História Would you bleed for me? - Sem escolha

Eu estou sonhando ou eu morri? Tento abrir os olhos e não consigo, a claridade está muito forte.

-Você sabia que isso aconteceria e mesmo assim ficou do lado dele. Você me decepcionou, Vênus. - De quem é essa voz, do quê ele está falando?

-Não era para eu estar aqui e você sabe disso. Não tem o direito de me manter aqui! - A voz que sai de minha boca soa num tom de desespero.

Abro meus olhos e me vejo dentro de uma jaula no centro de um jardim, sinto uma nostalgia forte, porém, nem um pouco confortável.

-Se você tivesse me obedecido tudo seria diferente. - Eu sinto uma raiva crescer dentro de mim a medida que ele fala.

-Você queria que eu virasse as costas enquanto meu irmão caía? Você traiu todos nós, está com uma obsessão doente. Por favor, tente lembrar de como eramos felizes, ainda da tempo de resolver tudo isso. Isso não está certo irmão! - Sinto uma leve vontade de chorar. O que está acontecendo?

Os olhos deles brilhavam de uma maneira que eu não conseguia distinguir. Parecia estar gostando de me ver presa.

-Eu sei o que é certo pra você, eu te disse que não era para se meter e o que você fez? Eu quero que diga o que fez! - Um tremor se formou assim que ele elevou a voz, eu estou tão assustada. Eu quero acordar!

Acordei ofegante e como no dia seguinte, não sabia onde estava.

Um quarto grande com mobília antiga e um leve cheiro de mofo no ar. Aos poucos as memórias do outro dia passam na minha cabeça. Mãe!

Levanto e saio correndo não me importando com nada, apenas quero saber se ela está bem. Chego na sala como um furacão e logo vejo dois homens e uma garota ruiva, conheço os dois, são os agentes de antes, o FBI me sequestrou? E então a ficha caiu, eles não eram do FBI, como eu pude ser tão burra em confiar em pessoas com sobrenomes de músicos famosos.

Eles olharam torto para mim e o pervertido deu um sorrisinho. Essa foi a gota d'água. Peguei a primeira coisa que eu vi e, por acaso, era uma arma que logo apontei para eles.

-Onde eu estou? - Perguntei nervosa, estava tão tensa que minha mão tremia. O sorriso do loiro se alargou mais ainda, qual o problema dele?

-Que tal vestir uma roupa mais... social para conversarmos? - E com essa frase eu reparei que estava só com uma blusa e na posição que eu estava cobria apenas a minha calcinha. Meu rosto pegou fogo e o maldito pervertido soltou uma gargalhada. Não sei o que aconteceu, algo surgiu atrás de mim e levantou meu braço na hora que eu apertei o gatilho, consequentemente, me fazendo errar.

O ser pegou a arma da minha mão e me imobilizou, é hoje que eu vou ser estuprada.

-Se acalme, não vamos lhe fazer mal. - Eu poderia apostar pelo cheiro que é o bonitão de sobretudo. Não sei como e nem por quê, mas apenas a voz dele me fez ficar calma. Percebendo isso, ele me soltou e eu notei que quase matei uma pessoa.

-Oh meu Deus, me desculpe, eu não queria ter atirado! - Digo desesperada. Eu quase matei alguém! - Onde eu estou e quem são vocês? E minha mãe está..? - Não terminei e comecei a tremer. Não posso acreditar que ela morreu e eu nem sei o que matou ela, meus olhos marejaram. - O que era aquilo? Por que justo quando vocês aparecem, pessoas que eu nunca vi na cidade, isso aconteceu? Como sabiam o que estava no meu corpo e como tiraram? Quem está atrás de mim? - Realmente eu fiz perguntas demais, mas nada mais justo que eles me responderem.

-Ei, calma aí, respira. Eu sou Dean e aquele ali é o meu irmão Sam Winchester, a ruiva é a Charlie e o de sobretudo é o Castiel. Nós estamos... em um lugar seguro. Aquela coisa que estava em você era um demônio e eles estão atrás de você, mas não se preocupe por que nós caçamos esse tipo de coisa. - Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto. É isso mesmo, é um programa de pegadinhas, não tenho dúvidas.

-Olha, isso não tem graça. A pegadinha já aconteceu, já pode acabar antes que eu processe vocês. - Eles me olhavam sério, não, isso está muito fantasioso até para mim. - Desculpa mas não tem como acreditar nisso tudo.

Eles ficaram em silêncio e se encaravam, enquanto isso, minha paciência acabava lentamente. De repente o homem de sobretudo começa a caminhar na minha direção e para a poucos metros. As lapadas começam a piscar conforme uma sobra sai das costas dele, olho bem e percebo que a sombra se trata de asas. Asas?

-Não é pegadinha, Vênus. - Disse o suposto anjo. Eu estava petrificada.

