêndio entrou, nós tentamos esconder nossos rostos atrás daquele monte de sacolas, mas acabamos rindo muito alto e nos reconheceu, mas quando ela abriu a boca para falar alguma coisa, paramos no meu andar, a porta abriu e eu e Yoongi saímos em disparada para o meu apartamento, ainda gargalhando.
Abri a porta com um pouco de dificuldade, mas consegui, joguei as sacolas no sofá e cai no meio delas. Já Yoongi pôs as que ele carregava em cima da poltrona, recuperando o fôlego, assim como eu.
– Vai querer alguma coisa? Café? Água? Suco? – perguntei.
– Não, obrigado. Eu preciso ir agora.
– OK – me levantei e fui abrir a porta para ele – Tch... – ele me interrompeu com um selar, joga uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e sorri, vitorioso.
– Tchau – ele diz e saiu.
– T-Tchau – falei, mas ele já tinha ido, senti o meu coração disparar, quase saindo pela boca, mas, ainda assim, era uma sensação boa. Fechei a porta, encostei as costas na mesma e me deixei escorregar até conseguir sentar no assoalho. Fiquei sentada ali, pensando e rindo, como uma boba apaixonada de um filme de romance.
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