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História Wonderland (Dramione) - Capítulo 11


Escrita por: IaniD

Capítulo 11 - Capítulo 11


Fanfic / Fanfiction Wonderland (Dramione) - Capítulo 11

Draco acordou em um sobressalto examinando a manta e o travesseiro com desconfiança.

Hermione.

Havia um bilhete preso a barraca.

 

Fui buscar o café da manhã.

 

Bem direto. Ela devia estar brava com ele. Draco não a culpava, e não saberia explicar o porquê de sua birra, mas a ideia de dormir com ela o assustou mais do que gostaria de admitir. Passou boa parte da noite pensando.

Ela não pediu pra ele parar. E não pediria se ele a beijasse de novo. E era isso que o petrificara, ela queria. E ele...

Por Salazar, não! Não podia.

Por que não?

Uma voz surgiu em sua mente, e ele tentou silenciá-la sacudindo a cabeça.

Você quer beijá-la novamente.

Cala a boca!

Estava atiçando o fogo novamente quando Hermione retornou.

— Por que acendeu isso? Estamos indo embora. Aguamenti. – com um movimento de varinha a barrava foi desmontada enquanto, ela lhe entregava um saco de papel pardo com manchas de gordura.

— Vamos dividir o croissant? – ele perguntou.

— Eu já comi. – ela respondeu sem se virar para ele, ainda guardando tudo.

Sim, muito brava.

Momentos depois ela dirigia em silencio enquanto ele comia. Dirigia mais rápido que o necessário e foi seca em todas as tentativas de conversa que Draco tentou iniciar. Na hora do almoço pararam em um restaurante para comer, e lá o silencio também foi prolongado. Aquilo já estava fazendo Draco ficar puto. O que ela queria que ele fizesse?

A conta foi paga e quando voltaram ao carro, Draco se recusou a dar a partida.

— Algum problema? – ela perguntou.

— Você quer parar com isso?

— Não estou fazendo nada.

— Exatamente. Você sempre é uma otimista insuportável, nunca cala a boca, e agora está brava comigo porque não quis te fuder naquela barraca?

O tapa de Hermione foi forte e certeiro.

— Seu idiota convencido! Você não entende nada! Desde que a gente se reencontrou eu não fiz nada além de te ajudar, e você só me afasta. Eu não queria nenhum tipo de carícia vinda de você. Só queria que você visse a mim, e a todos os trouxas, como pessoas iguais a você. Queria que percebesse que não somos inimigos, e que você não precisa ser um idiota.

— Hermione... – ele tentou.

— Não! Eu cansei. Quer se trancar na sua torre inalcançável de sou-melhor-que-todo-mundo? Ótimo. Entendi o recado, não vou mais te incomodar. – ela se virou pra frente como se colocasse fim a discussão.

Sem ter uma resposta para oferecer, Draco ligou o carro e voltou para estrada.

Ele não sabia como reagir aquilo. A verdade é que nunca ninguém fez tanto por ele, e tão desinteressadamente. Em seu mundo isso simplesmente não existia. As pessoas sempre queriam alguma coisa em troca, nada era de graça.

Ela pedira mil galeões para ajuda-lo, ele lembrou.

Você teria aceitado a ajuda se fosse de graça?, uma voz questionou em sua cabeça.

Não.

E se ela só quisesse que ele fosse legal com ela?

Duh!

Ele queria ser legal com ela. Por Merlim, queria ser muito mais do que só ‘legal’ com ela.

“Draco...” a voz de Oliver invadiu seus pensamentos “...segundas chances são raras. Agarre a sua e não deixe escapar”.

Mas agora Hermione o odiava de novo.

Recupere-a, a voz insistiu em sua cabeça.

Essa parte da estrada estava vazia e eles faziam um bom tempo. Deviam ter cumprido o dobro do percurso que fizeram no dia anterior. Nesse ritmo chegariam a seu destino em breve. Draco pensou que ficaria aliviado quando aquela viagem chegasse ao fim, mas quanto mais perto de seu destino eles chegavam, mais angustiado ele se sentia. Ele sabia que a única coisa que fazia sua vida suportável no momento era Hermione. Precisava convence-la a continuar com ele.  

Quando viu que o GPS indicara menos de uma hora para o fim da viagem, o relógio ainda marcava seis e meia da tarde. Impulsivamente, ele tomou um retorno.

