História Womanizer [1a temporada] - XXVI. Preciso Te Encontrar

DUAS SEMANAS DEPOIS...

P.O.V. Julie

– Julie, cheguei! – ouvi a porta de entrada fechar, o som metálico das chaves que foram jogadas no criado-mudo e a voz de Yoongi preencher o ambiente é que agora era tão comum para mim quanto a minha tristeza.

Eu estava sentada na mesa da cozinha, usando o meu novo notebook que ele me dera, talvez para amenizar a minha culpa ou a dele, tanto faz, mas não deu certo, já que toda vez que eu olhava para aquilo, me lembrava ele.

Estava acessando um site de desaparecidos, mas não tinha nenhum mísero sinal de Jimin desde aquela noite. Tudo aquilo mexeu comigo, no fundo, me sentia responsável por ele, já que fizera o mesmo por mim, mas era o laço da nossa amizade. Eu o amava o bastante para não deixar nada de ruim acontecer com ele. Mas saber que eu não tive êxito, só me deixou ainda mais destruída.

Conseguimos apagar o fogo na palha que era aquele maldito vídeo da briga antes que fosse parar em mãos perigosas, ou melhor, mãos da imprensa. Aquilo só passara por alguns funcionários, mas eles tinham muito medo de Yoongi para se atreverem a fazer algo com o vídeo.

Ainda bem que conseguimos conter o vídeo, porque, se não, a empresa poderia acusá-lo de “abusivo” ou “opressor”, além de saber que ele não se perdoaria se eu acabasse na mira dos paparazzi.

Ele chegara da empresa cansado, pois tinha uns assuntos para resolver, cujo os quais disse que eu não seria necessária.

Fiz um bom chá de camomila e maracujá (uma mistura das receitas da minha mãe com a da minha avó canadense) e dei para ele tomar, mas eu sabia que ele iria ficar tão desnorteado que teria que dormir no sofá. Mas era preciso, já que ele não dormia há vários dias e isso me preocupava.

Depois de terminar de tomar todo o chá da garrafa térmica, ele deitou e ficou encarando o teto, provavelmente imaginando coisas absurdas (pelo menos, é isso que acontece comigo).

Ouço alguém bater freneticamente na porta, vejo Yoongi deitado no sofá, totalmente molenga, parecendo um bêbado, além de não conseguir usar palavras para falar, apesar de eu saber que ele estava xingando o universo por não conseguir levantar.

Ele ainda tentava levantar a cabeça, empurro-o de volta e ele acaba desmaiando. “Finalmente o chá fez efeito” penso “Já não era tempo”.

Me arrastei até a porta (assim como fiz durante todos esses dias) e abri, dando de cara com Taehyung curvado, carregando Jimin que estava desmaiado, mas ainda era evidente os seus hematomas espalhados pelo pouco que dava para ver de seu rosto e corpo, já que ainda estava vestindo a mesma roupa de semana passada e esquecera a chave de casa aqui.

Ainda usava sua jaqueta preta de gola alta, com uma calça de couro da mesma cor e sua camisa do Chris Brown, mas diferentemente de antes, tudo estava surrado e sujo.

Puxei Taehyung para dentro quase que imediatamente, ajudei-o a colocar Jimin em cima da minha cama, levantei, fui a sala e olhei de relance para o sofá. Mas Yoongi ainda dormia profundamente, totalmente esparramado, além de estar roncando. Voltei para o quarto e sentei ao lado do loiro.

– O que aconteceu, Tae? Onde ele estava? – pergunto, com lágrimas teimosas que insistiam em cair, mas eram lágrimas de felicidade.

– Eu saí de carro para encontrar com o Hoseok, mas acabei vendo-o num beco, sendo espancado. Assustei aqueles moleques que queriam o dinheiro dele. Peguei-o já inconsciente, liguei pro Hobi e com o mais rápido possível, sabia que você estava muito preocupada com ele.

– Obrigada! – eu disse, sorrindo para ele, mas ainda chorando – Mas agora, por favor, traga água quente, gaze, esparadrapo, algodão e álcool. Preciso cuidar dele.

– Está bem – saiu.

Levantei um pouco seu tronco e tirei sua jaqueta, logo depois, sua camisa e vi os outros hematomas espalhados pelos seus braços fortes e seu belo abdômen, mas o que realmente me preocupou foi a grande mancha vermelha que tomava parte de toda a sua barriga. Minha primeira reação àquilo foi: “Ah, não”.

– Ele está tendo uma hemorragia interna! – grito, já desesperada – TAEHYUNG!

ALGUMAS HORAS DEPOIS...

P.O.V. Jimin

Abro meus olhos devagar, uma luz desconhecida queimava minhas pupilas, estava tudo tão claro. Com o tempo, acabo me adaptando com a claridade, olho ao redor e percebo que estava no quarto de Julie.

Tento sentar, mas minha barriga dói como se tivesse levado uma facada no abdômen. Vejo que a mesma estava enfaixada, além de que vários curativos cobriam meu corpo.

Ouço a porta abrir e vejo-a entrando no quarto com uma bandeja com comida para mim. Ela me viu acordado e abriu um sorriso ladino, meio triste.

– Você acordou. Ainda bem – ela falou, mas eu não respondo – Eu sei que você ainda está chateado comigo e eu peço desculpas por ter mentido, não foi minha intenção te magoar... – falou, colocando a bandeja no criado-mudo ao meu lado e dá um suspiro cansado.

Analiso seu rosto e vejo as olheiras profundas, seu cabelo quebrado e bagunçado que dava a impressão de que não tinha dormido há vários dias. Mesmo estando com um pouco de raiva dela, não conseguia a ver dessa maneira.

– Não. Não estou. Pelo menos, não mais – digo e aponto o olhar para a minha barriga – Foi você?

– Foi – ela sentou ao meu lado e verificou o curativo com um ar orgulhoso.

– Hemorragia?

– Interna, sim. Ela estava ficando cada vez maior, então tivemos que “operar” aqui mesmo – eu a olhei, confuso.

– E o seu medo de sangue?

– Mas não fui eu quem operou. Só indiquei as instruções e fiz o curativo.

– Ah, tá – ela me estende uma maçã bem vermelha e eu dou uma mordida, mastigando com voracidade – Mas quem operou?

– Foi o Tae.

– Sério? – falo, surpreso.

– Sim. Por quê?

– Percebi que ele é meio desastrado.

– E ele é, mas não tem nada que você precise se preocupar.

– OK – olho para a maçã, entrando no perigoso mundo que era a minha mente depois de lembrar de algumas coisas – Julie?

– Sim.

– Você e o Yoongi estão mesmo namorando?

– Não.

– Então por que ele disse isso?

– Porque ele acha que temos algo.

– E vocês têm?

Ela para um pouco, endireita as costas e olha no fundo dos meus olhos.

– Não.