Todos estavam esperando uma reação minha, pra falar a verdade, até eu estava. Se ele é realmente um anjo então quer dizer que realmente tem demônios atrás de mim? 

-Então minha mãe morreu mesmo? -A ficha ainda não caiu. Dean olhou para mim como se sentisse pena, merda, tudo que eu menos queria nesse momento era isso.

-Não, eu a curei mas apaguei todas as memórias que ela tem de você. - Ele fez o quê?!

-Você o quê? Porque você fez isso? - Eu estava incrédula com tudo isso.

-Ela seria alvo se soubesse de você e com certeza usariam ela como fraqueza. - Ele tem razão.

Eu não posso ser egoísta, pelo menos ela está segura. Anjos e demônios. Eu ainda não acredito, mas porra, eu vi com meus próprios olhos e presenciei tudo. Não tem chance de tudo ser mentira, mesmo eu querendo. Sento no sofá e coloco minhas mãos no rosto e abaixo a cabeça, posso sentir eles fazendo uma roda ao meu redor. Talvez esperem que eu surte, eu estava a beira de um ataque de nervos.

-Olha, eu sei que isso tudo é estranho, todos nós já estivemos em situação parecida, você se acostuma. - Disse a ruiva. Ela parece ser bem gentil. Se não estivesse nessa situação eu não hesitaria em convidar ela para sair.

O anjo ainda esta me encarando, ele tem olhos profundos tão azuis que me lembram do céu na primaveira. Agora faz sentido eu me sentir calma perto dele. Encaro cada um, guardo todos os detalhes de seus rosto. Todos parecem neutros e convidativos, mas eu sei o porque dessa expressão, eu vou ficar muito tempo aqui e talvez eles não queiram me deixar mais nervosa do que eu já estou. Lá se vai minha faculdade, pensamentos  positivos, isso vai servir de experiência no futuro, disso eu tenho certeza.

Ainda encarando eles, uma questão surge em minha mente.

-Sonhos podem significar alguma coisa? - Perguntei me virando para Castiel. Essa é a hora de eu ter minhas perguntas respondidas.

O anjo abriu a boca para responder mas logo a fechou e sua expressão ficou séria. Ele parece ouvir alguma coisa e provavelmente ruim, já que arregalou os olhos e entre abriu os lábios. Ele tirou uma espécie de lamina do bolso do sobretudo e cortou sua mão tão profundo que as gotas de sangue caíam no chão, pela expressão que ele fez deve ter doído. Ele foi em direção a porta e começou a desenhar símbolos estranhos que eu tenho certeza que já vi em algum lugar. Quando terminou de praticamente pintar a casa inteira de sangue ele parou no meio da sala. Ele estava tenso, eu conseguia notar. Mesmo assim, foi bem nojento.

-Vou pesquisar o que você me pediu. - Disse Charlie para Castiel que só respondeu com um movimento de cabeça. -Boa sorte para explicar para ela. - Charlie estava com um tom sarcástico. Ela me lançou uma piscadela. Isso foi um flerte?

-Algum problema, anjo? - Eu perguntei mas já sabia a resposta.

-Os anjos estão te caçando a mando de Miguel, parece que tiraram informações de algum demônio. - Só pode tá de sacanagem comigo.

-Miguel? São Miguel Arcanjo? - Eu estava abismada, como isso pode acontecer comigo. Eu vou para igreja todo domingo a noite com minha mãe, obedeço ela, ajudo os velhinhos, tudo bem que as vezes eu saio da linha, mas porras, quem não sai. Isso não pode estar acontecendo comigo!

-Vênus, a situação está ficando difícil, entã... - Não dou tempo de ele terminar, eu preciso de respostas.

-Porque eles estão atrás de mim? Que merda eu fiz para ser caçada pelo céu e inferno? Por favor, me diz que só existe anjos e demônios, e dá pra parar de me encara, isso tá ficando bizarro. - Disse e o anjo virou para o lado e murmurou um desculpe.

-Lembra das história de terror que te contavam, as coisas que você ouviu sobre lobisomens, vampiros, fantasmas, tudo isso existe. Cass, não podemos esconder dela por muito tempo. - Do que Dean está falando? Me virei para Castiel.

-Ele está certo, ela precisa saber. Quem sabe ela não saiba que algo que possa ajudar. - Sam disse para Castiel. Eu estou com um mal pressentimento disso tudo.

-Vocês estão certos. Vênus, você possui uma ligação muito forte com Lúcifer. Não acho que você tenha reparado mas no seu corpo tem uma marca bem específica, poderia mostrar? -Eu estou realmente em choque agora. Mas mesmo assim mostrei, eu estava com os pensamentos muito longe para ligar para isso agora. - Essa é a prova. - Olhei para Sam, que olhava para mim com um olhar de pena, não liguei.