— O que está fazendo? – ela perguntou.

— Pegando a entrada para o hotel. – ele não olhou para ela ao responder.

— O quê? Não, podemos chegar em Campbeltown hoje mesmo. Ainda são seis horas.

— Estou cansado de dirigir.

— Eu posso dirigir.

— Não, terminamos a rota de hoje. – Draco disse com firmeza.

— Quem te colocou no comando da viagem? – Hermione exigira saber.

— E quem colocou você? – ele cuspiu em resposta - Ontem você decidiu a que horas saímos de casa, quando parávamos, quando comíamos. Bem, hoje é a minha vez. Quero janta, um banho e uma cama.

Ele estacionou e saiu do carro antes que Granger pudesse protestar. Sabia que a estava deixando com mais raiva, mas tinha que faze-los parar se quisesse ter uma chance de consertar as coisas. No entanto, ela foi mais rápida e chegou a recepção antes dele, pedindo dois quartos separados. Ele devia ter ficado aliviado, mas não ficou.

Recebeu sua chave e se encaminhou para o quarto, conforme Hermione se afastava dele com o celular na orelha. Draco colocou a mochila na cama e desceu para o restaurante sem tirar os olhos dela. Fez sinal para que Hermione visse onde ele estava e recebeu um sinal positivo em resposta.

Uma mesa perto da janela foi escolhida e Draco tentou bolar uma estratégia. Ele sabia que Hermione estava sendo mais legal do que ele merecia, mas não podia evitar seu pé atrás. Mortes e torturas ainda o atormentavam em pesadelos.

 

***

 

Hermione apareceu quinze minutos depois e pediu a primeira coisa que encontrou no cardápio depois de se afundar no assento. Não queria que Draco percebesse que ela andou chorando. O olhar insistente de Malfoy não se afastava dela, no entanto, o que apenas a deixou mais irritada. O lado bom é que ele não tentou puxar conversa e ela aproveitou para pegar seu caderno preto e o seu livro enquanto esperavam pela comida. Draco mexia no celular, provavelmente se distraindo com um jogo qualquer, ainda que lhe lançasse olhares furtivos de tempos em tempos.

Hermione logo percebeu que ler aquele maldito livro foi uma má ideia. Estava a ponto de joga-lo no chão e começar a gritar de frustração, quando os pedidos chegaram, a impedindo de fazer uma cena.

Ao encarar sua macarronada percebeu não sentia a mínima fome. Não tinha comido nada além do pequeno almoço mais cedo, mas sentia a garganta travada. Estava decidia a voltar para o quarto, mas antes que pudesse anunciar que não estava com fome, Draco começou a falar.

— Hermione... – ele disse e se calou em seguida, como se perdesse a coragem.

— Sim? – ela encorajou, mais por curiosidade que por interesse.

— Eu não te vejo como inimiga. - os olhos da garota dobraram de tamanho e Draco pareceu de repente muito interessado em seu prato de costela. – Eu sei o quanto está sendo legal comigo e sinceramente... você foi a única... amiga... de verdade... que eu já tive. – ele finalmente criou coragem para olha-la nos olhos. – Mas... eu vi muita gente ser torturada e morta em minha própria casa, tudo por associação aos trouxas. Sei que a guerra já acabou e essas pessoas foram mortas ou presas, mas... não é tão simples...

— Eu sei... não é fácil esquecer. – Hermione disse olhando para a fraca cicatriz em seu braço. Se se chegasse perto ainda dava pra ler ‘sangue-ruim’ cravado em sua pele.

Era possível sentir a culpa irradiando de Draco. Foi a tia dele quem torturou Hermione uma vez, deixando a cicatriz como lembrança. Ele esticou a mão e passou o dedo pela marca com uma suavidade que Hermione não imaginava que ele fosse capaz.

— Eu sinto muito. – sua voz não era mais que um sussurro.

— Não sinta. – Hermione respondeu recolhendo o braço. – Foi sua tia quem fez isso, não você.

— Desculpe não ser o amigo que você merece.

— Obrigada por dizer isso. Significa muito pra mim. – Draco lhe ofereceu um fraco sorriso.

— Então está tudo bem? Você não me odeia? – ele pareceu apreensivo por um minuto.

— Não, Draco, eu não te odeio. – Hermione assegurou.

