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História World Enough and Time - Dreamland


Escrita por: MissJoanie

Notas do Autor


HELLO SWEETIES <3
Como prometido, estou aqui com o capítulo dessa semana. Enjoy!

Capítulo 2 - Dreamland


- Olha só, se não é a suburbana...

- Eu ouvi dizer que ela se prostitui para se manter na faculdade. Deve ser, dinheiro ela não tem mesmo

- Tsc. Uma lástima que deixem gente como ela frequentarem esse ambiente

Millie apertou mais os cadernos contra seu peito, fazendo o melhor para ignorar os comentários cruéis que vinham de várias direções diferentes. Nada que já não estivesse acostumada. Em todos esses anos na faculdade, tudo o que recebera da maioria dos alunos – estudantes nascidos em berço de ouro revoltados porque tinham que dividir seu ambiente acadêmico com pessoas de classe baixa – fora ódio e intolerância.

Tinha muito orgulho de suas origens. Orgulho de seus pais e de todo o esforço que fizeram para proporcionar a ela o melhor futuro possível. Acima de tudo, orgulho dos valores que eles lhe ensinam, como honestidade, caráter e dignidade.

Coisa que muitos ali desconheciam. De fato, o dinheiro não compra tudo.

- Millie! – uma voz animada se fez ouvir entre os murmúrios. A jovem olhou na direção do som e sorriu. Sua melhor amiga estava parada diante de um carro e acenava freneticamente para ela.

Savannah era uma preciosidade e um exemplo neste mundo de futilidade em que viviam. Era tão rica quanto todos ali, com a diferença que nunca precisou humilhar ninguém para se sentir bem. Ela e Millie tinham se identificado logo na primeira semana de aulas e desde então não haviam se separado mais. Agora, estando às portas da formatura, as duas se revezavam entre estudar juntas para as provas finais e sair pelos shoppings de Londres procurando vestidos para o grande dia.

- Estou indo para casa, posso te deixar na sua?

A jovem loira sorriu

- Obrigada Savvy, mas decidi ir a pé hoje. Vou passar pelo parque e aproveitar o belo dia. Podemos nos encontrar no shopping mais tarde, o que acha?

Ela parecia um pouco receosa.

- Tem certeza, Millie? Acho que é perigoso você andar por esse mato sozinha, ainda que à luz do dia.

A garota deu uma risada.

- Não se preocupe, não é como se fosse uma floresta sombria, Savvy. É só o Green Park, lá é cheio de seguranças e pessoas transitam por ali todo o tempo. Não vai acontecer nada, mas se te deixa mais segura, prometo ligar assim que chegar em casa, ok?

Savannah suspirou

- Você sempre sendo “a exploradora” – concluiu, num tom de exasperação – Tudo bem, mas não se esqueça de me ligar sim? Se não receber notícias suas até às três da tarde, eu vou ligar para a polícia.

Ela fechou a cara e Millie não conseguiu se segurar. Apertou a bochecha da amiga e deu-lhe um sorriso fraternal.

- Prometo. Agora preciso ir antes que fique muito tarde. Até mais tarde, Savvy.

- Até.

Ela se pôs a caminho, pensando que, apesar de todos os seus problemas, sua vida estava muito bem. Tinha poucos amigos sim, mas eram preciosos. Seus pais a amavam muito e eram incríveis. Estava se formando no curso de seus sonhos, na universidade de seus sonhos e seu emprego, por menos convencional e pré-julgado que fosse, era um ambiente de extrema paz e respeito, com pessoas maravilhosas.

Foi pouco depois de entrar no parque que tudo aconteceu. Havia um círculo de cogumelos ali e era como se ele a chamasse. Millie sentia uma energia estranha emanando dele, isso sem mencionar o fato de que, em anos passando pelo mesmo lugar, nunca vira nada do tipo.

Sua curiosidade de futura arqueóloga foi mais forte que o alerta de “pare” ecoando em sua mente. Que formação estranha, pensou enquanto colocava os dois pés dentro do círculo. Quem poderia ter colocado isso aqui?

Então tudo se dissolveu em uma luz pulsante e Millie não viu mais nada.

~X~

Abriu os olhos.

Ela estava deitada sob a sombra da Cerejeira Centenária, as nuvens do céu iluminado de Eldarya passando preguiçosamente por sua cabeça. A jovem esfregou os olhos com os nós dos dedos, expulsando os últimos resquícios do sono deles. Ainda contemplando as flores da árvore de cerejeira, Millie se recordou do sonho, uma onda de tristeza percorrendo seu semblante.

Desde que aparecera na Sala do Cristal, ainda desnorteada da viagem interdimensional que fizera, muita coisa tinha ocorrido. Tinha se tornado um membro da guarda de Eel, feito amigos, vivido aventuras e sido traída por eles.