Lúcifer e Miguel me caçando e o motivo ainda é desconhecido para mim. Não tem como ser forte assim, comecei a chorar desesperadamente, me igualando a uma criança. Não lembro como e nem o por quê, mas estava com o rosto enterrado no peito do Sam que dizia palavras de conforto. Eles esperaram pacientemente enquanto eu me acalmava. Isso não está certo, como que em 19 anos vivendo uma vida completamente normal isso acontece, quais são as as chances ? 

-Porque eles só vieram me procurar agora? Deve ter uma explicação. - Senti o Sam ficar tenso por um instante antes de me separar dele menos chorosa. - Desculpe por molhar sua blusa. - Ele deu apenas um sorriso, parando para analisar agora, todos eles são bem lindos. Fiquei corada com esse pensamento.

-Ele foi solto de onde estava preso. - Disse o anjo e eu olhei incrédula para ele. Quem foi o doente mental que soltou o Diabo? Espera preso?

-Soltaram o Diabo e ele vem atrás de mim, diz se isso não é empolgante! -Disse com meu sarcasmo estourando todos os limites. Eu vou matar o desgraçado. E de novo eu estava vermelha, mas dessa vez era de raiva. - Quem soltou aquele merda da jaula? - Gritei com os dentes semicerrados. Posso jurar que senti a casa dar uma leve tremida.

Notei que os meninos pegaram as armas e o anjo empunhou sua lamina, não entendi nada. Senti um calafrio e imediatamente olhei para trás, não tinha nada. Minha dúvida só cresceu. Porque eles estavam estranhos?

-Vênus, não dissemos onde ele foi preso. - Disse o Dean, que até então estava calado. Não entendi o que ele quis dizer com isso. - Como sabia?

Agora eu entendi tudo. Como eu poderia saber disso?

-Foi um palpite, você disse que ele foi preso e uma jaula é o primeiro lugar que eu pensei. - Dei uma desculpa, eles acreditaram mas ficaram desconfiados. - Quem tirou ele de lá e porque?

-Fui eu. - Disse o Sam com uma expressão indecifrável. O quê? - Mas isso não importa agora, precisamos tirar essa marca dela antes que Lúcifer a encontre. - Ele tem a cara de pau de dizer que isso não é importante.

Fiquei imersa em meus pensamentos mas parei de chorar. Não sei quanto tempo fiquei assim, só voltei a prestar a atenção na conversa quando notei que surgiu uma outra pessoa desconhecida. Ele era um pouco mais alto que eu e era gordinho, usava a roupa inteiramente preta. Eu diria um gótico, mas ele não usa maquiagem. Também notei que ele não parecia bem vindo naquele meio.

-Então você é mocinha que todos procuram. - Ele me olhava com curiosidade. 

-Quem é você? - Ele emanava uma energia pesada. Espero que não seja mais problemas.

 -Onde estão meu modos. - Ele pegou minha mãe e a beijou. Dei uma leve ruborizada com esse ato, não fazia ideia que ainda existiam pessoas educadas assim. - Eu sou Crowley, Rei do Inferno.

Toda a cor que tinha antes no meu rosto se apagou. O rei do inferno na minha frente. Eu podia demonstrar coragem nessa hora, mas eu fiz melhor, corri e usei o Sam de escudo. Crowley riu da minha reação e logo se virou para os garotos.

-Não se preocupe, eu não vou deixar ele encostar em você. - Murmurou o Sam para mim e eu me senti mais segura. Ele segurou minha mão e eu senti como se absorvesse um pouco da coragem dele.

Ele é um fofo, mas eu ainda estou com raiva dele por ter soltado o Diabo. Não, não acho que tenha sido de propósito mas ainda sim sinto raiva.

-Como ia dizendo, acredito que sei a pessoa certa para tirar essa marca dela. - Ele estava com um sorriso confiante no rosto. - Rowena.

-E como você planeja trazer ela pra cá, por que eu sei que você conhece ela, e eu duvido que ela vá querer ajudar. -Acho que o Dean é o sarcasmo em pessoa, ele consegue ser pior que eu..

-Isso você deixa comigo. - Eu estou estranhando isso, porque ele iria nos ajudar?

-E porque diabos você iria nos ajudar? - Dean praticamente leu meus pensamentos.

-Por que eu quero consertar a burrada que o Alce fez soltando uma das coisas mais perigosas, e se não a coisa, mais perigosa do mundo para andar livremente na Terra e ferrar com meu reino. - Ele ficou vermelho. - Eu não sei como vocês conseguem fazer uma coisa dessas, mas que seja. 

Todos pareciam pensar na escolha certa a se fazer, eu não fazia ideia de quem era Rowena mas não queria perturbar o raciocínio deles. Castiel foi o primeiro a quebrar o silêncio.

-Do quê você vai precisar para traze-la aqui? - Castiel não parecia gostar nem um pouco da ideia de ter que ajudar com esse problema. Não poderia dizer o mesmo do Crowley.

Um demônio e um anjo trabalhando juntos, eu me pergunto se esse dia pode ficar mais louco mas tenho medo que ele responda.