— Ótimo, não quero que chore mais por minha causa.

Então ele tinha notado.

— Por sua causa? – a garota começou a rir – Meu Deus, você é mesmo um idiota convencido, não é? – ela acusou em tom de brincadeira.

— Não era por minha causa que estava chorando?

— Não. E não quero falar sobre isso.

— Ok.

Draco voltou ao seu jantar enquanto Hermione encarara seu prato, percebendo que estava com fome afinal.

 

***

 

O sonserino respirou aliviado quando fechou a porta do quarto atrás de si. Ele ainda não a perdera. Sim, Salazar o amaldiçoe, mas estava feliz em ainda poder contar com Hermione. Quando ela disse que não o odiava, Draco sentiu uma vontade imensa de beij... abraça-la. Sim, abraça-la. Não beijá-la.

Não me faça, rir. Você quer tanto beija-la que chega a ser patético.

Draco oficialmente odiava essa nova voz que se instalara em sua cabeça.

Ok, eu quero beija-la. E fazer muito mais do que apenas beijá-la. Satisfeita?

Mas a voz não respondeu, o que Draco tomou como um bom sinal.

Decidiu tomar um banho, mas percebeu que trouxera apenas roupa para a viagem. O único item de higiene pessoal que se lembrou de trazer foi a escova de dentes e a de cabelo. Hermione devia ter tudo o que ele precisava para emprestar.

— Entre. – ela respondeu quando ele bateu.

— Entre? Sem perguntar quem é? E se fosse um maluco? – Draco a repreendera.

— Eu tenho uma varinha. – ela disse simplesmente. - O que foi? – ela perguntou, sem tirar o nariz do livro que lia. Uma imagem perfeita dela na escola.

— Eu esqueci de trazer shampoo e...

— Pode pegar, está na minha bolsa.

Draco enfiou o braço até o ombro na pequena bolsa de Hermione mas, não sentiu nada que parecesse um frasco de shampoo.

— Como encontra qualquer coisa aqui? – ele perguntou ainda tateando-a.

— Feitiço convocatório. – ela disse jogando sua varinha ao pé da cama para que Draco a usasse.

O sonserino encarou o objeto como se fosse a coisa mais assustadora que ele já viu. Dividir uma varinha era considerado muito íntimo e muitos bruxos não se sentiam à vontade fazendo isso. No entanto Hermione havia lhe oferecido a sua sem nenhum tipo de cerimônia. Ela nem olhou para ele. Não sabia se ela era a bruxa mais estupida, ou a mais incrível que ele já tinha conhecido. Quis abraça-la de novo.

— Obrigado. – ele disse em voz baixa enquanto usava o objeto mágico para retirar da bolsa igualmente magica todos os itens que ele precisava.

— Argh! – num acesso de fúria Hermione chutou o livro que lia para o chão.

Parecendo subitamente envergonhava de sua atitude, Hermione foi para o canto oposto da cama para que Malfoy não visse seu rosto.

— Ok, qual o problema com essa droga de livro? Você fica nervosa toda vez que o tem nas mãos. – ele o pegou do chão e folheou suas páginas. – Wow, parece bem complicado.

— É leitura de especialização. Eu só devia lê-lo daqui 2 anos.

— Então por que...

— São os meus pais. – a voz dela falhou. – Eu apaguei a memória deles na época da guerra, para mantê-los seguros. – Draco pode ver as primeiras lágrimas escorrendo sobre seu rosto conforme se aproximava dela. – E quando fiz o contrafeitiço as memorias voltaram com buracos. – ela chorava com vontade agora. - Não sei o que fazer para recupera-las... 

Draco finalmente a envolveu em um abraço. Hermione não mostrou nenhuma resistência.

— Mais cedo quando liguei pro meu pai, ele não conseguiu se lembrar da vez que me ensinou a andar de bicicleta. Isso não é o tipo de coisa que um pai esquece. – ela falava entre soluços, molhando a camiseta de Draco. – E se tiver piorando? Eu acho que está piorando.

— Hey... – Draco a abraçava com toda gentileza de que era capaz. - ... calma, está tudo bem. Esse feitiço não apaga de verdade as memórias. Ele só as bloqueia. As memórias estão lá, garanto que não está piorando. -ele concluiu e sua resposta fez a bruxa abraça-lo com mais força.