Aquilo doía

Doía saber que não existia mais para seus pais, nem mesmo em lembrança. Doía saber que mesmo se algum dia pudesse voltar para casa, não haveria nada para ela lá. Por outro lado, ficava feliz por seus pais terem sido poupados da dor de perder uma filha. A única filha. Por vezes, passara várias noites em claro em seu quarto abafando as lágrimas em seu travesseiro ao pensar no sofrimento que estaria causando para seus pais.

Tinha que admitir que eles estavam se esforçando ao máximo para conseguir suas boas graças (menos Miiko, que era incapaz de ser gentil ainda que sua vida dependesse disso) novamente e no fundo, mesmo que não admitisse, estava tentada a perdoar. Não havia nada que pudesse fazer a respeito mesmo e guardar rancor só lhe faria mal. Afinal, como já tinha lido em algum lugar: o ódio é o veneno que tomamos querendo que o outro morra.

Mas tinha decidido se fazer de difícil por mais um tempo. Era divertido vê-los se esforçando. Inclusive Ezarel.

Principalmente Ezarel.

Millie tirou um papel de seu bolso. Em uma caligrafia bem feita, estava um sentido pedido de desculpas vindo do líder da Guarda Absinto. Lembrou-se do elfo de joelhos, o rosto marcado pelo remorso e arrependimento, enquanto lhe pedia desculpas. E, ao acordar pela manhã após chorar até dormir, encontrara o bilhete ao lado de sua bandeja de café da manhã, com a promessa de fazer o que podia para que ela jamais fosse infeliz daquela forma de novo.

Ela sorriu. Nem em seus sonhos poderia imaginar algo do tipo vindo do austero e aristocrático elfo.

E por falar nele...

- Millie.

A jovem ergueu os olhos. Ezarel estava parado diante dela, o longo cabelo azul voando com a brisa leve que os cercava e o rosto impassível como de costume. Mas em seus olhos verde-esmeralda ela podia ver mais. Receio. Hesitação. Vergonha.

Vergonha?

Isso era surpreendente.

- Olá, Ezarel. Aconteceu alguma coisa?

- Miiko quer vê-la. Tem uma missão para você – ele comentou no mesmo tom neutro de sempre – Eu disse a ela para que esperasse mais uns dias, que você poderia estar abalada demais... Mas ela não me deu ouvidos.

Involuntariamente, a jovem deu um meio sorriso.

- Dificilmente Miiko ouve alguém a não ser ela mesma e nós dois sabemos disso. Mas obrigada por tentar, de toda forma. Significa... Muito para mim.

- Não agradeça

- Eu preciso... Agora, conclua o que tinha para me dizer.

Um vinco se formou entre as sobrancelhas do elfo.

- Do que você está falando?

- Miiko não incumbiria você, um chefe de guarda que está extremamente atarefado nos últimos dias, a tarefa de me dar um simples recado como esse. Ela poderia ter pedido o Chrome ou a Alajéa ou qualquer outro membro menos...ilustre. Portanto, devo deduzir que você se voluntariou. Por qual razão?

Ezarel abriu e fechou a boca diversas vezes, sem saber o que responder. Aquela humana era impossível. Ia acabar deixando-o louco qualquer dia. Massageando as têmporas com as pontas dos dedos, o elfo suspirou.

- Vim ver como estava...

A loira sorriu. Afastando-se para o lado, indicou com as mãos para que o líder da Absinto se sentasse. Ele obedeceu, observando como os raios do sol ao entardecer refletiam nos cabelos da faelien e davam a impressão de delicados fios de ouro balançando ao vento.

- Estou...bem. Melhorando.

- Ainda me odeia?

Ela o fitou por um breve momento, depois suspirou, os dedos alisando a grama fofa em que estava sentada

- É claro que não, Ezarel. Nunca o odiei. Eu jamais seria capaz de odiar você… Achei que soubesse disso.

O elfo desviou seus olhos dela, voltando-os para um grupo de crianças que brincavam mais ao longe. Não sabia o que dizer. E com Millie, ele frequentemente se via em situações onde não sabia o que dizer.

Maldição. O que, em nome de todos os deuses, aquela garota tinha que conseguia desconcertá-lo tanto?

- Acho que deveria ir até a Sala do Cristal. Sabe que Miiko odeia ficar esperando.

Ela concordou lentamente com a cabeça. Erguendo-se, a garota limpou a terra e grama das roupas mas, antes de rumar para o interior do QG, voltou-se para o elfo de cabelos azuis.

- Porque não vem comigo? Desde que esbofeteei Miiko ando com certo receio de ficar sozinha no mesmo ambiente que ela, os riscos de terminar com uma garra enfiada no olho são grandes.

Um brilho divertido iluminou as iris esverdeadas diante dela.

- Estou muito ocupado, humana. Lide com as consequências de seus próprios atos sozinha.

Millie riu e o som soou agradável aos ouvidos do elfo.