Inferno, por que isso era tão bom? Por que ela tinha que ter esse cheiro? Por que esse puxão em seu estomago estava gritando para que ele a beijasse de novo? Mesmo com todas as perguntas girando em seu cérebro ele não encontrou forças para solta-la. Por fim, foi ela que quebrou o abraço.

— Obrigada. – ela disse limpando as lágrimas envergonhada. Draco apenas acenou com a cabeça e enfiou com pressa as mãos no bolso para evitar agarra-la de novo. – Acho que preciso de um banho par... oh não, desculpe, você já estava indo...

— Pode ir primeiro, Hermione, não me importo nem um pouco. – Draco respondeu com sinceridade.

— Ok, não vou demorar, levo as coisas pro seu quarto quando acabar. – ela declarou indicando os frascos e Draco se viu de volta em seu dormitório deitado em sua cama.

Não conseguiu pensar em nada além do fato de Hermione estar naquele momento nua dentro do chuveiro. Se imaginou quebrando todas as portas que os separavam a pontapés e se enfiando lá com ela.

Pegou seu caderno de desenho tentando ignorar esse pensamento, mas seu autocontrole não foi tão bom, e sem perceber, começou a desenhar o rosto dela.

A promessa de um banho rápido foi cumprida e uma Hermione revigorada bateu em sua porta lhe entregando os itens que ele havia solicitado. Draco agradeceu e ela anunciou que queria algo doce para comer. Iria ao restaurante para pedir uma torta ou um bolo e traria para o quarto dele para que comessem juntos. Draco gostou da ideia e logo se enfiou no chuveiro.

Se sentiu mais relaxado depois. Vestiu roupas limpas e respondeu para que Hermione entrasse quando ouviu batidas na porta. Mas não foi a bruxa quem atravessou o batente.

­— Mãos para o alto. – disse o desconhecido com a arma apontada para ele.

 

***

 

— Draco. – Hermione chamou batendo na porta.

Não houve resposta. A luz estava acesa, mas ela não ouvia o barulho do chuveiro.

Será que ele tinha dormido?

— Malfoy? – ela insistiu novamente. Nada.

Com um pressentimento olhou em volta e não viu o carro deles estacionado na vaga.

— Draco? – sua voz estava mais urgente quando abriu a porta.

A visão do quarto fez seu estomago retorcer. Haviam coisas quebradas, outras reviradas... e no chão um liquido vermelho se espalhava pelo tapete com um Draco quase inconsciente em cima. Hermione pode ver o feio buraco em sua barriga pela camisa rasgada.

— Draco! – Hermione se ajoelhara ao lado dele, a varinha tremia em sua mão. Ele estava pálido, soltava gemidos ininteligíveis e sua respiração estava fraca. – Calma, Draco. Eu vou cuidar de você, ok?

A bruxa recitou todos os feitiços de cura que conhecia, entre os espasmos de dor do sonserino, até o buraco desaparecer. Só se lembrara de sentir tanto medo assim quando pensou que Harry estivesse morto. Quando acabou, tocou o rosto dele, fazendo-o encara-la.

— Hermione... – ele disse e a respiração da garota pareceu sair infinitamente mais fácil.

— O que houve? – ela perguntou quase aos prantos. Draco fechou os olhos.

— Um homem... ele queria levar nossas coisas. – seu sussurro era baixo e Hermione teve que colocar o ouvido próximo aos seus lábios para conseguir entender.

— Draco, como pôde ser tão irresponsável? Têm alguma ideia de como eu ficaria se você... Se eu tivesse demorado mais dois minutos... – a garota soava mais assustada que brava. – E se você tivesse morrido?

— Aí você ia se livrar de mim...

— Não tem graça. – Hermione o repreendeu.

Ela ainda não tinha afastado as mãos do rosto do bruxo, mas ele não parecia se importar. Na verdade, parecia saborear o toque. Com um feitiço Levicorpus, o sonserino foi colocado sobre a cama, e adormeceu tão logo seu corpo tocou o colchão.

Hermione encarou a bagunça ao seu redor ainda tentando acalmar a batidas fortes do coração quando a voz fraca de Draco chegou aos seus ouvidos.

— Obrigado... por salvar minha vida. – os dedos dele encontraram os dela.

— Descanse, Draco. – Hermione entrelaçou seus dedos nos dele e lhe deu um beijo suave na testa.



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