- Ocupado porra nenhuma, Ezarel. Mais cinco minutos longe do seu precioso laboratório não vão te matar. Vamos - ela o puxou pela mão - Levante-se.

- Francamente, você não tem modos? - ele protestou mas seguiu-a QG adentro. Quando entraram na Sala das Portas, um borrão efusivo azul e lilás veio correndo em sua direção

- Ezarel! Sobre a última missão que me passou, eu- oooooh

Os olhos heterocromáticos de Alajéa se fixaram em suas mãos e foi nesse momento que o elfo percebeu que não havia soltado os dedos de Millie desde a Cerejeira.

Ele se desvencilhou com rapidez.

- O que quer, Alajéa?

- É…. - ela ergueu os olhos, coçando a cabeça - Eu esqueci o nome das ervas que me pediu para buscar.

Ezarel suspirou, passando a mão em seu rosto. O que ele havia feito para merecer aquela idiota em sua guarda?

- Me espere no Laboratório, sim? Preciso resolver algo com Miiko e logo a encontro lá.

- Mesmo? E o que é?

- Nada que seja da sua conta. Agora faça o que eu te mandei antes que eu me irrite mais do que já estou irritado, Alajéa.

A sereia engoliu em seco e deixou rapidamente a vista dos dois, murmurando algo sobre como Ezarel lhe dava calafrios. Millie, que havia observado toda a cena sem dizer uma palavra, observou:

- Acho que às vezes você é duro demais com ela

- Ha - a resposta do elfo era de desdém - Passe uma semana tendo Alajéa como subordinada e você irá me dar razão.

- Talvez se fosse mais paciente ela pegasse as coisas mais rápido.

- Acredite em mim, humana. Eu tentei. Pronto - ele parou diante da Sala do Cristal

Chegamos.

Miiko estava em pé diante do Grande Cristal, num ar de quem refletia sobre algo muito importante. A faelien pigarreou.

- Oh. É você, Millie Rose. - ela inclinou o pescoço para o lado - e a sua sombra, obviamente.

Ezarel revirou os olhos

- O que queria comigo, Miiko?

- Tenho uma missão para você. Uma das vilas mais distantes foi atacada por uma alcateia de blackdogs. A ameaça já foi contida, mas estão sem comida e água limpa no momento. Nós nos comprometemos a ajudar com doações até que eles se recuperem, por isso, preciso que leve as provisões para mim. Não se preocupe, não irá sozinha, designei o-

- Eu irei.

Miiko franziu a testa e Millie o olhou surpresa

- Perdão?

- Sei de que vila está falando Miiko, Valkyon me contou que um grupo da Obsidiana foi enviado para acabar com os blackdogs do local. Não acho que Millie tenha capacidade suficiente para realizar uma missão dessas sem alguém mais gabaritado presente, portanto irei acompanhá-la, se me permite.

- Ezarel! - a faelien exclamou, indignada. Odiava quando duvidavam de sua capacidade, ainda mais depois de tudo o que já havia demonstrado.

O elfo não deu ouvidos a sua revolta.

- O que me diz, Miiko?

A kitsune ergueu uma sobrancelha.

- Se isso não for atrapalhar seus deveres, que seja - os dispensou com um aceno de mãos - Vocês partem em três dias. Podem se retirar.

- Mas Miiko…!

- Isso é tudo, Millie Rose - o tom de voz da líder da Reluzente não deixava margens para discussões e Millie bufou, saindo da sala exasperada, com Ezarel em seus calcanhares.

- Um momento, Ezarel.

Ele parou à porta, virando-se despreocupadamente

- Sim?

- Acha que sou estúpida?

O elfo ergueu uma sobrancelha

- Não entendo aonde quer chegar, Miiko

- Não está nem um pouco preocupado com a missão. Seu objetivo é único e exclusivamente manter Millie sob a sua asa. Não estou certa?

Ele nada respondeu, de imediato. Depois de alguns momentos, deu uma risada sarcástica.

- Não sei que livros de romance anda lendo, chefe, mas te garanto que está vendo coisas demais. Agora se me dá licença, preciso sair. Tem uma sereia destrambelhada me aguardando no laboratório

- Brinque o quanto quiser Ezarel, mas sabe que estou certa. Só espero que na hora correta você não deixe essa obsessão imbecil o cegar e não nos prejudique. Porque você iria até o fim do mundo caso essa garota o pedisse. E ela irá.

Ezarel não esperou para ouvir mais, e se retirou,  as palavras da kitsune ressoando em um looping em sua cabeça. Mas surpreendentemente, o que mais o intrigava não era a afirmação absurda de que ele nutria algum tipo de paixão intensa por Millie.

O que Miiko queria dizer com hora certa?


Notas Finais


Então, o que acharam? O pessoal da faculdade da Millie é escrotaço né non. No que ela trabalhava que pode ser tão tabu? E o que a Miiko quer dizer com hora certa? Hora certa do que, bola de pelos? q
Teorizem nos comentários :v


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